Deseje-me se puder - Capítulo 174
Grayson, que até então só olhava para frente, lançou um olhar rápido para ele. Dane, mantendo os olhos fixos em Grayson, falou novamente:
— Era você naquela noite, no quarto do hospital, não era? O que exatamente você foi fazer lá?
Apesar de fazer a pergunta direta, Dane sentiu-se internamente constrangido, pensando: ‘E se esse idiota disser que não foi ele?’ Afinal, não havia uma única prova. Seus olhos estavam cobertos por ataduras e um tapa-olho, incapaz de enxergar até mesmo uma tênue luz, e não havia percebido nenhum cheiro de feromônio. Não existia qualquer evidência de que aquele som de passos fosse dele. Se por acaso Grayson negasse…
Foi então que Grayson soltou um risinho, como se o ar escapasse por entre os dentes.
— Como você soube?
Felizmente, ele admitiu sem resistência. Talvez tivesse achado melhor confessar logo. De qualquer forma, diante da resposta que obteve, Dane deveria ter se sentido satisfeito, mas, estranhamente, não foi isso que aconteceu. Pelo contrário, ele franziu a testa e olhou para Grayson com uma expressão de incredulidade.
‘O que há com esse cara?’
Ele simplesmente não conseguia entender. Quando Dane estava inconsciente, Grayson o visitava todos os dias, mas, no momento em que ele abriu os olhos, o homem sumiu. Então quando não podia enxergar, ele apareceu de surpresa e depois desapareceu de novo. E depois de ficar tanto tempo ausente, ele reapareceu justo no dia da alta.
— O que se passa na sua cabeça?
Ao ouvir a pergunta, Grayson apenas riu alto. Aquela reação fez Dane perceber intuitivamente que não receberia uma resposta decente — assim como havia deduzido, que o visitante daquela noite era ele, sem nenhuma prova concreta.
— Por que você foi até lá, afinal? Naquela noite.
Dane não conseguia enxergar, mas era capaz de estimar o horário pelos movimentos dos médicos e enfermeiros. Além disso, naquela noite, a equipe médica havia se despedido dele dizendo “Durma bem”. Quando Grayson apareceu, ainda não era de manhã; ou seja, a visita ocorreu entre meia-noite e três ou quatro da manhã. Um horário completamente absurdo para visitas, o que só aumentava sua curiosidade.
Mas suas dúvidas não paravam por aí.
— E já que foi até lá, por que não disse nada? Por que simplesmente foi embora?
Ele lançou mais uma pergunta, mas Grayson continuou sem dar resposta. Apenas manteve aquele sorriso no canto dos lábios. Vendo isso, Dane não aguentou e explodiu de raiva.
— Você não vai falar mesmo? Por que foi lá, naquele horário? O que você queria comigo?!
Ao gritar com voz áspera, Grayson, que até então só olhava para frente, finalmente respondeu:
— Para te matar.
— O quê?
Dane arregalou os olhos diante da resposta absurda. O carro mergulhou num silêncio tenso e pesado. Ele ficou olhando para o rosto de Grayson de perfil, tentando entender, até finalmente abrir a boca:
— …Você está brincando, certo?
— Sim.
‘Esse desgraçado…’
Dane sentiu a veia da têmpora latejar diante da resposta absurda dita com tanta naturalidade. Se Grayson não estivesse com as mãos no volante, ele teria socado sua cabeça sem a menor hesitação. Lembrando que o carro era equipado com piloto automático, ele cerrou os punhos, mas logo desistiu. Em vez disso, soltou um suspiro longo e, com a voz fraca, murmurou:
— Vai se foder…
Dane recostou-se no assento, limitando-se a essas palavras, enquanto Grayson soltou apenas uma risada curta. O carro seguiu em silêncio até finalmente chegar à mansão.
***
A mansão, visitada depois de tanto tempo, parecia ainda mais tranquila do que ele se lembrava. Era tão silenciosa que Dane chegou a duvidar se aquele lugar sempre foi assim.
Grayson, que desceu do carro primeiro, rapidamente contornou o capô para ajudar Dane a sair, mas ele já havia aberto a porta e se apoiado na muleta para se levantar sozinho.
— Onde está a Darling?
Diante da pergunta de Dane que já estava de pé, Grayson ficou parado, um pouco sem jeito, e recolheu a mão, sorrindo levemente.
— No seu quarto. Lugares familiares são melhores, não é?
O que ele disse era verdade. Era uma decisão acertada, no entanto, o problema estava na perna de Dane. Só de pensar nas inúmeras escadas que teria que subir, ele soltou um gemido de sofrimento, quase instintivamente. Nesse momento, de repente, Grayson o ergueu no colo.
— O que… o que é isso?! — exclamou Dane, pego completamente de surpresa, sem conseguir controlar o grito.
Surpreso pela ação inesperada, Dane gritou sem querer. Mas Grayson ignorou seu protesto e, carregando-o com facilidade, subiu os degraus rapidamente, alcançando em segundos o andar aonde ficava os quartos.
— Pronto, chegamos.
Ele disse, colocando-o gentilmente no chão e sorrindo novamente. Dane, cambaleando, apoiou os pés no chão e, sem querer, olhou para baixo, além da grade da escada. Não podia acreditar: Grayson havia subido todos aqueles degraus, carregando-o desse jeito, e ainda assim não mostrava nenhum sinal de cansaço.
‘Que força monstruosa.’
Dane não pôde evitar uma admiração resignada.
‘Deve ser por causa da genética dele.’
— É… sua força é invejável.
Ele disse isso batendo amigavelmente no braço de Grayson. Afinal, ele havia subido as escadas tão confortavelmente; não havia motivo algum para reclamar. Exceto, é claro, pelo fato de ter sido carregado nos braços como uma princesa da Disney. Mas preferiu ignorar essa imagem pouco agradável Dane virou-se e seguiu em direção ao seu antigo quarto, com Grayson seguindo em silêncio atrás dele.
— Darling!
Ao abrir a porta, seu olhar encontrou imediatamente a gata relaxando no topo do arranhador. Chamando-a em voz alta, Dane apressou-se (tanto quanto as muletas permitiam) em direção a gata. Mesmo já mais acostumado aos apoios, não significava que conseguia se mover com a mesma liberdade de antes. Mancando e tropeçando, se aproximou o máximo que pôde da gata, e, para não assustá-la, estendeu primeiro o dorso da mão até o focinho do animal.
Darling cheirou a mão, farejando curiosa, e em seguida levantou a cabeça. Com cuidado, Dane passou a mão pelo topo da cabeça da gata, acariciando entre seus olhos com o polegar.
— Miau.
Darling emitiu um som e se levantou. A gata começou a farejar, inquieta, procurando por ele, Dane a pegou com cuidado nos braços e, assim que o fez, Darling começou a se esfregar freneticamente contra seu peito, miando sem parar, se revirando sem saber o que fazer de tanta alegria.
— Me desculpa, Darling. Te fiz esperar muito?
Dane beijou sua cabeça, genuinamente arrependido. Enquanto isso, a gata continuava se contorcendo em seus braços, incapaz de conter a emoção. Observando aquele reencontro com olhos aquecidos, Dane acabou virando a cabeça e, nesse instante, viu Grayson. Ele ainda estava parado perto da porta, observando a cena em silêncio, como antes. Dane tossiu secamente e falou:
— Obrigado por ter cuidado da Darling.
— Eu não fiz muita coisa.
Grayson encolheu os ombros, minimizando o agradecimento. Foi então que Dane se lembrou de algo:
— Mas… por que o Darling está aqui? Achei que Yeonwoo estava cuidando dela.
— Ah… — Grayson deu de ombros. — Achei que seria melhor para ela ficar num lugar conhecido. Gatos preferem ambientes familiares, sabe? Por isso o trouxe de volta.
Mudar de ambiente o tempo todo talvez não fosse o ideal, pensou Dane, mas preferiu não comentar. Afinal, Grayson havia feito aquilo com boas intenções, pensando no bem-estar da gata. E, além disso, Dane sabia que era ele quem estava em dívida agora; seria extremamente ingrato sair criticando a boa ação do outro.
— Obrigado. Graças a você, a Darling também parece estar bem.
Diante das palavras sinceras de Dane, Grayson sorriu.
— Que bom.
Assim que a conversa cessou, um silêncio estranho se instalou entre eles. Estar diante de Grayson – que normalmente não parava de tagarelar – e enfrentar esse tipo de quietude deixou Dane repentinamente desconfortável. Vasculhando a mente em busca de algo para dizer, ele finalmente abriu a boca, constrangido:
— Hã… então, eu já vou indo…
Depois de uma despedida abrupta, ele colocou Darling na caixa de transporte. Era fácil perceber, pelo logotipo de marca de luxo estampado, que devia ser absurdamente caro – mas Dane não se importou.
‘De qualquer forma, ele deixou isso aqui para eu usar mesmo.’
Pensando assim, pegou a caixa de transporte com Darling dentro e saiu do quarto.
— Dane.
Estava a caminho das escadas quando Grayson o chamou de repente. Sem perguntar o motivo, Dane apenas se virou para olhar para ele. Grayson apontou com o polegar para trás de si.
— Tem um elevador.
— …Sério…
Dane ficou tão surpreso que sua mandíbula quase caiu. Mancando, seguiu Grayson, e logo viu as portas do elevador. Enquanto Grayson apertava o botão e esperava a máquina subir, Dane perguntou, com o rosto franzido:
— Funciona só para descer?
— Não, é claro que também sobe.
‘Então, mesmo com isso aqui disponível, ele fez questão de me carregar escada acima…’
Só de lembrar da posição constrangedora em que ficou, o rosto de Dane se contorceu involuntariamente.
‘Será que esse idiota tem um hobby de complicar a própria vida? Eu realmente não consigo entender essas pessoas ricas.
°
°
Continua…
Leebit
Um passo pra frente, 10 pra trás 😭😭😭😭😭
Obrigado pela tradução, vcs são excepcionais
Hikari
Gente? Sera q sobreviverei ate o final dessa novel?
Pq olha.. Vo te conta cada k uma lagrima