Deseje-me se puder - Capítulo 152
A qualidade da cama também era péssima. O fato de ela ser curta já era esperado, então até dava para relevar, mas o colchão duro como pedra e os rangidos que ecoavam de algum lugar da cama toda vez que ele se mexia atrapalhavam o sono o tempo todo. Por causa disso, ao acordar de manhã, ele estava tão sobrecarregado de cansaço que mal conseguia levantar.
‘Como é que alguém consegue viver aqui?’
Esse mesmo pensamento passava pela sua cabeça todas as manhãs. Mas não era só o ambiente que havia mudado. Antes, ao voltar do trabalho, depois de resolver algumas tarefas simples, ele ia ao clube religiosamente a cada dois ou três dias. Em outros tempos, a essa altura, ele estaria pensando em com quem dormiria naquela noite. Mas e agora? Estava ali, deitado sozinho com a gata num hotel de quinta, olhando para manchas no teto.
Nunca se sentiu tão apático assim. Não queria fazer nada, só queria ficar deitado. Se a cama fosse confortável de verdade, talvez nem tivesse ido trabalhar. Nesse sentido, até que era uma sorte o colchão ser tão horrível – pelo menos ele o empurrava para fora da cama, ainda que por pura necessidade.
‘Não dá mais.’
Dane, que até então estava largado na cama, se levantou com cuidado para não assustar a gata. Pegou o carro e saiu, parando numa loja de conveniência anexa a um posto de gasolina, comprou algumas latas de cerveja e voltou, sentou na cadeira e virou a primeira lata de uma vez só, sentindo o líquido gelado descer pela garganta. Naquela noite, pretendia beber até ficar bêbado. Tinha comprado o suficiente, então provavelmente cairia no sono antes de conseguir terminar tudo.
Já estava no meio da segunda lata quando o estacionamento vazio entrou em seu campo de visão. Os poucos postes de luz acesos piscavam ou emitiam uma luz tão fraca que pareciam prestes a se apagar. Dane franziu a testa e levou a cerveja à boca mais uma vez, quando de repente foi tomado por uma sensação estranha.
‘…Pensando bem.’
〈Não importa o quão ruim esteja, aquele lugar é perigoso demais! Você devia procurar outro hotel…〉
A velocidade com que bebia diminuiu consideravelmente. A imagem de Ezra preocupado, passou por sua mente. O que foi mesmo que aquele cara disse naquela hora?
⟨Ah, foi lá que o Miller foi assaltado, né?⟩
Dane colocou a lata de cerveja lentamente sobre a mesa. Algo estava estranho. Na época, ele não tinha pensado muito nisso, mas agora aquela frase não fazia o menor sentido.
‘Como é que ele sabia que o Grayson foi assaltado aqui?’
Grayson com certeza não contou. Se tivesse contado, os fofoqueiros do corpo de bombeiros já estariam espalhando por aí, pressionando Dane: por quê, como, em quais circunstância o Grayson tinha sido assaltado no estacionamento do hotel onde ele estava hospedado?
Claro que Dane também nunca contou isso para ninguém. Então como é que ele sabia?
Franzindo a testa, Dane se perdeu nos pensamentos, até que balançou a cabeça.
‘Não, isso não faz sentido. Ezra é gentil com todo mundo. Foi o primeiro a se aproximar do Grayson também. Ele sempre o defendia, dizendo coisas tipo “no fundo ele é um cara legal”…’
‘Pode ser que o Grayson tenha contado só para o Ezra.’
Pensando por esse lado, até que fazia sentido. No fundo, ele sabia que era uma hipótese pouco provável, mas não conseguia encontrar outra explicação.
‘Será que… o Ezra…?’
Quando chegou nesse ponto do pensamento, um som de batidas na porta ecoou de repente. Tum, tum, tum! Foram batidas rápidas e fortes, e Dane, que estava perdido em devaneios, arregalou os olhos e virou a cabeça assustado.
‘Quem é? Ninguém deveria saber que estou aqui.’
Tum, tum, tum! Tum, tum, tum!
A pessoa do lado de fora não tinha um pingo de paciência. Dane se levantou devagar, escancarando a porta. Num hotel barato como aquele, segurança era inexistente. Podia muito bem ser um ladrão tentando invadir o quarto – exatamente como o que aconteceu com Grayson. ‘Será que deveria esconder Darling no banheiro, por precaução?’ Quando olhou para a gata estendida sobre a cama, ponderando o que fazer…
— Sou eu, Dane. Abre a porta.
A voz que veio do outro lado fez Dane congelar de novo.
‘…O quê?’
Paralisado pelo choque, ele ficou sem reação, mas a voz repetiu, mais impaciente:
— Abre a porta, eu sei que você está aí! Se não abrir agora mesmo, eu arrebento essa merda!
O homem, por algum motivo, estava visivelmente furioso. Já não havia mais espaço para duvidar da identidade do visitante. Dane recuperou o foco e atravessou o quarto a passos largos. Mesmo durante o breve momento em que girava a maçaneta, o homem continuou batendo com força na porta. Logo em seguida, Dane se viu cara a cara com o homem que estava no corredor. Ao ver o rosto que esperava encontrar, franziu a testa com uma expressão de incredulidade.
‘O que esse cara está fazendo aqui…?’
***
— Miller!
Ao ver Grayson sair do carro, Ezra correu até ele com um sorriso aliviado. Grayson o encarou com o rosto carregado de tensão e perguntou:
— O que está acontecendo? Onde está o Dane?
— Por aqui, vem!
Ezra virou-se e começou a caminhar à frente, apressado. Grayson permaneceu parado, ainda com uma expressão desconfiada, observando suas costas enquanto ele se afastava.
— Miller, o que está fazendo? Anda logo!
Ezra, que já tinha se afastado bastante, virou-se e gritou impaciente, acenando com os braços para apressá-lo. Grayson hesitou por um instante, mas com Ezra insistindo com mais um — Anda logo! — soltou um suspiro e começou a andar.
O motivo de Ezra ter ligado para Grayson era justamente por causa de Dane. Ele disse que Dane estava com problemas e precisava de ajuda – que era para ele vir depressa.
⟨Mas por que justo eu?⟩
Quando Grayson questionou, Ezra se enrolou todo nas palavras, mas acabou dizendo: ⟨O Dane… ele pediu para você vir.⟩
O lugar para onde Grayson foi levado era o estacionamento de um restaurante em um centro comercial. Como já era tarde da noite, todos os estabelecimentos estavam fechados. Naquele espaço vazio e silencioso, só havia dois carros estacionados: o de Grayson e o de Ezra.
Grayson seguiu Ezra até a parte de trás do prédio, onde, como esperado, também não havia ninguém.
— O que está acontecendo?
Grayson perguntou, apoiando o peso em uma das pernas, com um ar desleixado. Ezra, que tinha sido quem o chamou até ali, se assustou com a pergunta e gaguejou:
— É-é que, na verdade… quem queria te ver era eu… não o Dane.
— Eu sei. E aí? Vai falar o quê?
Com um tom desinteressado, Grayson respondeu seco. Ezra arregalou os olhos como se tivesse levado um choque.
— Você… já sabia?
A expressão de incredulidade que ele fez poderia até parecer cômica, mas Grayson continuou com o rosto inexpressivo ao responder:
— Sim. É óbvio.
‘Dane nunca me chamaria, não importa o que aconteça.’
Ele acrescentou mentalmente, com amargura. Mas, mesmo sabendo que só acabaria decepcionado, não conseguia abandonar completamente um fio de esperança.
E agora estava ali, decepcionado de novo.
Encarando Grayson, que o olhava com frieza, Ezra desviou os olhos de um lado para o outro, claramente desconfortável. Como se dissesse: “isso não era o que eu esperava”.
— E-então, é que, veja bem…
Com toda aquela hesitação e enrolação, ele não conseguia dizer logo o que queria. Grayson rapidamente perdeu o interesse. Se dentro de dez segundos ele ainda estivesse assim, ele simplesmente daria meia-volta e iria embora.
‘Tudo bem. Um, dois, três…’
De repente, sentiu um arrepio nas costas. E no momento em que virou a cabeça, algo o atingiu com força na nuca.
— ……Urgh.
— Grayson!
— Peguei você… hã?
Ezra gritou, pálido de susto, e o homem que acertou a cabeça de Grayson gritou de empolgação, mas logo depois soltou um som confuso. Grayson se inclinou rapidamente e, num movimento fluido, agarrou o pescoço do agressor. Surpreso, o agressor deixou cair o porrete e soltou um grito.
— U-AARGH!
Grayson segurava o pescoço do homem com uma mão e perguntou em voz baixa:
— O que é isso? Quem é você?
Com a voz infinitamente ameaçadora, o homem empalideceu de medo e tentou escapar. Seus socos, dados em desespero, só agitavam o ar inutilmente – não chegaram nem perto de tocar as sobrancelhas de Grayson. Aquela cena ridícula não arrancava sequer uma risada, na verdade ele estava com os nervos à flor da pele. E agora, esse desgraçado, sem nem saber com quem estava lidando, tinha resolvido atacá-lo primeiro – então, a partir daqui, era legítima defesa.
Ele levantou o braço que segurava o pescoço do homem, e os pés do agressor, debatendo-se, se ergueram no ar.
— Urgh… khhh… argh…
O rosto do homem ficou vermelho como um tomate, e seus sons mostravam que ele estava ficando sem ar. Grayson, ao invés de aliviar a força, apertou ainda mais. Desse jeito, ele não resistiria nem um minuto à mais, nem mesmo trinta segundos. E com isso, tudo acabaria…
— Ei, já chega!
Outra voz masculina cortou o momento.
Grayson virou a cabeça lentamente. A uma certa distância, ele viu vários homens em pé. Um deles, apontando a arma diretamente para a cabeça de Ezra que estava branco como papel, um dos homens disse:
— Solta o Joseph. Ou você vai ver a cabeça desse idiota explodir bem na sua frente.
°
°
Continua…
Duda
Meu deus,como eu posso ser tão ruim em guardar nomes? Simplesmente não sei quem é Joseph
Ize
Gente, tô tão perdida… o que esses caras querem com o pobi do Grayson. Pqp
O carma que ele tá pagando deve ser até pelos seus ancestrais
Luciel
Cara sera que é aquele culto anti alfa que pego chase??
Klein
Devem tá atrás de dinheiro, e eles ameaçando matar o erza como se o Grayson se importasse kkkk
Armyizhan
WTF?