Deseje-me se puder - Capítulo 158
— Ezra…!
Uma voz frágil quebrou o silêncio. Quando Dane e Joshua viraram a cabeça, avistaram uma mulher magra e visivelmente exausta de lutar contra a doença, encostada na porta aberta da frente, olhando para eles.
— Sandra! O que você está fazendo? Eu disse para voltar para o quarto….!
Ezra, desesperado, gritou enquanto corria apressadamente na direção dela. Mas Sandra não estava sozinha. Atrás de suas pernas, escondia-se uma garotinha de rosto assustado, abraçando um enorme ursinho de pelúcia quase do tamanho dela. Ezra, alternando o olhar entre as duas, pareceu perdido antes de continuar:
— Não é nada, voltem para dentro. Andem, já está na hora de dormir, vamos logo…
— Ezra.
Ele tentou levá-la de volta ao quarto, mas Sandra não o ouviu.
— O que o Dane está fazendo aqui? A essa hora, e por que você está chorando?
— N-não, não estou chorando. O Dane só… ele só passou por aqui. Não é, Dane?
Ezra gritou, tentando arrancar alguma confirmação, mas Dane não respondeu. Ele apenas o encarava com uma expressão fria. Diante da expressão impassível dele, o rosto de Ezra logo se contorceu.
— Ezra…
Sandra chamou seu nome mais uma vez.
— Me diz a verdade… Você fez alguma coisa errada? Por causa das minhas despesas médicas?
— Não! Não, não…!
Ezra negou veementemente, mas sua voz logo perdeu força. Ele cobriu o rosto com uma das mãos, e um silêncio pesado tomou conta do lugar. Era uma atmosfera tão densa que nem a respiração se ouvia, e assim, por um tempo, todos permaneceram ali, parados, sem saber o que dizer.
— Querido…
Sandra falou baixinho para Ezra, que agora tremia e soluçava. Ela afagou o braço do marido com carinho e sussurrou:
— Está tudo bem. Não chora… está tudo bem.
Ela o envolveu num abraço suave, e só então Ezra começou a chorar em voz alta. Sandra acariciou suas costas, como se estivesse confortando-o. Com uma expressão sofrida, ela beijou a bochecha e os cabelos do marido, e depois respirou fundo, como se estivesse tentando engolir algo que lhe subia na garganta.
— Faça o que Dane está pedindo.
Ezra permaneceu imóvel por alguns instantes. Depois de alguns segundos de silêncio, ele se afastou devagar.
— Aquelas pessoas… podem matar você e as crianças.
Com a voz trêmula, Sandra respondeu:
— Por isso mesmo é que precisamos avisar à polícia e pedir proteção. E além disso…
Ela hesitou um pouco antes de continuar:
— Se foi algo que você fez por minha causa… então eu também tenho responsabilidade. Preciso arcar com isso.
Ezra empalideceu na hora, mas Sandra já estava decidida. Com firmeza, ela se virou para Dane e falou:
— Proteja meus filhos, Dane. Eles não têm culpa de nada.
Diante do apelo de Sandra, Joshua, que observava tudo em silêncio até então, falou calmamente:
— A família Miller vai proteger vocês. Não se preocupe.
E como se quisesse tranquilizá-la ainda mais, ele sorriu para a menina. Apesar de ser um estranho, a criança logo baixou a guarda e sorriu de volta. Com a expressão serena, Joshua desviou o olhar para o ursinho de pelúcia que a menina abraçava. Ele estreitou os olhos ligeiramente enquanto observava o brinquedo por um momento.
— Não temos nenhuma intenção de fazer mal à sua família.
Foi Dane quem falou agora.
— Ezra vai ter que pagar pelo que fez, mas é melhor que fale logo. Quanto mais o tempo passa, maior o estrago… e maior será o preço que ele terá que pagar.
— Ezra. — Ao ouvir Dane, Sandra chamou novamente o marido. — Faça a coisa certa, meu bem.
Mesmo sorrindo, seu rosto transbordava preocupação e amargura por ele. No final, Ezra não teve escolha a não ser concordar com um aceno de cabeça.
***
Enquanto Ezra levava a esposa e a filha de volta para dentro e depois retornava, Dane e Joshua esperaram do lado de fora da casa. Dane pegou um cigarro e o colocou na boca, oferecendo um a Joshua, que recusou com um movimento de cabeça.
— Ele disse que precisava de dinheiro, mas por que não vendeu aquele colar? É alguma herança de família ou algo do tipo?
Joshua comentou franzindo o cenho. Dane acendeu o cigarro e soltou uma baforada de fumaça antes de responder:
— Colar?
— O colar que estava pendurado no ursinho de pelúcia.
Joshua apontou para dentro da casa com o dedo e continuou:
— Eu conheço um pouco aquela marca, já vi aquele colar antes. Deve valer uns 400 mil dólares.
Mesmo dizendo com naturalidade, Dane começou a tossir violentamente. Com os ombros sacudindo por causa da tosse, ele se virou para Joshua e perguntou, com a voz mais alta:
— O quê? Quanto?!
— Quatrocentos mil — Joshua repetiu, ainda com o mesmo tom tranquilo, como se isso fosse algo comum para ele.
Dane piscou, incrédulo, encarando o homem.
— Caramba, você venceu na vida mesmo… Parabéns. Eu não te imaginava assim…
Enquanto soltava um suspiro admirado, Joshua respondeu com um leve sorriso:
— Obrigado, mas só aconteceu de a pessoa por quem me apaixonei ser rica. Não foi como se eu tivesse dado sorte e fisgado um trouxa.
Sua voz era tranquila, mas Dane percebeu claramente uma veia saltando na têmpora dele. Ele deu um sorriso malicioso e comentou de forma provocativa:
— E daí se você ama a pessoa e ela ainda é trouxa? Melhor ainda para você. Que inveja, de verdade.
Dane deu um tapinha nas costas de Joshua, que franziu a testa. Mas ele não era do tipo que engolia desaforo.
— Ouvi dizer que o Grayson também é do tipo que, quando se apaixona, gasta rios de dinheiro. Por que você não tentou se aproveitar dele?
Dizendo isso com sarcasmo, Joshua lançou um olhar de canto para Dane, que apenas soltou uma risada breve. Um silêncio desconfortável pairou entre os dois. Foi Joshua quem voltou a falar primeiro:
— Como vamos fazer para atrair aqueles caras?
Dane soltou mais uma baforada e respondeu:
— Isso é com o Ezra.
— É mesmo — Joshua concordou facilmente. — Já que ele conseguiu atrair o Grayson, vai pensar em alguma coisa.
Joshua ficou em silêncio por um momento, mas então franziu a testa novamente. Dane olhou para ele e perguntou:
— Que foi?
Joshua hesitou antes de falar:
— Sobre o que aquele cara falou mais cedo.
Dane ficou em silêncio, esperando que ele continuasse. Joshua prosseguiu:
— Todo o resto, eu meio que entendi. É uma história usual, sabe. Como ele atraiu o Grayson também… Bom, isso não parece ter sido difícil. Afinal, eles trabalhavam juntos, então faz sentido, mas…
— Mas o quê? Fala logo.
Dane o pressionou, impaciente. Joshua franziu o rosto e olhou para ele.
— O que eu não consigo entender é por que o Grayson simplesmente obedeceu aqueles caras.
Dane parou por um momento e olhou para ele. Joshua então voltou a perguntar:
— Por quê? Por que ele os seguiu tão facilmente? Com o que eles o ameaçaram?
O Grayson Miller que Joshua conhecia jamais teria agido assim. E Dane sabia disso também. Se ele tivesse sido atacado, teria usado isso como justificativa e revidado com tudo – até deixá-los à beira da morte. Então, por quê? Por que ele cedeu?
Foi nesse instante que Ezra abriu a porta da frente e saiu. Dane o observou, soltando uma longa baforada de fumaça.
— Vamos perguntar direto para ele.
Com a voz baixa, Joshua concordou com um aceno de cabeça.
— É, não tem outro jeito.
***
Ezra andava de um lado para o outro, inquieto, ao redor do carro. Dane e Joshua, escondidos entre os arbustos na beira da estrada, o observavam em silêncio.
— Será que eles vão mesmo aparecer? — perguntou Joshua.
— Se não vierem, vamos ter que pensar em outro plano.
No momento, não havia outra opção. A notícia do desaparecimento de Grayson já havia chegado até Ashley Miller, e o grupo que recebia ordens dele estava revirando toda a Califórnia. O único motivo para ainda não terem aparecido diante de Ezra era simples: Joshua insistiu que seria mais eficiente ele e Dane agirem sozinhos.
Na verdade, fazia sentido. Eles eram soldados altamente treinados, e uma operação como essa contra civis era, de certa forma, trivial. Por mais que os sequestradores fossem habilidosos, não se comparavam a militares que já haviam enfrentado combate real.
Mas isso só valia até descobrirem o esconderijo deles. Uma vez que soubessem onde era, Joshua avisaria imediatamente a “equipe”. A partir daí, a missão deles seria apenas ganhar tempo até que o grupo chegasse.
— …Estão vindo.
Dane murmurou em voz baixa. E como ele disse, ao longe, os farois de um carro surgiram, se aproximando. Eles confirmaram que era o mesmo modelo mencionado por Ezra, e então trocaram um olhar silencioso.
°
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Continua…
Armyizhan
Eu tô arrancando os cabelos 😭😩
Leebit
Ahhhhh como vou dormir pensando no próximo capítulo
Jujuba
Aaaaa minha ansiedade não aguenta mais, vou passar a noite pensando nisso
Água viva
Aaaaaaaaah que agonia, mds
Duda
Eu tô insana,toda vez que aparece notificação do meu telegram eu abro desesperada pra ver se é atualização dessa novel,penso nisso o dia todo
Ize
Grayson por favor esteja bem 😭😭😭
Makisama
deus q me perdoe, mas espero q o grawson esteja acabado pro Dane se tocar q não pode viver sem ele mais, q ele tenha medo de perde-lo pra sempre