Deseje-me se puder - Capítulo 139
Tap tap. Tap tap.
Um som vagamente incômodo chegou aos ouvidos. Ashley lançou um olhar de relance para baixo para confirmar a origem do ruído. A perna de Grayson, sentado à sua frente, balançava freneticamente para fora da pequena mesa de chá redonda. Ashley estalou a língua dentro da boca e franziu levemente a testa.
‘Lá vai ele de novo…’
Percebendo o olhar franzido do pai, Grayson parou imediatamente de sacudir a perna. Ele apenas sorriu, como se nada tivesse acontecido. Ashley também não disse nada, apenas o observou.
‘Ele nunca teve esse tipo de hábito antes. O que o fez mudar assim?’
Imitar os outros ao seu redor sempre foi tanto um talento quanto uma forma de viver para Grayson. Portanto, esse novo hábito provavelmente vinha de alguém próximo. E esse alguém, muito provavelmente, era Dane Stryker.
⟨Não seja tão severo com o Grayson.⟩
Lembrando do pedido de Koy, Ashley soltou um breve suspiro antes de finalmente abrir a boca:
— Não se comporte de forma inadequada.
— Sim, pai.
Ele falou com um tom mais brando do que o habitual, quase como uma repreensão gentil, mas a resposta de Grayson foi a mesma de sempre. Ele sorriu com naturalidade e respondeu sem se abalar. Isso fez Ashley se sentir ainda mais cético por dentro.
‘Será que ele realmente está me ouvindo com atenção…?’
Mas o motivo pelo qual ele estava ali, suportando o cansaço do fuso horário, não era para desconfiar ou monitorar o filho, como de costume. Decidindo não insistir no assunto, ele mudou de tema.
— Vocês viram aquele artigo, não viram?
Ao abordar o tema diretamente, Grayson hesitou por um instante, mas logo voltou à expressão de antes.
— Sim. Tive o azar de ser fotografado. Me desculpe.
‘Então foi por causa disso que eles vieram.’
Grayson logo entendeu o motivo da visita. ‘E agora… o que devo dizer? ‘
Enquanto pensava rapidamente em como responder, Ashley falou:
— Não é algo pelo qual você precise se desculpar.
Surpreso com o tom calmo, Grayson piscou os olhos. Em outras ocasiões, o pai teria perguntado o que tinha acontecido com um tom acusador e cheio de repreensão, mas agora sua postura era surpreendente, serena.
— O senhor não vai me perguntar o que aconteceu?
Grayson questionou com estranheza, e Ashley respondeu com indiferença:
— Não há necessidade de fazer alarde sobre a vida sexual do meu filho.
Mais uma resposta inesperada. Grayson ficou em silêncio enquanto Ashley curvava o dedo indicador e acariciava o queixo, mergulhando por um instante em seus próprios pensamentos.
⟨Vamos voltar e pensar com calma no que o Grayson realmente precisa.⟩
Lembrou-se das palavras de Koy, mas por mais que refletisse, nada lhe vinha à mente.
‘Afinal, eu deveria saber melhor do que ninguém…’
— …Hmph.
Ao som de uma leve tosse forçada, Grayson endireitou a postura novamente. Parecia que, desta vez, Ashley realmente diria alguma coisa. Grayson esperou com essa expectativa, até que finalmente Ashley abriu a boca.
— Parece que isso causou bastante barulho… Está se sentindo incomodado?
— …Hã?
Os olhos de Grayson foram se arregalando aos poucos. Ao ver a reação do filho, Ashley acabou se sentindo constrangido.
‘Será que fui severo demais esse tempo todo…?’
Entre os filhos de Ashley, Grayson era o que mais se parecia com Dominique. Quanto mais crescia, mais essa semelhança se tornava evidente – a ponto de até mesmo Bernice não conseguir negar. Por causa disso, às vezes Ashley se sentia arrepiado ao olhar para o filho, como se seu próprio pai tivesse voltado à vida…
Mas… será que tudo isso não passava de um preconceito?
Era natural que Grayson se parecesse com ele. Afinal, ele era seu descendente direto. Nathaniel também tinha traços do velho Dominic. E o mesmo podia ser dito de Stacey, Chase, Laurien… até Bliss carregava a sombra dele. A diferença era que, em Grayson, essa sombra era mais forte, mais nítida.
⟨Mas ele é o nosso filho.⟩
Foi como se ouvisse o sussurro de Koy. Ashley sentiu o suor frio se acumulando na palma da mão e, debaixo da mesa, fechou e abriu o punho discretamente. Enquanto isso, a mente de Grayson se embaralhava de confusão ao encarar o pai.
‘Por que meu pai tá agindo assim…?’
— Grayson.
— Sim.
Depois de um longo tempo em silêncio, Ashley o chamou. Com a voz calma, Grayson respondeu imediatamente.
— Os repórteres devem sumir até amanhã. Pedi ao Nathaniel que tomasse providências.
— Ah… sim, obrigado.
Pegando-o de surpresa, Grayson respondeu ainda meio atônito. Quando as crianças da família Miller causavam escândalos maiores do que o aceitável, o time de secretários da casa costumava intervir para acalmar as coisas – algo já rotineiro. Mas era raro Ashley dar ordens antes mesmo da equipe agir – e ainda por cima envolvendo Nathaniel.
O silêncio caiu outra vez. De repente, Ashley percebeu como era estranho conversar com o filho. Pensando bem, que tipo de conversa eles tinham tido até hoje?
— Haa…
Ele suspirou baixinho e, olhando para Grayson do outro lado da mesa, finalmente perguntou:
— Então… está precisando de alguma coisa?
Ao ouvir a repetição daquela pergunta, Grayson finalmente compreendeu que ele estava sendo sincero. Ainda era difícil de acreditar, mas…
— O senhor veio verificar se eu estava em apuros?
Grayson perguntou sem esconder sua expressão de surpresa. Ashley franziu a testa novamente. Por pouco, não respondeu com sarcasmo: Por que mais eu estaria aqui? – mas, em vez disso, disse outra coisa:
— Sim. Koy também queria te dar um presente e achamos melhor checar pessoalmente como você estava.
Ashley preferiu não mencionar que foi a insistência de Koy que o fez mudar de ideia e ir até lá. Apenas observando o que viu até agora, ele já tinha motivo de sobra para cair em profunda reflexão.
— Na verdade estou… com um pequeno problema.
Grayson falou com um sorriso suave. Não sabia ao certo o que havia causado a mudança de ânimo no pai, mas sabia que não podia desperdiçar essa oportunidade. Ashley encarou o filho com uma expressão séria. Após ouvir o que Grayson disse, ele logo fez uma cara de incredulidade.
— Isso é tudo?
— Sim, não é nada demais, certo? — Grayson respondeu novamente com o rosto levemente sorridente. — Mas, para mim, é um problema bem grande.
Ashley olhou fixamente para o rosto dele por um instante, depois desviou o olhar.
— Entendi. Vou falar com o chefe dos bombeiros. Mais alguma coisa?
— Por enquanto, não. Obrigado por me ouvir.
Grayson concluiu com educação. Até nisso, ele estava agindo exatamente como Ashley o ensinara: nas palavras, na postura, tudo. Visto assim, o filho parecia não ter mudado em nada.
‘Mas se o que vi for mesmo verdade…’
— Grayson.
— Sim, pai.
Ao ser chamado calmamente, ele mais uma vez respondeu imediatamente. Para surpresa de Grayson, Ashley não continuou a falar logo em seguida; apenas ficou olhando para o rosto do filho por um tempo, como se estivesse escolhendo com cuidado as palavras.
Diante dessa atitude incomum, Grayson estranhou, mas esperou pacientemente que ele abrisse a boca. Após um momento de silêncio estranho, Ashley finalmente falou:
— Tenho algo para te dizer.
***
Toc, toc.
Após a batida na porta, Dane a abriu depois de um breve momento. Ele lançou um rápido olhar para Ashley, que estava parado na frente da porta, e para Grayson logo atrás dele, antes de sair do caminho.
— Ash, Grayson. A conversa correu bem?
Com a pergunta de Koy, Ashley apenas assentiu com a cabeça, inexpressivo, enquanto Grayson sorriu como de costume. Koy, com uma expressão um pouco triste, abraçou Dane e deu leves tapinhas nas costas dele.
— Foi um prazer te ver, Dane. Desculpa ter vindo tão tarde, você deve estar cansado.
— Que nada, o prazer foi meu.
Surpreendentemente, Dane respondeu com um sorriso amigável. Grayson, que espiava discretamente o interior do quarto por trás da porta aberta, logo entendeu o motivo. Em cima da cama havia uma caixa de presente já aberta.
‘Deve ser algo para Darling.’
Ver o rosto de Dane tão descontraído assim era raro.
‘O que será que ele deu para ele? Preciso descobrir pra usar de referência da próxima vez,’
Ele pensou, já traçando planos. Nesse momento, Koy, desfazendo o abraço em Dane, levantou os olhos para ele e disse:
— Cuide bem do Grayson.
Logo depois, voltou-se para Grayson, com um olhar repleto de amor. Ao ver aquela expressão, Dane se lembrou de todos os elogios que Koy tinha feito pouco antes sobre o próprio filho.
‘Como ele consegue dizer que os filhos são como anjos se os apelidos deles são todos “Diabo”, “delinquente”, “pervertido”, “cachorro louco”, “trapaceiro” e “marshmallow envenenado”’
Dane lembrou dos apelidos que viu uma vez em um artigo sobre os seis irmãos da família Miller e acabou balançando a cabeça. Koy, ainda abraçando Grayson e sem ver a reação no rosto dele, se despediu do filho e voltou a encarar Dane.
— Não precisa sair, a gente já vai indo, então descanse.
Ashley parecia pensar o mesmo, pois apenas assentiu brevemente com a cabeça antes de se virar para ir embora. Dane não fez questão de acompanhá-los, apenas acenou levemente com a mão e entrou de volta no quarto.
— Espera um pouco!
Foi nesse instante que Grayson, que havia ficado sozinho no corredor, de repente entrou no quarto com tudo. Passando direto por Dane, que franziu o rosto, ele foi direto até a cama, olhou dentro da caixa e exclamou em voz alta:
— Roupa de gato?
Perplexo com o presente absurdo, ele não conseguiu esconder a indignação. Nesse momento, Dane, que já havia entrado atrás dele, tirou da caixa um vestidinho adorável com um sorriso de orelha a orelha.
— Isso mesmo, roupa de gato de marca francesa. Foi toda feita à mão.
Rindo com satisfação, ele tirou também uma pequena coroa da caixa e murmurou satisfeito:
— Eu gosto do Koy. Já do seu papai, nem tanto.
Dane lançou um olhar para Darling, que dormia esticada sobre as almofadas, e voltou a guardar o presente na caixa. Só de pensar em dar banho na gata no fim de semana, vesti-la com a nova roupinha e tirar várias fotos, ele já começou a assobiar inconscientemente.
— E o que seu papai disse? Nada de mais?
— Ah.
Finalmente, ao receber atenção, Grayson pigarreou com um ar importante.
— Claro que sim. Ele perguntou se eu precisava de alguma coisa.
Dane, que organizava a caixa, parou no mesmo instante. Quando virou o rosto, seus olhos estavam arregalados.
— Você… não me diga…
Diante da expressão ansiosa de Dane, Grayson assentiu com plena confiança:
— Pedi para fazermos o voluntariado juntos, em vez de separados. A partir de amanhã, vamos juntos!
Na mesma hora, uma veia saltou na têmpora de Dane.
— Seu idiota!
°
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Continua…
HuaCheng
ele tratava o Grayson como um robô programável e se surpreende do filho ser assim affs
Kay
Não tava esperando KAKAKAKKAKA