Deseje-me se puder - Capítulo 05
Ezra olhou para Dane com a cara completamente exausta.
— Por que ele tá assim? Tá drogado ou o quê?
Era por causa dos feromônios, mas sendo um Beta, Ezra nunca ia entender direito. Ele sabia, na teoria, que dava para sentir o cheiro e que isso tinha um efeito em Alfas e Ômegas… mas nunca ia sentir na pele o que realmente significava.
— Aquele filho da puta…
Dane soltou um palavrão baixinho. O cara tinha soltado feromônios de propósito, e numa situação dessas, não dava para interpretar de outro jeito além de pura humilhação.
—Arrasta ele para fora, mesmo que seja na força. Se a gente perder mais tempo, vai ficar perigoso.
Ao ouvir isso, Ezra e os outros correram para frente. Eles tentaram agarrar o homem às pressas, mas o desgraçado, completamente pelado, só berrava e se debatia, sem cooperar.
— Ei, caralho! A casa está desmoronando!
— Precisamos sair, se liga!
— Segura o braço dele! Levanta! Não, não aí, porra!
Mesmo com três caras em cima dele, o sujeito nem se mexia. Pelo contrário, tava piorando as coisas, empurrando e socando os bombeiros que tentavam tirá-lo dali.
E o motivo para esse show todo era um só: feromônios.
Enquanto isso, o responsável pela bagunça só assistia de longe, tranquilo, encarando a cena como se fosse o melhor espetáculo que já tinha visto.
Ele com certeza já tinha feito isso inúmeras vezes. Devia se divertir horrores vendo os outros enlouquecerem por causa dos feromônios dele. E, pelo jeito, nem uma situação dessas impedia o filho da puta de agir assim – só podia ser pura maldade.
Se isso era alguma brincadeira de alfas dominantes e da panelinha dele, ninguém sabia. Mas agora não era hora de descobrir.
— Ei.
De repente, uma voz baixa veio de trás, e Grayson parou de repente. Alguém estava atrás dele, escondido pela fumaça, e ele nem tinha percebido. Ele quase se virou, mas aí o cara falou:
— Não me enche.
A voz parecia irritada, mas parou por aí. De repente, no meio daquela fumaça pesada, veio um cheiro incrivelmente fresco.
—…Hã?
Grayson parou de repente. Um cheiro suave e relaxante, que parecia tirar toda a tensão do corpo, se espalhou no ar. Antes que pudesse processar, sua visão escureceu de repente, e ele desabou. No mesmo instante, os feromônios que ele espalhava sumiram completamente.
— Peguei!
Aproveitando a deixa, um dos bombeiros ergueu o cara que até então lutava feito um demônio. Ele ainda se debatia, mas a força tinha sumido, e logo os bombeiros desapareceram com ele.
Ezra correu até Dane, ainda tentando entender o que diabos tinha acabado de acontecer.
— O que foi isso? O que rolou com esse cara?
Diante da expressão atordoada de Ezra, Dane respondeu com pura indiferença:
— Deve ter respirado fumaça demais.
— Ah.
Ezra logo entendeu e acenou com a cabeça. Tentou levantar Grayson às pressas, mas o desgraçado era enorme – devia ter mais de dois metros fácil. O caminho até a saída parecia longe demais para carregar aquele trambolho no colo. Mal tinha começado, e Ezra já tava esgotado, ofegando de cansaço. Foi então que Dane que ajudava a carregar Grayson, soltou, do nada:
— Vamos jogar ele.
— O quê?
Ezra se virou, chocado, só para ver Dane repetindo a ideia como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— Jogar ele no colchão inflável. Se tentarmos carregar esse merda para fora, vamos acabar morrendo juntos.
E, bem… ele não tava exatamente errado. O fogo já tinha tomado quase a casa inteira, e ninguém podia garantir que eles conseguiriam descer as escadas sem serem engolidos pelas chamas.
— Beleza, vamos até a janela.
Com Ezra concordando, os dois arrastaram Grayson até um dos quartos próximos. Assim que abriram a janela, os bombeiros lá fora os notaram imediatamente.
— O colchão! Precisamos do colchão de resgate!
Dane gritou enquanto apoiava o peso morto de Grayson no parapeito. Ezra olhou para o loiro inconsciente com preocupação.
— Temos que colocar oxigênio nele… Pelo menos usar minha máscara…
— Segura.
Antes que Ezra pudesse reagir, Dane simplesmente empurrou Grayson pela janela.
— Ei, ei, cacete! Pelo menos conte até três!
Desesperado, Ezra segurou o corpo mole do cara por um instante antes de soltar, só para garantir que os bombeiros estavam prontos. Logo depois, ele e Dane também saltaram, fugindo da casa que continuou queimando por mais uma hora antes de finalmente o fogo ser totalmente apagado.
***
Quando Grayson recobrou a consciência, estava deitado em uma cama de hospital. Ficou ali por um momento, tentando organizar os pensamentos. A memória do incêndio na mansão veio à tona de forma confusa, e foi nesse momento que a porta do quarto se abriu e alguém entrou.
— Ah, você acordou.
A enfermeira se aproximou da cama enquanto ele se sentava com dificuldade. Ela começou a verificar seus sinais vitais e continuou:
— Está sentindo algum incômodo? Fora um pouco de inalação de fumaça, não há nada preocupante. Você pode receber alta assim que quiser. Alguma dúvida? Tem alguma dor ou desconforto?
A gentileza da pergunta só fez Grayson piscar, confuso, antes de franzir a testa e encarar a enfermeira.
— Como eu vim parar aqui?
— Os paramédicos trouxeram você. Disseram que você perdeu a consciência, então fizemos alguns exames, mas não encontramos nada de anormal. — Ele sorriu levemente. — Acho que você estava só cansado.
Mas Grayson sabia que não era isso. Seu rosto ficou sério.
— Só isso? Nada mais?
A enfermeira inclinou a cabeça, ainda sorrindo, sem parecer entender a insistência. Não adiantava continuar perguntando, então Grayson apenas acenou para que ela saísse.
Assim que ficou sozinho, se forçou a lembrar.
‘O que foi aquilo?’
Ele tentou se lembrar do último momento antes de perder a consciência, mas não conseguia se manter calmo. Se jogou da cama quase num salto e começou a andar de um lado para o outro. Ele lembrava perfeitamente de ter liberado uma quantidade absurda de feromônios, forte o suficiente para apagar completamente o cheiro dos gêmeos. O ambiente todo devia estar impregnado com seu próprio aroma, misturado à fumaça.
‘Mas não estava.’
Tinha outro cheiro lá. E ele sabia exatamente o que era.
Um feromônio que não era dele.
Uma fragrância que surgiu atrás dele, e que ele já havia sentido antes. Algo que não era um simples cheiro de Ômega qualquer…
Era de um Ômega dominante.
Grayson já tinha sentido isso antes. Afinal, o ômega que o gerou era um ômega dominante. Quando criança, ele costumava implorar para sentir aquele cheiro, para inalar o aroma à vontade. Diferente de um ômega comum, um ômega dominante podia controlar seus feromônios, escondendo-os completamente ou liberando-os de uma vez para confundir até mesmo um alfa dominante. Exatamente como tinha acontecido com ele.
‘Tem um deles entre os bombeiros.’
Seu coração disparou. A agitação cresceu num nível impossível de controlar. Ele passou as mãos pelos cabelos, inquieto, andando rápido pelo quarto, seu peito subia e descia com a respiração acelerada.
Ele precisava descobrir quem era.
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Continua….
Piranha da noite💋✨
Ai comesa a obsessão pelo Dane🤗