Deseje-me se puder - Capítulo 113

BAM!

Dane bateu a porta com força. Ele ficou parado no corredor, segurando a maçaneta enquanto piscava, atordoado.

‘O que foi que eu acabei de ver?’

Ele ficou parado, imóvel por um momento, como se estivesse em estado de choque, e então sacudiu a cabeça rapidamente, como um cachorro molhado. Só depois de alguns segundos, ele voltou a encarar a porta.

‘Eu devo ter visto errado.’

Respirou fundo e, desta vez, girou a maçaneta com mais cuidado, abrindo a porta bem devagar. Assim que a cena diante dele se revelou por completo, seu corpo travou.

O quarto estava exatamente como antes.

O que significava que ele não tinha visto errado. Dane sentiu seu rosto empalidecer, a mandíbula cair um pouco, ficou completamente sem reação.

Quando Dane saiu de manhã, o quarto estava exatamente como quando ele entrou pela primeira vez. Ele trouxe pouquíssima bagagem – apenas uma mochila, e a maior parte do conteúdo era de coisas para Darling. Por isso, toda vez que saía para trabalhar, o quarto ficava praticamente intacto, exceto pelos lençóis um pouco bagunçados na cama. Então, quando ele voltasse do trabalho, a cena deveria ser a mesma.

Mas agora…

‘O que estou vendo?’

Dane arregalou os olhos. O quarto estava entupido de flores. Mais flores do que ele viu em toda a sua vida. Havia mais rosas ali do que todas as flores que Dane tinha visto em sua vida – eram todas rosas vermelhas. Depois de passar o dia inteiro trabalhando no corpo de bombeiros, e o quarto tomado pela cor vermelha parecia estar em chamas.

E não era só isso.

As paredes, que antes eram de um tom suave de menta, agora estavam cobertas de branco. Finas cortinas de tule e fitas estavam jogadas para todos os lados, criando uma confusão mental.

Dane piscou, tentando assimilar a cena.

Mas nada, absolutamente nada, era pior do que a visão no meio do caos: Alguém estava sentado na cama, olhando diretamente para ele.

‘O que diabos é isso?’

Ele fechou os olhos com força, inspirou fundo e os abriu novamente. A cena não mudou.

Sob um dossel improvisado de tecidos esvoaçantes, sentado na cama com as pernas juntas e as mãos apoiadas sobre o colo, numa postura quase inocente e recatada, como uma noiva prestes a passar sua primeira noite de núpcias, estava Grayson Miller.

Aquele cabelo loiro brilhante, os olhos roxos profundos e, acima de tudo, aquele rosto deslumbrante não podiam pertencer a mais ninguém. E lá estava ele, sentado na cama onde Dane tinha dormido até aquela manhã.

O problema?

Grayson estava completamente nu.

E com um enorme laço vermelho na cabeça.

— Bem-vindo de volta, querido.

Grayson cumprimentou Dane com uma voz animada. Inacreditavelmente, ele estava com as bochechas coradas e um sorriso tímido no rosto.

Dane sentiu a espinha se arrepiar. E, como se já não fosse o bastante, Grayson continuou, com um brilho nos olhos:

— Hoje é um dia especial, então eu preparei um presente especial. — Ele ergueu um dos braços, apontando para si mesmo com um sorriso no rosto. — O presente sou eu.

…Ah.

‘Então era por isso a droga do laço.’

Dane ficou parado, encarando Grayson como se seu cérebro tivesse entrado em tela azul. O desgraçado estava mesmo esperando que ele pulasse na cama e começasse a cobri-lo de beijos?

O tempo parecia ter parado. Não só o corpo de Dane ficou paralisado – seu cérebro se recusava a processar aquilo como algo real.

E então, instintivamente, um alerta vermelho soou em sua mente.

O instinto de sobrevivência chutou o motor de arranque, e Dane finalmente se mexeu. Sem dizer uma única palavra, marchou pelo quarto, ignorando completamente a figura nua e radiante na cama. Ele andou direto até a almofada no canto, onde uma certa gata estava deitada, despreocupada com o que estava acontecendo ao redor.

Pegou Darling no colo e, sem nem hesitar, virou-se e saiu do quarto. Sem olhar para trás. Sem nem cogitar recuperar o resto de seus pertences.

— Querido, onde você está indo? Querido!

A voz de Grayson soou atrás dele, acompanhada do som de passos apressados. Dane não respondeu. E então ele começou a correr.

Grayson veio atrás.

E os dois dispararam pelo longo corredor da mansão – um fugindo pela própria sanidade, e o outro perseguindo ele como se sua vida dependesse disso.

O som dos passos ecoava pela casa – de um lado, Dane tentando escapar desse pesadelo, do outro, Grayson correndo atrás dele com toda a determinação do mundo. Dane descia as escadas apressado quando, ao ouvir os passos cada vez mais próximos, olhou para trás instintivamente.

E se arrependeu na mesma hora.

Grayson estava vindo atrás dele.

Nu.

Só com um laço vermelho na cabeça.

— AAAAAAARGH!!!

Dane soltou um grito como nunca antes na vida. E sem pensar duas vezes, com Darling protegida sob um braço, girou o corpo e disparou um soco com toda força.

PAF!

Grayson, mesmo sendo um homem grande, caiu como um saco de batatas no chão.

Dane, com a respiração pesada e os punhos cerrados, ficou parado por um segundo. Então rapidamente ele se moveu para o lado, encostando-se na parede para evitar Grayson, que estava caído no chão. Só quando sentiu que havia distância suficiente, Dane correu de volta para o seu quarto.

***

Dentro do bar, um silêncio constrangedor pairava no ar. Dane estava sentado com os braços cruzados, balançando uma perna, enquanto Grayson massageava a bochecha inchada e vermelha, com uma expressão claramente insatisfeita. Felizmente, ele estava vestido. Dane, olhando para o rosto descarado de Grayson, que parecia não se importar, e foi o primeiro a falar.

— Você finalmente enlouqueceu de vez?

— Enlouquecer? Eu tinha um motivo…

Grayson começou a protestar, mas Dane foi mais rápido.

— Se não está maluco, por que diabos estava pelado na minha cama, seu imundo?

Ele fez uma careta de puro desgosto, ainda processando o trauma visual de mais cedo. Era, de longe, a cena mais absurda que já tinha visto na vida.

Era a primeira vez que ele via algo tão repugnante. O choque de ter visto algo que não deveria ainda não havia passado. Dane estremeceu ao se lembrar da cena absurda, mas ao ouvir aquilo, Grayson ficou ainda mais indignado.

— Imundo?! IMUNDO?! Você está dizendo que a minha Virgínia é imunda?!”

Dane fechou os olhos por um segundo, respirando fundo.

— Se vai fazer esse tipo de merda, faça na sua própria cama! E que caralho era aquela zona no meu quarto?!

Ele ainda conseguia ver mentalmente a montanha de pétalas vermelhas espalhadas por todos os lados, os tecidos pendurados, à parede repintada, como se um cupido hiperativo tivesse invadido o cômodo e entrado em frenesi.

Que ele fique pelado no próprio quarto, dane-se. Se fosse esse o caso, Dane não estaria tendo um colapso agora. Mas por que diabos ele tinha que vir fazer esse atentado no quarto dos outros?!

Mas desta vez Grayson tinha seus motivos.

— Era uma data especial!

‘Dane parou, surpreso. Especial? Que data especial?’

‘Dia de Ação de Graças? Dia da Independência? Páscoa? Natal?’

‘Que raio de data especial?’

Dane foi passando mentalmente por todas as comemorações que conhecia, sem entender absolutamente nada, enquanto encarava Grayson com uma expressão incrédula. Foi então que o outro, como se já esperasse por essa reação, declarou com toda a confiança:

— Nosso aniversário de 30 dias de namoro.

Dane franziu o cenho e olhou para ele como se tivesse ouvido a maior besteira do mundo.

‘O quê? Aniversário de 30 dias? Do que ele está falando….?’

— Na verdade, agora já são 31 dias.

Grayson olhou para o relógio e corrigiu:

Dane ficou simplesmente sem palavras. Sua mente deu mais um apagão completo, e ele apenas piscou, sem conseguir formular uma reação coerente.

Ele não fazia a menor ideia de por onde começar a responder a esse absurdo. No fim, só abriu a boca algumas vezes sem emitir som, ergueu as mãos num gesto de rendição e depois as abaixou, completamente derrotado pela situação.

— …Você estava comemorando 30 dias de namoro?

— Sim.

Grayson assentiu sem nem piscar.

Dane fechou os olhos com força, respirou fundo e os abriu novamente, repetindo esse processo algumas vezes até conseguir assimilar a situação. Mas, em vez de clareza, tudo que veio foi uma onda de irritação.

— Quem diabos comemora um mísero mês de namoro, seu maluco?

— Ué, todo mundo deveria!

Grayson rebateu sem hesitar.

— O estranho é não comemorar! Não basta você não comemorar cada dia maravilhoso ao meu lado, ainda quer deixar passar os 30 dias sem nem um evento especial? Você sabe quanto tempo eu esperei por isso? Na verdade, eu queria fazer uma surpresa todos os dias, mas me segurei até agora! O que você sabe!

E então, para finalizar, Grayson jogou a cartada definitiva:

— Até porque a gente nem chegou a sair para um encontro de verdade…

Dane arregalou os olhos.

Esse filho da…

Ele encarou Grayson com incredulidade. Só podia ser brincadeira. O cachorrinho que tinha sido bonzinho até agora estava tentando morder o outro. Talvez fosse hora de ensiná-lo uma lição? Dane cerrou os punhos, mas, antes que pudesse agir, seu olhar caiu sobre a bochecha vermelha de Grayson, ainda inchada por causa do soco anterior. Ele parou por um momento, forçando-se a soltar a tensão dos dedos, e soltou um longo suspiro exasperado.

— E precisava estar pelado me esperando? Você não tem um limite, não?

A mudança de assunto não pareceu abalar Grayson, que respondeu imediatamente, como se já soubesse que essa pergunta viria.

— Mas, não é você que gosta dessas coisas.

Dane piscou, incrédulo.

— Eu o quê?! Você está me chamando de pervertido, por acaso?

Grayson não respondeu com palavras. Em vez disso, pegou o celular do bolso e começou a mexer na tela, como se estivesse procurando alguma coisa. Dane acompanhou o movimento com desconfiança até que, sem cerimônia, Grayson virou a tela na direção dele.

‘O que é isso?’

Dane franziu o cenho, irritado, mas sua expressão travou no segundo seguinte.

Na tela, havia uma foto dele saindo de uma loja de produtos eróticos. E, para completar, ele não estava sozinho – Yeonwoo estava bem ao lado.

Uma gota de suor frio escorreu por sua têmpora.

Grayson sorriu com pura malícia antes de lançar o golpe final:

— Então, me explique o que é essa foto.

°

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Continua..