Deseje-me se puder - Capítulo 159
O resto seguiu conforme o planejado. Os homens desceram do carro e trocaram algumas palavras com Ezra, e logo em seguida uma briga começou. Dane franziu a testa enquanto observava Ezra sendo espancado sem piedade. Ezra fingiu cair após levar um soco e se aproximou do carro deles. Pouco depois, Joshua sussurrou:
— Pronto.
Um bipe baixo soou. Ezra havia colocado um dispositivo de rastreamento no carro. Joshua confirmou no visor do relógio que as coordenadas estavam aparecendo e fez um sinal com os olhos; Dane assentiu com a cabeça. Os homens deram mais alguns chutes em Ezra, cuspiram nele e depois foram embora. Eles observaram o carro se afastar e as coordenadas no relógio se movendo na mesma direção.
— Cof… cof… cof…
Dane e Joshua se aproximaram de Ezra apenas quando o carro havia desaparecido completamente. Sentado no chão, atrás do porta-malas, tossindo repetidamente, Ezra levantou o rosto inchado e perguntou:
— Deu… certo? Cof…
Dane apenas assentiu em silêncio. O rosto de Ezra estava coberto de hematomas e cortes, completamente arruinado. Dane olhou para ele em silêncio por um momento antes de falar:
— Você não sabe qual é o objetivo daqueles caras, certo?
Como esperado, Ezra balançou a cabeça em negação.
— Eu não ouvi nada. Só disseram que era para levar o Miller até eles.
Houve um breve silêncio. No ar frio da noite, Dane e Joshua permaneceram em pé, calados.
— Você já pode voltar para casa.
Disse Dane em um tom baixo. Ele deu um leve toque em Joshua, que fez expressão relutante, tirou algumas notas dobradas do bolso e as entregou a Ezra.
— Você tem um celular? Chame um táxi. Nós vamos começar a seguir esses caras agora.
Ezra hesitou, depois abaixou a cabeça e pegou o dinheiro.
— …Obrigado.
Enquanto ele murmurava, Dane virou as costas e caminhou até o banco do motorista. Quase ao mesmo tempo, quando Joshua estava prestes a abrir a porta do carona, Ezra os chamou:
— Ei…!
Os dois pararam e olharam para trás. Ezra hesitou antes de falar:
— …Me desculpe. Acho que enlouqueci por um momento.
— Você tem que pedir desculpas ao Grayson.
A observação fria de Dane foi seguida por um aviso de Joshua:
— Não fuja só porque está com medo. Se fizer isso, a família Miller não vai poder proteger sua família.
— Eu sei.
Ezra respondeu sem ânimo. Na verdade, ele mal parecia ter forças para chamar um táxi, muito menos fugir.
— Se vocês rastrearem o Grayson… me deixem pedir desculpa pessoalmente a ele…
Diante da voz que se apagava, Dane ficou em silêncio por um momento e então assentiu. Eles entraram no carro e partiram rapidamente. Ezra, observando o carro desaparecer, limpou as lágrimas com o braço. No ar gelado da noite, ele ficou sozinho, soltando um longo suspiro.
***
O lugar para onde os sequestradores seguiram ficava a cerca de uma hora de carro, na encosta de uma montanha rochosa. Seguindo o sinal do rastreador, eles deliberadamente tomaram um caminho mais longo até uma área com casas cujas luzes estavam acesas, agrupadas na base da montanha e estacionaram o carro discretamente em uma das estradas mais afastadas.
— Tá pronto?
Quando Dane perguntou, Joshua em vez de responder, começou a subir primeiro.
— Tsk… Esse idiota…
Dane soltou um suspiro irritado antes de seguir rapidamente atrás dele.
Por um tempo, os dois subiram a montanha em silêncio. Tirando as indicações ocasionais de direção dadas por Joshua, nenhum dos dois disse uma palavra. Graças a isso, logo alcançaram um ponto consideravelmente alto.
— Por que você está tão empenhado nisso?
Dane quebrou o silêncio de repente. Joshua, que seguia na frente para guiar o caminho, olhou para trás de relance, e Dane continuou:
— Do seu ponto de vista, não faria diferença deixar o Grayson lá, certo? Você mesmo estava planejando sequestrá-lo para dar uma lição nele. Então por que está se envolvendo assim agora?
— Ainda quero dar uma lição naquele idiota, mas nunca pensei em matar ele. — Joshua respondeu num tom seco. — Além disso, se ele for embora desse jeito, as feridas do Chase nunca irão se curar. E eu não posso deixar isso acontecer.
Ele murmurou entre a respiração pesada e um pouco irregular:
— O Chase precisa receber um pedido de desculpas do Grayson. No mínimo, ele precisa poder xingá-lo até se sentir melhor. É por isso que tenho que salvá-lo agora.
Depois de dizer isso, Joshua parou de andar. Olhando para um ponto à frente, ele sussurrou para Dane, que vinha logo atrás:
— É ali.
Dane também parou e olhou na mesma direção. Viu uma estrutura simples, mas relativamente grande, e alguns homens que pareciam estar de guarda, circulando por perto.
Incrivelmente bem escondido numa depressão plana no terreno, o prédio passava despercebido com facilidade. Era difícil notar mesmo àquela distância. Pouca gente subiria uma montanha rochosa como aquela, e a aparência rudimentar da construção fazia parecer que alguém simplesmente havia decidido viver no meio do nada. Se não fossem os homens suspeitos rondando, Dane e Joshua até teriam dúvidas se estavam no lugar certo.
Mas não havia erro. Além dos homens suspeitos, também viram o carro no qual haviam instalado o rastreador estacionado calmamente ao lado de outros veículos. Estava claro: Ezra tinha feito seu trabalho direito. Joshua imediatamente enviou as coordenadas para a equipe. Enquanto isso, Dane observou cada um dos homens que guardavam a entrada do prédio.
— Tudo certo — sussurrou Joshua. — Seria ótimo se tivéssemos a planta do lugar, mas seria querer demais… E se pegássemos um deles e espremesse até ele falar onde o Grayson está? Depois de descobrir, eu posso chamar a atenção deles enquanto você entra pelo outro lado—
— Josh.
— Hm?
No instante em que Joshua virou a cabeça para o chamado baixo da voz de Dane, ele recebeu um forte golpe no pescoço. Surpreso e desprevenido, ele arregalou os olhos, mas logo desabou, inconsciente. Dane olhou para o corpo caído e soltou um leve sorriso.
— Não, você não. Onde pensa que vamos juntos.
Arrastando Joshua, Dane o escondeu atrás de uma grande pedra. Depois, olhando para o corpo desmaiado do parceiro, falou como se estivesse pedindo um favor:
— Você já fez sua parte chegando até aqui, então espere quietinho, não se meta. Fique fora do perigo.
Quando ele acordar, com certeza ficará furioso, talvez até dê uma surra em Dane. Mas isso era um problema para o futuro. Joshua tinha filhos e um parceiro que o amava. Os homens ali estavam todos armados e além das armas visíveis, podiam ter mais coisas – granadas, ou, na pior das hipóteses, até dinamite. Eles não sabiam ao certo com quem estavam lidando. Se fossem mesmo membros daquela seita terrorista anti Alfas dominantes, como suspeitavam, podiam ser fanáticos dispostos a morrer.
‘E eu não posso levar você para um lugar assim.’
Dane deu um tapinha no ombro de Joshua e se virou. ‘Muito bem.’ Observando um dos homens que se afastou do grupo, como se fosse fazer suas necessidades, Dane estreitou os olhos.
‘Agora sim. É hora de agir.’
***
Pling, Pling, Pling.
De algum lugar, vinha um som rítmico de água pingando. No amplo espaço impregnado com cheiro de sangue fresco, não havia nada – exceto um homem amarrado a uma cadeira.
— Cof, cof…
Com um súbito acesso de tosse, ele se contorceu, soltou um gemido rouco e abriu os olhos lentamente. Sua visão turva captou uma parede cinza, parecia feita às pressas, com concreto mal aplicado, e encostadas nela havia ferramentas espalhadas, todas com uma aparência sinistra. Desde pás e bastões de beisebol – itens quase clichês – até canos de ferro e tacos de golfe. Todos eles estavam completamente manchados de sangue seco, tingidos num vermelho escuro.
— Hmm…
Grayson inclinou a cabeça para o lado, mergulhando em pensamentos.
‘Será que o localizador quebrou?’
‘Talvez tenha sido danificado quando fui trazido para cá – ou durante as surras constantes. Pelo silêncio até agora, provavelmente sim.’
‘Não importa…’
Grayson fechou e abriu os punhos com um olhar sério no rosto. Suas mãos estavam algemadas para trás, presas na cadeira, mas ele sabia que quebrar aquelas algemas não seria difícil. O problema era outro: ele não conseguia controlar sua força. Provavelmente, alguma coisa no seu corpo não estava funcionando direito, como se uma máquina tivesse quebrado por dentro. Seu braço também doía há um tempo, uma dor constante e incômoda. E ele reconhecia essa dor – era igual à que sentiu muito tempo atrás, quando quebrou o braço enquanto ia buscar Joshua por causa de um problema com Chase.
Provavelmente seu braço tinha quebrado de novo, no mesmo lugar.
Ele já tinha todos os requisitos legais para agir em legítima defesa. Aliás, mais do que suficientes.
‘Mas matar alguém… isso eu não devo fazer.’
Se fosse escapar daquele lugar, precisaria lutar – e isso, naquele estado, seria um problema. Era praticamente certo que ele não conseguiria usar a força com moderação.
Nesse estado, até escapar seria problemático. Ele provavelmente não conseguiria controlar a própria força.
‘Merda…’
Lembrou-se do olhar que Dane lhe dirigiu certa vez. Quando Grayson se ofereceu para matar um homem que havia abusado e assassinado uma criança, e depois incendiado a casa para esconder o crime. Dane o encarou com uma mistura de desprezo e repulsa.
‘E se eu acabar matando alguém ao tentar fugir daqui…’
Só de imaginar, um arrepio correu por sua espinha. O quanto Dane ficaria horrorizado se descobrisse? Ele não queria dar mais um motivo para que Dane o odiasse.
°
°
Continua…
Duda
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH meu coração não aguenta
Jujuba
Finalmente, ele foi salvar a princesa dele, eu entendo o pq ele deixou o Josh para trás, mas isso foi perigoso, ele poderia ser piloto de fuga deles, sera q o dane vai matar todo mundo????
Klein
Quero só ver a reação do dane quando ele descobrir tudo o que o Grayson fez por ele, ele quase morreu!!
Água viva
Cara, ver as mudanças no Grayson é espetacular. Dane salve seu marido, pf 😭