Da Terra ao Céu - Capítulo 21
O destino não era um hotel, mas a residência particular de Sasha. A mansão, localizada longe da pacata cidade, ficava na periferia da área e, embora não fosse tão grande quanto a de sua cidade natal, já que a sala e a cozinha não eram separadas, não havia uma sensação avassaladora de solidão ou algo parecido.
Na sala, havia grandes janelas com vista para um imenso deserto de areia branca e pura. Era como um mar sem fim. O céu ao entardecer e o deserto arenoso com a luz refletida em cada grãozinho de areia eram tão bonitos que ele não conseguia tirar os olhos da paisagem. No entanto, o silêncio, único do lugar, fez Noah respirar fundo, aquela secura ardia em sua garganta só de olhar. Era incrivelmente bonito, mas solitário.
— Dizem que morar bem em frente a uma praia causa depressão.
— Verdade?
— Sim… E acho que quem disse isso nunca esteve em um deserto.
Olhando para o vasto deserto, Sasha, que de repente se aproximou de Noah, entregou-lhe um copo de água gelada e disse: — Não tinha pensado nisso.
— Estando em um deserto, onde não há nada, me faz sentir mais como um cacto do que como um ser humano.
— É só que eu… Olhar para o deserto o dia todo é pacífico o suficiente para me permitir esfriar a cabeça.
— Arrumou uma casa aqui só para se acalmar?
Noah inclinou o copo de água e bebeu lentamente. Então o ouviu dizer:
— Bem, a base aérea e o campo de teste de mísseis estão aqui perto. Além disso, sempre achei os ventos deste deserto de areia branca maravilhosos. É tão bonito que… sinto que me torno outra pessoa.
A resposta de Sasha não foi particularmente especial. Noah estalou a língua e soltou um pequeno som de afirmação, então olhou de volta para o deserto onde o sol estava se pondo lentamente no horizonte.
— Seus gostos são complicados.
— São? Pensei que seus gostos fossem os mais difíceis de entender.
Os olhos escuros de Sasha brilharam por um instante. E vendo isso, Noah sorriu, juntando os cantos dos lábios.
— Você conhece meus gostos melhor do que ninguém. Mesmo que de repente pareça que não.
As sobrancelhas de Sasha se estreitaram com o tom brincalhão de Noah, mas ele decidiu se virar e mudar de assunto.
— Já não é… hora do jantar? Arrume-se e vá, doutor.
— Mas você….
— Eu estou muito, muito cansado agora. Peguei um avião e um carro para chegar aqui hoje, então dá pra imaginar. Não se preocupe, vou comer e aliviar meu cansaço sozinho.
E quando entrou lentamente na sala, acenando com as mãos, Sasha não pôde deixar de abrir a boca e perguntar:
—Trouxe esse brinquedo até aqui?
A voz de Sasha, que havia engrossado ainda mais, podia ser ouvida perfeitamente atrás dele. Noah se virou e deu um passo em direção a ele para encará-lo. Embora Sasha estivesse furioso, estava sorrindo.
— O que você acha?
— Que você trouxe, é lógico.
— Bem, se já sabe, então vá para o seu quarto depois do jantar e durma. Não me procure, porque provavelmente vai me atrapalhar, está certo?
—…
— Estamos entendidos?
— Claro.
Noah, dando um aviso perigoso, acenou com a mão, rapidamente se virou e caminhou pelo corredor que levava ao seu quarto. Não que o estivesse perseguindo, é claro, mas ainda parecia que seu passo havia aumentado gradualmente com o único propósito de não esbarrar em Sasha.
— Adeus, doutor!
Antes de entrar no quarto, deliberadamente enviou uma saudação em voz alta.
Além disso, pouco antes de fechar a porta, houve um som fraco através da fresta e uma espécie de maldição. Mas, na realidade, Sasha mal conseguia entendê-lo.
*
Já era muito tarde quando Noah pegou seu brinquedo de ovo rosa com função de satisfação em apenas três níveis. Assim que entrou no quarto, apenas começou a organizar sua bagagem (que na verdade poderia ser chamada apenas de virar a bolsa e jogar as roupas em todos os lugares), então abriu o laptop que Sasha havia lhe dado e passou muito tempo procurando por vídeos no Youtube. Fazia um bom tempo desde que Sasha saiu, então achou que seria bom ir para a cozinha. Queria descobrir se havia alguma coisa na geladeira, mas estava vazia e, em vez disso, havia uma refeição bastante elaborada em cima da mesa. Aparentemente, foi obra de Sasha. Devia estar muito ocupado se preparando para sair, então não sabia quando ou como ele havia organizado algo assim. Noah sorriu e sentou-se para comer.
Depois do jantar, tomou banho e ligou para Isaac. Como tinha a “noite de folga”, a vídeo chamada durou muito mais do que o necessário. Primeiro cumprimentou Isaac e depois ouviu Benjamin reclamar que sentia falta dele e perguntar se ele voltaria logo. Não o via há apenas duas semanas, mas a criança já havia crescido muito. Quando Benjamin disse, com uma expressão triste, que queria vê-lo e que precisava que ele voltasse muito rápido para lhe contar uma história, surgiu a vontade de mandar tudo pro inferno e voltar imediatamente. Claro, que suportou tal impulso.
[Ei, veja isso.]
Então Isaac colocou Callie na frente da câmera para deixá-la balbuciar. Foi incrível ver que os bebês cresceram tão rápido em tão pouco tempo! Depois de encorajar a menina, que estava lutando para tentar rolar sozinha, continuou a conversa e pequenas risadas e perguntas com Isaac. Foi um momento relaxante e feliz. Falou com sua família e mostrou o conteúdo de seu coração, deixando de lado qualquer evidência de mísseis ou planos de invasão. Enquanto conversavam cara a cara, pensou que queria… Fazer outra coisa. Foi estranho. Nunca quis ver seus avós ou seus pais na Itália, então por que queria tanto ver Isaac, Benjamin e Callie? Por que queria tanto chorar? Sem perceber, lágrimas brotaram dos cantos de seus olhos.
[Noah, deve ter se esforçado muito.]
Isaac ofereceu seu conforto gentil. Não importa o que acontecesse, sempre o tratava com sinceridade e muito amor. A mesma coisa estava acontecendo hoje. A voz amigável de Isaac fez Noah sentir um pouco de dor e, não sabia o porquê, mas até começou a se sentir um pouco irritado.
[Diga-me se for difícil. Posso ir buscá-lo agora mesmo, sem problemas. Eu estou preocupado.]
— Não. Estou muito bem. Não há nada para se preocupar, ok? Coma bem, durma bem e descanse bastante. Cuide de Benjamin e Callie.
Noah falou, pressionando as costas da mão contra o canto dos olhos. Não era grande coisa, mas estava ficando muito emotivo por nada. Pode ser porque foi deixado sozinho em uma mansão vazia no meio de um deserto desolado porque mesmo não querendo ir jantar com Caleb… Queria jantar com Sasha. Era inevitável que se sentisse amargo depois que o homem saiu o deixando sozinho.
Desejou que ele estivesse ao seu lado.
Desejou que ele tivesse ficado ao seu lado.
Mesmo que o clima ficasse estranho ao estarem cara a cara, mesmo que discutissem, mesmo que ficassem no mesmo espaço por um curto período de tempo e depois fossem para seus próprios quartos, parecia mil vezes melhor do que ficar sozinho sem… ele. A mesma coisa aconteceu em San Francisco. Quando Sasha saiu para jantar com Ângela e ele foi deixado sozinho naquela mansão espaçosa, se sentiu tão amargo quanto agora. Na verdade, podia dizer que toda vez que Sasha não estava por perto, era tomado por uma sensação terrivelmente aterrorizante de exaustão e solidão.
— É só que, não… Ele… Não há ninguém perto de mim e me sinto muito sozinho.
Noah murmurou isso sem perceber: Já se sentiu tão abandonado só porque alguém com quem estava saiu? Se perguntou sobre isso, mas nenhuma lembrança veio à mente. Percebendo isso, que ele era o primeiro e único, Noah ficou tão confuso por dentro que cobriu a boca com a palma da mão.
— Deus, e se eu estiver apaixo…?
[Desligue agora! Por que está demorando tanto?]
Do nada, a voz raivosa de Félix perfurou seus ouvidos. Quando olhou para cima, notou seu primo feio, de pé atrás de Isaac e olhando-o de uma forma bastante ridícula. Não sabia desde quando ele estava escutando.
[Ah, veja como você e chorão.]
— Infeliz bastardo, não me incomode agora!
[É com essa boquinha que você beija meus filhos? Se xingar na frente do meu bebê, não vou mais deixar você entrar em casa… A menos que me deixe arrancar sua língua.]
— Vai querer arriscar?
[Meu marido arranca para mim. Quer ver?]
— Pare de falar asneiras e cale a boca! Não liguei para ver sua cara de animal horrível, liguei?
De repente, sua voz se elevou. Era sempre assim quando falava com Félix. Desde criança e até os 30 anos, eles brigavam e gritavam a ponto de parecerem ridículos. Talvez o fizessem até ficarem velhos grisalhos, e Isaac tinha certeza de que zombariam um do outro quando estivessem morrendo em um hospital.
[Então não ligue mais. Vou desligar.]
— Ei, bastardo!
[Não te ouço, não te ouço!]
Félix interrompeu de repente e desligou o telefone, fazendo com que Noah ficasse olhando para a tela, que estava em branco, por muito, muito tempo. Claro, não podia segurar as maldições enquanto saíam rapidamente de sua boca. Não importava que fosse seu primo, estava convencido de que Félix tinha uma personalidade verdadeiramente nojenta. Não aguento. Como diabos Isaac faz isso!?
— Se não fosse por Isaac, quem viveria com você, seu puto do diabo!?
Noah gritou ao telefone, mas o telefone estava mudo… E isso o incomodou ainda mais.
*
Noah, que estava sozinho, olhou para a pilha de roupas que havia sido deixada em sua cadeira. Não tinha mais nada para fazer durante a noite, então achou que era um bom momento para pegar o brinquedo e começar a brincar. Quer dizer, já estava de mau humor, mas quando Félix apareceu, seu calor aumentou e não aguentou mais um minuto.
(N/T: Eu jurando que ele iria arrumar as roupas)
Disse a Sasha que usaria o ovo em sua ausência e que não queria ser incomodado quando ele voltasse para casa…Mas realmente não havia feito nada significativo ou pervertido em sua ausência. Foi assim desde que ele saiu da mansão, porque a vontade de usá-lo rapidamente desapareceu em primeiro lugar graças à sua horrível expressão.
Mas não podia continuar assim. Precisava de algo para mudar seu humor, então se usasse o ovo, certamente melhoraria muito rapidamente. Essa idéia era melhor do que ficar parado se sentindo mal-humorado e deprimido pelo resto da noite.
— O estresse é a raiz de todas as doenças.
Noah pegou o ovo rosa, que estava no meio de suas roupas, e segurou-o com firmeza nas mãos. Então rapidamente subiu na cama, tirando as calças e a cueca, enrolando a camiseta para expor seus órgãos genitais. Nunca fez sexo decente, então era de cor clara mesmo aos trinta e dois anos. Fosse porque era um ômega, ou talvez porque originalmente era assim, o tamanho não era excepcionalmente grande. Era um pênis reto e esticado, sem nenhuma curvatura. Bonito e delicado… Mas Noah não gostava nem um pouco. Quando estava no ensino médio, Félix, que por acaso viu seu pênis no banheiro, riu abertamente dizendo que era como o de uma criança e começou a provocá-lo. Depois disso, nunca mais saiu e nunca mostrou. NUNCA. Foi um pouco traumático.
— Droga. Quanto mais penso sobre isso, mais irritado fico.
Félix era um cara horrível em todos os sentidos da palavra. Noah segurou seus genitais em suas mãos, mas em vez de esfregá-los suavemente para se sentir bem, cuspiu um palavrão dedicado a seu primo e começou a pensar em todas as maneiras de torturá-lo dolorosamente. Então, tentou apagar seus pensamentos com força, enquanto pensava na vontade de chutá-lo, e calmamente empurrou o ovo para dentro do buraco.
O brinquedo entrou facilmente porque, comparado aos vibradores que costumava usar em casa, era tão pequeno que poderia ser comparado a um palito de dentes. Então, apertou suas nádegas e manipulou usando as pontas dos dedos apenas para que pudesse ficar confortável o suficiente para se sentar corretamente. Suspirou ao sentir isso, mas infelizmente, o brinquedo não lhe trouxe a satisfação que ele esperava em primeiro lugar. Noah respirou fundo e deitou de costas. Alcançou seu quadril e agarrou a corda que estava saindo de seu buraco. Era inconveniente que o controlador estivesse pendurado na ponta da corda em vez de ter um controle remoto. No entanto, assim que teve a corda na mão, a pegou para pressionar o número 2 desde o início e deixou o ovo vibrar, liberando um zumbido mecânico que soava de dentro de sua parede interna.
Enquanto se estimulava, o pênis de Noah de repente endureceu, descascando sua pele e mostrando perfeitamente a forma de sua glande. Esfregou a ponta com o polegar e ao mesmo tempo aumentou ainda mais a vibração que o ovo estava lhe dando. Imediatamente depois, houve outro zumbido alto, e cada vez que se movia para frente e para trás, era como se suas coxas largas e cintura começassem a tremer como gelatina. Logicamente, estava aliviado que ninguém estava em casa, então seus gemidos vazaram à vontade.
A mão esfregando seus genitais acelerou e quando a sensação de ejaculação o invadiu, a figura de Sasha foi desenhada perfeitamente na frente de seus olhos fechados.
— Um…
Mas mesmo depois de abri-los, a imagem à sua frente parecia permanecer exatamente a mesma. Havia também aquela vozinha, que o apresentava como “namorado dele” enquanto abraçava seus ombros, aquele rosto que de repente sorria docemente quando se virava para ele, e sua imagem sorrindo alegremente no carro. Cada coisa, uma por uma, foi trazida à sua mente muito vividamente. Havia também seu odor corporal, misturado com colônia, e a maneira como o tocava com as pontas dos dedos. Tudo parecia tão claro que até pensou que estava na frente dele agora.
Que estupidez.
A mão que segurava seu pênis para sacudi-lo parou de se mover. Noah não podia fazer isso ou aquilo e no final, mordeu o lábio porque nunca esteve tão confuso quanto se sentia agora. Depois de receber o ovo como presente, o usou com bastante frequência com o único propósito de se sentir bem… Mas nunca pensou em Sasha enquanto o fazia. Era um fato claro que havia momentos em que sentia um impulso sexual incrivelmente intenso por ele, mas nunca queria trazê-lo para sua esfera privada. Consciente do quão perigoso era amá-lo, construiu um muro para mantê-lo fora e, no entanto, por que estava fazendo isso hoje? Não tinha planejado isso, mas sua cabeça reproduziu uma imagem dele completamente contra sua vontade. Queria deletar, é claro, mas a imagem nunca desapareceu, realmente enlouqueceu? O que estava acontecendo com sua mente? E então, o ovo que parou por um momento vibrou fortemente dentro de sua parede interna.
— AAAAHHH!
Noah soltou um gemido aterrorizante e ergueu o corpo de repente. Uma forte sensação de ejaculação o invadiu, mas, ironicamente, não se sentia capaz de fazê-lo. Seus genitais endureceram como se estivessem prestes a derramar sêmen, mas sua cabeça, aquela que continuava pensando em Sasha, já estava tão fria que o deixou imaginando o que fazer.
Noah ficou tão envergonhado com essa situação absurda que puxou o fio sem sequer pensar em desligá-lo, puxando-o para fora de seu buraco de uma só vez. No entanto, talvez por causa da sensação, depois disso a estimulação foi terrivelmente forte.
Noah, que estava sentado, balançou a cabeça, sentiu a visão na frente de seus olhos ficar branca. Empurrou seus quadris para frente, agarrou seus genitais e se masturbou novamente, o zumbido em sua mente e o êxtase criado pelas vibrações da máquina puxavam o rosto de Sasha de volta.
— Maldição…
Noah cobriu a boca, mas ainda assim, o nome daquele homem foi empurrado para a ponta de sua língua ao mesmo tempo em que o sêmen quente molhava suas coxas. A palavra “Sasha” estava solta… E flutuava na palma da mão que cobria seus lábios uma vez, e depois outra, cada vez com mais força. Foi um sentimento de vergonha que surgiu antes de seu orgasmo.
*
Encontro com o inimigo.
Uma gota de água fria caiu da ponta de seu queixo. Mas mesmo depois de lavar o rosto, o calor não foi embora. Levantou a cabeça e se olhou no espelho: suas bochechas estavam pintadas de vermelho, como se tivesse entrado em um estranho ciclo de calor embora ainda não fosse a hora.
Isso era terrivelmente desconhecido para ele.
Noah parou por um momento, deu uma olhada mais de perto no espelho e então suspirou, enquanto pegava uma toalha para secar o rosto. Foi terrivelmente perturbador. Quando ejaculou na palma da mão, ficou sentado lá por bastante tempo em um estado de êxtase do qual não conseguia se livrar.
O nome que saiu de sua boca enquanto ejaculava… Ele estava assustado, muito assustado para recordar o que acabara de dizer, então pulou e correu para outro cubículo na casa. Queria que parecesse que nada havia acontecido entre ele e sua mente, então correu para o banheiro, murmurando, como se estivesse fazendo uma lavagem cerebral em si mesmo, que “nada havia acontecido” “que ele podia resolver isso” e continuou com seus afazeres. Ele jogou o ovo na banheira e lavou-se com água bem fria. No entanto, não pode superar o ocorrido tão facilmente. Estava louco? Noah perguntou isso a si mesmo, dando um tapa na bochecha e suspirando. Mas mesmo assim, sua aparência ainda parecia a de um louco. Foi como se a sensação de humilhação estivesse crescendo cada vez mais dentro dele.
Noah saiu do banheiro, com os ombros completamente caídos, e se dirigiu até a cama para dormir. Contudo, pouco antes de subir na cama, percebeu que sua parte inferior do corpo ainda estava nua, então rapidamente colocou uma cueca e a calça do pijama que havia jogado ao lado da cama. De qualquer forma, ele parecia estar perturbado. Ainda mais porque, enquanto se masturbava, havia pensado em Sasha.
— Idiota, que idiota.
Noah respirou fundo e enxugou a testa.
E foi nesse momento.
TOC Toc.
O som de batidas na porta era um tanto monótono.
— Ah!
Um grito brotou da garganta de Noah. Seus pés estavam dormentes e ele parecia tão assustado que seu corpo, que estava deitado na cama por apenas dois minutos, pulou como um peixe se contorcendo ao sair da água. Em um instante, seu rosto ficou pálido como o de um cadáver e seu coração começou a bater como se fosse explodir a qualquer momento.
Então, mais uma vez, alguém bateu na porta até que Noah, que estava sentado envergonhado, pareceu não saber mais o que fazer além de franzir a testa:
‘Mas o que há de errado?’ Ele pensou ‘Eu disse a ele de antemão para não me incomodar, ele não ouviu o que eu estava dizendo? E por que vem a esta hora e bate na minha porta?’ Além disso, todos os tipos de palavrões começaram a flutuar em sua cabeça e outras coisas também. Ao pensar nisso, decidiu que assim que abrisse a porta ia perguntar tudo de uma vez sem guardar nada para si… Mas também se deu conta que as emoções não estavam bem organizadas em sua mente. O que vai acontecer se quando olhar Sasha ele ficar completamente corado? Poderia morrer. Então, talvez, por enquanto, ele não tivesse escolha a não ser fingir que não o tinha ouvido e voltar para a cama. No entanto, o som de batidas na porta continuou, como se estivesse ouvindo sua própria luta interna. Ao ouvir o som que irritou seus nervos, Noah finalmente se levantou e gritou:
— Ei, eu tenho certeza que disse para você não me incomodar!
Assim que a porta foi aberta, ele gritou com uma voz feroz dizendo que Sasha era “um completo idiota”. No entanto, as críticas a Sasha não duraram até o final e pararam bem no meio. O homem, parado no corredor do lado de fora da porta, não era Sasha.
— Jovem Noah? Desculpe vir tão tarde da noite.
O homem disse, baixinho. Seu rosto tinha o mesmo sorriso amigável que tinha visto no aeroporto. Era Caleb McBain.
— O que…? O que você está fazendo aqui no meio da noite? E quanto a Sasha?
Noah enfiou a cabeça para fora do quarto e olhou em volta, mas o corredor estava completamente vazio. A única sombra visível era a dele e Sasha, a dona da casa, não estava lá.
— Foi uma pena que você não pôde ir para o jantar, então decidi passar para desejar-lhe uma boa estadia na área.
Que merda foi essa? Em vez de responder, Noah fez uma careta para Caleb, que agora estava rindo.
— Na verdade, eu tenho algo para compartilhar com você, então pedi a Angela para manter Sasha entretido um pouco.
Caleb respondeu descaradamente, sem piscar uma única vez. Todas as pessoas naquela companhia eram sempre tão toscas e sem vergonha? Ele pensou que era apenas Sasha, mas viu que não era.
— Então se apresse, porque eu realmente não tenho tempo.
Noah falou com uma atitude bastante insatisfeita. Talvez ele estivesse louco, mas quem gostaria de um convidado indesejado batendo na sua porta em uma hora tão tardia? Além disso, ele era um alfa. Suas mãos estavam ansiosas para bater a porta com toda força bem na frente do nariz daquele homem, mas ainda assim, ao contrário do habitual, ele foi paciente porque era um conhecido de Sasha.
— Quando te vi pela primeira vez no aeroporto, pensei que você devia ser um menino com uma personalidade tímida porque não falava muito, mas acho que estava enganado.
Caleb balbuciou, sem perceber o quão terrível poderia chegar a ser.
— Eu não tenho nada a ver com você.
— Sabe quem eu sou?
— Eu preciso saber quem você é?
— Se você é o namorado de Sasha, sim. Certamente é conveniente para você.
Então Noah sorriu. Aparentemente, a especialidade desse homem era mostrar um rosto feliz para tudo. Ela até se perguntou se deveria dar-lhe uma salva de palmas e parabenizá-lo por seu desempenho.
— O que você diz, senhor? Não há nenhuma lei que diga que como namorado de Sasha eu tenho a obrigação de conhecer seus amigos. Eu também não posso garantir que continuarei sendo seu namorado no futuro, então… Não, mesmo que ainda estejamos em um relacionamento, por que preciso conhecê-lo? Da no mesmo para mim.
Os lábios de Caleb se contraíram quando Noah disse tudo. Deve ter sido difícil manter aquela máscara no rosto depois disso.
— Deixe-me apresentar-me primeiro. Sou Caleb McBain e sou co-administrador de uma grande empresa com Sasha. Também sou um velho amigo de Sasha.
Caleb capturou sua expressão com firmeza, como se tivesse agarrando a sua máscara, não importa o quê passasse. Ele limpou a garganta e se aproximou para tentar apertar a mão de Noah. Mas, como esperado, em vez de pegar a mão de Caleb, Noah apenas olhou para ele.
— Desculpe, eu realmente não gosto de interagir com Alfas. Tenho certeza que você entende.
— Bem… Você é muito mais difícil do que eu pensava.
Caleb sorriu uma última vez, afastando a mão estendida. No aeroporto pensou que ele era um ômega fácil de lidar, mas quando tentou falar com ele, parecia um cachorro pronto para dar uma mordida. Noah zombou da expressão em seu rosto, que mostrava o quão confuso ele estava por não saber como dar continuidade a sua conversa com o ômega.
— Dependendo da pessoa.
Caleb assentiu enquanto mantinha uma expressão quase muito forte. Sabia que esse “Dependendo da pessoa” era mais um “estou sendo rude porque é você que está falando comigo”.
— Bem, que seja. Se você é namorado de Sasha, você deve entender que falar comigo é fundamental.
— Bem, não, eu realmente não entendo.
— …
— E como eu vejo que não o que eu disse não entrou em sua mente, vou dizer de novo. Se você tem algo a dizer, faça-o rapidamente. Não faça as pessoas ficarem acordadas tarde da noite por nada.
Caleb suspirou suavemente no final da frase dita por Noah, principalmente porque o tom de Noah dizia que a presença do homem incomodava até a morte. Fazia apenas alguns minutos desde que tentou falar com ele, mas já estava exausto.
— Bem, seria melhor lhe dizer imediatamente por que vim vê-lo. É por causa de Sasha.
Claro que era sobre Sasha. Afinal, ele era o único ponto em comum com aquele homem. Sasha era seu parceiro e quem Caleb conhecia, então ele não fez uma grande revelação. Claro, percebendo que Noah ainda achava que era uma grande perda de tempo, o homem riu e continuou falando:
— Angela e eu somos velhos amigos de Sasha, e por isso estamos muito preocupados com ele.
Noah inclinou a cabeça diante disso. Com o que eles estavam tão preocupados? De repente, uma leve curiosidade surgiu.
— Você sabe o que Sasha faz?
— Ele diz que é pesquisador em um programa desenvolvido pela L&M.
Noah respondeu a pergunta de Caleb o melhor que pôde. O homem voltou a falar:
— Então você sabe que a mente dele é… Instável.
Como se estivesse contando um grande segredo, uma voz baixa penetrou nos ouvidos de Noah. Era uma frase na qual ele não pensou muito, então a primeira coisa que lhe veio à mente foi:
— Claro que não.
Noah franziu a testa novamente. Ele não sabia que bobagem o homem estava tratando de dizer, mas Caleb, que estava olhando em sua direção, apenas assentiu e disse que era verdade.
— Se você não sabe, então eu vou te dizer direito. Sasha precisa de tratamento.
— Tratamento?
— Um tratamento psiquiátrico.
Ao ouvir as palavras “tratamento psiquiátrico”, Noah levantou a cabeça e soltou um longo suspiro. Era realmente necessário ouvir mais? No entanto, Caleb continuou como se não estivesse surpreso com a reação dele:
— Provavelmente é difícil de acreditar, mas eu preciso de sua ajuda. Por favor, ouça.
— Eu vou te dar cinco minutos. Se você disser algo inútil, eu fecho a porta.
Enquanto Noah verificava a hora no relógio atrás dele, Caleb soltou um suspiro curto.
— Como você pode ver, ele é um viciado em trabalho. É muito sério. Sua carga de esforço é inigualável por qualquer pessoa na história da empresa.
O fato de Sasha ser um trabalhador excessivo, ao contrário das pessoas comuns, era um fato que podia ser rapidamente reconhecido sem que ele precisasse sequer falar sobre isso. Mesmo em casa, ele ficava sentado em frente ao computador a tarde toda, imerso em alguma coisa. Além disso, ficava lá por um dia ou dois, como se fosse natural sentar, trabalhar e ficar confinado em um escritório da mesma maneira todos os dias. Noah achava que, se tivesse trabalhado pelo menos metade do que ele trabalhava, poderia ter construído uma carreira incrível e sólida.
— Mas as pessoas não podem trabalhar como máquinas. E depois de ficar tão obcecado com o trabalho, em algum momento Sasha começou a mostrar uma série de anormalidades mentais.
Caleb suspirou, então enxugou os lábios com a palma da mão. Seu rosto estava cheio de preocupação e o mesmo parecia estar acontecendo com o tom em que falava. Noah ficou de boca fechada e ouviu a história:
— Foi antes de seu irmão, Lawrence, morrer. Seu desempenho como pesquisador não estava indo tão bem quanto antes, então eu pensei que era porque ele estava sentindo muita pressão. Por algum tempo, Sasha ficou encarcerado no laboratório como se determinado a dar algum resultado positivo e aí… ele permaneceu lá. Durante meses. Não estou falando de dias. Ele não descansou, não tirou férias e não saiu com ninguém.
— …
— E Sasha tornou-se mais sensível com o passar do tempo. Os pesquisadores e desenvolvedores com quem ele trabalhava começaram a reclamar dele o tempo todo e depois disso, ficou difícil para todos até mesmo dizer uma única palavra a ele.
A história de Caleb de repente lhe fez recordar do dia em que foram pela primeira vez a San Francisco. Naquela tarde, Noah acusou Sasha de ser excessivo e até disse a ele que iria processá-lo por abuso. Naquele momento, ele se lembrou de que sentiu pena dos pesquisadores que trabalhavam com Sasha, mas, na verdade, pensando nisso com mais calma, sentiu seus ombros se encolherem do nada.
— No final, Sasha fez um check-up psiquiátrico por recomendação de Lawrence. Mas quando ele morreu, descobriu-se que seus resultados, que já estavam ruins, mostravam que seu estado psicológico era muito instável devido ao estresse. Também disseram que suspeitavam que ele padecia de um transtorno obsessivo-compulsivo e um transtorno de personalidade paranoica.
Enquanto Noah continuava pensando em Sasha, Caleb continuou a falar. Noah, que estava parado como um general para ouvir sua história, não pôde deixar de sentir-se completamente irritado com isso. Ele nunca esperou ouvir que Sasha havia recebido tratamento psiquiátrico. Era exatamente algo que ele não queria saber, porque sentia como se estivesse violando a privacidade de Sasha.
— Lawrence chegou à conclusão de que Sasha deveria descansar e disse a ele para largar o emprego, deixar a empresa e sair de férias… Mas Sasha recusou a oferta.
— Cara louco.
Se seu irmão lhe disse para fazer uma pausa, ele não deveria ter fugido da empresa e aproveitar ao máximo? Todas as pessoas normais estariam ansiosas para descansar um pouco, mas aquele cara não conseguia ficar parado nem uma só vez. A princípio, havia adivinhado que ele era um louco sem sentido comum, mas depois de ouvir o que Caleb disse, pensou que ele era realmente louco. Enquanto Noah xingava Sasha internamente, Caleb parou de falar e limpou o canto da boca com a palma da mão novamente. Então, depois de ficar sozinho com seus pensamentos por um momento, ele falou novamente:
— A guerra entre os dois irmãos durou um tempo. No final, Lawrence ameaçou Sasha dizendo que, se ele não saísse, o rebaixaria de seu cargo de diretor do I.D e o tiraria de todos os projetos.
— O irmão mais velho de Sasha disse isso?
Noah, que estava ouvindo silenciosamente a história de Caleb, involuntariamente perguntou. A anedota foi bastante surpreendente porque Sasha não contou isso a ele.
— Porque Lawrence estava muito preocupado. Ele era seu irmãozinho, seu sangue.
A resposta de Caleb de repente o fez pensar. Sasha disse que Lawrence estava se preparando há muito tempo para expulsar Caleb da empresa. Disse que foi como se Caleb reconhecesse o plano de Lawrence antes que ele pudesse contra-atacar. Mas Calebe…? Estava dizendo outra coisa? Claro, ele não podia acreditar diretamente nas palavras daquele homem, mas, até agora, Sasha nunca disse uma única frase sobre si mesmo, então não pôde deixar de se perguntar, e se o que Caleb está dizendo for verdade e Sasha estiver mentindo? Noah pensou sobre essa pergunta subconscientemente.
De maneira nenhuma.
— Sasha é um cérebro central inegável nesta empresa. Ele é um membro indispensável da equipe de I.D. Ele está envolvido em vários projetos muito importantes, com bons resultados. Ainda há vários trabalhos que ele gerencia por conta própria.
— …
— Suas habilidades e méritos são conhecidos por todos. Mas, como Lawrence disse, ele precisa de um descanso. Sua condição é bastante perigosa e sua mente é tão frágil quanto o vidro. Você entende o que quero dizer? — Noah fechou a boca, sem resposta. Caleb, que olhou para Noah por um momento, continuou falando: — Reconhecendo a gravidade do problema, Lawrence não desistiu e se esforçou para fazer o que era melhor para seu irmãozinho. Se Sasha não se comprometesse com sua saúde, ele perderia todos os cargos executivos. Os irmãos brigaram por isso durante muito tempo e desta forma, Lawrence quebrou a teimosia de Sasha e a seu pedido, ele decidiu deixar o emprego e tirar longas férias. Ele parecia estar se recuperando bem.
— Mas Lawrence está morto agora.
Noah murmurou isso sem perceber. Caleb assentiu com um rosto sombrio.
— Sim. Aconteceu um acidente que ninguém esperava. A morte repentina do diretor executivo. Na cerimônia, a empresa estava em alvoroço e vários problemas surgiram. Todos estavam em uma situação maluca e mesmo sabendo que ele estava destroçado, não pude me aproximar de Sasha para cuidar dele como era devido. E quando aquele período difícil e caótico finalmente chegou ao fim, me disseram que a condição de Sasha havia piorado. Lawrence era sua única família, ele o amava… Obviamente, isso acabou destruindo seus poucos esforços.
— É sério…?
Entre a voz de Caleb, as palavras suaves que Noah soltou como um diálogo interno foram derramadas no corredor vazio.
— Parece que a morte de Lawrence teve um impacto significativo em Sasha. Além da notícia de que seu único parente morreu, coisas ruins aconteceram uma após a outra. Pode ter sido muito pesado para Sasha lidar sozinho com isso.
Só de ouvir essas palavras, pôde perceber o quão difícil e doloroso tudo tinha sido para ele. Ele deve ter tido que lidar com muitas coisas antes de poder chorar pela morte do irmão.
— Com o tempo, ele desenvolveu ansiedade crônica, depressão, paranóia, uma forte síndrome de personalidade e até megalomania. Então começou a receber imediatamente o tratamento psiquiátrico.
Noah olhou para Caleb sem piscar. Sasha foi além de um exame psiquiátrico e recebeu um forte tratamento. Ele não podia acreditar. Queria perguntar, que diabos é esse absurdo? Mas em vez de abrir a boca, Noah mordeu a língua. Caleb, percebendo o olhar desconfiado de Noah, esfregou a bochecha como se estivesse cansado.
— Houve muita conversa sobre a causa do acidente. No entanto, como resultado da investigação, concluiu-se que foi resultado de erro do piloto.
—…
— Mas Sasha está doente e acha que alguém matou Lawrence. E também acha que alguém está tentando incriminá-lo e destruí-lo.
“Esse ‘alguém’ é você.” Pensou. Noah estalou a ponta da língua com a resposta que estava subindo em sua boca, mas apenas engoliu. Pareceu que Caleb já sabia.
— O psiquiatra me disse que era devido à sua megalomania e paranóia.
Caleb, que estava esfregando os dedos na bochecha, parou de se mover por um momento e olhou para Noah. Suas pupilas tremeram como loucas.
— Sasha, está desequilibrado. Eu o vi dizer e fazer coisas estranhas do nada quando ele está se sentindo extremamente emocionado, sob pressão ou inseguro. Eu até senti como se estivesse lidando com uma pessoa completamente diferente do Sasha da última vez.
Noah cerrou os punhos. Foi porque ele também sentiu o mesmo. Quando deliberadamente colocou seu próprio feromônio nele, um Sasha superexcitado, parecia ser uma pessoa completamente diferente. Na maneira de falar, em sua atitude, até mesmo, seus olhos. Às vezes, achava que o homem tinha dupla personalidade e tinha certeza que ele era um verdadeiro louco. No entanto, como Caleb agora falava como se o conhecesse, não podia deixar de se preocupar por ele.
— Noah, você deve ter sentido isso algumas vezes.
Caleb afirmou isso com um tom determinado. Então deu um passo em direção a Noah e baixou um pouco mais a voz:
— Sasha não é normal, Noah. Ele… ele tem uma mudança repentina de personalidade e tem uma maneira bastante incomum de pensar. Às vezes, ouvir os comentários de Sasha me faz pensar se ele é realmente são e se eu realmente posso ajudá-lo. E a medida que o tempo passa, percebo que estou perdendo meu amigo.
— …
— E eu estou preocupado, sabe? Estou com medo de que Sasha possa fazer algo inesperado do nada. Algo do que vai se arrepender mais tarde.
Noah se obrigou a engolir o gemido que escapou do fundo de sua garganta. Ângela, que visitou a mansão da última vez, não disse a mesma coisa? Disse que estava preocupada com o que Sasha faria.
— E se ele de repente decidir planejar algo contra nós, ninguém saberia porque Sasha é muito inteligente. Além disso, é audaz.
Mesmo que não tivesse explicado, ele já sabia. Desde o primeiro dia em que o sequestrou de maneira insensata, no momento em que casualmente contou um plano maluco em que ninguém conseguiria pensar, e até mesmo no momento em que lhe disse para hackear um programa de mísseis, Noah já tinha se dado conta. A cabeça de Sasha estava cheia de pensamentos que as pessoas comuns não abordariam.
— Eu sei o quanto Sasha adorava Lawrence. — Caleb parou no meio e limpou os lábios com a palma da mão pela terceira vez. Foi uma atitude que deixou claro que era difícil para ele falar sobre isso. Noah ainda olhava para ele, teimosamente, com sua boca fechada. — Mas como disse, Sasha está mal. E como o psiquiatra advertiu, pessoas paranóicas se tornam delirantes em questão de segundos…
Estava falando indiretamente, mas claramente com isso se podia dizer que ele considerava Sasha o culpado do acidente.
— Então, você está dizendo agora que Sasha matou Lawrence?
— Eu não quero acreditar nisso. No entanto, ninguém sabe como ele pensa ou agi depois de perder a razão. Então, apesar dele ter sido liberado sem acusação quando a investigação sobre o acidente começou, a polícia ainda está vigiando Sasha muito de perto.
Os punhos de Noah, totalmente cerrados, tremeram. Houve inúmeras vezes em que pensou que ele estava louco, mas isso era apenas uma opinião baseada nas circunstâncias. Era inconveniente ouvir essa história de outra pessoa. Não, mais do que inconveniente, era até excruciante.
— Quero te fazer uma pergunta. — Caleb tirou a carteira do bolso e entregou-lhe um cartão de visita. — Você o ama, Noah?
— …
— Eu gostaria de acreditar que isso é pouco improvável, mas de qualquer forma, se Sasha fizer um comentário incomum ou você perceber que ele está planejando algo estranho… gostaria que você me contatasse imediatamente. Eu gosto muito dele e sei que você também, e quando temos sentimentos por alguém, queremos apoiá-lo antes que ele faça algo ruim e chegue a um ponto sem retorno, certo?
Noah descuidadamente pegou o cartão de visita que estava na ponta dos dedos do outro.
— O que aconteceu com Lawrence não deveria acontecer de novo.
Naquele momento, Caleb acrescentou suavemente esta frase, quase como se sussurrando um segredo. Foi como apontar Sasha como o verdadeiro culpado pela morte de Lawrence.
— … Porque me diz isso?
Quando Noah perguntou, com o cartão de visita ainda na mão, Caleb sorriu com um rosto amigável.
— Porque você parece ser o mais próximo de Sasha agora. E é incrível que ele, que nunca saiu ninguém, agora te leve a todos os lugares e diga que não quer te perder.
— Então… você quer que eu observe Sasha de perto? Como um espião?
— No lugar de dizer que você o espiona, digamos que é uma medida para evitar um acidente. Porque, como eu disse antes, nós gostamos muito dele, não é verdade?
°
Continua…
°
°
Tradução: Sayuri
Revisão: Rize