Da Terra ao Céu - Capítulo 01
O homem estava olhando para a tela com um rosto inexpressivo. A imagem de alguém estava flutuando na tela. Era uma fotografia frontal de uma pessoa com os ombros expostos.
— Noah Felice.
O homem, que estava olhando para a imagem da pessoa na tela, murmurou baixinho. Houve uma pequena surpresa na tonalidade da voz que pronunciou o nome escrito abaixo da imagem. Em seu rosto, enquanto ele esfregava o queixo com a ponta dos dedos, várias emoções apareceram brevemente e depois desapareceram. Aparentemente perturbado, mas também divertido de certa forma.
O personagem principal da foto que o homem estava olhando ostentava uma beleza extraordinariamente esplêndida. Cabelo longo, loiro ruivo, queixo fino, pele limpa, olhos ligeiramente levantados, como os de um gato, pupilas verde-oliva, nariz alto e lábios moderadamente grossos. Qualquer um poderia dizer que ele era uma verdadeira beldade.
Um leve arco foi desenhado nos lábios do homem que há muito tempo olhava a beleza na tela sem se mover. Mas mesmo isso foi apenas por um momento, e o homem novamente fez uma careta inexpressiva e bateu levemente no teclado. Era uma expressão descuidada e um tanto indiferente.
Como as pontas de seus dedos estavam nervosas, várias janelas informativas apareceram em uma disposição desordenada em vários monitores grandes. A maior parte das informações era sobre Noah Felice, então o homem leu lentamente a longa lista de textos com um olhar impressionado.
Na tela, Noah Felice não era uma pessoa que se destacava apenas por sua aparência deslumbrante. Só o fato dele pertencer a família Felice, já estava longe de ser uma pessoa comum.
Em primeiro lugar, seu avô é Vincenzo Felice, um famoso executivo da máfia italiana, e seu pai é professor em uma universidade reconhecida. Além disso, seu primo, que cresceu como se fosse seu irmão mais velho, era nada mais e nada menos que Félix Felice, um traficante de armas de classe mundial conhecido até mesmo por aqueles que nada tinham a ver com aquele mundo. Era um pano de fundo que só pode ser expresso em termos de quão incrível eles eram.
Além disso, o próprio Noah Felice tinha um perfil que não podia ser ignorado. Ele era um dos maiores hackers do mundo e era considerado o Ômega dominante mais valioso.
O homem, que examinava cuidadosamente as explicações detalhadas, bagunçou o cabelo escuro. Uma leve raiva surgiu em seu rosto entorpecido. Ele cerrou a língua com uma expressão de dificuldade, mas não desviou o olhar da tela.
— Parece que esse relacionamento está destinado a acontecer.
O diálogo interno do homem quebrou o silêncio que pesava sobre o ambiente. No entanto, como se quando disse tal coisa, ele ainda não conseguia tirar os olhos da foto de identificação de Noah Felice na tela. O que ele deveria fazer? Pensou na mesma pergunta várias vezes.
— Agora que encontrei minha princesa, estou ansioso pelo nosso reencontro.
A ponta dos lábios do homem se curvou suavemente enquanto ele falava consigo mesmo novamente. Embora a formação de Noah Felice pareça um pouco complicada, o que isso importa? O sorriso no rosto do homem olhando para a foto se aprofundou. Foi porque teve o pressentimento de que algo muito interessante estava para acontecer quando pensou em Noah Felice, de quem havia esquecido há muito tempo.
‘Tomara que dê tudo certo’. O homem, que olhava para o monitor com um olhar interessante, sorriu levemente. Então ele limpou todas as janelas que estavam flutuando e se levantou de seu assento. Quando o homem deixou seu assento, o grande espaço logo diminuiu silenciosamente. Ao contrário da risada leve que ele soltou, um silêncio infinitamente pesado desceu.
***
Ele ficou deslumbrado com a luz que caiu sobre sua cabeça.
Devido à iluminação incrivelmente brilhante que envolveu o palco, o espaço fora do palco não podia ser visto. O que o cercava era uma escuridão completamente negra, então era difícil até mesmo saber quem estava ao lado dele… Mas definitivamente havia pessoas ali, presas naquela escuridão. Eles se olhavam prendendo a respiração. Ansioso para ver o que ele faria e como o faria.
No silêncio sufocante, Noah exalou muito suavemente… Ele havia feito sua respiração se espalhar completamente pelo ar e estava tão nervoso que sentia como se suas mãos estivessem endurecidas. Então, lenta e cuidadosamente, Noah tocou as pontas dos dedos frios e, dando um passo anormal, avançou.
Esse foi o momento.
A luz, que havia caído sobre sua cabeça, desapareceu com o som de uma máquina sendo desligada. Em um instante, uma escuridão negra, como aquela fora do palco, desceu sobre sua cabeça. Era tão infinitamente negro que nada era visível. Ele respirou fundo para dissipar o medo, mas não havia nada que ele pudesse fazer na escuridão. Só conseguia pensar em ficar ali, prendendo a respiração e como se estivesse enraizado no chão. Suas mãos começaram a ficar frias novamente.
E mais.
E mais.
E cada vez mais.
Noah abriu os olhos e respirou fundo, até que seus pulmões estivessem completamente cheios. Era um sonho, tinha certeza que era um sonho… Mas, mesmo assim, cada canto do seu coração batia com força.
Depois de respirar por um tempo, ele lentamente levantou a mão e a colocou no peito. Seus dedos estavam frios, como em seu sonho. Ele respirou fundo e se afagou novamente, esfregando as palmas, as costas das mãos e os dedos até que o calor retornasse.
‘É um sonho, não passa de um sonho’.
‘Este é o lugar ao qual pertenço.
‘Esta é a minha casa’.
‘Eu sou Noah Felice’.
‘Hacker Noah’.
‘Sou eu mesmo’.
Ele repetiu essas palavras uma e outra vez, como se estivesse lançando um feitiço. Porém, a sensação de estar no escuro, com as luzes apagadas… A sensação de abraçar o silêncio escuro e pesado com todo o corpo não foi embora.
Noah fechou os olhos silenciosamente. Mesmo assim, ele não parou de esfregar as mãos. Ele não podia suportar o frio das pontas dos dedos. Controlando sua respiração, ele apagou à força a imagem residual de seu sonho.
Era um sonho que nunca mais aconteceria. Depois de reconfortar a si mesmo, ele abriu os olhos novamente. Ele não podia deixar o vazio desnecessário e os delírios inúteis o corroerem. Como sempre, ele apertou os punhos e cerrou os dentes.
Era hora de finalmente levantar.
***
— Oh, minha princesa linda é uma grande fabricante de bombas de cocô!
Noah, que havia deitado o bebê no grande sofá da sala, gritou como se estivesse em completo pânico. O que viu ao tirar a fralda de Callie – uma coisinha fofa de apenas três meses – foi uma surpresa verdadeiramente impressionante. No entanto, mesmo que um som estridente tenha escapado de sua boca, o sorriso não pareceu desaparecer do pequeno rosto nem por um momento.
Noah, vestido com uma camiseta folgada e shorts, com cabelos longos e loiros chegando até a cintura, era incrivelmente bonito… Mas ao trocar fraldas, parecia um verdadeiro ancião. Mesmo olhando para a criança, ele gemia, reclamava o tempo todo e movia os braços para cima e para baixo como se estivesse tentando espantar uma mosca. Era diferente da foto imperturbável de identificação que aparecia na internet, onde estava elegantemente vestido e arrumado. Sem dúvida, o fato de ser uma “beleza linda” parecia nunca mudar.
E Noah, que se destacava mesmo quando estava muito mal vestido, começou a trocar a fralda do bebê com uma expressão um tanto estranha no rosto. Como se limpar o cocô de Callie fosse uma missão de vida ou morte.
— Vamos, vamos, fique quieta! Bom, você está indo muito bem.
Noah não era o pai do bebê. Na verdade, poderia-se dizer que eram companheiros de brincadeira. Ele tinha a maturidade digna da pequena criaturinha ao seu lado.
Callie era a segunda filha do primo materno de Noah, Félix Felice, e do ômega Isaac, que se ligou a ele. Mas Noah estava tão familiarizado com os pais de Callie, Félix e Isaac, quanto estava acalmando o bebê e trocando suas fraldas. Durante o dia, quando os pais de Callie iam trabalhar, Noah era o principal cuidador da menina. Claro, havia uma babá cuidando do bebê e até dormindo na mansão. Mas quando Noah não estava ocupado, ele assumia a responsabilidade de cuidar de seus sobrinhos em vez de confiar a tarefa aos outros. Era toda uma experiência cuidar de um bebê tão recém-nascido. Mesmo que acordasse tarde pela manhã, assim que Noah abria os olhos, corria rapidamente até Callie e começava seu dia segurando o bebê contra o peito.
Aproximadamente três meses após o nascimento, ela já havia ganhado muito peso. E agora a pequena criaturinha era tão fofa e bonita que ele não se cansava de olhá-la o tempo todo. Com cabelos negros e cacheados, olhos azul pálido e bochechas rosadas, Callie era literalmente um bebê adorável, como uma bonequinha. Então, como ele poderia se cansar de abraçá-la tanto? Além disso, não diziam que o amor pelos sobrinhos era bastante comum? Noah, que às vezes estava ocupado mordendo e beijando repetidamente seu primeiro sobrinho, Benjamin, também passava a maior parte do tempo elogiando seu segundo sobrinho, Callie. Sempre a abraçava e começava a dizer como ela era bonita. Foi uma vantagem adicional quando começou a tirar fotos em seu celular porque, mesmo que alguém pegasse o aparelho para ver alguma coisa, só apareciam fotos de bebês uma e outra vez.
Mas hoje, assim que Noah pegou seu celular para tirar uma foto de Callie, a menina corou intensamente e depois fez cocô ruidosamente. Noah, que teve que trocar a fralda dela – arruinando completamente sua chance de tirar uma foto – observou o bebê com um olhar cheio de carinho enquanto reclamava. E olhando para baixo, para a sujeira de Callie, de repente se aproximou como se estivesse realmente surpreso:
— Não, como você faz isso sendo tão pequena! Tudo o que você come é leite. Como você pode fazer tanto cocô? Sua barriguinha gordinha deve ser toda de cocô. De qualquer forma, como você pode produzir mais do que consome, garotinha? Droga, até suas roupas estão todas sujas!
Noah pegou alguns lenços umedecidos e enxugou suas nádegas e coxas, repreendendo-a e culpando o bebê enquanto a chamava de “fabricante de bombas de cocô”. De qualquer forma, agora Callie, a bebê de cabelos pretos de 3 meses, estava apenas sorrindo suavemente e mexendo como se estivesse muito feliz. Na verdade, ela parecia se sentir muito melhor depois de fazer cocô. Mais descansada.
— Garota, estou falando sério, não ria. Você deveria ser mais atenciosa. Sabe o que vai acontecer com a sua merda se você se debater assim? Isso vai me espirrar!
Mesmo enquanto murmurava, Noah mal conseguiu conter o sorriso. Depois de Benjamin, sua segunda sobrinha, Callie, parecia tão radiante que não pôde deixar de rir alto. Mesmo sendo uma menina que defecava muito, como coquetéis molotov, a verdade era que ela era muito, muito bonita.
Benjamin tinha três anos quando se conheceram. Ele só o tinha visto como um bebê em fotografias, então, na realidade, Callie era a primeira garotinha que ele segurava nos braços. Era natural ver a recém-nascida e pensar que ela era curiosa e fofa. Opinar que era bonita quando mal abria os olhos e também, que era fofa quando apertava os punhos e chorava até que seu rosto ficasse completamente vermelho. Era tão pequenina e tão linda que ele a carregava nos braços o dia todo, sorrindo e rindo sem parar.
— Sim, come muito, faz muito cocô e cresce muito rápido também. E quando fizer isso, não esqueça que seu tio recolheu todas as suas ‘bombas de cocô’. Entendeu? Você me deve muito.
Foi quando Noah acabara de limpar toda a sujeira dela que percebeu que havia muito barulho lá fora. Depois, parando para ouvir, ouviu alguém entrando na sala de estar dando passos fortes e pesados… E, logicamente, sabia muito bem de quem se tratava. Quer dizer, era lógico.
— Você trocou a fralda da bebê? —Perguntou Isaac, que acabara de abrir completamente a porta. Noah franziu a testa e assentiu diante da aparição desse personagem que, é claro, não era diferente do que ele esperava.
— Sim, mas vou ter que dar um banho nela porque está completamente suja. Sério, Isaac, o que você deu a ela? Um frango inteiro?
Diante da resposta de Noah, Isaac riu baixinho e se aproximou lentamente dele. Isaac era o ômega que se ligara ao primo de Noah, Félix. Seu melhor amigo e pai de Benjamin e Callie. E era surpreendente que Félix, que agira como se fosse um perdedor que nunca se casaria em sua vida, se apaixonasse por aquele homem tão repentinamente. Era muito estranho, mas eles tinham até dois filhos. Poderia dizer que era uma pessoa que lhe lembrava que milagres realmente existiam.
— Ah, cheira muito mal.
Quando estava prestes a olhar para Isaac, com um sentimento estranho subindo em seu coração, Benjamin, que o seguia, apertou o nariz e começou a reclamar. Claro, mesmo assim, o menino correu para o lado da bebê porque realmente queria ver Callie depois de ouvir a voz dela toda a manhã.
— Benjamin, como foi na escola?
Ao contrário de Callie, que herdara os cabelos escuros de Isaac, Benjamin tinha cabelos completamente loiros e brilhantes. Era igual a Félix quando criança. Sua cópia abençoada. Ele assentiu com a cabeça, mostrando que, como o primeiro sobrinho, também era o sobrinho mais bonito do mundo inteiro.
— Bem, tio.
— Agora, o que você deve fazer quando vê seu tio?
Ao digno pedido de Noah, Benjamin sorriu timidamente e o beijou na bochecha, emitindo um som “estalado” com a boca. Feliz com a resposta carinhosa, Noah disse que definitivamente morreria de amor porque era bonito e completamente maravilhoso e, em seguida, começou a apertar as bochechas de Benjamin, movendo-as de um lado para o outro até aproximá-lo do peito. As bochechas de Benjamin eram muito macias, então ele pensou que poderia apertar, apertar e morder o dia todo.
— Obrigado.
Enquanto brincava com Benjamin, que ria às gargalhadas por todas as cócegas que recebia, Isaac estendeu as mãos para pegar sua filha. Então, Noah soltou Benjamin de seus braços e olhou para Isaac:
— Não faça nada. Fique aí mesmo. Eu vou trocar a fralda da minha sobrinha, certo? Posso fazer isso sozinho.
— Ainda assim, não é fácil, não é? Trocar fraldas e cuidar dela ao mesmo tempo.
Como de costume, Isaac agradeceu a Noah enquanto o homem fazia um gesto com a mão como se dissesse que não era grande coisa. Nem havia motivo para receber um agradecimento por um trabalho para o qual ele se voluntariou em primeiro lugar.
— Mas agora, ela precisa tomar um banho. Tire um tempo para descansar.
Isaac, que estava segurando e examinando Callie, que estava tão cheia de cocô que o vazamento da fralda estava prestes a acontecer, logo entregou o bebê nas mãos da babá. Ela a abraçaria, a daria um banho, a trocaria e a traria de volta vestida com roupas bonitas e quentes. Enquanto Callie ia se lavar, Isaac e Benjamin se dirigiram imediatamente para a cozinha sem dizer mais nada. Era a hora do lanche para Benjamin, pois ele acabara de voltar da pré-escola. Era meio que o pequeno ritual deles.
Noah deu de ombros e os seguiu até a sala de jantar para se sentar com Benjamin à mesa, que já estava esperando com um belo lanche feito por seu pai. Hoje, eles serviram nuggets de frango, frutas e leite em uma xícara. Isaac ofereceu o mesmo lanche para Noah que para Benjamin, então o homem parecia não ter outra escolha senão olhar para o prato e sorrir:
— Parece que sou um estudante da pré-escola. Que lembranças.
— Desculpe, eu sempre como a mesma coisa que o Benjamin. Quer que eu mande fazer algo diferente?
Isaac perguntou isso com os olhos bem abertos. Parecia ter entendido errado e pensava que Noah odiava receber os mesmos lanches que o menino. Noah negou com a cabeça imediatamente:
— Não, não precisa fazer isso. Eu gosto muito dessas coisas.
— Fico feliz.
— É o sabor da juventude.
Noah começou a segurar um garfo para mergulhar os nuggets de frango com muito ketchup. Na verdade, parecia haver mais molho de tomate do que comida em sua mão. E seguindo Benjamin, que comia tudo fazendo “nham, nham, nham”, ele deu uma mordida enorme e mastigou de um lado para o outro. Certamente estava delicioso. Os lanches para crianças eram muito saborosos, embora não parecessem. Noah nunca pensou que nuggets de frango fossem tão bons.
— Está realmente delicioso, melhor ainda porque estou com o Benjamin.
Ele estava sorrindo e comendo como uma criança, então Benjamin também sorriu enormemente. Se Félix visse Noah comendo enquanto conversava com o menino, poderia tê-lo ridicularizado dizendo que ele tinha a mesma inteligência que uma criança do jardim de infância. “Você precisa de ácido fólico”, algo assim. A única coisa que podia evitar esse encontro desconfortável era que Félix estava em uma viagem de negócios em Nova York neste exato momento. E graças a isso, Noah pôde sentar-se confortavelmente ao lado de Benjamin e desfrutar de lanches e do conteúdo sincero de seu coração.
— Você gostaria de ter filhos?
— Agvdubho, cof, cof.
Isaac, sentado diante de um Noah de trinta e três anos que se dava bem com uma criança do jardim de infância chamada Benjamin, fez uma pergunta completamente inesperada. Noah, que estava comendo nuggets de frango, que eram mais molho de tomate, começou a se engasgar tanto que até levantou os olhos.
— Mas o que você está dizendo? Eu ter filhos?
Perguntou Noah, apontando para si mesmo de maneira muito dramática. A ideia de que fosse uma pergunta sem sentido estava expressa em seu rosto tão evidentemente que todos notaram. Mas Isaac foi tão direto quanto sempre. Ele apenas o olhou e assentiu com a cabeça:
— Qual é o problema?
Noah o encarou por um momento, com uma expressão de perplexidade impressionante:
— De jeito nenhum, zero, nunca, jamais, bate na madeira, prefiro morrer. Não. Odeio só de pensar em ter filhos.
— Benjamin e Callie são tão fofos. E você já troca fraldas.
Isaac disse isso com um pequeno sorriso nos lábios. Noah fez um bico, mostrando sinais de odiar ser alvo de piadas só porque agora Félix não estava presente.
— Bem… Não é meu filho, então são fofos. Porque é meu sobrinho, é bonito. Posso devolvê-lo. Não é meu bebê! Ter meu próprio filho é demais para mim. Quando você tem um filho, tem que cuidar dele pelo resto da vida. E isso é demais. Não tenho responsabilidade nem senso de tempo. Já é difícil cuidar do meu próprio corpo. Você sabe que minha resistência é fraca.
Foi uma resposta sincera e uma opinião honesta. Noah sabia muito bem que não tinha as qualidades para criar uma criança, um ser humano ou qualquer ser vivo. Não apenas crianças, mas também animais ou plantas. Cuidar e criar algo era um trabalho que exigia sacrifício e dedicação baseada no carinho. No entanto, em sua vida, Noah nunca valorizou algo o suficiente para dedicar seu tempo e trabalho mental e físico a isso. Claro, nunca sentiu amor. Conhecia apenas a si mesmo. E talvez fosse até um pouco egoísta pensar nisso. Ele não gostava das pessoas e não se considerava um bom cidadão. Como criaria um filho sendo assim? Além disso, tinha efeitos colaterais graves com as feromônios alfa. Em vez de se excitar com as feromônios como outros ômegas, Noah se irritava e vomitava. E se seu filho fosse alfa, como o tocaria tendo tal constituição? No entanto, sair com uma mulher beta era quase impossível devido à sua inclinação. Seja como for, significava que estava longe de ter um relacionamento, casamento ou filho.
— Mas, para compensar isso, Félix e Isaac tiveram filhos. Tudo o que preciso são Benjamin e Callie.
Benjamin saiu apressado da mesa dizendo que iria ver Callie porque havia terminado todos os seus lanches. Noah sentou-se com Isaac e bebeu de uma xícara enorme de leite, como Benjamin.
— Ha.
Depois que Benjamin desapareceu e em um breve silêncio, Isaac assentiu. Parecia concordar com ele e entendê-lo. Noah o olhou com o queixo apoiado na mão e pensou que essa era uma das razões pelas quais achava que Isaac era tão bom. Se fosse como outras pessoas, com pensamentos corrompidos, diria que era um absurdo. Que o traço ômega dominante que ele tinha estava sendo desperdiçado nele e todo tipo de coisas. Mas Isaac nunca colocou essas palavras em sua boca. Era apenas que ele tinha curiosidade sobre o futuro de Noah. Não criticava os outros imprudentemente nem os comparava com base em seus valores subjetivos. Uma pessoa assim era confortável e agradável. Talvez por isso, diante do poderoso Isaac, Noah sentiu que não queria revelar seu lado ruim. Até mesmo na frente de Benjamin, que era como Isaac, sempre quis ser um bom tio. Um bom homem. Queria esconder sua natureza ruim e parecer uma boa pessoa, mesmo por fora.
No passado, Noah odiava Félix. Não gostava de vê-lo, exceto quando estavam trabalhando. Porque era brilhante e engraçado, bonito, popular, e Noah Felice estava perto do mal. Mas se perguntassem se isso ainda era verdade agora, ele realmente diria que não. Quer dizer, antes, ele pensava que assim como as pessoas nasciam sem intenção de nascer, as pessoas não mudavam até morrerem. No entanto, percebeu que havia mudado um pouco, de alguma forma. E isso foi depois que Félix trouxe Isaac e Benjamin para sua vida. Costumava agir sem hesitar, seguindo seu instinto, mas ficou mais cuidadoso com suas palavras e ações, e começou a se preocupar com as pessoas sem perceber. Foi uma mudança pequena, mas significativa. Benjamin e Isaac mudaram Félix e o próprio Noah de maneiras incríveis.
— Félix tem um homem maravilhoso como marido. Ele não merece você.
Continua…