Da Terra ao Céu - Capítulo 32
Vomitou toda a bebida de gengibre que estava em seu estômago, depois limpou a garganta e vomitou novamente até não sobrar nada e seus membros começarem a tremer. Não só isso, mas as pontas dos dedos de suas mãos pareciam feitas inteiramente de gelatina. Sua garganta doía e seus olhos estavam embaçados. Além disso, neste momento, ele estava tão mal que pensou que definitivamente terminaria a noite no hospital.
Noah sorriu amargamente e fechou a tampa do vaso sanitário. Em sua cabeça, Sasha, que o tratava como se ele fosse o culpado por ter engravidado, olhou para ele com olhos frios e completamente escuros. Foi um momento patético. Estava tão envergonhado de si mesmo, que começou a rir em um momento de histeria. No final, Noah sentou-se com o rosto nas mãos, inclinou-se e continuou a rir. Percebendo que suas mãos estavam molhadas novamente, levantou a cabeça e se irritou:
— Por que eu tenho que chorar por isso? Porra, não é grande coisa. Apenas me envolvi com o cara errado. Me apaixonei por alguém estúpido. Está tudo bem, Noah. Acontece com todos às vezes, você deveria se acalmar.
Enquanto murmurava isso para si mesmo, ele finalmente se levantou de seu assento improvisado, abriu a porta do banheiro com um chute e parou na frente da pia para se olhar no espelho. Na frente dele, havia um homem que foi destroçado pelas lágrimas. Seus olhos e nariz estavam vermelhos e inchados, e seu rosto parecia completamente cheio de tristeza. Era como se estivesse doente, como se não fosse ele mesmo. E como não queria mais ver esse rosto, ligou a água fria para lavar o rosto e enxaguar a boca.
— Estou ferrado. Não tenho habilidades, não tenho dinheiro, minha família é mafiosa…
Embora não pudesse dizer que gostava tanto de estar cercado por uma máfia assassina, sabia que seu avô faria qualquer coisa por ele. Também seu pai e sua mãe, ele tinha um primo que o ajudava sempre que precisava e também tinha Isaac, que estava ao seu lado em todos os momentos. Não podia dizer que teria um filho que cresceria sozinho, porque fazia parte de uma comunidade que o ajudaria tanto fisicamente como mentalmente em todos os momentos. Além disso, ele mesmo tinha as habilidades, então o que o assustava tanto? Só estava lá para que o homem soubesse sobre a criança. Nada mais. Como Félix disse, estava apenas tentando notificá-lo disso para que não houvesse problemas mais tarde, então não havia necessidade de ficar triste ou magoado. Era improvável, mas por precaução, Sasha não poderia entrar com um processo de paternidade depois do que havia acabado de dizer. Sim, Noah só precisava… Preparar os documentos o mais rápido possível e…
Noah parou de se mexer, como uma boneca sem bateria. Ainda havia gotas de água fria caindo da ponta de seu queixo enquanto ele se movia e dizia:
— …Tenho que voltar.
Apertando o peito latejante, ele puxou uma toalha de papel, enxugou as mãos e o rosto molhado e se virou. Então, nesse momento, com um barulho impressionante, a porta do banheiro foi aberta e três ou quatro homens entraram ao mesmo tempo. Seus ombros ficaram tensos. Eles eram Alfas, isso era óbvio, mas não foi por isso que Noah ficou atordoado. Um deles tinha um rosto familiar. Era obviamente o cara que ele estava investigando há um tempo. Noah procurou sua identidade e encontrou seu rastro, mas cada vez que os capangas de Félix o perseguiam, o homem astuciosamente escapava novamente. Mas por que ele está aqui agora? Enquanto Noah continuava pensando sobre isso, casualmente jogou a toalha de papel no lixo e seguiu em frente para passar. Em primeiro lugar, ele sentiu que tinha que sair dali porque seu coração estava batendo tão forte, como se o alertasse do perigo. Não podia deixar de ficar nervoso, mas passou fingindo não saber.
— Pare aí, lindo Ômega. Eu não acho que você deveria simplesmente ir.
O homem sorriu e abriu os braços.
— Deixe-me em paz…
Ele puxou o braço do homem que o segurava, mas foi rapidamente pego novamente. Enquanto Noah lutava para acertá-lo, outro homem correu e agarrou a mão de Noah por trás.
— Deixe-me ir… Socorro! Tem alguém aí?
Ele gritou por socorro, apenas para que parassem, mas mesmo isso parecia impossível. Foi então que, o homem cobriu a boca e o nariz de Noah com uma toalha umedecida com algum tipo de produto químico poderoso. O fedor, que ardia em seu nariz, o deixou tonto e seus olhos ardiam. Tentou prender a respiração, mas não importa o quanto balançasse a cabeça, não conseguiu tirar o lenço de sua boca.
— Você não estava me procurando? Então fique quieto. Vamos conversar um pouco enquanto estou aqui. Ou você prefere falar com a pessoa que me contratou? Sim, isso é bom. Você sabe quem é, certo?
Merda.
O juramento cresceu por dentro, mas ele não podia dizer. O pensamento de que as coisas ficariam ainda mais confusas do que já estavam o deixou com raiva e começou a pensar em si mesmo como um idiota. Se ele soubesse que isso aconteceria, teria deixado este lugar imediatamente em vez de ir ao banheiro. No mínimo, deveria ter ficado com Isaac e Félix porque eles não permitiriam que algo assim ocorresse. Era um lugar onde pessoas famosas se reuniam, então a segurança era rígida, mas esse cara estava agindo com muita facilidade. Não, o simples fato de todos estarem ali significava que…
— Noah…
Foi nesse momento que todos os pensamentos que vieram à mente desapareceram. De repente, a porta do banheiro se abriu e alguém entrou e chamou seu nome. Por que ele está aqui? Por que Sasha está fazendo aquela expressão? Foi quando Noah pensou em todas essas perguntas, além de sua consciência vagamente imersa, que Sasha, que estava olhando para os homens segurando Noah, correu em direção a eles com uma raiva completamente feroz estampada no rosto.
— Oh, ei… Espere aí amigo.
Mas antes que o homem parado atrás pudesse dizer mais alguma coisa, o cara que segurava Noah caiu para trás. Sasha o agarrou pela cabeça e o jogou impiedosamente contra a parede. Houve um “pow,bam,pow” algo estalando, e então sangue vermelho espirrou em todas as direções. O homem revirou os olhos e escorregou no chão. Sasha, coberto com o sangue de outra pessoa, virou-se para o outro homem.
— Não se mova! Não faça algo estúpido.
O som de cliques também foi ouvido, como se alguém tivesse destravado uma pistola. Sasha, que ainda estava se aproximando do homem em volta do pescoço de Noah, parou de se mover por um instante. O terceiro cara atrás da porta estava mirando uma semi automática em Sasha, mas o olhar do Beta nem uma vez se voltou naquela direção. Ele estava apenas olhando para Noah, que estava quase desmaiando na frente dele.
— Se você não quer me ver cortar a garganta dele, então pare.
O cara, que segurava o pescoço de Noah por trás, disse isso com uma cara muito, muito tensa. Ele tinha uma faca na mão e assim que a lâmina áspera tocou seu queixo, uma pequena fenda na pele foi aberta fazendo sangrar e os olhos de Sasha se estreitaram. Ele nem se mexeu ou falou. Tudo o que continuou fazendo foi olhar para o homem segurando Noah como se estivesse prestes a matá-lo.
— Eu disse para ficar quieto!
O cara, que apontava uma arma atrás de Sasha, bateu na cabeça dele com o punho. Os olhos de Noah se arregalaram diante da visão, e ainda assim tinha que ser honesto e dizer para si mesmo que não suportaria ficar consciente por nem mais um segundo. Não quando sua energia era mínima. Gradualmente, seus olhos ficaram cada vez mais embaçados, sua mente ficou vazia. Um pow, o som ecoou um após o outro e, eventualmente, Sasha desabou no chão do banheiro.
Os gritos estridentes desapareceram da ponta endurecida de sua língua. Suas pálpebras estavam tão pesadas que ele também caiu.
***
“Aah!”
O homem gritou com um som horrível. Era evidente que sua tíbia estava quebrada.
Noah colocou uma bola de golfe na boca daquele idiota e disse que ele definitivamente não iria falhar desta vez. Segurou o bastão em suas mãos enluvadas de preto. Parecia sentir um prazer pessoal ao bater na perna do homem que estava sentado e amarrado na cadeira da direita.
“Ummm! Uhng!”
Seguiu-se o som de ossos quebrando.
Ambas as pernas do homem foram rapidamente esmagadas.
“Eu disse para você responder minhas perguntas honestamente! Não sou idiota. Tudo o que disse até agora são puras mentiras.”
O homem, sentado à direita, revirou os olhos. A saliva escorria de seus lábios cheios com uma bola de golfe e suas pernas estavam esmagadas, fora de forma e completamente tortas. Noah, que estava olhando para a cena, virou os olhos e olhou para o que estava à esquerda. O cara, sangrando por entre os lábios, mordeu a bola de golfe para parar de gritar. Noah balançou a cabeça em desgosto.
“Você disse que o Dr. Lambert fez isso? Ha. Para mentir, faça as coisas direito. Acha que eu só os peguei e pronto? Não, meus amigos, há muita pesquisa por trás disso. Por exemplo, a conta para a qual enviaram as informações no mesmo dia do teste. Descobri que não era de Sasha.”
“…”
“Porra, quem era? Onde vocês conheceram esse bastardo e qual é o nome dele?”
Embora claramente soubesse, perguntou novamente. Era para verificar se eles estavam mentindo ou não. Ele tirou a bola de golfe da boca do homem e deu um tapinha em sua bochecha como se para encorajá-lo a dizer a verdade desta vez. O homem estava soluçando, com o rosto coberto de lágrimas, nariz escorrendo e sangue.
“Eu… Uma semana antes do trabalho… Ele veio…”
Ele disse que seu nome era “David” e que havia pedido a eles para contarem todos os movimentos do Dr. Lambert. Que lhes daria dinheiro por cada dado, algo parecido com isso. Pensaram que era um paparazzi, então concordaram sem perguntar mais nada. Por quê? Simplesmente porque era uma região onde às vezes eram vendidas informações sobre pessoas conhecidas na indústria militar ou do entretenimento. David, eles disseram. O nome que Noah descobriu era diferente, mas não se importou porque poderia ter usado um pseudônimo para entrar em contato com os dois homens.
“Então?”
“Naquele dia… Nós informamos o mesmo de sempre. O Dr. Lambert veio, conversou com você, foi para outro lugar, e você ficou no caminhão. Esperamos. David ligou e nos disse para fechar a porta! Eu não sabia nada sobre a bomba!”
“…”
“Depois que ele me disse para trancá-lo, nós apenas fechamos e saímos! É isso!”
Puck.
A cabeça do homem caiu no chão, então ele o agarrou pelos cabelos e o golpeou no asfalto tantas vezes que o sangue jorrou de sua testa e orelhas. O cara não conseguia nem respirar direito, então Noah pegou o bastão.
“Se alguém entra em um caminhão e outra pessoa fecha a porta, acha que não tem nada demais? Quer dizer, depois disso eles deram dinheiro e você diz que não sabia nada sobre o que ia acontecer? Sério? Está me deixando louco! E ninguém gosta quando eu fico assim.”
Noah bufou, completamente zangado. Então ele se virou para o outro homem, aquele que também estava coberto de sangue.
“David, me fale sobre ele. Quando você vai encontrá-lo de novo?”
O homem, mal conseguindo respirar, soltou um grito alto por entre os dentes. Essas foram suas últimas palavras. Depois disso, nem sequer os homens de Félix sabiam o que havia acontecido: Enquanto desencadeava uma raiva gerada pelo estresse, angústia e pelo fato de quase ter morrido por causa desses vermes, ele começou a espancá-lo e espancá-lo até que basicamente quebrou o crânio do homem. Ele já estava morto de qualquer maneira, então não importava.
Noah largou o bastão vermelho e caminhou pelo chão manchado de sangue. Félix, que o observava silenciosamente até agora, foi até ele.
“Estou seguindo ele. É Eddie Brown. O nome dele não é David. Ele tem 38 anos. Aparentemente, é um associado muito próximo de Caleb McBain. Há um lugar onde eles deveriam se encontrar esta semana, então me faria grande favor se pudesse enviar um carro para o endereço que vou escrever para você.”
“Eu vou. Mas disse que ele trancou você em uma porra de um caminhão?”
Félix, que caminhava com Noah, perguntou isso porque estava muito curioso sobre a história que não havia contado. Então Noah olhou para ele. Realmente não queria explicar agora, mas não podia simplesmente dizer a ele para esquecer.
“Para ser preciso, Caleb McBain planejou a coisa toda. Eddie Brown é o bastardo que os subornou sob suas ordens. Eu quase fiquei preso em um caminhão cheio de bombas.”
Félix parecia completamente zangado.
“Como ousam tocar no sucessor dos Felice?”
“Eu não sou o sucessor… Mas é verdade que eles se comportaram como babacas. Parece que agora ele alcançou o cargo de CEO da L & M Systems, mas temos que ver quanto tempo dura.”
Noah, que falava baixinho, torcendo as pontas dos lábios o tempo todo e roendo as unhas, era assustador quando estava com raiva. Félix murmurou para si mesmo em voz baixa:
“Vamos alimentar um par de baleias.”
“O quê?”
“O quê?”
Noah virou-se para olhar para Félix. Quando seus olhos se encontraram, o homem deu de ombros e sorriu levemente.
“Mude suas roupas e vamos agora. Estou pronto para ação e outras coisas. Apenas… Você sabe, não conte a Isaac. Você sabe como ele fica quando pensa que é perigoso.”
“Bem se você quiser.”
A conversa terminou com isso, mas a busca de Noah por Eddie Brown continuou por um bom tempo. E enquanto ele coletava todas as informações sobre Caleb, Eddie não foi pego tão facilmente quanto esperava. Ele se escondeu habilmente, como se soubesse que eles o estavam procurando.
Mas ele finalmente conheceu Eddie Brown no cruzeiro hoje. As coisas estavam constantemente se movendo em direções inesperadas.
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Continua…
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Tradução: Kykiasia
Revisão: Rize