Deseje-me se puder - Capítulo 175
Justo naquele momento, o elevador chegou. Dane balançou a cabeça e entrou primeiro; logo depois, Grayson o seguiu. Mesmo durante o breve trajeto até o térreo, Dane não pôde deixar de sentir o ar desconfortavelmente tenso. O espaço apertado só aumentava sua inquietação, e quando o som da campainha anunciou a chegada, ele soltou, sem perceber, um suspiro de alívio.
— Então…
Ele estava prestes a se despedir e sair da mansão quando percebeu, tarde demais, que precisaria chamar um táxi. — Uhhhh. —Deixou escapar um suspiro, e, nesse momento, seus olhos captaram a visão de vários carros luxuosos enfileirados. Ao vê-los, uma lembrança esquecida lhe veio à mente.
‘Ashley Miller, aquele pão-duro, mão de vaca, miserável… podia muito bem me dar pelo menos um carro.’
Enquanto resmungava internamente, Grayson, que estava atrás dele, falou de repente:
— Escolha qualquer um que você gostar. Eu já ia te dar um mesmo.
— O quê? Por quê?
Dane perguntou, confuso, virando-se para encará-lo. Grayson respondeu com naturalidade:
— Você está sem carro, não está?
O carro de Dane, que havia sido estacionado na base da montanha meses atrás, já estava em um estado tão deplorável que mais parecia pronto para o ferro-velho.
— Achei que o seu carro já não tinha salvação, então deixei lá mesmo. Em compensação, pode levar qualquer um desses. Eu tenho muitos.
— Ah…
Ele soltou mais um suspiro. Grayson não estava errado, Dane já havia tido a audácia de pedir um carro a Ashley Miller, então sabia que aquela situação não era exatamente ruim. Na verdade, era quase como ganhar na loteria…
— Se não gostar de nenhum desses, posso comprar um novo para você. Mas até chegar o novo, pegue qualquer um para ir usando por enquanto…
— Não, não é isso…
Dane balançou a cabeça rapidamente, interrompendo-o. Ele hesitou por um momento.
‘Será que eu deveria aceitar algo que ele está me dando?’
Afinal, Grayson era alguém que já tinha se declarado várias vezes, e Dane, por sua vez, havia rejeitado friamente.
‘E agora, aceitar um presente dele assim? Nem eu tenho cara de pau para tanto…’
Enquanto ele pensava, Grayson voltou a falar:
— Considere como um presente de agradecimento.
— O quê?
Dane levantou a cabeça, surpreso. Quando seus olhos se encontraram, Grayson sorriu suavemente.
— Você salvou a minha vida. É claro que eu preciso retribuir. — E, com a mesma naturalidade, completou: — Você é o meu herói.
Dane ficou olhando para ele em silêncio. Seus ouvidos ficaram vermelhos de repente. Curiosamente, aquelas palavras foram ainda mais embaraçosas do que os frequentes “eu te amo” que Grayson vivia dizendo.
— Bem… o Josh também ajudou…
Ele murmurou, constrangido, deixando a frase morrer no ar. Nesse momento, Grayson se moveu, ele abriu a porta do passageiro do carro em que tinham vindo juntos no dia anterior e disse:
— Hoje eu te levo. Com essa perna, vai ser difícil dirigir… Me fala qual carro você quer que eu mando entregar depois.
‘No fim das contas, deve ser dinheiro do Ashley Miller. Ele poderia ter me dado um carro logo.’
Dane sentiu uma leve pontada de ressentimento em relação a Ashley, mas logo mudou de ideia.
‘Afinal, seja tirado do bolso da frente ou do de trás, dinheiro é dinheiro.’
Pensando assim, seu coração se sentiu mais leve. De qualquer maneira, o carro seria comprado com o dinheiro de Ashley Miller, de um jeito ou de outro.
— Obrigado. Então, eu fico com aquele ali.
Quando Dane apontou, sem hesitar, para o carro mais caro entre eles, Grayson, que acompanhava seu olhar, assentiu prontamente.
— Certo. Primeiro vou te levar, depois eu levo o carro para você. Vai continuar hospedado naquele hotel?
Dane permaneceu em silêncio, apenas encarando o rosto dele.
‘O que há com ele..?’
Uma sensação estranha crescia dentro dele. Na verdade, não era de agora – desde que se encontraram em frente ao hospital, Grayson agia de um jeito diferente. Era difícil explicar exatamente o quê, mas o sentimento era claro…
— Dane?
Grayson chamou novamente por seu nome. Dane, que ainda franzia o cenho enquanto pensava, ergueu a cabeça. Quando seus olhos se encontraram, Grayson apoiou o braço no teto do carro, recostou a cabeça ali e sorriu, de forma despreocupada.
‘Vai tentar me seduzir, é? Esse desgraçado…’
Foi o que pensou, mas então Grayson, ainda naquela posição, abriu a boca:
— Na verdade, enquanto você estava desacordado, aconteceu uma coisa…
Diante da expressão séria de Dane, ele continuou, usando aquele seu jeito arrastado de falar:
— Nathaniel fechou um acordo com a seguradora com a qual você tinha o contrato. Conseguiram o acordo. Todo o custo para reconstruir sua casa vai ser coberto… junto com o aluguel do lugar onde você vai ficar enquanto isso.
— O quê…?
Dane arregalou os olhos, sem acreditar no que ouvia. Estava tão atordoado que se perguntou se não estava sonhando. Mas Grayson prosseguiu:
— As chaves do sobrado que você vai ficar temporariamente vai ser entregue diretamente pela seguradora. É um bairro tranquilo e seguro. Você não terá problemas.
Os olhos de Dane se arregalaram ainda mais, de tão surpreso.
‘Um sobrado? Não um apartamento comum, como isso é possível?’
Não existe nada mais perigoso do que uma sorte sem explicação. Especialmente na vida de Dane Stryker. Então isso só podia significar…
— Não fui eu.
Grayson ergueu o queixo ao perceber o olhar desconfiado de Dane.
— Foi o meu pai quem mandou o Nathaniel resolver isso. Eu só comentei que sua casa tinha pegado fogo e que você não teria onde ficar depois da alta.
‘Mas como? Como foi possível arrancar uma compensação desse nível daquela seguradora maldita?’
— Mesmo sem eu estar lá, sem eu ter assinado nada, isso foi possível? — perguntou desconfiado. Grayson, parecendo genuinamente surpreso com a dúvida, respondeu com outra pergunta:
— Por que não seria?
A expressão dele era tão natural que Dane finalmente percebeu: para eles, não existia a palavra “impossível”.
Eles eram os Miller, afinal.
‘O que exatamente significa o nome Miller?’
Pela primeira vez, ele sentiu na pele o peso avassalador que aquele sobrenome carregava.
— Por favor, nunca me processe.
Dane falou com evidente cautela, e Grayson riu alto, um som claro e despreocupado. Ao vê-lo assim, Dane sentiu aquele estranho desconforto novamente.
‘O que é isso, esse cara…?’
De novo, aquela sensação esquisita invadiu seu peito. Desde antes, desde o hospital, o tempo todo… Era difícil explicar, mas ele sentia…
— …Você.
Depois de uma breve pausa, Dane abriu a boca:
— Você quer algo de mim?
Diante da voz tranquila, Grayson ficou em silêncio por um momento. Foram apenas alguns segundos, mas nesse breve intervalo Dane sentiu, pela primeira vez, uma leve tensão no homem. Grayson abriu a boca. Seus lábios se moveram devagar. E então:
— Quer sair em um encontro comigo?
A pergunta inesperada deixou Dane confuso.
— …O quê?
Ele demorou um instante para reagir, e Grayson, sorrindo, repetiu:
— Tínhamos combinado de sair em um encontro, lembra?
— Ah…
Só então Dane entendeu. Era sobre aquele encontro que haviam combinado depois da primeira vez que dormiram juntos. Um encontro que acabou sendo um desastre completo. No final daquele dia, Grayson havia dito: “Da próxima vez.”
‘E agora ele vem falar disso…’
Como já fazia bastante tempo, Dane tinha esquecido completamente. Mas uma promessa era uma promessa, então ele apenas assentiu sem hesitar.
— Tudo bem. Onde você quer ir?
Grayson abriu um largo sorriso e respondeu animado:
— Disneylândia!
Dane ficou parado, apenas encarando-o.
— …O quê?
Um segundo depois, seu rosto se contorceu e ele não pôde evitar se perguntar: ‘O que eu acabei de ouvir?’
O lugar mais feliz da Terra.
Disneylândia.
Grayson declarou com um sorriso radiante:
— Eu adoro a Disneylândia.
Dane apenas abriu e fechou a boca, incapaz de dizer qualquer coisa.
***
De longe, dava para ouvir o som animado das pessoas. Dane já se sentia exausto enquanto caminhava devagar. Fazia apenas uma semana que ele havia voltado a andar sem muletas. E, claro, ainda não estava nem perto de recuperar o ritmo de antes, ele mal conseguia caminhar devagar, e o grande problema era que esse maldito parque temático era absurdamente grande. Só o trajeto de bonde até a entrada já o tinha exaurido. Ao contrário de Dane, que estava exausto por estar cercado por crianças de 10 anos o dia todo, Grayson estava eufórico desde antes mesmo de sair de casa.
— Dane, vamos, você também tem que usar um desse!
Sem que percebesse, Grayson que já tinha comprado um arco com orelhas do famoso rato mascote da Disney, colocou direto na cabeça de Dane. Em seguida, pôs outro na própria cabeça e rapidamente pegou o celular para tirar uma foto dos dois.
— Ali, vamos naquele brinquedo primeiro! Aquele ali!
Empolgado, Grayson agarrou a mão de Dane e saiu correndo, arrastando-o junto. Enquanto era arrastado, Dane só conseguia pensar:
‘Por que, naquele momento, eu não consegui dizer: “Disneylândia, não”?’
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Continua…
Michi
Jubileu está estranho eu tenho medo
Be
Estou com mil teorias e com medo de todas 🙁
Leebit
Me sinto uma galinha vivendo de grão em grão 😭😭😭😭
Obrigado pela tradução, já falei que vcs são maravilhosas (os) ?
A autora tá escrevendo o 2• parágrafo e vocês já estão traduzindo o 1 • .
Muitoooo Obrigado por amarem essa novel e trazerem a tradução tão rapidamente
Angelperfeito
Gente, só para lembrar que falta apenas 5 capítulos para acabar 😭😭
Choryti
Falta não, a autora falou q vai ter mais de 200 capítulos
Ray
Oh my shayla😭😭😭😭
HuaCheng
prevejo problemas a vista