Da Terra ao Céu - Capítulo 09
Não era um dia ruim de forma alguma… Com exceção de que tudo estava se tornando cada vez mais problemático devido à dor em seu corpo. Na verdade, este era um dos maus hábitos de Noah. Para explicar sem rodeios, pode-se dizer que ele era terrivelmente preguiçoso. Já que era irritante para ele comer ou descer para a mesa de refeições, houveram momentos em que só se sentou frente ao computador morrendo de fome, na tentativa de não mover um só dedo. Também era o mesmo no que diz respeito à higiene pessoal, porque sempre foi normal para ele só se lavar quando já não podia mais suportar.
[N.T/Haru: Sujimundo]
Apesar de ter nascido em “berço de ouro”, sempre vestia bermudas, pantufas e uma camiseta puída que estava desbotando.
— Lave o cabelo agora mesmo, antes que os insetos saiam da sua cabeça. Porquinho.
Sem Félix dizendo isso, segurando-o pelo pescoço e arrastando-o para o banheiro, a sujeira de Noah teria sido inimaginável. Por sorte, nos últimos dias e com o desejo de não passar piolhos para as crianças, ele tomava banho todos os dias e obrigava a si mesmo a levantar e ir até a cozinha tomar o café da manhã com Benjamin. Porém, sua natureza preguiçosa não desaparece, sempre foi a mesma. Nem pensava seriamente sobre se levantar e sair da cama naquele momento, afinal, nem Benjamin nem Callie estavam ali, então, o que ele perderia?
— Se eu não trouxer, o que você vai fazer? Está pensando em morrer de fome?
Noah, que deitou de costas para Sasha, fechou os olhos. Podia sentir a luz brilhante mesmo com as pálpebras fechadas.
— Sim — bocejou.
— Você não come nada desde ontem.
Assim, Sasha se aproximou das suas costas e estalou a língua como se pensasse que seu comportamento era completamente ridículo.
— Hum, serio?
— Desde que te trouxe ontem pela manhã, você só dorme. Acordou tarde, falou comigo e logo voltou a dormir. Está morrendo de fome durante um dia inteiro desde o último almoço. Então, está me dizendo que não quer comer?
Por que esse cara está irritado? O que importa se eu como ou não? Por que esse homem se incomoda por mim? Está passando fome também?
— Olha, já passei fome durante mais dias que isso e não morri. Agora, todo meu corpo dói por sua causa, não tenho apetite! É difícil para mim até levantar meus dedinhos!
— Assim que te trouxe, verifiquei se tudo estava bem com seu corpo. Assegurei-me de que não houvessem feridas graves ou ossos quebrados. Os hematomas vão te fazer sofrer durante alguns dias, é verdade, mas não ao ponto de que você não possa se mover. Não exagere.
— Diz isso porque não foi você que sofreu um maldito acidente de carro! Estou sentindo dor de verdade agora! Melhor não trazer nada, não vou aceitar.
Noah não tinha intenção alguma de levantar, sem importar o que dissesse ou não sobre ele. Um largo suspiro desvaneceu-se sobre sua cabeça:
— Posso ver a razão do porquê você é um saco de ossos.
— Quem disse que sou só ossos? Desde criança estive em um peso normal e muito saudável! Ei! O que está fazendo?!
Antes de que as palavras pudessem terminar, o corpo de Noah começou a flutuar no ar. Sasha, que carregava o homem nos braços com tanta facilidade como se levantasse uma boneca de papel, começou a sair do quarto com uma expressão bastante estranha em seu rosto.
— Ei! O que está fazendo?!!! O que é isso?! Dói! Estou falando que dói!!!
A cara de Noah ficou vermelha de vergonha. Tentou lutar com suas extremidades, mas devido a tantos ferimentos, não havia forma alguma de que pudesse derrotar um homem com o físico tão sólido
— Mesmo sendo um ômega, você é magro demais para ser um homem. Cheguei a pensar que seu primo Félix estava te matando de fome ou algo assim… Agora vejo que não está comendo porque é um preguiçoso.
— Dói de verdade!
Não era mentira, estava sentindo dor e não podia mover-se nem um centímetro. Sua cabeça começou a palpitar com força e logo imaginou… Que possivelmente era verdade que não possuía energia porque não havia se alimentado em primeiro lugar.
— Sou um paciente, sabe? Sou uma vítima de um acidente de tráfego! Devo ser levado ao hospital para ser examinado e hospitalizado! Tenho direito de ver um médico!
— Como disse, você é um paciente, não acha que deveria se alimentar melhor? — perguntou Sasha, sem dar atenção ao ofegante Noah. O som de seus passos caminhando pelo corredor ressoou em seus ouvidos.
— Enquanto estiver comigo, não posso te deixar desmaiar por aí como se fosse um cadáver, por isso espero que você coma tudo que eu te der. Ah, e faça isso rápido. Vamos sair depois do jantar.
— Já vamos nos mudar?
— Você mesmo disse que não tinha tempo a perder, não? Pois então, estamos na mesma situação.
— Isso é uma loucura. Não quero fazer isso!
Alguns minutos atrás, Noah disse à Isaac que iria cooperar porque queria aliviar suas preocupações. No entanto, não era como se quisesse fazer o que aquele homem ordenava tão facilmente. Apesar de ter muita curiosidade, não podia acreditar nas coisas que dizia. A “solicitação” que fez foi muito vaga também, por esta razão decidiu contestar. Precisava de tempo para pensar na situação! Mesmo que Sasha evidentemente não tivesse planos de dar um tempo para Noah refletir. Ele estava falando como se não houvesse razão alguma para recusar o pedido em primeiro lugar! Era um sem vergonha!
— Quer café, leite ou chá? — indagou Sasha, ignorando o enérgico Noah. Já tinha colocado o homem em frente a mesa e até lhe entregou um guardanapo para que limpasse a boca. Noah, que estava sentado e sem sapatos, olhou para Sasha e logo deixou escapar um largo suspiro.
— Café.
Sentiu que havia perdido contra ele por alguma razão.
Quando estava pronto, Sasha lhe entregou uma omelete de ovos com verduras, assim como um café aromático que acabara de preparar, junto a talheres muito bonitos. Noah encarou a comida por um momento, enquanto isso, Sasha pegou um prato e sentou de frente para ele.
— Você mesmo fez isso? Por quê? — Noah o encarou como se fosse normal perguntar, logo negou com a cabeça e só segurou o garfo. — Só acho que é surpreendente. Você parece o tipo que não pode cozinhar de jeito nenhum.
— É um preconceito outra vez e acho que é um mal hábito julgar alguém com base em sua aparência.
Desde a noite anterior, Sasha estava chamando atenção a esse comportamento de criticá-lo por seu aspecto. Noah fez beicinho enquanto cortava o omelete.
— Ok, sinto muito. Você é a primeira pessoa que conheço que sabe cozinhar, só estou surpreso.
Isaac, o esposo de seu primo, era uma jóia maravilhosa em todo sentido da palavra… Menos sua comida, que eram puras barras de granola. Félix, seu pai e sua mãe sempre estiveram ocupados com seus próprios assuntos, assim que aquela era realmente a primeira vez que alguém, que não fosse um cozinheiro ou governanta, preparava a comida para ele.
— Não faço isso com frequência. Só cozinho às vezes, quando preciso esfriar a cabeça.
— Para alguém que só cozinha às vezes, está bom.
Noah murmurou isso com a omelete enchendo toda sua boca. Para dizer de outro modo, estava uma delícia, tanto que se perguntou se o homem havia comprado em segredo em algum lugar e estava mentindo para ganhar sua confiança. Noah inclinou a cabeça. Acabava de perceber que havia suspeitado de Sasha desde a primeira vez que o viu junto a ele… Era porque o homem tinha um talento incrível para tudo. Era muito difícil de aceitar.
— Que bom que você gostou.
Sasha respondeu com indiferença e continuou comendo. Noah o observou por um minuto a mais; Seus modos também eram incrivelmente impecáveis. Não abriu muito a boca, mastigou em voz alta, rompeu a postura erguida ou colocou os braços sobre a mesa. Os pratos sequer tilintavam! Quanto mais olhava, mais elegante ele parecia.
— Meu avô iria adorar você.
Noah, que estava encarando Sasha, ainda com os talheres nas mãos, apertou o queixo e cuspiu seus pensamentos de uma maneira completamente sincera. Na verdade, foi lançado sem querer. Sasha, mastigando a comida em silêncio e ergueu o olhar. Suas pupilas eram castanho-escuro, como seu cabelo… E o estavam encarando com muita intensidade. O interior de seu peito tremeu estranhamente devido a isso.
— Vincenzo Felice?
— Uhum. Meu avô é muito estrito no que diz respeito à etiqueta.
— Isso é muito bom.
No momento em que lembrou de seu avô, Noah endireitou a coluna por completo e bebeu seu café sem fazer barulho, como se a voz irritante ecoasse em seus ouvidos. Foi o resultado de receber uma educação terrível desde muito jovem.
— Mas… você tem ketchup ou molho de tabasco? Ou qualquer molho picante que tiver. Qualquer uma está bom para mim.
A omelete estava esfriando até estar em uma temperatura adequada para comer, porém, Noah pensou que era muito sem graça. Sasha, que deixou de se mover pelo que estava ouvindo, olhou para Noah e negou com a cabeça.
— Infelizmente e como você deve ter notado, isso não é um restaurante. Além disso, você esteve morrendo de fome durante mais de um dia, os molhos picantes em jejum não são bons para o organismo. Por isso fiz uma omelete que fosse fácil de digerir.
— …
— Ou seja, cale a boca e coma.
Noah arregalou os olhos.
— Qualquer um que te olhasse diria que você é um cozinheiro de verdade… Ou talvez meu médico de cabeceira.
— Você nasceu em uma casa assombrosamente rica e de todo modo, o chefe da família não te disse o quão importante é se alimentar bem?
— Como o que quero quando quero. Então, doutor, por favor, dê seus conselhos nutricionais a outra pessoa.
Noah jogou um garfo em Sasha e amaldiçoou o fato de estar comendo com alguém tão parecido com Vincenzo. Então, quando disse outra grosseria, um pedaço de ovo que estava mastigando saiu disparado e aterrissou na cara de Sasha. As pupilas do homem se endureceram. Foi um olhar que não podia ser descrito.
— Ah… Opss?
— Quanto mais eu olho, mais eu acho que seu estilo de vida é um desastre. É difícil para você comer e é difícil se mover. Você não comeu por um dia inteiro e estava procurando estimulantes como café, ketchup, e molho picante. Você pode parar com isso.
Um contrato inesperado
— O que foi, bastardo? Você não estava reclamando um segundo atrás que estou magro? E agora não me deixa comer nada!!!
— Olha, pelo menos enquanto estiver comigo, você tem que comer tudo que eu fizer. Sem ketchup, nem molho de pimenta e nos horários corretos. Acorde cedo, coma moderadamente e faça exercícios. Se continuar vivendo uma vida tão miserável, vai morrer cedo.
Confundido com isso, Noah pestanejou e o encarou com olhos arregalados.
— Se eu estiver vivendo mal ou não, morrendo ou não, o que te importa? — perguntou.
— Já te falei, é porque você está comigo.
— E…? Quer me criar como um cãozinho de rua que você resgatou?
— Sequer pensei nisso, mas não é má ideia. Sabe por quê? Porque sou um excelente adestrador de cachorras.
Noah agarrou o garfo com toda força. Suas mãos e braços tremiam de vontade de arremessar o talher naquele rosto bonito. Por outro lado, Sasha mastigava a omelete com uma postura ereta, como se nada tivesse acontecido. De repente, Noah perdeu toda a energia, sentindo como se estivesse brigando demais desde a manhã por um assunto estúpido e, pensando que talvez tudo se resolveria depois que comesse, então cortou seu próprio omelete e o enfiou na boca. Mesmo querendo discutir, na realidade a comida estava incrivelmente saborosa. Não tinha molho, mas o sabor suave não parecia ruim.
E não sabia se isso o deixava mais irritado ou tranquilo.
— Não importa o que diga, no final dá no mesmo. Digo, você planeja me fazer trabalhar — mastigou e engoliu a comida uma e outra vez. Havia comido quase todo seu café da manhã, assim que precisava terminar de falar sobre o trabalho antes de se sentir ainda mais incômodo e não pudesse disfarçar o movimento ansioso de seus talheres. — Você sabe quem sou e ainda assim, não teve medo de me sequestrar.
Ainda que esta não fosse uma situação agradável para Noah, era certo que possuía muitíssima curiosidade por ele. Em primeiro lugar, queria ver se tudo o que Sasha dizia sobre si mesmo era verdade ou tratava-se somente de uma armadilha para mantê-lo enredado. Estava curioso sobre o que ele fazia antes de toparem um com o outro; queria saber que programa estava pirateando, o que ele queria que Noah invadisse e qual era a história por trás de todo esse problema.
— Te trouxe porque não tenho tempo a perder. Era a única coisa que eu podia fazer.
Desta vez, Sasha respondeu mais obstinadamente que anteriormente. Era uma atitude sisuda que não mudou de forma alguma em comparação com a noite anterior.
A língua de Noah congelou ante esse olhar e a maldita expressão que mostrava uma forte vontade de tê-lo trabalhando para ele de alguma forma.
— Então, vamos firmar um contrato. Como você disse no começo. — Sasha arqueou uma sobrancelha diante das palavras tão repentinas de Noah. No entanto, antes que pudesse responder, Noah acrescentou: — Você precisa saber disso, a palavra contrato não é apropriada para nós. Depois de tudo, você me sequestrou e me encarcerou para que não tivesse outra opção senão seguir a onda. Então, obviamente, meu preço vai ser alto.
— Pagarei qualquer quantia.
Sasha encolheu os ombros, como se na realidade não se importasse. Noah sorriu, voltando a agarrar o garfo e faca para cortar o omelete em pedaços
— Vamos, Sasha, meus honorários são muito altos. Além disso, como disse, é um trabalho perigoso, portanto pedirei compensação pelos riscos. Claramente também vou reclamar uma indenização por danos psicológicos causados pelo sequestro e cárcere e… Quero também que você pague os custos de reparação do carro acidentado. Me disseram que o condutor está hospitalizado, então você deve pagar por todo seu tratamento.
Noah meteu uma porção de comida na boca e começou a contar com os dedos cada coisa que estava cobrando. Seus olhos, brilhantes como os de um gato, estavam fixos no homem sentado na frente dele.
— Farei o que você quiser.
De qualquer forma, o cara que continuava comendo simplesmente deu de ombros novamente. Logo, bebeu um gole de café e começou a ler as letras atrás do pote de açúcar. Até segurando a xícara e agindo como um imbecil, podia se dizer que ele era um homem perfeito. Por que estava sentindo que o personagem principal de um filme clássico acabou de sair da tela para a sua mesa? Noah estava contemplando-o com tanto cuidado que imediatamente negou com a cabeça.
— Não, o que é isso? Você tem muito dinheiro? É isso? Como pode dizer que vai me dar o que eu quiser? Tem noção de quanto vai custar? Podia ser uma quantidade astronômica! AHA, já entendi o truque! Está concordando agora para esquecer tudo depois que o trabalho for feito?!
— Não… Como você mesmo disse, te sequestrei e encarcerei nesta casa, fazendo com que você não tivesse como voltar para casa antes que terminasse de me ajudar. É o mais justo.
Suas brincadeiras não eram divertidas se ele não reagisse a elas. Noah só encarou Sasha em silêncio e depois, puxou o cabelo para frente afim de cobrir o rosto porque estava completamente envergonhado.
— Acho que você está vendo muitos filmes…
— Que filmes?
— Ah, sabe como é. Esses de mafiosos.
— Odeio filmes.
— Só mencionei porque pensei que você ia me matar depois do trabalho, talvez.
— Está falando sério? Eu não te mataria nem se você recusasse cooperar comigo. Isso não é o que sou.
Esse homem era realmente muito estranho. Como pôde sequestrá-lo tendo essa personalidade? Quando estava a ponto de morder a língua, Sasha deixou escapar um largo suspiro e mostrou uma expressão escurecendo novamente. Podia sentir como Sasha era alguém com quem não era possível se comunicar… Tão parecidos um com o outro.
— Você é estranho.
— Não. É só que sempre pago um preço justo pelo trabalho. Também não sou uma besta ou um animal. Se tivesse revisado corretamente seu e-mail ou as mensagens de texto, estaríamos fazendo negócios como cavalheiros.
— Naaaaa. Se não tivesse me “sequestrado e encarcerado” não estaria sentado cara a cara com você agora — Noah respondeu, mastigando nervosamente o omelete. Os olhos que lhe diziam que isso era ridículo eram tão intensos que podia senti-los em seu coração.
— Então, esta foi a decisão perfeita. — Todavia, Noah franziu o cenho diante das palavras indiferentes que vieram a seguir: — já que, sabe, consegui que a pessoa que eu queria concordasse em fazer o que preciso. Foi um bom plano no que diz respeito a resultados.
— O que vai acontecer se eu estragar tudo?
Perguntou Noah, forçando seus lábios a baixarem como se estivesse muito irritado. Em seu estado atual, pensou seriamente que podia arruinar o trabalho ou fazer alguma estupidez que de verdade talvez o levasse à morte.
Com isso, Sasha deixou de tomar café e encarou Noah.
— Isso não vai acontecer.
— Como pode estar tão confiante?
Noah sentiu curiosidade e indagou.
— Porque você não pode deixar que a carreira pela qual está tão orgulhoso se rompa por algo como isso. Você irá executar a tarefa com perfeição, à altura de sua reputação.
Quando essa voz grave flutuou através da mesa, sua mente ficou em branco e sentiu como se tivesse batido a cabeça. Nunca tinha ficado sem palavras diante de alguém, mas naquele momento, não sabia o que dizer. Era bizarro. Finalmente, Noah empurrou o prato meio vazio para frente. Foi porque comeu o suficiente para que sua fome desaparecesse ou por causa das palavras inesperadas de Sasha que não queria continuar? O apetite desapareceu…
Noah seguiu com o olhar as costas do homem que estava retirando seu prato.
Abriu a boca impulsivamente e disse:
— Está bem. Digamos que você me trouxe até aqui pensando em quão boa é a minha reputação ou devido a nossa relação passada. Ainda quero uma compensação mas, não. Sasha… Você já sabe, porém, realmente eu não preciso do seu dinheiro.
Sasha virou a cabeça enquanto deixava a tigela na pia.
— Então?
— Me pague com algo mais divertido que dinheiro.
— …
— Você tem que ser mais específico.
Sasha inclinou a cabeça como se estivesse interessado. Pediu que falasse mais, então Noah sorriu. Foi muito brilhante.
— Vamos, é simples. Você… deve encontrar algo interessante e me dar como recompensa por ser um bom menino.
Ao contrário de sua expressão sedutora, sua voz estava cheia de pura malícia.
— Hum… Esse “pagamento interessante” soa como uma recompensa única.
— Claramente é! Como disse, meu preço é alto. Só busco o melhor.
Noah bebeu o café de uma vez e deixou a xícara sobre a mesa com força suficiente para fazer um ruído estridente.
— Então, doutor… — enquanto se sentava, cruzou os braços e inclinou a cabeça em sua direção uma vez mais. — Mesmo que eu possa facilmente descobrir onde você trabalha e que programa criou, precisa me informar tudo até certo ponto.
— …
— Por que você quer que eu destrua o programa que você desenvolveu?
Imediatamente supôs que seria difícil de explicar. Parecia ser perigoso, incômodo e ele talvez não quisesse fazê-lo de imediato. No entanto, continuou sentindo tanta curiosidade que desejou saber tudo. Então, só tinha que escutar primeiro e tirar suas próprias conclusões. De fato, o homem tinha que oferecer uma história suficientemente inteligente e interessante para ter certeza que Noah se agarraria a ele e continuaria ajudando.
Enquanto Noah meditava, escutou o som de “Hi-ik” da cadeira quando foi empurrada para trás. Era o estrondo de Sasha levantando-se de seu assento e arrastando o móvel até raspar o solo com ele. Noah esfregou as mãos ligeiramente e as entrelaçou sem perceber. Foi porque estava nervoso por seu olhar profundo e incontrolavelmente fixo nele. Era estranho, inclusive. Os belos olhos pareciam estar esfriando as pontas de seus dedos até o extremo em que encolheu os ombros para se tornar mais pequeno.
— Acho que terei de trazer mais café para continuar a história.
Era uma voz calma e profunda… Mas ele ainda tinha um mau pressentimento.
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Continua…
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Tradução: Haru
Revisão: Rize