Deseje-me se puder - Capítulo 166
— Urgh…!
Dane distorceu o rosto enquanto arrancava com as próprias mãos a tábua de madeira à sua frente.
— Haa, haa…
A respiração, acelerada e pesada pela tensão e pelo cansaço, não dava sinal de se acalmar. Encontrar o local onde a bomba poderia estar escondida não foi difícil. Ao se aproximar do ponto que havia previsto e vasculhar apressadamente os arredores, ele percebeu que apenas um lugar permanecia relativamente intacto. Mais exatamente, uma parte da parede ainda permanecia erguida – algo que, aos olhos de Dane, parecia totalmente fora do lugar.
A maioria das construções ao redor havia desmoronado. Entre aquelas estruturas frágeis, uma parede exterior que parecia ter sido reforçada chamou sua atenção. Sem hesitar, Dane correu até ela e começou a remexer o chão sob a parede com as mãos.
Ao empurrar os fragmentos das paredes destruídas pela explosão, pedras e poeira, revelou-se ali uma enorme porta escondida. Descendo rapidamente pelas escadas, ele encontrou um porão, onde avistou uma robusta caixa de madeira. Era grande e estava encostada diretamente na parede, tudo indicava que havia algo dentro.
Dane se ajoelhou imediatamente e tentou abrir a caixa com as próprias mãos. Se não houvesse a chance de haver uma bomba ali dentro, ele teria simplesmente atirado para arrebentá-la – mas isso era impossível naquele momento.
— Merda!
Xingando, ele se afastou por um instante e olhou ao redor. Por sorte, algumas ferramentas estavam espalhadas no chão. Pegando uma pá, usou a cabeça dela como alavanca, enfiando-a na fenda de um dos cantos da caixa e pressionando o cabo com o pé para forçá-la para cima. Após algumas tentativas, sentiu os pregos começarem a ceder. Quando viu uma abertura se formar, jogou a pá para o lado e voltou a usar as mãos.
— Nnngh…!
Rangendo os dentes, ele aplicou suas últimas forças. Com um estalo seco, a tábua finalmente se desprendeu, e sem perder tempo, ele jogou fora o pedaço de madeira inútil e olhou para dentro.
‘Eu sabia.’
Como esperado, lá estava a bomba com um temporizador já ativado. Não era possível simplesmente puxá-la para fora – Dane logo notou que ela estava conectada a algo por um buraco no fundo da caixa. E logo entendeu por que a caixa estava encostada na parede.
‘Está do outro lado da parede.’
Lentamente, ele ergueu o olhar e encarou a grande parede de pedra à sua frente. Era como se pudesse ver, do outro lado, uma pilha imensa de explosivos prontos para detonar.
***
— Como assim o Dane foi desarmar uma bomba?!
A voz de Grayson subiu de tom. Joshua respirou fundo, tentando ao máximo manter a calma, e explicou:
— É exatamente como você ouviu. Aqueles desgraçados instalaram bombas na montanha. Dane está tentando desarmar uma delas.
— Por quê? Porque ele faria isso?
Grayson continuava pressionando, sem esconder a ansiedade. Joshua olhou para sua expressão agitada, estranhando-a, e respondeu:
— A equipe que veio nos resgatar foi para outra direção. Fique calmo, Dane pode estar errado.
— Se ele pode estar errado, então por que foi?
— Porque também pode estar certo.
Joshua sentiu um cansaço extremo por ter que explicar algo tão óbvio. Levantando uma das mãos como se quisesse acalmá-lo, ele continuou:
— Nós dividimos as responsabilidades. Eu cuido de você, ele cuida da bomba. Foi só isso, então, não tem motivo para você ficar tão agitado.
Ele estava prestes a dizer “vamos apenas descer agora”, mas antes que pudesse falar, Grayson já havia se virado e começado a subir a montanha novamente. É claro que Joshua não podia simplesmente deixá-lo ir.
— Pare! O que você acha que está fazendo?
Joshua correu atrás dele e agarrou seu braço, mas Grayson o sacudiu com força, livrando-se dele de forma brusca.
— Me solta. Já chega de joguinhos.
Apesar do tom ameaçador, Joshua não recuou nem um passo. Ao contrário, posicionou-se bem na frente de Grayson, impedindo sua passagem.
— Não! Dane te deixou sob minha responsabilidade. Então tem que me obedecer.
— Sai da minha frente!
— Já chega!
Joshua explodiu, gritando de frustração:
— Você acha que é hora de bancar o teimoso? O que você pode fazer, hein? Sabe ao menos onde ele está? Se for atrás dele agora, só vai acabar perdido pela montanha até cair morto! Foi por isso que ele te deixou inconsciente, justamente porque sabia que você faria uma merda dessas! Você acha que o Dane ficaria feliz se você corresse atrás dele desse jeito? Acorda, Grayson! O que ele quer é que você desça a montanha comigo e receba tratamento! Agora!
Com o grito, Grayson vacilou por um instante. Tudo o que Joshua disse fazia sentido. Não havia um erro sequer em suas palavras. Grayson abriu a boca para retrucar, mas a fechou de novo, hesitando. Por fim, com o rosto contorcido pela frustração, resmungou:
— Você quer que eu simplesmente desça a montanha tranquilo enquanto o Dane está se arriscando sozinho?
— Dane sabe como desarmar uma bomba. — Joshua respondeu com a voz rouca, cheia de tensão. — Eu confio que ele vai conseguir. Vai me dizer que você não confia nele?
Não era uma questão de confiar ou não. Ele simplesmente não conseguia descer com a consciência tranquila. Na mente de Grayson surgiu a lembrança de Dane entrando correndo naquele prédio prestes a explodir, sem olhar para trás, sem hesitar, correndo para o perigo como se fosse a sua única escolha.
Era a mesma coisa agora, com certeza.
Grayson conseguia imaginar perfeitamente a cena. As costas de Dane se afastando cada vez mais rápido, sumindo diante de seus olhos.
— Por quê? — A pergunta escapou de seus lábios antes que pudesse pensar. — Por que ele foi? Se tem uma bomba, por que não fugiu? Por que ele teve que voltar?
A voz de Grayson começou a ficar embargada, tomada por um misto de raiva e desespero. Seu peito apertava, sufocado por não conseguir entender a decisão de Dane. E foi nesse instante que Joshua finalmente explicou:
— Porque vai causar um deslizamento.
Grayson parou por um segundo.
— …O quê?
Com uma expressão séria e sem hesitar, Joshua respondeu:
— Quando a última bomba explodir, vai desencadear um deslizamento de terra. E a vila lá embaixo vai ser soterrada, todo mundo vai morrer.
Grayson piscou, atônito. Precisou de alguns segundos para digerir aquelas palavras.
— …Ah…
Um suspiro incrédulo escapou de sua boca.
‘Ele está se arriscando… só por isso?’
***
Click.
Com esse som seco, o timer parou.
Restavam 58 segundos.
— Haa…
Dane suspirou de alívio e limpou o suor da testa com o braço.
— Acabou…!
Ele disse quase como um suspiro, antes de desabar no chão. A tensão tinha sido tanta que a cabeça começou a latejar. Mas agora, ele finalmente, podia respirar aliviado. Mesmo que houvesse toneladas de explosivos ali atrás, agora não passavam de um lixo inútil.
— Haha…
Um riso escapou de seus lábios sem que ele percebesse. — Ahhh — Ainda ofegante, ele inclinou-se para trás, apoiando as mãos no chão, e murmurou para si mesmo.
— Trabalho voluntário de graça, realmente não é minha praia
Grayson já devia ter acordado a essa altura. Joshua provavelmente estava tendo dificuldades sozinho. Aquele idiota…, pensou Dane, balançando a cabeça. Mas mesmo assim, um leve sorriso se formou em seus lábios.
‘Está na hora de descer, acho eu….’
Ele se levantou, já imaginando como daria uma lição naquele “cachorrinho desobediente”, quando, de repente, o timer desligado acendeu de novo. Surpreso, Dane parou no mesmo instante. Os segundos começaram a se mover novamente diante dos seus olhos.
57. 56. 55.
— Mas que porra é isso…?
Pálido, ele se ajoelhou de volta no chão, examinando a bomba com uma urgência desesperada.
‘Onde está? O que deu errado? Tenho certeza de que o visor havia se apagado. Onde…? O que diabos…’
E então, naquele momento, um som estridente e agudo, um “biiiip” metálico, ecoou sobre sua cabeça. Ele franziu a testa e ergueu o rosto – o som cessou e, em seguida, uma voz masculina preencheu o silêncio.
[Você achou mesmo que tinha vencido?]
Dane congelou por um instante diante da voz repentina. Procurou freneticamente ao redor, tentando encontrar a origem do som e então, acima de sua cabeça, o homem riu em tom de deboche.
[Nem sonhe com isso. Você perdeu.]
Depois dessas palavras, o tom do homem mudou subitamente. Agora sua voz estava cheia de solenidade, como se recitasse um sermão.
[Deus proclama: o Reino dos Céus está próximo. O Senhor falou: exterminem os demônios e seus seguidores. Ó Deus, veja minha fé! Eu ofereço este sacrifício em Vosso nome. Abra as portas do Paraíso para mim e corte o sopro de vida desses hereges, para que todos os pecadores do mundo sejam lançados no inferno…]
— Filho da…
O rosto de Dane perdeu toda a cor enquanto ele xingava em voz baixa. Mas a voz do homem continuava inabalável, recitando aquele absurdo como uma prece.
Ele olhou ao redor, mas como esperado, era inútil. Aquilo tudo tinha sido gravado com antecedência. Sem dúvida, o homem havia planejado isso desde o início – para zombar de quem estivesse aliviado por pensar ter vencido.
‘Exatamente como agora.’
[Faça sua última prece, seguidor do mal. Seu corpo será a oferenda final para a redenção divina.]
Diante dessas palavras, Dane virou-se instintivamente para olhar para trás. O cronômetro continuava sua contagem regressiva.
9. 8. 7.
[É o inferno! O inferno! Queime para sempre nas chamas do inferno…!]
O tempo seguia impiedoso.
6. 5. 4.
A voz gargalhava, histérica, quase sem fôlego.
[HAHA, HAHAAHAHAHAHA!]
3. 2. 1.
°
°
Continua…
Duda
MEU CORAÇÃO NÃO AGUENTA 😭😭
Hikari
Doeu tanto! 😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭
O brilho dele sumindo e so ficando o desespero
Meu deus que horror
•°Simp_Koynue°•
Eu queria felicidade, só veio O Terror😭😭😭