Deseje-me se puder - Capítulo 178
— Bem-vindo, Dane! Sentimos sua falta!
— Esse desgraçado é mesmo imortal. Mesmo depois de passar pela explosão de uma bomba ele sobrevive e sai ileso!
— Dane Stryker! Herói! Herói! Dane Stryker!
Assim que viram seu rosto, os colegas o cercaram, gritando e vibrando sem parar. Diante disso, Dane acabou franzindo a testa.
— Parem com essa história de heroi antes que eu arrebente todos vocês.
Ele cerrou os punhos e rangeu os dentes ao soltar a ameaça. Os outros pareceram surpresos por um instante, mas logo explodiram em gargalhadas.
— Tá com vergonha, é? Hein?
— Mas é verdade, qual é. Quantas pessoas você já salvou?
— É, você merece esse reconhecimento. O que você fez não é coisa simples.
— Isso mesmo. Eu não conseguiria. Pra falar a verdade, só você mesmo Dane pra se jogar ali no meio daquela confusão.
Outro colega balançou a cabeça e emendou:
— Você também precisa pensar antes de agir. Tem que preservar sua própria vida, cara.
Um dos rapazes deu um tapinha de leve no peito de Dane com o dorso da mão, enquanto outro atrás dele concordou com a cabeça. Apesar da algazarra, era óbvio que todos ali estavam genuinamente preocupados com ele que, um pouco sem jeito, coçou a nuca e então percebeu algo.
— E o Ezra? O que aconteceu com ele?
Era natural a pergunta. Entre todos os que estavam ali para recebê-lo, Ezra não estava. Assim que ouviram o nome dele, os rapazes se entreolharam, hesitantes. Ninguém parecia querer ser o primeiro a responder, até que Wilkins apareceu.
— Dane! Você voltou, seu desgraçado!
Wilkins o abraçou forte assim que o viu, dando-lhe tapas pesados nas costas. Em seguida, afastou-se um pouco, segurou Dane pelos braços e o analisou de cima a baixo.
— Já estou bem, pode ficar tranquilo. — Dane respondeu antes mesmo de Wilkins perguntar. — Se eu descansasse mais um pouco, acho que ia começar a criar mofo no corpo.
Apesar de ter sido sincero, todos riram alto. Wilkins também riu, com aquele ar de quem confiava plenamente em Dane, e apertou seu ombro com força antes de soltá-lo. Ele então se virou e saiu em direção ao vestiário. Dane o seguiu sem hesitar.
— Wilkins, espera um segundo.
Ao ouvir o chamado, ele parou e se virou, esperando. Seu olhar parecia perguntar o que houve, Dane então falou:
— O que aconteceu com o Ezra? Os outros não quiseram me dizer nada.
— Ah…
Wilkins murmurou, um tanto desconfortável ele também não parecia à vontade com o assunto. Passando uma mão pela barba e desviando o olhar, acabou confessando:
— Ele foi preso. O que, convenhamos, era o esperado.
Logo depois, soltou um longo suspiro e levou a mão à testa, como quem ainda não acreditava naquilo.
— Nunca pensei que aquele cara fosse capaz de fazer uma coisa daquelas…
Provavelmente, todos pensaram o mesmo. Se Ezra não tivesse se traído por um deslize, Dane jamais teria imaginado. Enquanto Wilkins murmurava, ainda inconformado, Dane perguntou:
— Ele já agiu de forma estranha antes? Alguma coisa que chamou atenção?
Wilkins balançou a cabeça e respondeu:
— De jeito nenhum. Quando aquele desgraçado apareceu pela primeira vez na matéria, todos quase caíram para trás de surpresa.
Dane perguntou:
— Depois disso, você chegou a encontrá-lo?
— Não. Cheguei a procurá-lo, mas ele não quis me ver.
Desta vez, Wilkins também negou com a cabeça. Dane murmurou:
— Entendo…
— Então você não ouviu os detalhes.
— Isso mesmo. Nós também estávamos cheios de dúvidas.
Wilkins então falou, como se ele mesmo ainda quisesse entender:
— Ninguém sabia que aqueles dois tinham ficado tão próximos. Foi no meio da madrugada que ele o chamou, e o cara foi sem hesitar. Todo mundo ficou chocado.
Na corporação, a única pessoa que havia se aproximado de Grayson, que havia trocado palavras com ele e o tratado com um mínimo de gentileza, foi Ezra. Mesmo assim, era estranho que ele tivesse atendido ao chamado de um colega de trabalho sem hesitar. Mas, vamos lá, digamos que eles estivessem tão próximos. Mesmo assim, havia uma dúvida que persistia.
‘Por que Grayson foi tão obedientemente?’
Sobre isso, nem mesmo Wilkins sabia o que dizer, apenas encolheu os ombros com uma expressão constrangida. Só havia um homem que poderia dar essa resposta.
O próprio Ezra.
***
Alguns dias depois, em uma manhã ensolarada – assim como no dia anterior, no retrasado e em tantos outros dias distantes que ele mal conseguia lembrar – Dane pegou seu carro e dirigiu por um bom tempo. Seus ferimentos já estavam completamente curados e a reabilitação havia sido um sucesso. Ele também já havia voltado ao trabalho no corpo de bombeiros, e à primeira vista, parecia que sua vida tinha voltado ao normal.
Mas a vida de Dane Stryker havia mudado – e muito. A ponto dele já ter um contrato assinado para estampar a capa do calendário de bombeiros pelos próximos três anos. Ele também havia recebido propostas para fazer ensaios fotográficos especiais. Uma delas chegou a oferecer um milhão de dólares se ele aceitasse posar nu, e não parava por aí. Várias pessoas que se apresentavam como editores de grandes editoras apareceram para convencê-lo a escrever um livro.
Diante de toda essa barulheira sedutora, Dane rejeitou absolutamente tudo. Não queria, de forma alguma, que sua vida se tornasse ainda mais tumultuada.
‘Idiotas barulhentos.’
Dane resmungou um palavrão baixinho. Todos os dias eram exaustivos, quase enlouquecedores. Não por causa do trabalho pesado, mas por causa daqueles tagarelas que não paravam de criar confusão ao seu redor.
Nem mesmo sua casa escapou. Algum repórter descobriu onde ele morava e bateu à sua porta. Era uma jornalista muito bonita – se ele fosse o Dane de antes, teria concedido a entrevista de bom grado e, quem sabe, alcançado algum “resultado extra”. Mas desta vez, não. Ele recusou educadamente, dispensou a repórter e passou o resto do dia deitado na cama, dormindo. Só descia de vez em quando para dar comida ou água a Darling e logo voltava para o quarto.
Após alguns dias nesse estado apático, Dane finalmente teve um dia de folga e saiu de casa cedo, com um destino em mente: visitar o homem que havia desaparecido completamente da vista de todos.
Ezra.
Os julgamentos dos dois sobreviventes ainda estavam em andamento. Mas no caso de Ezra, ele havia confessado seus crimes desde o início e colaborado ativamente com as investigações. Além disso, a vítima, Grayson Miller, havia pedido clemência por ele. Por isso, sua pena havia sido consideravelmente reduzida, e atualmente, Ezra cumpria sua sentença na penitenciária estadual.
Nem mesmo Wilkins, ou a família que Ezra tanto amava, havia conseguido vê-lo. Por isso, Dane achava que as chances de Ezra aceitar seu pedido de visita eram mínimas. Quando ele finalmente aceitou, Dane ficou bastante surpreso.
E agora, enfim, estava indo encontrá-lo.
Após dirigir por uma longa distância e chegar à penitenciária, Dane passou por uma rigorosa triagem: checaram se ele estava usando roupas compatíveis com o código de vestimenta (por exemplo, visitantes não podem usar roupas semelhantes às dos detentos – como camisa laranja ou calça jeans – para evitar confusões com possíveis tentativas de fuga), e também verificaram se ele não carregava nenhum item proibido. Só depois de tudo isso, ele foi autorizado a entrar para a visita.
No ambiente silencioso da sala, uma tensão inexplicável tomou conta dele, fazendo-o esfregar as palmas das mãos nervosamente e soltar um breve suspiro. Quando a porta interna se abriu, um homem vestindo um uniforme laranja apareceu acompanhado por um agente penitenciário. Assim que viu o rosto dele, Dane se levantou desajeitadamente da cadeira e o encarou. Ezra também o reconheceu e, por um instante, seu rosto se iluminou com uma expressão de alegria.
— Dane…
— Ezra.
O olhar de Dane se desviou automaticamente para os pulsos de Ezra. As algemas em seus braços chamaram sua atenção, e Ezra respondeu com um sorriso amargo, como se compreendesse aquele olhar. Em seguida, os dois se sentaram frente a frente, separados por um vidro.
Ezra foi o primeiro a pegar o telefone, e Dane o levou até o ouvido logo depois. Um breve silêncio constrangedor se instalou. Havia tantas coisas a serem ditas, mas nenhuma parecia fácil de sair. Quem falou primeiro foi Ezra.
— Você parece estar bem… Que bom. Fiquei preocupado quando soube que você tinha se machucado bastante.
— É, bem… Tive sorte. …Você também parece estar bem.
Tentando quebrar a tensão, Dane comentou, e Ezra respondeu com naturalidade:
— Estou levando do jeito que dá. Sabe, eu até me sinto grato. Depois de tanta gente quase morrer por minha causa… Me sinto culpado por estar vivendo tão tranquilamente assim. É meio vergonhoso.
— Entendo…
Após a resposta curta de Dane, o silêncio desconfortável retornou. ‘Desde quando conversar com Ezra se tornou tão difícil?’ Dane se perguntou com um certo desconforto. Eles sempre foram colegas que riam e conversavam juntos. Ezra, que sempre mediava as situações com calma, que nunca se irritava com ninguém… Quem imaginaria que um dia o encontraria assim, daquele jeito, nesse lugar?
— Por que você não aceita receber as visitas da Sandra?
Com a pergunta de Dane, Ezra abaixou a cabeça e murmurou:
— Como eu teria coragem de encarar ela?
Recusar-se a encontrar aqueles que mais amava também era, para ele, uma forma de punição auto imposta. Que pensamentos passavam por sua mente para ele impor esse castigo a si mesmo? Dane observou seu sorriso cansado por um momento antes de falar:
— Eu vim até aqui porque tem uma coisa que quero saber.
— Pode perguntar. O que for.
Ezra respondeu sem hesitar. Dane pensou que ele provavelmente já esperava por isso quando aceitou a visita. Refletindo sobre isso, Dane continuou:
— Por que aquele idiota foi tão obediente na hora de seguir aqueles bastardos?
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Continua…
Água viva
Capítulo de transição…. Obrigada pela tradução 🌻 Ansiosa pelo próximo 😘
Duda
O capítulo sempre acaba na parte mais importante,que ódio
Lee joobim
Obrigada pela tradução, vocês são as melhores 😘
Oque acham, senhoras(res)?
Esperando ansiosamente pelo próximo cap,
Oque acham, senhoras(res)?
Eu acho que as vezes em relação ao Grayson o dane é tapado, porque todas as coisas “boas” que o Grayson fez foi pensando no oque o dane acharia ou faria, então de certo modo ele já tem a resposta.
O fato mais incrível é saber que uma pessoa que carece de sentimentos está sentindo é bonito e doloroso, porque ele tá aprendendo várias sentimentos de uma vez
cel.estrelado
Concordo