Da Terra ao Céu - Capítulo 08
— Olhando para sua aparência, você parece mais um playboy do que alguém com um doutorado em Ciências da Computação. Você é um programador? Prova!
— Tá bom, só que mais tarde.
— Por que mais tarde?
— Vamos trabalhar juntos, na minha casa.
— Você enlouqueceu? Por que tenho que te seguir para um lugar que não conheço?
Noah fez um ruído estranho e tocou a testa. Sua cabeça palpitava por causa das sequelas do acidente e seu corpo também estava muito machucado e dolorido. Era muito difícil para ele mover um único dedo, sabendo disso, Sasha deixou escapar um suspiro e também se queixou:
— Eu também estou ansioso, porque tenho que confiar em você e revelar tudo que faço, mesmo sabendo que você é uma verdadeira dor de cabeça.
— Então, o que está fazendo?
De alguma maneira, não teve um bom pressentimento. Inclusive se as coisas já estavam bem torcidas, podia dizer com honestidade que era como se tudo caminhasse para um destino perigoso. Ou sentia que era perigoso porque estava se envolvendo com um nerd com aparência de modelo? Bem, isso se essa história de ser um doutor e programador fosse verdade.
Noah imediatamente questionou:
— Por que você estava no Cruzeiro de três anos atrás?
— Porque era uma festa em que funcionários da indústria militar e de defesa se reuniram para compartilhar planos de ação.
— … não era uma festa beneficente?
— Era uma desculpa. Porém, naquele momento, eu não sabia que você era um membro da família Felice.
— Oficiais militares…
Viu-se obrigado a participar devido às ordens de seu avô, mas, isso significava que o propósito sempre foi compartilhar planos de ação? Se esse era o caso, então Félix sabia a verdade.
Ha.
Esse bastardo retardado o enganou de novo? Três anos se passaram mas, quando Noah soube a verdade sobre a festa beneficente desse dia, cerrou os punhos e mordeu o lábio inferior. Quando retornar, definitivamente espancara Félix até o ponto em que seus filhos não o reconheceram.
— Te darei a explicação exata tão logo você diga se vai aceitar ou não o trabalho. Até então, tudo que precisa entender é que sou um pesquisador de um programa relacionado precisamente com assuntos militares. A prova é que estive na festa daquele dia.
As explicações de Sasha podiam ou não ser verídicas.
— Supõe-se que as pessoas formalmente convidadas deveriam vestir fantasias, porém, você não estava. Como vou acreditar que você realmente foi convidado?
Quando Noah perguntou isso, Sasha riu.
— Sua memória não é tão ruim. Você se lembra da roupa que eu estava vestindo há três anos, não significa que você está muito interessado em mim?
— Você tá mal da cabeça, né?
Noah foi indiferente àquela pergunta ridícula. Sasha ergueu os cantos dos lábios e logo, apagou sua expressão inicial e começou a falar bem baixinho:
— Na verdade, me vi obrigado a ir. Senti que não havia lugar para mim ali, então me neguei a usar um disfarce. Não estava com humor para me prestar a um jogo tão infantil como esse.
— Por que te obrigaram?
— Estando ou não relacionados com a indústria militar, a maioria das pessoas a bordo eram empresários. Não me parecia um lugar para que um pesquisador como eu estivesse. E veja bem, acabei subindo no cruzeiro por ordens do diretor executivo da minha equipe.
O tom de Sasha endureceu sem que ele percebesse e por alguma razão, sua expressão também se tornou incrivelmente mais escura. Pensando que era algo que não deveria estar vendo, Noah moveu a cabeça para outra direção.
Ele não parecia estar mentindo. Não sabia porquê, porém, estava completamente certo de que esse cara não era alguém que fazia movimentos imprudentes. Independentemente, seu perfil acadêmico ainda era muito difícil de aceitar. Se fosse verdade, significava que ele passou a vida toda estudando e fazendo provas com… Essa cara e esse corpo tão GOSTOSO?! Não, não importava como pensasse, não fazia sentido. As mulheres não o deixaram em paz, com certeza.
— Me dê seu computador. Vou pesquisar, assim posso investigar rapidamente se o que está dizendo é verdade ou não.
Noah, que estava contemplando Sasha durante muito tempo, disse isso abruptamente. Já que não acreditará em suas palavras, pensou em pesquisar para comprovar as informações por conta própria.
— Desculpe, não tenho um computador nesse momento.
Sua resposta não foi o que ele estava esperando. Noah franziu a testa.
— Por que alguém com um doutorado em Ciências da Computação…? Ou melhor ainda, por que um pirata informático não tem um computador adequado?
— Já falei, porque essa não é minha residência. É apenas uma casa alugada temporariamente para te trazer aqui. Então, se quiser, pode pesquisar se…
— Se eu for com você?
Quando Noah perguntou isso, o homem assentiu tranquilamente.
— Há um ambiente bem equipado lá, onde você pode encontrar toda as informações que deseja sem problema algum.
— Ei, por que eu tenho que ir? É só você me libertar!
— Usei muito esforço para te sequestrar, se te deixo ir agora, tudo estará perdido.
O homem usou a palavra “sequestro” abertamente e sem duvidar. Noah estalou a língua ante um comportamento que definitivamente não podia tolerar.
— Então, por que não me levou até lá diretamente desde o princípio?
— Fica um pouco distante. Não sabia em que condição você estava após o acidente e não queria te levar para lá sem verificar antes.
— Awwwwwn. Estava preocupado comigo?
As sobrancelhas de Noah se moveram para cima e para baixo.
— Não, é só que aqui tenho medicamentos.
Foda-se isso! Era um cara com quem definitivamente não se podia conversar. A ira surgiu junto à vontade de espanca-lo. Era muito raro encontrar alguém tão difícil de irritar com suas palavras. Também fervia seu sangue o fato do homem sempre estar tão tranquilo com a vida, sem sequer pestanejar ou suar. Talvez o tenha sequestrado para irritá-lo? Este era seu passatempo?!
Noah levantou a mão e tocou a cabeça. Necessitava desesperadamente acalmar sua mente.
— Então, leve-me para sua casa logo, sim?
— Tenho intenção de te tratar com o maior respeito possível, sempre e quando você faça o mesmo comigo.
— Aham, sim. Muito lindo. E se eu me recusar?
— Espero que não o faça.
Ao som da voz dura, o sangue fluiu por todo seu corpo. Sentiu-se como se seus olhos estivessem dando voltas e a energia se espalhou até seus pés. De qualquer forma, isso não era nada parecido com uma brincadeira. Afinal, tudo pareceu muito perigoso desde o momento em que o homem ordenou que um caminhão se chocasse contra seu sedã. O homem parecia muito obstinado e tenaz, como se não houvesse deixado uma brecha por onde ele poderia escapar. Claro, era mentira. Se quisesse, podia escapar de seu aperto sem que ele percebesse, contudo…
Noah, que estava mordendo o lábio, ergueu o olhar novamente e encarou Sasha.
— Digamos que você não é um impostor. Porém, Doutor Lambert, como está tão confiante de que posso fazer os truques de computador que você não pode?
— Sasha.
— … Quê?
— Sou Sasha. Em público, pode me chamar de Dr. Lambert, mas não, não precisa fazer isso agora por mais encantador que seja.
— Deus, dê-me forças — Noah pressionou as pontas dos dedos contra uma têmpora que já estava em chamas e, logo, exalou um largo suspiro. — De acordo, Sasha. Acha mesmo que posso fazer algo que você não consegue? Por quê?
Quando questionou, Sasha inclinou a cabeça.
— Para ser mais preciso, não é algo que eu não consigo fazer. É algo com que não deveria me meter.
— Algo perigoso?
— Acho que é algo que estão escondendo de mim.
Depois de pronunciar palavras incompreensíveis, Sasha se levantou e deu um passo para frente. Noah, que o encarou meio jogado sobre a cama, tragou saliva sem perceber e quase começou a tremer. Foi porque sentiu que era incrivelmente intimidante que um homem com um físico tão majestoso se aproximasse de repente. Só dele estar de pé, frente a frente, o fez sentir como se estivesse sendo esmagado por ele. No caso, apenas alcançava seu peito, mas enfim.
— O que você tem que hackear está dentro de nossa empresa. Não posso tocá-lo eu mesmo sem deixar rastro, vão saber que estive ali.
— … Eu não…
— Você já tem um histórico de hackear o FBI e a CIA. Dado que consegue piratear agências sub governamentais, não seria tão difícil invadir o sistema de uma empresa militar, certo?
Noah ficou sem palavras por um momento. Havia entrado nos sites de inteligência do FBI e da CIA um ano atrás porque seu primo Félix, que sempre foi louco, queria descobrir a identidade oculta de Isaac, que agora é seu esposo. Foi um truque que funcionou apesar de estar ciente de que caso fosse pego, morreria ou iria para a prisão. Porém, como Sasha sabia disso? Tinha algo que ele não sabia sobre Noah? Talvez soubesse até mesmo quantos consolos existiam no seu quarto! Teve curiosidade sobre isso.
— Por que diabos está na empresa? O que você pensa que estão…?
— Quero que você veja um programa que eu mesmo desenvolvi.
Foi uma resposta ainda mais vaga. Se fosse um programa que ele mesmo desenvolveu, era o resultado de muito trabalho e ele poderia entrar e sair tranquilamente.
— Mas, ele não é mais meu. Esse é o problema.
Sasha murmurou isso lentamente e se inclinou contra ele. Noah prendeu a respiração… Devido a distância tão pequena entre eles, cada palavra pronunciada podia ser sentida em sua pele. Era como um vapor suave. Foi uma sensação estranha, porque nunca teve as palavras tiradas da própria boca em momento algum e agora, era muito difícil produzir algum som. A sede pareceu aumentar em seu interior, como se sua língua estivesse seca.
— Quê?
As dúvidas flutuaram sobre as íris verde-oliva de Noah. Sasha, observando todas e cada uma das mudanças mínimas em sua expressão, ergueu o canto dos lábios e sussurrou como um segredo:
— Estão me roubando. Estão me usando, Noah. Estão fazendo algo contra mim — a voz pesada, seca e inquietante foi transmitida como se colasse em seu ouvido. — Me ajude.
***
No dia seguinte, Noah abriu os olhos e começou a procurar seu celular. O celular estava sobre o criado mudo, o que o fez pensar quais eram as intenções de sequestrar alguém e não proibi-lo de acessar meios de comunicação. Estava em um lugar onde não podiam encontrá-lo mesmo que pedisse ajuda? O sinal era ruim? Entretanto, ironicamente, o celular funcionava maravilhosamente bem.
Depois de alguns bipes, uma voz que dizia “Olá” chegou através do auto-falante. Estava tranquilo, soava como de costume, então, de alguma maneira, sua própria voz suavizou-se.
— Isaac, sou eu, Noah. Liguei porque com certeza você estava preocupado comigo!
Talvez porque nunca ligou para ninguém no intuito de falar sobre um problema, Noah começou a sentir muita náusea e dor de cabeça. Uma voz um pouco mais alta atravessou o aparelho:
— Noah? Meu Deus! O que aconteceu? Está tudo bem? Está ferido? Estava tão preocupado com você! Félix e eu estávamos assustados achando que você foi sequestrado!
— Não, estou bem. Não é nada demais, não precisa se preocupar.
Sequer podia ver Isaac, ainda assim Noah, sem perceber, mexeu a mão como quando dizia “Não endoida por besteira, cara” e em seguida, começou a rir. Não podia imaginar que Isaac, que sempre estava tão tranquilo e calmo pela casa, revelaria tantas emoções intensas por ele. Ele falou rápido o suficiente para fazer Noah duvidar se aquele era mesmo o Isaac.
Félix teria ciúmes dele por isso?
Quando pensou em Félix, grunhindo, com os olhos pequenos de tanto chorar e perguntando-se toda hora porquê havia sido tão idiota ao ponto de se preocupar por ele, a sensação de estar instalado de forma incômoda começou a melhorar. Noah apoiou as costas contra a cabeceira da cama e sorriu. Então, escutou Isaac suspirar:
— O que aconteceu? O carro se partiu pela metade e o motorista ficou inconsciente e terrivelmente ferido. Você não estava lá, inspecionei pessoalmente e era como se você tivesse evaporado. Concluímos que o sequestro era evidente e procuramos a noite inteira desde ontem.
A voz de Isaac explicando a situação se tornou tranquila, mesmo que estivesse claro que havia uma faísca de cansaço instalado dentro dele. Parecia estar muito preocupado, movendo-se a noite toda apesar de não ter passado muito tempo desde que teve seu bebê. Meio arrependido e meio agradecido, Noah sorriu:
— Lamento muito te deixar preocupado. De fato, também me assustei quando acordei em um lugar desconhecido… de qualquer maneira, não acho que haja uma razão para nos alertarmos. Simplesmente me disseram que utilizaram esse método porque queriam me entregar uma solicitação em pessoa.
— Quem disse isso?
A voz de Isaac pareceu agitada e Noah, que estava tentando explicar a situação da forma mais leve possível, prendeu a respiração. Suas costas enrijeceram e se encheram de suor. Se Noah tivesse que escolher a pessoa mais assustadora do mundo, definitivamente diria que era Isaac. Costumava ser tranquilo e dócil, mas estava ciente de que sua verdadeira natureza definitivamente não era assim. Então, apenas imaginando sua irritação, mesmo que fosse uma ira não direcionada a ele, era inevitável ficar com todos os pelos eriçados.
— Ah… Bom… É alguém que eu conheço! É alguém que… Que conheço há muito tempo e com quem foi difícil seguir em contato. Sim. Já se desculpou, ajoelhou-se e tudo mais.
Obviamente, o descarado sequestrador, Sasha, nunca disse que sentia muito ou se ajoelhou. Contudo, não teve outra alternativa senão mentir para acalmar Isaac.
— Isso continua sendo um sequestro.
Não funcionou. Noah se sentiu envergonhado e balançou a mão novamente.
— Não, não, no início pode ter sido um sequestro, mas… Mas agora não. Posso partir quando quiser, mas por enquanto só quero escutar tudo que ele tem a dizer.
— … Sério?
— Claro! Por que eu mentiria? Se fosse sequestrado e encarcerado, teria ligado para a polícia imediatamente ou pedido para que me resgatassem, não? Olha, até tenho meu celular! Não se preocupe!
Suava profusamente devido ao nervosismo. Nunca, NUNCA, ficou tão nervoso com seu primo Félix, com seu avô Vincenzo ou com seus pais, porém, quando Isaac falava, seus ombros ficavam duros e terrivelmente doloridos. Era porque sabia que se disse uma palavra incorreta, ele iria até lá sem se importar com os acontecimentos ou com o que tivesse que fazer para resgatá-lo. Precisamente, era um fato que Sasha não sobreviveria ao momento em que Isaac se dispusesse a salvá-lo… E definitivamente não queria que algo de ruim acontecesse com ele.
—…..
Não, quê?! Por que estava tão nervoso por causa dele? Tinha medo de que o homem que o estava incomodando morresse? Estava mais preocupado com que Isaac matasse o culpado do que com o que Sasha podia fazer com ele? Era uma ideia absurda!
Noah negou com a cabeça, tentando apagar o sentimento áspero que não podia entender. Nesse momento, a voz tranquila de Isaac acordou-o:
— Noah, se estiverem te ameaçando e você não puder falar, me dê outro sinal. Estou pronto para ir te resgatar a qualquer momento. Agora mesmo, se for preciso.
— Não! Realmente não! Não venha!
O tom de Isaac era assustadoramente pesado. Noah se sobressaltou e agitou a mão no ar como um louco.
Imaginar Isaac invadindo o edifício e atacando Sasha era… Horrível! Incrivelmente doloroso. Contudo, por quê???!!!! Por que continuava se preocupando com esse homem?
— Escuta, eu estou bem. Talvez demore um pouco para terminar e voltar para casa, por isso te liguei. Não se preocupe e… Diga isso também ao louco do Félix. Voltarei logo, é uma promessa.
— Não é uma mentira, certo?
— Haha, entendo que viver com Félix te faça duvidar o tempo todo, mas não é uma mentira. Ah, e certifique-se de manter isso em segredo do vovô também. Já que ele está bem velhinho… você sabe, ele já teve muitas preocupações desnecessárias ao longo da vida. Pobrezinho! Terminarei rapidamente e retornarei sem que você perceba!
Noah, que tinha perdido a energia por um instante devido a chamada telefônica extremamente tensa, encolheu os ombros pela última vez. Isaac deixou escapar um largo suspiro enquanto pensava no que estava acontecendo… E no que tinha que fazer.
— Então, me ligue todos os dias. Se o único propósito desse homem é ter sua ajuda, certamente você será capaz de fazer pelo menos isso.
— Bem, deixe-me perguntar e… Eu vou tentar.
— Não esqueça que Benjamin e Callie estão te esperando, okay?
— Ai meu…! Não faz isso! Pensar neles me dá vontade de voltar.
Por fim, Noah sorriu ante as amáveis palavras de Isaac. Era uma pessoa muito agradável. Com razão era mais querido que seu primo.
— Obrigado por se preocupar comigo.
— Você é da família. É natural.
— Sim… Vou ser rápido. Certifique-se de falar para Benjamin que sinto muita falta dele e que o amo também.
Isaac, que ainda estava preocupado por sua localização, disse:
— Volte logo.
E mesmo que não pudesse vê-lo, Noah assentiu.
Quando terminou a chamada, descobriu que já não tinha nem um pouquinho de energia. Até a mão que estava segurando o celular todo esse tempo caiu como se não pertencesse ao seu corpo. Sequer estava seguro se isso era o melhor a ser feito ou… Se realmente havia perdido a cabeça. Não era mais razoável pedir ajuda e matar o homem que era tão arrogante e egoísta com ele? Um suspiro escapou de seus lábios.
— Era seu namorado?
Um som contundente e grave foi ouvido quando apoiou as costas contra a parede e olhou fixamente pela janela. Ao virar a cabeça, um homem com um físico magnífico e um rosto bonito apareceu de novo na frente dele. Noah franziu o cenho e negou com a cabeça:
— De forma alguma.
Assim, Sasha entrou lentamente no quarto e o encarou.
— Não acredito em você. Sua voz estava tão doce que pensei que estava falando com seu namorado.
Era difícil saber se ele estava sendo sarcástico ou genuinamente preocupado com a existência de um namorado que não existia. Noah sorriu.
— Claro… E você me conhece bem o suficiente para saber como mantenho minha voz com meu namorado — disse Noah, jogando o celular sobre a mesa.
— Pelo menos sei que você não é amável com ninguém… Tampouco disse que o ama.
A voz de Sasha era suave. Noah riu alto:
— Quantas pessoas no mundo podem se dar o luxo de ser amáveis com qualquer um?
— Não alguém que aponta uma arma contra uma pessoa que está descansando placidamente e lhe ordena que coloque o pau pra fora para poder violá-lo. Claro, os ômegas que atiram nos alfas que atuam como idiotas também são extremamente raros.
— Esse momento deve ter te assustado bastante, você sempre menciona isso.
— Correto. Além disso, digo para que você lembre o quão difícil será conhecer alguém como eu, que siga suas vontades durante o sexo.
— Ainda assim, você não deveria me julgar como quiser. No geral, sou uma pessoa racional e amável com quem eu quero.
Na verdade, Isaac e seus sobrinhos Benjamin e Callie eram os únicos a quem mostrava esse comportamento afetuoso. Todavia, podia ser amável com os demais se quisesse… E Sasha era a bendita prova disso.
— Certo… Não farei isso no futuro.
Sasha assentiu lentamente. Era uma resposta tão amável que começou a se sentir incômodo.
— Quando você pretende terminar o trabalho? Quando me levará para sua casa? Não tenho muito tempo, você precisa cooperar para que tudo ocorra bem. Sigo sem acreditar em tudo que me disse, mas vou te dar um voto de confiança por agora.
Noah rapidamente mudou de assunto. A atmosfera que haviam construído ao seu redor era tão desconhecida como simplesmente repugnante. Além disso, naquele instante, ao invés de continuar com o tema sobre seu mesmo, necessitava saber o que aquele homem queria.
— Quer tomar o café da manhã comigo? Para… Conversar.
Porém, no lugar de responder a pergunta de Noah, Sasha fez um convite incrivelmente absurdo. Noah olhou para a janela como fez antes de Sasha entrar. A grande janela de vidro mostrava uma paisagem completa e deslumbrante.
A luz do sol era… Muito brilhante.
— Está muito cedo… É trabalhoso fazer coisas funcionais a esta hora.
— Entendo.
— Você pode trazer o café da manhã para cá?
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Continua…
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Tradução: Haru
Revisão: Rize