Deseje-me se puder - Capítulo 130

‘O que foi que eu acabei de ver…?’

Grayson piscou algumas vezes, tentando focar novamente no que estava diante dele.

‘Clipes para mamilos.’

Ele ficou parado por um instante, olhando fixamente para a caixa. Em seguida, esfregou os olhos com a mão, piscou mais algumas vezes e olhou de novo.

“Clipes para mamilos.”

A boca de Grayson se abriu, mas nenhuma palavra saiu. Ele apenas virou o olhar para Dane, como se perguntasse silenciosamente: O que é isso?

Dane seguiu seu olhar, deu uma olhada rápida na caixa e, sem parecer minimamente afetado, respondeu:

— Ué, são presilhas para mamilos. Não conhece? — Depois disso, ele lançou um sorriso malicioso para Grayson e completou: — Aquela coisinha que você tanto gosta, nos peitos… Os mamilos.

Assim que as palavras peito e mamilo saíram da boca de Dane, a mente de Grayson simplesmente ficou turva. ‘O que ele está fazendo agora? Está tentando me provocar enquanto planeja me trair com outra pessoa?’

— Você está tentando me distrair, não é?

Os olhos de Grayson se estreitaram, cheios de desconfiança. Era óbvio que Dane queria deixá-lo desnorteado, para depois sair pela porta dos fundos e ir direto para o clube. Mas ele não cairia numa armadilha tão barata assim.

O problema era que Dane conhecia Grayson bem demais. Sem dizer mais nada, pegou um dos clipes de amostra que estavam ali na prateleira e segurou um em cada mão. Então, virou-se para Grayson e levou-a em direção aos próprios mamilos, abrindo o clipe com um movimento firme.

— É assim que se usa. Consegue imaginar?

A intenção por trás da pergunta era clara como o dia. E, como se fosse a coisa mais natural do mundo, Grayson imediatamente imaginou aqueles clipes apertando os mamilos de Vênus.

Dane soltou as amostras e voltou a pegar mais itens para colocar no cesto. Grayson, por outro lado, estava parado ali, com a cabeça girando. Tinha mil perguntas na mente – Onde ele vai usar isso? Com quem? Por que está comprando agora? – mas não conseguiu dizer uma única palavra.

Sua mente estava muito ocupada imaginando como usar aqueles clipes em Vênus….

Sem perceber, sua expressão foi suavizando, e um sorriso bobo começou a se formar nos lábios. Só quando se deu conta de que estava ali, parado feito um idiota, foi que sacudiu a cabeça e olhou ao redor. Dane já tinha sumido.

‘Perdi ele…!’

— Ei.

A voz familiar ecoou atrás dele. Grayson se virou rápido e viu Dane parado no caixa.

‘Ele não tinha ido embora?’

Ainda meio confuso, caminhou até ele. Quando chegou perto, Dane fez um gesto com o queixo. Só então Grayson notou a máquina registradora.

‘Ele quer que eu pague.’

O calor subiu direto para a cabeça de Grayson. ‘Nem fodendo. Nunca vou bancar algo que ele vai usar com outra pessoa…’

— Se quiser alguma coisa, aproveita e pega logo também.

Dane soltou a frase de repente. ‘Hah, claro. Acha que eu vou cair nessa?’ Era óbvio que ele só queria empurrar a conta para ele. Grayson deu um sorriso torto e respondeu:

— Não quero nada disso.

Dane sorriu diante da resposta rebelde.

— Tem certeza? Melhor garantir e comprar agora para não se arrepender depois.

Grayson soltou um riso seco, zombeteiro.

— Absoluta. — E então, com um tom cheio de sarcasmo, acrescentou: — Eu não tenho esse tipo de hobby vulgar.

Grayson lançou um olhar para o cesto, escolhendo as palavras mais ofensivas de propósito. Dane também baixou os olhos para os itens antes de erguer o olhar para Grayson de novo.

— É mesmo?

Ele ergueu um ombro e, num tom propositalmente arrastado, respondeu:

— Então acho que não vou poder brincar com você.

Grayson, que estava furioso até então, congelou. Aos poucos, seu rosto relaxou e sua expressão começou a mudar. Foi só então que ele conseguiu falar:

— …O quê?

Grayson encarou Dane, incrédulo.

‘O que foi que eu acabei de ouvir?’

Dane, que até aquele momento não tinha demonstrado reação alguma, repetiu com a maior naturalidade do mundo:

— Eu disse que infelizmente não vou poder brincar com você. — Ele pegou uma das caixas do cesto e fingiu analisá-la. — Já que você não curte ‘brincadeiras vulgares’ assim, então não tem jeito. Que pena.

Depois de balançar a cabeça, ele jogou a caixa de volta no cesto. Só então Grayson conseguiu sair do choque.

— Espera… Você… está dizendo que quer fazer isso comigo?

Sua voz saiu hesitante, como se ele não conseguisse acreditar no que estava perguntando. Dane soltou um riso leve e devolveu:

— Por que não? Você acha que eu ia pedir para você pagar por algo que eu fosse usar com outra pessoa?

— Bem, você é perfeitamente capaz de…

Grayson começou a responder, mas cortou a frase no meio. Dane estreitou os olhos, e antes que ele pudesse reagir, o dono da loja entrou na conversa.

— Para ser sincero, eu também acho que você faria isso, Dane. — Dane virou o rosto, surpreso, mas o dono apenas riu baixinho. — Você tem bem essa cara de quem arranca dinheiro de um e gasta com outra.

Dane encarou o homem, com olhos estreitados.

‘Sério, o que essas pessoas acham que eu sou…?’

Mas no fim, ele não tinha nem como reclamar. Sempre viveu desse jeito, não podia esperar que achassem algo diferente agora. Com um suspiro curto, decidiu que não valia a pena insistir no assunto e voltou a olhar para Grayson.

— Então, e aí? Você não quer nada? Tudo bem… — Antes que ele terminasse a frase, Grayson sacou o cartão e jogou-o no balcão. O dono se apressou para processar o pagamento, mas Dane fez questão de confirmar mais uma vez: — Tem certeza que não quer nada? Dá uma olhada de novo.

Ele gentilmente deu mais uma chance a Grayson, que não hesitou em virar para observar o restante da loja.

A maior parte dos itens já estava no cesto. Mas então, os olhos de Grayson se fixaram em algo específico: um *flogging whip de couro.

(N/T: O flogging whip é um tipo de chicote usado para estímulos sensoriais, geralmente feito de várias tiras de couro ou outro material flexível.)

Dane percebeu e comentou:

— Um chicote de equitação seria melhor que esse ai.

— Ah, é?

Grayson logo perdeu o interesse. Quando estava na faculdade, ele jogava polo e, de vez em quando, ainda competia. Por causa disso, criava vários cavalos e, naturalmente, tinha uma coleção considerável de equipamentos de equitação. Chicotes de montaria, então, ele tinha de sobra.

Enquanto voltava a observar calmamente as prateleiras, algo chamou sua atenção. Sem hesitar, ele caminhou até um dos expositores e pegou um item que estava na prateleira mais alta. Em seguida, voltou até Dane e lhe estendeu o objeto.

Dane olhou a caixa e viu a imagem de um par de algemas estampada nela. Sem dizer nada, simplesmente colocou de volta no lugar.

Grayson franziu as sobrancelhas.

‘Que estranho as algemas dentro da caixa…? Ou será que isso significa que não pode ser isso?’

Antes que pudesse perguntar, Dane pegou outro item da prateleira ao lado. Sem nenhuma cerimônia, mostrou rapidamente a Grayson antes de jogá-lo dentro do cesto no balcão.

— Coisas assim deixam marcas.

Foi a única explicação que ele deu. Como sempre, Dane parecia saber de tudo. Grayson sentiu uma onda de calor se espalhar pelo peito. Diferente das algemas comuns que ele havia escolhido, aquelas tinham um forro macio de pelúcia na parte interna.

‘Ele escolheu isso pra mim… Pra eu não me machucar.’

Ao pensar nisso, algo dentro dele se remexeu. Era uma sensação estranha, como se o corpo estivesse leve demais, como se seus pés não estivessem tocando o chão. Não era frio, mas havia uma brisa sutil naquele sentimento, algo impossível de descrever.

— Assine aqui por favor.

O dono da loja, animado, passou o cartão e empurrou o leitor de senha. Enquanto Grayson escrevia seu nome, Dane recebeu do vendedor uma grande sacola com as compras.

— Divirtam-se, Dane… e parceiro.

O homem ainda deu uma piscadela sugestiva, deixando óbvio o que estava imaginando. Bom, era só juntar os pontos. Quem não entenderia? Grayson bufou, mas não demorou. Apenas apressou o passo para seguir Dane para fora da loja.

O sol ainda brilhava forte, mas a sensação ao sair era completamente diferente da que teve ao entrar.

Seu humor, que estava péssimo, subiu como se tivesse sido lançado para o alto. Se andar sobre as nuvens fosse possível, provavelmente sentiria exatamente essa sensação.

‘O amor… O amor é um sentimento incrível. Essa felicidade sem fim… Era exatamente assim que eu sempre sonhei que seria. Eu sabia. Sempre soube que o amor era algo maravilhoso!’

Grayson já tinha passado por fracassos demais. Mas agora… Agora era diferente. Dessa vez, ele tinha certeza.

Dane era o amor da sua vida. O único e verdadeiro.

Todo aquele caminho tortuoso que percorreu até aqui, todas as decepções… Tudo tinha sido para encontrar esse homem. Mas nada disso importava mais. Porque, no final, ele o encontrou.

— Eu te amo, Dane.

Dane apenas soltou um riso curto e respondeu:

— Sim, eu sei.

°

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Continua…