Deseje-me se puder - Capítulo 20
Diante da enxurrada de palavras, Diandre ficou completamente perdido.
‘Espera, não é hora de ficar assim.’ Voltando a si, ele sentiu a indignação subir como um foguete e berrou:
— Espera aí! Eu também sempre uso proteção! Por que comigo não pode?
A insistência dele finalmente fez as mulheres perderem a paciência. Valentina, com uma expressão que ele nunca tinha visto antes, devolveu no mesmo tom:
— Você realmente não entendeu NADA do que a gente falou até agora?
Ela suspirou, balançando a cabeça como se estivesse tentando conversar com um tijolo.
— É simples: se vamos transar com alguém, melhor que seja com alguém que a gente não precise se preocupar com gravidez! Você tem noção do alívio que é isso? O quanto isso faz diferença?
Diandre abriu a boca para responder, mas Valentina não deu tempo. Pelo contrário, ela foi direto no ponto.
— Mas você? Com você não tem essa opção! Então a resposta é não, eu não quero transar com você! Nunca! Jamais! Em hipótese alguma!
O silêncio que veio depois foi brutal. A palavra “nunca” parecia ecoar pelo ambiente. Diandre ficou imóvel, totalmente sem reação.
— Então aceita logo. E supera isso de uma vez!
Os caras que assistiam a cena nem pensaram duas vezes antes de correr para resgatar Diandre antes que ele fosse completamente aniquilado.
— Ei, Diandre! Foca aqui, cara! Alguém traz água pra ele!
Wilkins deu uns tapinhas no rosto dele, tentando trazer ele de volta à realidade. Aos poucos, Diandre piscou algumas vezes, mas a voz de Valentina ainda martelava na cabeça dele.
“Nunca! Jamais! Em hipótese alguma!”
Isso era pior do que apanhar até desmaiar. Como alguém podia destruir outra pessoa com palavras desse jeito? Era desumano.
— Tá tudo bem, cara.
Wilkins deu um tapinha nas costas dele, tentando confortar.
— Esquece isso. Relaxa… porque eu tive uma ideia genial.
— Ideia?
Os outros caras se aproximaram, curiosos.
— Que ideia?
Wilkins deu uma olhada rápida ao redor, certificando-se de que as mulheres não estavam prestando atenção. Um sorriso malicioso surgiu no rosto dele.
— Vamos humilhar aquele desgraçado na frente delas. Fazer ele passar por ridículo. Se ele virar um idiota patético aos olhos delas, o encanto acaba e a gente só precisa ficar ali do lado, rindo.
— Tem um jeito?
— Claro que tem, sempre confiei no nosso chefe!
— Vamos jogar o Miller no esgoto!
Os caras vibraram, socando o ar e trocando empurrões de empolgação, como soldados prestes a ir para guerra. Mas, no meio disso tudo, Diandre ainda encarava as mulheres com ódio nos olhos – não que isso fizesse diferença, já que ele não podia fazer nada.
***
— Ei, Grayson Miller.
Grayson estava ocupado jogando charme para mais uma novata quando ouviu alguém chamar. Ele se virou e deu de cara com Ezra, que fez um sinal com a cabeça, mandando ele segui-lo. Sem dizer nada, Ezra se virou e saiu andando. Mas logo sentiu algo estranho… Ele percebeu que não ouvia passos atrás de si e, ao se virar, quase teve um treco. Grayson Miller ainda estava no mesmo lugar, paquerando a mulher. Furioso, Ezra respirou fundo e marchou de volta até Grayson.
— Você tá de brincadeira, não é? — Ezra bufou, voltando furioso. — Miller, que diabos você tá fazendo? Não ouviu quando eu te chamei?
Grayson finalmente olhou para ele, claramente incomodado por ter sido interrompido.
— Hmm… Não sei… Você me chamou mesmo?
— O quê?!
A cara de pau de Grayson era inabalável. Ezra mal conseguiu conter a indignação, e Grayson só retribuiu com aquele sorriso debochado.
— Achei que você estava só passando e resolveu falar comigo por acaso. Não é, Beth?
Diferente do tom seco que usou com Ezra, a voz de Grayson agora era leve e envolvente. Ele inclinou a cabeça com um sorriso fácil, jogando charme como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Beth, que já estava meio encantada, ficou ainda mais boba. Riu sem jeito, mexendo no cabelo antes de concordar:
— Pois é… Eu também não ouvi nada. Achei que o Ezra estava só falando sozinho.
— Hahaha! Beth, você não só é linda, como ainda tem um ótimo senso de humor!
— Ah, que nada! Hahaha!
Os dois caíram na gargalhada juntos, completamente alheios à raiva fervendo dentro de Ezra. Ele apertou os punhos, tremendo de irritação, e sibilou entre os dentes:
— Miller, chega dessa palhaçada. Anda logo, todos estão esperando.
Na voz cheia de raiva de Ezra, Grayson finalmente parou de gargalhar e olhou para ele, ainda com um sorriso no rosto.
— Se tem algo para falar, por que não fala aqui?
Era exatamente a última coisa que Ezra queria ouvir. Ele soltou um suspiro longo e olhou para o teto, tentando não explodir. Respirou fundo e, com a voz mais controlada, falou de novo.
— Aqui não é lugar para discutir isso, mas se você vier, vai entender. O chefe disse que se você recusar, pode esquecer de sair daqui do escritório, seja para emergência ou qualquer outra coisa.
Quando Ezra jogou essa carta, a expressão de Grayson mudou um pouquinho. Ainda sorrindo, mas agora pensativo. Ele fez cara de quem estava prestes a tomar uma decisão difícil, mas, felizmente, não enrolou muito e assentiu.
— Bom, se é assim, não tem jeito. Desculpa, Beth, volto rapidinho.
E então, do nada, o desgraçado se inclinou e deu um beijo nos lábios dela. Foi um selinho rápido, de brincadeira, mas considerando que estavam em público, foi mais do que o suficiente para deixar claro que ele não tava nem aí. Ezra ficou com os olhos arregalados, encarando aquela cena sem vergonha por uns três minutos.
Só quando Grayson finalmente soltou Beth e se virou para sair é que Ezra conseguiu reagir. Apertou os punhos, segurou a língua, e começou a andar na frente sem olhar para trás. Mas não conseguiu segurar por muito tempo.
— Desde quando você e a Beth tão nessa? Eu não sabia de nada!
Grayson, com um sorriso debochado, limpou os lábios com o dedo e respondeu:
— Sei lá… Uns 30 minutos?
— Seu nojento.
— Eu?
Grayson inclinou a cabeça como se estivesse confuso. E então, sem aviso, se virou e gritou:
— Beth, esse cara aqui disse que você é nojenta!
— O QUÊ?!
— O que foi?!
Beth arregalou os olhos, chocada, enquanto Ezra quase infartava.
— Q-Q-Q-Que porra é essa?! Eu NUNCA disse isso! Beth, não acredita nele! Eu jamais diria um absurdo desses! Eu sou inocente, eu juro!
Grayson, com toda a calma do mundo, coçou o queixo e inclinou a cabeça para o outro lado.
— Estranho… Se eu sou nojento, e a Beth me beijou, então ela também é nojenta, não? Qual a diferença?
— NÃO! NÃO FAZ! FILHO DA PUTA! TÁ TENTANDO ME FERRAR, É ISSO?!
Ezra tava vermelho de ódio, com vontade de enfiar o punho na cara do outro e Grayson continuou com aquela cara de quem não estava convencido. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma voz gritou de longe:
— Ezra! O que diabos tá rolando? Por que tá demorando tanto? Estamos esperando!
Um cara que foi ver o que estava acontecendo deu uma olhada para Grayson e puxou o braço do Ezra.
— Anda logo! Se tivermos que sair para uma emergência, não vai dar tempo, vamos!
Ezra cerrou os dentes, espumando de raiva, mas não tinha escolha. Ele saiu andando rápido, praticamente marchando. O outro cara o seguiu, confuso, tentando acompanhar seu ritmo. E, por último, veio Grayson. De mãos no bolso, assobiando, como se não tivesse acabado de jogar gasolina no incêndio.
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Continua…