Deseje-me se puder - Capítulo 02
Quando um dos gêmeos falou docemente e inclinou o tronco, Grayson soltou uma risadinha curta. Com uma expressão que parecia estar de bom humor, deixando todos confusos, ele levou o copo à boca e disse:
— Se o amor da minha vida estiver aí, quem sou eu para negar?
Com isso, um deles fez uma cara de desânimo, enquanto o outro deu uma risada de incredulidade. Mas a habilidade deles de voltar rápido à realidade era impressionante.
— Tá vendo? O Grayson é um romântico incurável.
O outro aproveitou a deixa e entrou no jogo:
— Acreditar no destino e se esforçar para encontrar sua alma gêmea… Caramba, eu tenho que admirar. Aliás, falando em destino, que tal a gente resolver esse probleminha de feromônio agora?
Todo mundo ali sabia qual era o jeito mais prático de um alfa se livrar do excesso de feromônio. E Grayson? Bom, ele nunca teve problema com isso. Nunca faltou alguém que servisse de “par destinado” para ele. Então, aliviar a pressão era sempre um processo rápido e conveniente.
O que os dois queriam era óbvio. Um deles já alisava o pênis de Grayson sobre a calça, enquanto o outro deslizava a mão pela virilha, inclinando-se para frente com um olhar excitado, encarando Grayson. Eles claramente estavam ansiosos para colocar aquilo dentro deles.
Mas então, um deles perguntou.
— Ah, mas… quando você encontrar essa tal pessoa, vai parar de curtir assim, não é?
O cara, que até um segundo atrás parecia prestes a engolir o pau de Grayson, de repente congelou, como se tivesse percebido alguma coisa. Os brinquedos sexuais sentados de ambos os lados olharam para ele com ansiedade, e Grayson soltou uma risada sarcástica antes de dizer:
— Que besteira é essa? Sexo e amor são coisas completamente diferentes.
Além disso, isso não passava de um ato de liberar feromônios. Era uma questão de sobrevivência para ele.
Tinha muito alfa por aí transando com vários ômegas ao mesmo tempo. Sim, a fama de Grayson ser um dos mais promíscuos entre os alfas extremamente dominantes não era sem motivo, mas ele até achava essa reputação um pouco injusta.
Ele não estava só transando por transar. Estava em uma missão, uma busca pelo seu verdadeiro parceiro. Quando percebia que tinha sido só um engano, encerrava o caso rapidamente e partia para o próximo. Onde é que isso era ser “promíscuo”? Só estava testando hipóteses! Mesmo sendo um alfa dominante, ele ainda era humano. Testes e erros faziam parte do processo, não?
Mas liberar feromônios era outra história. Era um ato inevitável, ditado pela biologia. Algo como se prevenir contra uma doença.
Os dois caras sabiam exatamente como o Grayson pensava. Sabiam também o quanto esse pensamento era ridículo, mas não iam perder tempo discutindo. Afinal, o objetivo deles era o sexo, e se Grayson continuasse vivendo de maneira tão libertina, isso só facilitaria as coisas para eles.
— Então está tudo bem, né? Até porque esse seu “par perfeito” ainda não apareceu.
— Libere seus feromônios com a gente.
Os homens, um de cada lado, se aproximaram de Grayson, murmurando suas propostas. Eles estavam dispostos a aceitar qualquer exigência que ele fizesse para garantir a noite. Se ele dissesse: ‘Fiquem nus e rastejem como cães atrás de mim’, eles não hesitariam em tirar as roupas ali mesmo. Vergonha? Não existia. Tudo o que importava era o prazer que Grayson poderia proporcionar. Eles já sabiam, por experiência própria, o quão selvagem o homem poderia ser na cama.
— Anda logo, me dê isso. Agora.
O cheiro dos feromônios deles estava escorrendo pelo ar, estavam em puro desespero. Na cabeça dos gêmeos, só existia um único pensamento: queriam aquela porra monstruosa que Grayson carregava dentro deles, agora mesmo. Se esfregando nele, olharam para cima, ansiosos. Ele? Só riu. Ainda teve a paciência de terminar o resto da bebida enquanto eles esperavam, certos de que assim que largasse o copo, ele puxaria um deles pela cintura e daria início à diversão.
O cheiro natural de Grayson, aquele aroma leve de feromônio que sempre pairava ao redor dele, ficou mais forte de repente. Assim que respiraram fundo, os olhos deles perderam o foco, já tontos de excitação. Grayson revezou entre os dois, puxando-os para beijos longos e molhados, as línguas se entrelaçando, enquanto o gosto doce dos feromônios dele se espalhava por suas bocas. A excitação subiu como um choque no estômago, e os dois já estavam à beira de arrancar as próprias roupas, prontos para se jogarem nele. Foi então que o alfa sussurrou, bem tranquilo:
— Poxa, foi mal. Mas eu tenho que ir agora.
— O quê…?
No começo, eles nem processaram o que tinham acabado de ouvir. Só ficaram piscando, confusos, olhando para ele com caras de idiotas. Grayson apenas sorriu daquele jeito sacana e completou, como se estivesse falando do tempo:
— Alex não gosta de dormir sozinha.
— Alex…?
— A cachorra dele? Aquela rottweiler?
Os gêmeos, finalmente entendendo a merda da situação, perguntaram um atrás do outro, ainda tentando juntar os neurônios enquanto o efeito do feromônio os fazia vacilar. Mas Grayson nem deu bola, apenas se levantou, ajeitou as roupas e se preparou para sair.
— Ei, espera! Espera aí, Grayson!
Um dos gêmeos se agarrou no braço dele, em desespero.
— Para onde você acha que está indo?! A gente não ia transar?!
O outro estava praticamente chorando, tremendo de frustração e tesão. Grayson olhou para os dois — claramente à beira de um colapso — e, em vez de demonstrar um pouco de compaixão, fez uma cara de ‘sério que vocês tão assim?’ e deu uma risada.
— Eu? Com vocês? E por que eu faria isso?
Os gêmeos congelaram. Grayson deu um sorrisinho quase gentil e explicou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:
— Eu não durmo duas vezes com a mesma pessoa.
— GRAYSON!
— GRAYSON MILLER, NÃO FAÇA ISSO! POR FAVOR!
— PARE AGORA, SEU FILHO DA PUTA! EU JURO QUE TE MATO…!
Os gritos deles ecoaram pelo lugar, um misto de desespero e ódio, mas Grayson nem se deu ao trabalho de olhar para trás. Apenas saiu, enquanto os gêmeos ficaram para trás, contorcendo-se, arruinados pelo efeito dos feromônios dele, sem terem o que fazer a não ser lidar com a tortura sozinhos.
Provavelmente só fez isso por diversão. Jogar feromônios por aí sem ter a menor intenção de transar? Só podia ser coisa do Grayson. Os bartenders que observavam os gêmeos praticamente sendo carregados pelos garçons para fora do salão e pensavam a mesma coisa: ‘Cara, que sujeito cruel e sem um pingo de consideração.’
Mas, assim que os gêmeos saíram do salão com a ajuda dos funcionários, a atitude deles mudou completamente.
— Me larga! Solta, porra!
Eles gritaram, se livrando dos garçons. Assustados, os funcionários afrouxaram a mão, e os gêmeos, com os olhos vermelhos de raiva e excitação, olharam fixamente para um ponto e começaram a se mover rapidamente. Cambaleando, correram na direção onde Grayson tinha desaparecido. Os garçons trocaram olhares, confusos, mas ninguém teve coragem de impedir.
***
Enquanto isso, Grayson caminhava pelo corredor, assobiando uma melodia qualquer. Ele pensou, com um ar cínico, sobre aqueles ômegas. Bastava soltar um pouco de feromônio e pronto, estavam todos no cio. Era engraçado vê-los choramingando, implorando para serem fodidos, mas ele não pretendia gastar mais tempo com os gêmeos. Eles não eram o tal “destinado” dele, e, mesmo se fossem só parceiros casuais para aliviar os feromônios, ele não repetia transa. Ainda mais agora, que fazia só dois dias desde a última vez.
Se esse era o caso, por que diabos ele estava ali? Porque no fundo, ainda tinha aquela esperança idiota de que, quem sabe, sua alma gêmea estivesse em algum canto daquela festa. E, mais uma vez, saiu de mãos vazias.
“Fogo”, foi o que aquela vigarista disse.
Grayson franziu a testa. Ele sabia que aquela baboseira de vidente era só conversa fiada, mas… a frase grudou na sua mente.
— Tsk.
Ele estalou a língua, irritado, e o assobio morreu nos lábios. Sentiu uma onda de tédio esmagadora. A vida dele se resumia a isso: caçar seu par perfeito que talvez nem existisse.
“Você também vai encontrar a sua pessoa, um dia.”
A voz de sua mãe ecoou na sua cabeça, agora soando mais como uma maldição do que como uma promessa. Ele tinha procurado tanto, mas no fim estava sozinho e, ironicamente, aqueles que riam dele já tinham encontrado seus pares.
‘Talvez isso simplesmente não exista para mim.’
Com um suspiro curto, enfiou as mãos nos bolsos da calça. Foi aí que sentiu.
O som de passos rápidos. Uma energia estranha vinda de trás.
— Hm?
Virou-se por reflexo e— PAH! Foi atingido na cabeça por algo pesado. Grayson, que nunca tinha ouvido um barulho tão alto vindo da própria cabeça, só sentiu o impacto surdo um instante depois. Isso dói! Dói pra caralho!
°
°
Continua…