Deseje-me se puder - Capítulo 186
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— Uoooooh! Parabéns!
— Parabéns, Deandre! No fim das contas, você conseguiu mesmo!
Em meio aos aplausos e gritos de comemoração, o noivo e a noiva sorriram radiantes, acenando para todos. Era um acontecimento e tanto: Um casal nascido dentro do corpo de bombeiros! E, ainda por cima, a noiva era Valentina. Justamente ela, por quem Deandre sempre foi apaixonado. Todos o felicitaram, mas ao mesmo tempo, muitos ainda pareciam não acreditar completamente.
— Quem diria que isso ia acontecer…
Enquanto aplaudia, alguém murmurou, e outro respondeu:
— Dizem que o Deandre se ajoelhou e implorou.
— Implorar? Se fosse possível casar com a Valentina usando esse método, metade dos caras aqui rastejaria de joelhos.
— Mas a Valentina não odiava o Deandre?
— O Deandre quase morreu uma vez, lembra? Depois daquilo, ele mudou muito.
— Aquele cara seria capaz de se jogar numa poça de água que estivesse diante dela e dizer: ‘Pise em mim, minha rainha’.
Dane ouvia o burburinho dos colegas com um só ouvido, enquanto batia palmas sem o menor entusiasmo.
Não era a primeira vez que ele comparecia a um casamento alheio. Claro, para os noivos, era um momento marcante e inesquecível, mas para os outros… não passava de um mero compromisso social. Afinal, o casamento nada mais era do que um casal apaixonado declarando isso ao mundo e prometendo ficar juntos para sempre. E como “casamento” e “amor” eram as duas palavras mais distantes do seu vocabulário, não era de se espantar que ele não achasse graça nenhuma naquilo tudo.
No passado, ele ao menos se distraía nesses eventos com algum convidado que compartilhasse da mesma mentalidade e, discretamente, tornavam a ocasião mais divertida. Mas agora, nem isso. Vestindo um terno comprado às pressas, que não lhe caía bem, ele manteve uma mão no bolso da calça e com a outra levava lentamente uma taça de champanhe aos lábios, só queria que aquele tédio acabasse logo.
— A Valentina está linda, não é?
Alguém comentou baixinho. Ela já era bonita normalmente, mas naquele dia, estava ainda mais radiante, parecia brilhar como se tivesse abraçado toda a felicidade do mundo. Dane esvaziou sua taça em silêncio, olhando para ela. Quando pousou o copo vazio sobre a mesa, Wilkins, que estava ao lado, falou:
— O Deandre parece feliz, não?
— É… acho que sim.
Dane respondeu com o mesmo desinteresse de antes. Na verdade, ele não estava nem aí, só tinha vindo por consideração. Mas Wilkins, interpretou mal sua indiferença.
— Quando você vê algo assim, não sente vontade de se casar logo também, de se estabelecer?
— De jeito nenhum.
Dane negou imediatamente o comentário sugestivo.
— Quem sabe se amanhã não vão se divorciar?”
— …
— Não que eu ache que isso vai acontecer com o Deandre, claro.
Percebendo que pisou na bola, Dane se corrigiu rápido. Wilkins ficou em silêncio por um momento antes de tossir, constrangido.
— Ser tão negativo assim também não é bom.
— Sim, me desculpe.
Dane se desculpou, mas, mais uma vez, sem nenhum traço de sinceridade. Wilkins observava em silêncio o casal recém-casado dançando, quando voltou a falar:
— Ultimamente você parece estar levando uma vida bem regrada, hein?
— Aconteceu, meio que por acaso.
Wilkins, que ainda o observava de relance, enquanto ele respondia com desinteresse, continuou a conversa:
— Ainda bem que você parece ter caído em si. Não dá para viver uma vida de libertinagem para sempre.
— É.
Esse tipo de coisa foi algo que Dane ouviu praticamente a vida inteira. Quando respondeu com um comentário genérico, Wilkins ficou em silêncio por um momento, mas logo soltou, de leve a seguinte sugestão:
— Estava pensando em te apresentar à minha filha.
Dane, que estava prestes a beber o champanhe, congelou no meio do movimento. Virou apenas os olhos para o lado e viu Wilkins ainda observando o casal Deandre e Valentina enquanto falava:
— Quero dizer… você é um bom rapaz, desde que não esteja por aí se enfiando em noitadas. Já superou esses maus hábitos, então… que tal conhecer alguém?
— Chefe, eu…
— Ah, não precisa se sentir pressionado.
Wilkins levantou uma mão, interrompendo a resposta de Dane. Vendo que não tinha como continuar, Dane apenas ficou quieto, e Wilkins retomou a fala.
— Eu só quis dizer que vocês poderiam se conhecer. Não precisa levar tão a sério. Todo mundo começa assim, não é? Você precisa experimentar um relacionamento mais sério, Dane.
Diante do conselho, Dane permaneceu em silêncio. Apenas olhou para Wilkins com uma expressão vazia, como se sua alma tivesse evaporado.
— Agradeço a preocupação, mas… não precisa.
Ele recusou com educação, em voz baixa. Mas Wilkins não se deu por vencido.
— Olha ali, Dane.
Ele apontou para Deandre e Valentina. O casal sorria um para o outro com ternura visível, repletos de afeto no olhar.
— Veja como estão felizes. Você também deveria ter alguém assim ao seu lado. Mesmo que não acabe em casamento.… uma vida de sexo casual é tão vazia… o quanto mais você vai aguentar?
Dane manteve os olhos fixos no casal recém-casado. Eles eram o retrato perfeito da felicidade, o tipo de amor que ninguém ousaria questionar.
Um suspiro curto escapou de seus lábios. Com um sorriso amargo, ele respondeu em voz baixa:
— Isso não é para mim.
A resposta veio em voz baixa, carregada de amargura.
Wilkins olhou para ele, perplexo. Mas Dane continuou, sem desviar o olhar do casal à sua frente, com o rosto marcado por uma tristeza resignada.
— Alguém como eu… não pode ter isso. Me desculpe.
— Ei, escuta…
Wilkins ia insistir mais uma vez, mas foi interrompido ao ver Deandre se aproximando. Dane aproveitou a brecha e se afastou discretamente, deixando os dois conversarem.
O barulho animado da festa foi diminuindo pouco a pouco. Ao redor, o silêncio tomava conta. Sozinho, Dane ergueu os olhos. O céu, de um azul profundo, se estendia em sua vastidão vazia, ele pegou um cigarro e o acendeu, inalando lentamente a fumaça.
Os olhos injetados de raiva daquela mulher que o amaldiçoava sem parar, surgiram vívidos em sua mente – como se tudo tivesse acontecido no dia anterior.
⟨Você destruiu minha vida. Desde o começo.⟩
Com o olhar perdido no horizonte, Dane soltou a fumaça em um longo sopro. Sobre o rosto daquela mulher, a imagem de outro homem se sobrepunha. Até a voz alegre que um dia o chamara ecoou em seus ouvidos.
⟨Dane, eu te amo.⟩
⟨Dane, Dane.⟩
⟨Dane…⟩
— …Haa.
Ele cobriu os olhos com a mão que segurava o cigarro. As pontas dos dedos formigavam, e uma dor latejante surgiu em seu peito, mas devia ser apenas imaginação. Afinal, ele não estava errado.
〈O amor não é isso.〉
A imagem daquele homem, completamente tomado pelas lágrimas, voltou à sua mente. Ou melhor, para ser sincero, ele nunca tinha conseguido esquecê-la. Nem por um instante desde aquele dia. Cada palavra dita, cada sílaba… não havia uma única que ele não lembrasse.
Tudo continuava tão vivo dentro do seu peito.
⟨O amor não pode ser algo tão feio assim.⟩
‘Sim, você está certo.’
Dane relembrou com um rosto devastado.
‘O amor não é assim. É por isso que você não deveria me amar. Porque não posso te fazer feliz.’
⟨E da próxima vez… mesmo que eu morra, não precisa vir.⟩
‘Que direito tem alguém como eu de amar? Só sirvo para causar sofrimento aos outros.’
Aqueles olhos úmidos voltaram a encará-lo, como se estivessem ali de novo. Provavelmente, ele passaria o resto da vida lembrando daquele rosto e se torturando por isso.
‘Você fez certo.’
Ele permaneceu ali, parado no mesmo lugar, repetindo o pensamento para si mesmo.
‘Foi a melhor coisa que você fez.’
‘A melhor…’
***
‘…Pelo menos, deveria ter sido.’
Dane emergiu da memória com a mente confusa. Um brilho fraco atravessou sua visão turva. Piscando, piscando. Ele fechou os olhos e tornou a abri-los, mas o brilho intermitente continuava surgindo e desaparecendo, completamente alheio ao movimento de suas pálpebras.
— Hã…?
Mesmo com a consciência parcialmente ausente, ele tentou entender.
‘Onde é que eu estou…?’
De algum lugar, ouviu um estrondo violento, como um trovão próximo. Um cheiro de acre forte invadia o ar, e havia fumaça por toda parte. Algo estava queimando, pedaços caíam e estalavam em intervalos irregulares. Por um momento, ele ficou imóvel, apenas ouvindo.
Aos poucos, sua mente começou a voltar à realidade. E então, ele percebeu.
— Ah…
Logo ele percebeu, que estava deitado. No meio de um prédio em chamas, devastado por uma explosão.
°
°
Continua…
Hikari
Eu não aguento maisss😭😭😭😭😭😭😭😭🥹
Ps:amo a tradução de vcsss
Muito obrigadaaaa
Lee joobim
Que??????????
Lee joobim
Obrigada pela tradução, vocês são incríveis 😻
Tica
Que, prédio do nada gente como assim
Kay
Não agunto mais explosão 😭