Da Terra ao Céu - Capítulo 35
Quando disse isso para Sasha, que estava apenas olhando para ele sem dizer uma palavra, o homem sorriu. Ou tentou. Seus lábios estavam tortos e quebrados, então Noah não tinha certeza.
— Se for esse o caso, então eu peço desculpas. Mas quando vi você beijá-lo… eu não pude pensar em nada além de afastá-lo de você.
Os olhos da pessoa que se desculpava estavam distorcidos. Noah riu de sua frase porque não tinha sido romântica ou comovente o suficiente. E depois de ficar parado por um tempo, olhando para Sasha e seu ferimento, ele finalmente desamarrou a fita que adornava o topo de seu pescoço e a tirou. Segurando a fita em sua mão, ele pegou o braço do homem com a outra.
— … fique quieto. Você foi dilacerado por uma bala e está sangrando profusamente.
Noah estalou a língua e enrolou a fita em volta do braço.
Sasha manteve a boca fechada, observando Noah o tempo todo até que ele a amarrou como um curativo. Então olhou em seus olhos:
— Eu não o beijei porque gostava dele.
Foi impulsivo dizer algo como desculpa.
— Estava apenas tentando ensinar uma lição a ele. Porque ele estava falando bobagem sobre ser um alfa e poder ficar embriagado com meus feromônios. Soava estúpido! E… Para evitar expor meu feromônio aos outros alfas, não tinha escolha a não ser fazer isso com ele através da saliva.
— …
— E o que disse não é verdade. Sabe, sobre não poder ficar bêbado com meu feromônio porque é um beta. Você pode me sentir, é só que… você não fica tão, tão louco.
Sasha não reagiu muito à explicação de Noah. Ele disse “está bem” e pronto. Então ele se levantou e se virou para olhar para Caleb e pegar a maleta que ainda estava no chão.
— Sasha… do que você estava falando antes?
Noah perguntou, seguindo cada movimento dele com os olhos. Quando Sasha abriu a pasta, se virou para ele e perguntou:
— O que?
— O que… Se a criança no meu ventre for realmente sua. Você disse algo assim. O que você ia dizer a seguir?
Mal conseguiu controlar todos os seus nervos para fazer esse tipo de pergunta, mas Sasha apenas olhou para ele por um momento. Então ele sorriu, balançou a cabeça silenciosamente e disse:
— Falaremos sobre isso mais tarde. Depois que você sair daqui e estiver seguro.
— A propósito, onde estamos?
Foi então que Noah percebeu que eles não haviam escapado do reino de Calebe. Nem sequer sabia onde estavam!
— É a propriedade de Caleb na Baixa Califórnia. É o México.
— O que?
Noah não podia manter a boca fechada. Será que eles realmente cruzaram a fronteira enquanto estava desmaiado por causa das drogas? Como fizeram isso? Eles os esconderam como contrabando e os levaram para fora do país? Deus, isso era um sequestro de verdade. Não, é verdade que o sequestro já era sério o suficiente para começar, mas ele nunca sonhou que cruzaria a porra da fronteira. A festa no cruzeiro era realizada não muito longe de San Diego, então o México também não estava longe. No entanto, Deus, quase teve um aneurisma quando soube que havia atravessado a fronteira sem passaporte! Atravessar a fronteira sem passaporte inevitavelmente lhe causaria dores de cabeça com sua família e ele odiava essas coisas dolorosas e familiares.
— Ele é louco. É super mega louco.
Foi na hora em que estava balançando a cabeça e xingando em todas as línguas que ele conhecia que Sasha puxou uma pilha de papéis da pasta de Caleb. Eram os documentos que ele havia assinado há pouco e que logo foram rasgados em pedaços. Sasha rasgou o papel em pedaços pequenos demais para juntar e os espalhou aleatoriamente no chão. Então pegou o laptop.
— O que você vai fazer? Não vamos embora?
Noah perguntou, intrigado. Sasha confessou seus sentimentos honestamente e pediu desculpas, mas a raiva não foi embora. E para continuar gritando com ele, antes de qualquer coisa tinham que sair dali!
— Eu tenho algo para verificar…
Sasha respondeu rapidamente, colocando seu laptop na beirada da mesa antes de se levantar novamente. Ele então agarrou o cabelo de Caleb, que estava caído no chão, e conseguiu colocar seu rosto na frente do laptop. O homem estava terrivelmente quebrado, mas Sasha não se importava se ele parecia bonito ou não.
— Eu preciso que você me ajude com o reconhecimento da íris. Vamos, abra seus olhos antes que eu os arranque. É melhor você acordar, Caleb. Caleb, acorde.
Sasha, que apertou sua bochecha, disse isso com bastante ódio. Tanto que Noah percebeu só de ouvi-lo que ele estava falando sério sobre arrancar os olhos. E talvez fosse o mesmo para Caleb porque, embora tivesse desmaiado, ele lentamente levantou as pálpebras e olhou para a câmera montada no monitor. No momento seguinte, o laptop mudou e um papel de parede colorido apareceu. Sasha jogou Caleb no chão, como lixo, e rapidamente começou a bater no teclado com as pontas dos dedos. Enquanto isso, Noah vasculhou as roupas de Caleb e pegou seu celular. Assim que desbloqueou a tela e descobriu que havia rede, discou um número.
Depois de alguns bipes, a outra pessoa atendeu.
[Que porra é essa?]
Era um tom de voz cheio de pretensão. Não achava que o homem mudaria essa atitude mesmo se estivesse prestes a morrer.
— Félix, sou eu.
[Já sabia.]
— Por alguma razão eu pensei que você seria mais amoroso com seu homem.
[Eu serei quando chegar aí. Por enquanto, espere um pouco mais.]
— Você está procurando por mim?
Sem perceber, Noah não conseguiu conter o sorriso que lhe escapou. Aliviava-o pensar que a única pessoa em quem confiava no mundo estava procurando por ele. Sabia que seria o caso, mas depois de verificar novamente, tinha que dizer que estava muito feliz.
[Hum… se pode dizer que sim e não. Isaac assumiu a operação, então Isaac está procurando por você.]
Felix murmurou isso com um pequeno rosnado. Com sua resposta, Noah sorriu um pouco mais.
— Uau, Isaac está vindo por mim? Que maravilha. Vamos ver Isaac armado novamente. Estou animado com isso.
[Porra. É meu, É MEU. MEU. Você já tem seu macaco, então cale a boca.]
— Ele me ama mais.
Os palavrões de Félix podiam ser ouvidos através do telefone. Ao mesmo tempo, Sasha, que digitava sem parar, desviou o olhar do laptop para Noah. Ele estremeceu ao receber uma clara repreensão, então levantou a mão em sinal de paz.
— Sem brincadeira, venha me buscar. Estou em Baja California, México.
[Eu sei, além disso, tenho as coordenadas exatas do celular que você está usando agora. Como você cruzou a fronteira?]
— Eu não sei. Eu desmaiei porque o maldito bastardo me drogou.
[Hum… Seu bebê vai nascer pequeno.]
— É minha culpa? Você não vai amá-lo mais?
Felix estalou a língua quando Noah fez beicinho.
[Mas você está bem? Seu corpo está bem? O bebê? Está sentindo dor ou algo assim?]
Então, por algum motivo, ele começou a falar de uma maneira bastante atenciosa. Foi uma sorte, não importa o quão fosse principiante, tinha uma gravidez forte.
— Estou bem.
[Bem, você não poderia me ligar se não estivesse bem. Isso é bom.]
— Não fale e venha rápido.
[Leva tempo para cruzar a fronteira! Não faça nada estúpido e espere pacientemente como uma criança normal.]
A chamada terminou com uma palavra forte. Ao mesmo tempo, percebeu que Sasha ainda estava olhando para ele. Fechou o computador e se levantou da cadeira.
— Já terminou?
— Algo assim. Acho que seria bom seguir em frente e tentar outra coisa.
Pelo que disse, a senha parecia ter sido alterada. Ter que tentar outra coisa significava que ele ainda não tinha terminado. Enquanto pensava, Sasha verificou a pistola, o carregador que havia jogado no sofá e os homens caídos no chão, ele pegou três pistolas e entregou uma delas a Noah.
— Tenha cuidado.
Noah pegou a arma sem dizer uma palavra. Sasha puxou um pente da arma, colocou-o no bolso e pegou o laptop de Caleb. Então:
— Hahaha.
Ouviu-se uma risada estranha.
Era Caleb, deitado no chão. Parecia que mal tinha voltado a si, então gemeu e levantou a cabeça.
— Sasha… Você com certeza acha que ganhou, mas isso não é verdade. Você não pode sair daqui! Está fodido!
Noah engoliu um grito. Se seus outros homens estivessem aqui, eles viriam ao ouvirem os tiros de mais cedo.
— Sasha… Nós temos que…
O ignorou e tentou sair do caminho, mas Caleb agarrou seu tornozelo.
— Ah, sim. Depois de tudo o que aconteceu, devo revelar o que escondi de você?
— Se você tem algo a dizer, faça logo.
Sasha disse isso casualmente enquanto empurrava o controle deslizante da Glock para trás. Houve um som aterrorizante de balas sendo carregadas, mas Caleb apenas deu de ombros e sorriu como se não pudesse ouvir.
— Na época, eu sabia de antemão que você estava mexendo com o sistema do avião. Então como ia me matar, eu deliberadamente chamei Lawrence sem dizer a ninguém e mudei sua agenda de compromissos para que fosse no meu lugar. Eu estava planejando me livrar de você primeiro e depois dele, mas achei que não seria uma má ideia inverter a ordem.
— …
— Vê-lo preso, por roubar as provas de que matou Lawrence… Não, melhor que isso, ver as pessoas ao seu redor virarem as costas para você e te isolarem, foi a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo.
Caleb, que estava falando há muito tempo, riu como um louco. Geralmente não agiria dessa maneira, mas depois de alguns golpes na cabeça parecia que seu cérebro tinha saído. Ou talvez fosse apenas a última coisa que ele queria fazer antes de morrer.
Ou talvez o maluco original não fosse Sasha, mas aquele cara.
Noah pensou em todos os tipos de palavrões para dizer a ele. Mas ao contrário dele, Sasha nem se mexeu. Tudo o que podia fazer era olhar para ele com a arma carregada na mão.
— Pensei que você ia ser preso imediatamente, mas foi lamentável ver como só foi investigado e liberado mais tarde. Ainda mais quando uma escória como você deveria ter morrido de imediato.
Ele não conseguiu terminar seu discurso quando Bang, bang! Houve dois tiros limpos, e então um grito ensurdecedor encheu a sala inteira. Até então, Sasha estava ali parado sem piscar.
— Nós não precisamos de barulho agora. Eu não disse para manter a boca fechada!? Você não entende inglês ou o quê? O que quer que ele nos conte é apenas uma história vazia.
Noah olhou para as duas balas que tinha disparado na perna de Caleb, então cutucou o ombro de Caleb com a perna antes de suspirar. Ele colocou a arma de volta na cintura e agarrou o braço de Sasha:
— Não vale a pena matar esse bastardo agora. Ele merece um castigo à altura… E não podemos dar isso a ele enquanto estivermos aqui. Vamos deixar isso por um tempo e sair primeiro.
Caleb rolou no chão, gritando como se fosse morrer. Sua coxa estava perfurada e encharcada de sangue, então mesmo que Noah tivesse dito que ele precisava de mais punição, se continuasse desse jeito, era óbvio que morreria de sangramento excessivo. Mesmo que sobrevivesse, suas pernas poderiam ficar paralisadas para sempre.
— Ele vai morrer de qualquer maneira.
Caleb finalmente iria morrer…
Mesmo que tivesse a sorte de sair dali e viver, logo desapareceria em algum lugar, então não sabia se uma morte dolorosa era exatamente o que queria para este momento, em vez de uma simples “morte rápida”.
Noah, que estava olhando para Sasha, ergueu os cantos dos lábios e abriu a porta para incentivá-lo. Mas, a primeira coisa que chamou sua atenção naquele momento foram os corpos que Sasha havia jogado no corredor. Além disso, um cheiro espesso de morte começou a emanar do sangue estagnado e vermelho que estava formando uma poça no chão.
A náusea, que esqueceu por um momento, voltou.
— Ugh…
O som vazou.
Embora cobrisse o nariz e a boca com as duas mãos, era difícil conter a bile que parecia estar começando a sair de sua boca. Quer dizer, em outra circunstância, teria sido muito divertido atirar com uma arma e matar alguém apenas para ter seu corpo transformado em ossos e intestinos triturados. Mas agora… com a gravidez não era mesmo inconveniente?
— Noah, aqui.
Quando estava prestes a se curvar para vomitar, Sasha rapidamente agarrou o ombro de Noah e começou a conduzi-lo pelo corredor até outra sala. Meio abraçado por ele, Noah não teve escolha a não ser andar enquanto era conduzido, sem olhar para frente ou para trás. E logicamente, fazer isso lhe deu uma sensação estranha. Era difícil suportar o cheiro de sangue, mas quando enterrou o rosto na camisa de Sasha, descobriu o rico calor de seu peito contra ele, o rugido em seu estômago finalmente se acalmou. Embora Sasha também estivesse coberto de sangue, seu odor corporal, misturado com seu suor, era mais forte e mais penetrante do que tudo isso. E talvez ele se sentisse bem agora porque sempre teve a ideia de que o pouco cheiro que saía da pele homem, que era completamente diferente de um Alfa, era especial. Desde o início, o cheiro sempre fez com que seu coração disparasse até as alturas.
Ele constantemente se perguntava como o cheiro do corpo de ‘certas’ pessoas podia ser tão bom a ponto de fazê-lo relaxar.
No meio disso, pensando totalmente nos sentimentos que tinha por ele, descobriu que não poderia se afastar facilmente de Sasha. Na verdade, ele até enterrou o nariz em seu peito e o seguiu, embora não fosse próprio dele andar por um caminho incerto.
Acabou sendo uma longa caminhada. Seu estômago de repente se acalmou e o cheiro de sangue desapareceu a ponto de Noah conseguir respirar corretamente. Então levantou suavemente a cabeça e sentiu como ele começou a manipular a fechadura.
— Você já esteve aqui antes…?
Sasha parecia muito acostumado a fechar e trancar as portas, por isso perguntou.
— Faz muito tempo.
Depois de uma resposta curta, Sasha arrastou Noah e o sentou no sofá.
— Você está bem? Está se sentindo melhor? Seu rosto está completamente pálido…
— Sim, desculpe… Foi só náusea. Estou melhor agora.
— As náuseas são horríveis.
Até a palavra “náuseas” parecia estranha para aquela conversa, então eles se entreolharam com olhos que pareciam um pouco difíceis de descrever por um momento. Sasha cuidadosamente passou as pontas dos dedos sobre sua bochecha e finalmente as colocou em seus lábios… Ele não era dos que demonstravam muito, mas era óbvio que estava preocupado com Noah. Seus olhos, sua voz e até as pontas dos dedos que o tocavam, tudo lhe dizia quase a plenos pulmões. E apenas isso fez com que um canto do peito de Noah começasse a latejar.
Noah forçou seu olhar para longe de Sasha e olhou ao redor da sala. O lugar em que acordou parecia um escritório, mas ali era espaçoso e tinha um ambiente leve e mais agradável. Havia uma mesa de sinuca em um canto e um tabuleiro de xadrez no outro. Garrafas de bebida alcoólica estavam sendo exibidas na parede e havia até uma grande televisão e console de jogos. Era para adultos, é claro. Mas por que Sasha esteve aqui antes? Havia alguma razão importante? Olhou para ele novamente, com a pergunta brilhando em seus olhos. Sasha, sentado no sofá em frente a Noah, pegou o laptop novamente e digitou:
— O que diabos você está fazendo com o computador de Caleb?
No final, ele não conseguiu conter sua curiosidade e perguntou.
— Estou recuperando um monte de coisas que ele roubou de mim, coisas que eu e minha equipe desenvolvemos.
— O que ele roubou de você?
— Um plano de combate e um programa em desenvolvimento. O de combate estava em fase de conclusão, então está mais do que pronto para ser testado. Além de ter as funções típicas dos “caças” de quinta geração, temos “caças” equipados com inteligência artificial, não tripulados e sistemas de piloto automático…
Sem perceber, Sasha fechou a boca como se não quisesse explicar mais nada. Noah olhou para ele completamente zangado e havia até a ilusão de que as palavras “Filho da puta” e “Diga-me ou eu te mato” estavam escritas em sua testa.
— …Por enquanto podemos chamar tudo isso: ‘O caçador de sexta geração’.
Noah finalmente assentiu. Afinal, parecia que agora ele estava tentando incluí-lo de uma maneira que pudesse entender.
— O que Caleb está tentando fazer com isso? Ele disse que amava muito a empresa, então por que isso soa como se fosse um grande problema para vocês? Não é um segredo grande de mais para esconder dos investidores?
— Sim.
— Por que?
Mas a verdade, era algo que Sasha também não conseguia entender. Acima de tudo, porque o homem havia se colocado como parte da equipe tecnológica para roubar informações confidenciais com as quais podia lidar à vontade.
— Ele sempre diz que fala em nome da empresa, mas, na verdade, a única coisa que importa para ele é o dinheiro. Pesquisei, e o investiguei por via das dúvidas e parece que ele realmente conseguiu roubar uma parte… O programa é tão novo que pode-se dizer que é um segredo de estado, então ele não pode apenas lê-lo casualmente e manipulá-lo como quiser. Mas aqui está.
Sasha falou friamente e olhou para o monitor novamente. Sua expressão, sua testa estreitada, estava um pouco preocupada.
— Então, o que você vai fazer?
— Bem… eu entrei em contato com Ângela primeiro. Enviei todos os dados do laptop de Caleb para ela, para a diretoria da empresa, o departamento de segurança e os oficiais da Força Aérea envolvidos nisso. Eles investigarão por conta própria.
— …
— E como Ângela já chamou a polícia mexicana, é possível que cheguem aqui em breve. Eu sei que Félix está vindo também, mas é mais rápido para a polícia local se mover do que para os civis atravessarem a fronteira. Não importa o quão poderoso é seu primo.
Mas, infelizmente, ele não ouviu nada do que Sasha disse. Isso porque apenas o nome de Ângela estava flutuando em sua mente.
Ângela.
Ah sim, Ângela, ela vai nos salvar. Viva!
— Ângela poderia estar do lado de Caleb, sabe?
Ele tentou fazer uma pergunta casual, mas soou muito… desagradável. Tanto quanto era desagradável que Sasha pensasse nela como seu primeiro contato para esse tipo de situação.
— Eu também não confio nessas pessoas também, é só…
— Sim, para alguém que não acreditar nela, você entrou em contato com ela muito rápido.
Noah falou como se estivesse discutindo, então rapidamente fechou a boca. Não parecia muito óbvio que ele estava morrendo de ciúmes? Os lóbulos de suas orelhas estavam esquentando.
— … Eu já te disse. Ângela aceitou o cargo de assistente de Caleb para ficar de olho nele. Ela me disse que desde o início não gostava dele do jeito que… A verdade é que de um jeito ou de outro, ela o conhece melhor do que ninguém.
— E…?
— Foi a própria Ângela que me disse recentemente que se ofereceu para trabalhar com Caleb para me ajudar porque sabia que ele queria dormir com ela. Antes de você e eu nos encontrarmos novamente, ela me contou sobre alguns movimentos suspeitos dele que foram muito úteis. Acho que lhe devo o benefício da dúvida…
A boca de Noah estava ligeiramente aberta, como se não soubesse qual parte de seus pensamentos trazer à tona.
— Entendo que tudo isso tem sido tão estranho que não há absolutamente nenhuma razão para confiar em Ângela. Eu só… eu só não acho que seja uma má ideia fazer isso agora. É um assunto urgente e estou com um pouco de pressa.
— Acho que ela queria… que você visse que ainda pode confiar nela. Talvez ela ainda goste de você.
Noah murmurou um pouco, depois enxugou os lábios com a palma da mão. Ele parecia seguir jogando porque não tinha escolha, então Sasha virou os olhos para olhá-lo novamente.
— …Ângela meio que gostava de Lawrence. O que aconteceu deve ter sido muito triste para ela já que seguia meu irmão ao ponto de sempre dizer que ele era o único chefe que ela ouviria. Talvez… veja em mim um pouco dele.
— Não é porque você segue sendo completamente impulsivo?
— Hahaha, certamente está preocupada que eu esteja fazendo algo estúpido. Você está certo. Você conhece isso em mim melhor do que eu pensava.
Era difícil dizer se era uma piada ou algo sério, mas de qualquer forma Noah decidiu desabar completamente no sofá e ficar de boca fechada. De qualquer forma, o nome Ângela, que inesperadamente ouviu em um momento que deveria ser só dele, estava fazendo seu coração doer.
— A propósito, por que você e Caleb estão tão ansiosos para matar um ao outro?
Noah, que contemplava vários pensamentos ao mesmo tempo, de repente soltou a pergunta que não o deixava em paz. Quando estava com seu avô, toda vez que ele matava alguém, havia um motivo. Não importa quantas vezes ele destruía alguém ou quantos ossos esmagava, havia sempre uma razão para isso. Então… por que esses dois faziam isso o tempo todo? Era apenas uma luta de egos?
— Eu acho… São as emoções que construímos desde que éramos jovens. Elas decidiram explodir um dia e não puderam mais se conter..
Sasha franziu a testa ligeiramente, seu rosto sem expressão.
— Caleb só me vê como um espinho em seu olho. Não sei a razão exata pela qual eu também não consigo engoli-lo. Estávamos insatisfeitos com a maneira como reagimos um ao outro? Ou os adultos nos forçaram a competir e nós apenas pensamos em nós mesmos como um objeto para descarregar nossa frustração? Eu não sei. E nem quero saber. Quero dizer, parece natural…
— …
— Sem dúvida, no começo, eu tentei ignorar Caleb. Mas toda vez, era como se eu estivesse caindo em sua direção tão firmemente que não havia saída.
Seu tom de voz era tão normal como sempre. Era como se ele estivesse falando sobre coisas triviais que aconteceram em sua vida cotidiana. Noah, que estava ouvindo com certa tensão, ficou profundamente surpreso com a forma tão insensível do homem. Caleb acusou Sasha de ser um psicopata uma vez e o próprio Sasha disse que também estava com medo de si mesmo… Mas só agora, Noah pôde ver a magnitude do problema. Desde a primeira vez que viu Sasha, pensou que ele não era uma pessoa comum, mas quando percebeu que realmente não era e que realmente não se importava, ele deu uma risada.
— Acho que é porque eu sou uma pessoa louca também.
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Continua. ..
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Tradução: Rize