Deseje-me se puder - Capítulo 169
Ashley olhou para ele com olhos arregalados de surpresa, como quem perguntasse o que diabos aquilo significava. Era uma reação tão óbvia e esperada que Koy respirou fundo uma vez. Agora era hora de revelar um segredo enorme. ‘Desculpe, Dane. Mas eu não tenho escolha.’ Com a decisão firme, ele finalmente abriu a boca.
— Dane e eu temos a mesma constituição biológica.
— Eu sei. E daí?
— O quê?
Com a resposta de Ashley, ele arregalou os olhos, surpreso.
‘Ele já sabia? Como assim?’
— M-Mas eu nunca falei sobre isso.
Koy ficou confuso, preocupado se, sem querer, tinha revelado o segredo de Dane. Mas Ashley respondeu com indiferença:
— Eu simplesmente descobri. Mas o que isso tem haver? O que você quer dizer com isso? Vocês têm a mesma natureza biológica, e?
Koy ficou confuso, mas aquele não era o momento para se apegar a detalhes. Dane ainda estava lutando contra a morte. Se demorassem demais, o plano que ele tinha em mente se tornaria inútil.
— Ômegas dominantes sentem uma conexão um com o outro, certo?
— E?
— Talvez seja possível ir além disso.
Ashley franziu a testa, ao invés de perguntar novamente. Koy, então, prosseguiu com entusiasmo:
— E se eu pudesse transferir de alguma forma um pouco de energia para o Dane? Talvez a consciência dele volte.
Diante da proposta inesperada, Ashley fez uma expressão de surpresa.
‘O que ele estava dizendo agora?’
— …Você está falando em usar feromônios? Quer dizer, inundar o Dane com seus feromônios?
— Sim, exatamente isso.
Koy assentiu com firmeza. Ashley nunca o vira defender algo com tanta convicção. Era um Koy completamente diferente daquele que sempre seguia tudo o que ele dizia como se fosse natural. Havia algo de refrescante naquela mudança.
— Me desculpa, Ash. Por quebrar a promessa.
Ele se desculpou com sinceridade. Há muito tempo, ele havia prometido que nunca liberaria seus feromônios para ninguém além de Ashley. E até hoje ele vinha cumprindo essa promessa.
Ashley o observou por um instante. Apesar de estar pedindo desculpas, ele não parecia disposto a voltar atrás em sua decisão. Depois de um silêncio, os lábios de Ashley se relaxaram.
— Por que veio me contar, então? Se mesmo se eu dissesse não, você faria de qualquer jeito.
Koy concordou sem hesitar.
— Sim, mas como vou quebrar minha promessa, queria me desculpar.
Enquanto dizia isso, ele observava a reação de Ashley. Como se estivesse preocupado com a possibilidade de ele ficar bravo.
Ashley deu-lhe as costas e foi até a mesa, onde apertou o botão do telefone. Quando a voz da secretária surgiu após um breve sinal, ele disse com tom casual:
— Prepare o jato particular. Koy vai para o oeste.
[Entendido.]
Ao encerrar a chamada e virar-se novamente, viu Koy olhando para ele com os olhos arregalados.
— O que há com essa expressão?
Ashley riu ao ver sua expressão, e Koy, ainda meio atônito, começou a falar:
— Ah, então… quer dizer…
Ele imaginou, por um instante, que talvez Ashley tivesse ficado bravo no momento em que soltou o braço que envolvia sua cintura e se virou. Quando compartilhou esse pensamento em voz alta, Ashley franziu a testa e deu um sorriso amargo.
— É verdade que sou muito ciumento, mas não sou estúpido a ponto de não entender o que você quis dizer.
— Obrigado…!
Emocionado, Koy pulou imediatamente em seus braços. Ashley riu e o abraçou de volta, abaixando a cabeça para beijá-lo. Depois de um beijo carinhoso, ele murmurou, quase num sussurro:
— Se não fosse por esse compromisso inadiável, eu iria com você… Maldito jantar com o presidente.
Ele estava genuinamente chateado com isso. Koy soltou uma risada audível.
— Está tudo bem, só de ter providenciado o avião já é mais do que suficiente.
Ashley olhou para ele em silêncio. Até agora, nessas situações, ele sempre fazia questão de lembrar: ‘Nunca fique sozinho com as crianças.’
Mas desta vez foi diferente. Embora ambos estivessem pensando a mesma coisa, nenhum dos dois disse em voz alta. Koy ficou internamente curioso, porque Ashley não havia mencionado aquilo. Ainda assim, escolheu não perguntar e apenas esperou. No entanto, seu marido não tocou no assunto. Em vez disso, apenas o abraçou mais uma vez com força e disse:
— Vá com cuidado. Assim que eu conseguir um tempo, irei atrás de você na mesma hora.
— Tá bom.
Koy respondeu com um aceno e o abraçou de volta. E exatamente duas horas depois, ele embarcou no jato particular rumo ao Oeste.
***
— Olá, seja bem-vindo. O Sr. Miller já havia nos avisado com antecedência. É uma honra tê-lo aqui.
O diretor do hospital estava esperando Koy em frente ao prédio. Assim que ele desceu do carro, o diretor se adiantou com um sorriso radiante, pronto para dizer as palavras que havia ensaiado. Koy apertou sua mão e retribuiu o sorriso.
— Olá, muito obrigado pela recepção. Eu gostaria de ver o Dane o quanto antes…
— Claro, é óbvio. Por aqui, por favor.
O diretor fez questão de conduzi-lo pessoalmente até o quarto de Dane e falava animadamente enquanto andavam.
— É uma grande honra poder tratar um herói em nosso hospital. Em nome de toda a equipe, agradecemos ao Sr. Miller pelo apoio. E agora, o senhor veio pessoalmente visitar o Sr. Striker…
Ao ouvi-lo tagarelando, Koy percebeu que Ashley não tinha contado o verdadeiro motivo de sua visita: que ele estava lá para inundar Dane com feromônios. Claro, não podiam sair por aí comentando sobre os traços genéticos de alguém. Convencido disso, Koy pensou consigo mesmo.
‘Obrigado, Ash.’
Ele sentiu um sorriso caloroso surgir involuntariamente em seus lábios enquanto continuava a caminhar. Logo, chegaram ao quarto onde Dane estava internado.
— …Hmm.
Deixou escapar um murmúrio ao ver um homem alto parado no corredor. O diretor seguiu seu olhar e, com um rosto um pouco constrangido, comentou:
— Ah, sim… O seu filho vem todos os dias até o quarto do Sr. Stryker. As visitas são proibidas, então ele só olha pela janela e vai embora… Ouvi dizer que eram colegas de trabalho. Deve estar preocupado, claro.
Preocupação por um colega de trabalho – algo absolutamente impossível para Alfas dominantes. Koy se perguntou se o diretor não conhecia bem essa característica ou se estava apenas tentando disfarçar para não causar desconforto. Ele ficou curioso por um momento, mas logo decidiu que isso não importava. Não era esse o ponto agora.
— Grayson.
Ao chamá-lo pelo nome e se aproximar, Grayson finalmente virou o rosto. Mesmo reconhecendo Koy, seu rosto não mostrou nenhuma surpresa. Aquele olhar vazio, sem vida, dirigido a ele o deixou com o coração apertado. Sem dizer nada, Koy o puxou para um abraço. Grayson não reagiu, permanecendo imóvel. Observando-o com pena, Koy então virou-se para encarar o diretor do hospital.
— Então, eu gostaria de ver o Dane sozinho agora. Poderia nos deixar, por favor, nos dar licença?
— O quê? Ah… certo…
O diretor do hospital ficou visivelmente surpreso por um instante. Ele havia pensado que, por Dane ser o parceiro de Miller – o herói que estava em alta nas notícias –, ele havia vindo apenas para tirar uma boa foto para a imprensa. No entanto, ele estava dispensando o próprio diretor do hospital? O que estava acontecendo? Além disso, seria uma excelente oportunidade para promover o hospital, mas se fosse assim, nem uma matéria sairia, quanto mais uma boa foto.
‘Ele não veio por causa da publicidade…?’
Embora perplexo, o diretor não teve outra escolha a não ser se retirar. Com um sorriso sem graça, ele assentiu com a cabeça.
— Certo, entendo. Então… com licença…
Assim que o diretor se afastou, os seguranças que acompanhavam Koy imediatamente se posicionaram em frente ao quarto, formando uma barreira impenetrável diante da porta e das janelas de vidro. Diante daquela cena, o diretor se surpreendeu mais uma vez.
‘O que é isso, afinal…?’
Sem entender nada, ele lançou um último olhar curioso antes de sair. E então, Koy ficou frente a frente com Grayson.
— Deve estar sendo difícil para você, Grayson.
Koy olhou para ele com uma expressão cheia de compaixão. Mesmo sem qualquer reação vinda dele até aquele momento, ele continuou falando com calma.
— Eu vim até aqui porque acho que talvez possa ajudar o Dane.
Essas palavras finalmente provocaram uma reação em Grayson. Movendo os olhos, ele olhou para baixo, para seu pai, que mantinha um leve sorriso e assentiu com a cabeça.
— Isso mesmo. Nós temos a mesma constituição… e talvez possamos ajudar um ao outro.
Grayson, que observava em silêncio, finalmente abriu a boca:
— …Como?
°
°
Continua…
Hikari
Esse diretor do hospital
Meu filho
Se manque 🙄🙄
Ai finalmente
N guento mais tanto sofrimento 😭