Com amor Benjamin - Capítulo 10
O carro estava absolutamente calmo. Às vezes, o som de chocalho era ouvido quando havia um movimento muito brusco, mas fora isso era tão calmo como se todos estivessem mortos. Ninguém falava. O carro não tinha janelas e o banco do motorista estava dividido. O interior era espaçoso, mas não havia assentos comuns. Em ambas as paredes, tinham algo parecido com um longo banco de metal e quinze homens, totalmente uniformizados e de aparência forte, estavam sentados justo ali. Não havia cintos de segurança, então todos se moviam de um lado para o outro. Tinha um garoto que tocava a ponta dos dedos o tempo todo, um que limpava os sapatos e muitos outros que ficavam com os olhos fechados, como se estivessem tirando uma soneca… Os que ainda estavam de olhos abertos apenas se olhavam, e então, observavam o sujeito sentado ao lado de Lucca. Algumas pessoas o conheciam, outras apenas ouviam rumores: era o marido do Sr. Félix, Ômega, enlaçado, e agora o líder da equipe.
No início, estavam completamente em desacordo. Suavizaram sua reação apenas graças às palavras duras de Lucca, mas é claro, as reclamações continuam muito fortes.
— Temos que seguir as palavras de um Ômega, é sério?
— O que isso vai nos ajudar? A perder?
— Só mais um obstáculo.
Ou foi o que disseram… Até que o homem problema, comumente chamado por todos de “O Ômega”, finalmente se mostrou diante deles.
Em um momento, todos os garotos insatisfeitos endureceram o rosto e fecharam a boca. Havia mais medo em seus olhos do que a dúvida e a zombaria iniciais.
— Isso é um Ômega?
— Nunca havia visto algo semelhante.
Os guardas, que engoliram a saliva com muita força, olharam para Isaac com um olhar extremamente confuso. Que demônios foi aquilo? Ele usava uma camisa preta de gola alta, calça preta e um colete à prova de balas preso a um corpo musculoso. Parecia bastante cruel, com aqueles olhos negros e aquelas luvas de couro reforçado. Alguns achavam que era um cara legal e outros achavam que era uma piada. Segurava uma submetralhadora, não uma pistola comum.
Enquanto estava com Noah fazendo um teste em seus fones de ouvido, os espectadores apenas deram de ombros e trocaram dúvidas silenciosas. Havia uma sensação perigosa e avassaladora que fez com que todos ficassem em silêncio… É assustador! É realmente assustador! Todos os presentes continham sua respiração e olhavam a Isaac. Nem sequer podiam perguntar algo porque não ousariam fazer! Era um daqueles que dava a ilusão de ser um líder nato e de ter participado de muitas lutas sangrentas. Esse cara é o companheiro Ômega de Félix? Era difícil de acreditar…
O Chefe Félix tem um gosto muito incomum.
Os garotos, ainda nervosos com a figura de Isaac, caminhavam atrás dele como pequenos gatos fugindo de um cachorro enorme. Andavam no mesmo carro e depois disso, alguns fingem estar ocupados com outros assuntos, enquanto a maioria prefere fingir que está dormindo. É um lugar incômodo, claro… E é difícil até piscar quando se está sentado no mesmo espaço. Apenas Lucca parecia ser capaz de olhar e falar com ele de vez em quando, mas ele nem sequer olhava para mais alguém, nem se apresentava, ou pelo menos dizia “olá”.
Eles só podem, suspirar brevemente e desejar chegar ao seu destino o mais rápido possível.
Isaac sabe o que estão pensando, então se endireita e olha para frente… Mesmo que não seja uma pessoa com muitas mudanças em sua expressão facial, seu rosto está muito mais duro do que pensou que estaria. Era difícil estar ali conhecendo a razão. Isaac encostou a cabeça na parede e fechou os olhos como os outros homens fizeram. Deus, parece que ainda faltam horas e horas para chegar, como se o tempo não estivesse realmente passando. É apropriado dizer que eles entraram no veículo e designaram o pessoal assim que amanheceu? No entanto, desde o momento em que deixou Benjamin no hotel e disse que o amava, ele estava pronto para sair imediatamente… E lutar.
Era uma situação que se desenvolveu aparentemente de forma rápida… E tudo começou quando Theron ligou.
Vincenzo foi bastante paciente com as ordens e necessidades de Theron, tentando ganhar o máximo de tempo possível para que Noah encontrasse sua localização…
Estava relaxado, falando o que era necessário, mas sutilmente prolongando a conversa até que ouviu dizer à sua direita:
— O Encontrei!!
Mas Vincenzo não podia comemorar.
— Você não acha que eu posso matar Félix? Acha que irei parar só porque é o meu sangue? Ele é seu neto, mas não o considero meu filho. Além do mais, a qualquer momento posso pensar em enfiar uma navalha em seu pescoço enquanto está dormindo e, acredite, ficaria feliz em vê-lo morrer.
— Você…
— Então, antes que você me faça falar e ouvir bobagens, diga-me quem você acha que está em desvantagem neste jogo?
Vincenzo era o tipo de homem que sempre agia com sangue frio. Firme e imperturbável… Mas sua boca se curva sempre que respondem de uma forma tão intimidante. Seu rosto parece estar cheio de raiva enquanto olha para frente, como se Theron estivesse ali.
— Por favor, traga a lista. E talvez, apenas, talvez, pense em um bom negócio para você e para mim.
— Você é bastante atrevido, não é?
— Não o suficiente. Se fosse, diria algo como “sinto muito ter deixado você com Félix há 33 anos atrás”.
Theron falou lentamente, então Vincenzo ficou em silêncio novamente. Sua voz, ainda ouvida pelo fone de ouvido, tinha um tom assustador.
— Vou ser honesto. Naquela época, eu deveria tê-lo matado. Acho que tive um momento de fraqueza, mas você sabe o que… Não é tarde demais para corrigi-lo. Então, seja bonzinho, me dê o que peço ou vou estrangulá-lo com meu cinto. Com força.
—… Meu neto me contou o que acha que você fez. Ou melhor, o que eu já sabia, mas não queria aceitar como realidade. Sobre Elena.
—… Tenha cuidado com isso.
— Cuidado com o quê? Você está ameaçando matar meu neto assim como matou minha filha!
— Foi por Félix! Tudo o que aconteceu foi por causa dele!
— Foi você, seu filho da puta!
A mão de Vincenzo, que segurava seu telefone celular, tremia com força. O mesmo aconteceu com as pessoas que estavam ouvindo sua conversa.
Theron ficou em silêncio por um longo tempo graças ao grito furioso de Vincenzo, no entanto, ele de repente respirou fundo e abriu uma nova frase:
— Eu a salvei, Sr. Prixel.
— O que?!
— Eu a salvei, mas agora você finge não saber de nada enquanto age como um avô generoso e amoroso na frente de Félix…
A voz de Theron, que era alta o suficiente para parecer um tanto escandalosa, abaixou até ficar muito pequena… Noah olha para Vincenzo como se dissesse: “pare já com isso”. Mas o rosto do velho, que estava absolutamente obscuro, agora também parece prestes a explodir. As veias em seu pescoço eram até perceptíveis, latejando.
Estava esperando uma nova frase de Theron, mas ele não respondeu mais.
Acabava de desligar o telefone.
O celular, que Vincenzo jogou contra o chão com toda a fúria do mundo, tocou e estalou ruidosamente antes de explodir em pequenos pedaços de vidro. Sua respiração está pesada, embora Noah tenha se levantado para segurá-lo pelo ombro e lhe oferecer um copo d’água.
— Calma, vovô. Isso é o que ele deseja alcançar.
— Bem, está fazendo um bom trabalho.
Vincenzo resmungou, mas conseguiu beber um grande gole d’água até que o copo estivesse quase vazio. Até que ponto sua raiva era vermelho o suficiente para parecer roxo? Ele nem parecia ser capaz de falar com alguém ou pelo menos levantar os olhos…
Quando cerrou o punho mais uma vez, levantou a cabeça e olhou para os homens sentados ali. Noah, Lucca e Isaac estavam em sua frente. Todos eram próximos a ele, de alguma forma.
— Como Noah disse, temos a localização. Só precisamos nos preparar.
O tom baixo e pesado de Lucca foi ouvido por todo o quarto e depois disso, o som de descontentamento apareceu um por um. As opiniões foram divididas.
— Vovô, eu quero te perguntar uma coisa.
Isaac, que havia ouvido tudo adequadamente, abriu seu discurso. Era uma voz indiferente, como sempre. Como se estivesse conversando regularmente sobre o clima ou os presentes de Natal.
Vincenzo voltou os olhos para ele:
— O que?
— Eu quero ir encontrar Félix também.
— Isso… Não me importo se quiser, mas…
— Então é isso.
Em resposta às palavras calmas de Isaac, Vincenzo ergueu as sobrancelhas… Era óbvio que ele estava esquecendo isso, independentemente do que dissesse. Como membro da máfia, não é difícil encontrar um homem para lutar pela causa, então… Está tudo bem em deixá-lo fazer o que quiser? Nas polícias militares e especiais existem equipes de repressão responsáveis pela gestão dos reféns e na verdade, é que funcionam de forma muito diferente e sob regras bastante estranhas.
— Você realmente acha que pode?— Lucca franziu a testa e olhou o homem de cima a baixo como se ele tivesse esquecido que todas as cicatrizes em seu rosto e braços, haviam sido feitas por Isaac. — Quero dizer, esta não é uma luta de quintal, você entende? Eles são Alfas, e Alfas durões. Em sua maioria dominante. Eles não vão lutar de forma justa apenas por você e, desculpe… Mas você ainda é um Ômega.
Isaac pensou no que estava dizendo e acenou com a cabeça. Ele tinha fingido durante toda a sua vida que era um Beta, no exército e fora dele também. Por tanto tempo que as coisas pareciam completamente diferentes de quando parou de fugir e aceitou que era um Ômega. E é verdade… Ser um deles era uma desvantagem completa em um mundo que parecia determinado a vê-los morrer sob os pés de todos. No entanto, ele era corajoso, estava orgulhoso de si mesmo e estava cansado de todos pensarem que ele ainda não era o suficiente.
— Se você está com medo, pode ficar.
— Espere filho, Lucca tem razão. Por exemplo, quanto tempo você esteve no exército agindo como um Ômega realmente? Você é forte, isso ninguém lhe tira… Mas nós nem sabemos se você pode atirar corretamente porque nunca o vimos fazer. Entendeu o que eu digo?
Mas as reclamações não puderam ser concluídas. Em um instante, Isaac já segurava um Colt semiautomático que aparentemente usava no cinto o tempo todo… E ele o segurava na frente do rosto de Vincenzo. O movimento de soltar o alfinete de segurança e puxar a corrediça foi tão rápido que até pareceu imperceptível.
Ele disparou a centímetros dele… Na verdade, ele podia sentir passando pelo ouvido. A postura era tensa e a boca da arma apontava com precisão.
O ar parecia ficar mais pesado, mas Isaac estava lá, segurando a arma e apontando para a cabeça do homem como se não tivesse medo do que poderia ou não acontecer. Bem entre suas sobrancelhas. Parecia que ele puxaria o gatilho a qualquer momento, assim que abrisse a boca novamente…
Os homens de Vincenzo se reuniram em um piscar de olhos.
— O que diabos você está fazendo? Você está louco!?
— Senhor… Agora mesmo vou provar o quão bom sou atirando em uma pessoa. — Sua voz não tremia e estava fria o suficiente para que todos sentissem também. Sua pupila negra não parecia demonstrar emoção enquanto seu pobre oponente já estava rangendo os dentes. — Eu me pergunto onde eu deveria fazer isso para impressioná-los. Em um olho? Ou lhes interessa ver como eu faço um buraco nos dentes dele? O sangue respinga tanto assim…
— Isaac…
Mas o homem, com a arma apontada exatamente para cada parte que mencionou, na verdade tinha uma atmosfera bastante calma ao seu redor.
— Vamos, abaixe a arma imediatamente.
— Não. Eu vou apagar todas as informações sujas e estúpidas que este mundo tem sobre os Ômegas eu mesmo, prometo. E se esta é a única maneira de fazer isso… Então eu vou fazer.
— Noah, pelo amor de Deus, faça algo você mesmo então!
Noah e Isaac pareciam ser bons amigos, então Vincenzo o chamou como um recurso desesperado. Mas então “Tang” Noah jogou seu tablet na mesa e fez um barulho bem alto. Ele era um homem silencioso quando estava na frente do computador, mas, fora isso, ele também era famoso por sua personalidade altamente explosiva. Ele ergueu os olhos:
— Eu também estou farto de ver todo mundo falando sobre os Ômegas como se eles fossem estúpidos. Qual é o sentido de Lucca, vovô? Porque eu posso apostar na frente dos dois que ninguém pode vencer Isaac, ninguém pode trazer Félix de volta além dele! E ninguém pode encontrá-lo além de mim!! Droga, vovô! Eu também sou um maldito Ômega! E a verdade é que estou morrendo de vontade de ver como ele perfura sua cabeça ou a de Lucca se com isso você conseguir acordar… Você, ele, todos os Alfas sujos falam muito. Agora vão ter que ouvir.
A energia desconfortável das palavras de Noah corre como água fria por toda a sala, ninguém disse nada. Até Lucca, que começou com o ataque imprudente a Isaac, apenas se senta e levanta as mãos como se pedisse calma. Ele estava balançando a cabeça e aceitando… Embora todos pensassem que ele iria reagir fortemente após o óbvio ataque ao seu senhor.
Isaac foi o primeiro a quebrar o silêncio constrangedor.
— Bem, isso certamente foi o suficiente. — No silêncio ainda sufocante, a breve oração de Vincenzo fluiu como um suspiro. — Uma atitude maravilhosa… Com certeza vou levá-lo para a Itália quando isso acabar.
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Isaac, ainda segurando o Colt nas mãos, deixou-o cair com muita violência contra a mesa da sala. Era a arma que Tony carregava no cinto da calça quando o levou para o hotel, então ele supôs que mais tarde teria que se desculpar com ele por pegá-la sem dizer nada.
Finalmente, Isaac se sentou em frente à Noah. Deus! O que está fazendo? Ele não tem tempo para lutar, porque sua maior prioridade é encontrar Felix!
Isaac se endireitou e olhou em volta: eles estavam completamente em branco, então ele pensou, seria bom aprender a esmagar as pessoas apenas com as palavras. Assim como Noah. Elegante, lindo e intimidante… Mas Isaac só conseguiu fazer o último.
Como seja.
Ele começou a se concentrar nos problemas que viriam. Inferno, eles estão em um ótimo lugar. É o maior porto do sul da Califórnia e muitos dos navios que atracam vêm do exterior. Como poderia fazer uma inspeção de todos eles? Os homens de Vincenzo estavam investigando se Theron estava se escondendo dentro de um contêiner ou de um navio… Embora, na realidade, fosse um pouco difícil entrar em todas aquelas áreas protegidas com a rapidez necessária.
Isaac olhou para o tablet que Noah jogou na mesa e verificou a rota. Theron está perto de Long Beach, muito próximo da autoestrada central. Porém, era mais fácil acreditar na teoria de que estariam procurando uma rota marítima… Mas ainda assim não é estranho? Por que Theron revelou sua posição? Não acreditam na história de que ele não soubesse do rastreamento então, é como se ele quisesse que fossem até ele.
Mas o que mais eles poderiam fazer quando a vida do seu marido estava em risco?
— Então? — Vincenzo, que estava com o queixo na mão, olhou para Isaac. — O que vamos fazer Senhor da Marinha?
— Não há outra escolha, não é?
Isaac respondeu sem hesitação, mas os olhares de todos os outros parecem estar completamente nervosos. Isaac sabia que havia a possibilidade de que isso fosse apenas uma armadilha para perder seu tempo e que Félix poderia não estar lá, mas em um lugar mais remoto.
— Até mesmo pequenas migalhas de pão levam a uma casa, não é?
— Nós partiremos imediatamente.
— Bem… Tony tem os contatos. Felizmente este é o território de tráfico de Félix, então podemos trazer qualquer arsenal que você precisar aqui.
Isaac, que estava ouvindo tudo com muita atenção, fechou os olhos por um momento enquanto apenas balançava e balançava a cabeça… Então, ele olhou para ele. Uma pupila negra intensa.
— Mas primeiro, há uma coisa que eu quero saber.
— O quê?
— Qual é a lista de que Theron está falando? Onde está?
Diante da pergunta direta de Isaac, Vincenzo ergueu ligeiramente as sobrancelhas. Seus dedos batiam constantemente tak, tak, tak contra a mesa até que se tornasse bastante irritante. Depois de um tempo, Vincenzo, que ainda pensava no pedido, acabou se levantando. As pessoas que estavam sentadas ao lado dele se levantaram em uníssono.
— Isaac, Noah, posso falar com vocês em particular?
A voz do homem estava absolutamente clara. Ele não quer falar sobre a lista ali, e Isaac entende isso perfeitamente.
— Lucca, comece a alistar as armas e os homens necessários. Encontrar Félix é a principal prioridade, então Isaac está no comando. É a missão dele, então se você ver algum filho da puta que não segue a Isaac ou age de forma rude, vá e coloque uma pistola na boca dele. Se necessário, mate um para servir de aviso.
Aprofundando as rugas sob os olhos, Vincenzo ordenou tudo isso com uma atitude terrivelmente severa. Lucca não teve escolha a não ser abaixar a cabeça às ordens do chefe, mas, mesmo que ele não tivesse dito isso, não era como se ele se sentisse capaz de enfrentá-lo.
Nem mesmo ele era tão estúpido.
Depois de mais algumas palavras, Vincenzo finalmente saiu da sala. Isaac e Noah estavam bem atrás dele, em silêncio.
Ao caminharem, notaram que havia uma biblioteca que não estava totalmente organizada, então os homens de Vincenzo, trabalhando como se sua vida dependesse disso, estavam se movendo de um lado para o outro… É certo dizer que pareciam estarem fazendo o seu melhor, mas ainda havia muito a se fazer.
Vincenzo atravessou a movimentada biblioteca e entrou em seu quarto. Ele trancou a porta para evitar que alguém entrasse e olhou para Isaac com olhos verdadeiramente sombrios. Já era tarde e foi um dia muito cansativo. Noah, estava parado ao lado dele, suas bochechas também estavam cheias de cansaço. Elas eram pálidas, como uma folha.
— Você nunca me disse nada sobre você. Eu sei que não te dei a chance de fazer isso, mas… Eu sinto que você mentiu para mim.
Noah encolheu os ombros.
— Não é verdade… Eu disse que era um soldado.
— Um soldado que ascendeu a uma posição elevada graças às suas influências. Não fazia nada, foi pura aparência. Fraco, de baixo escalão, sem missões sob seu comando. Mudou seu nome para parecer ser Alfa e quebrou o braço do meu neto quando… O que você disse? Acusou outra pessoa. — Uma pupila intensa, como a de uma espada azul, foi devolvida a Isaac desta vez. — Tudo a seu respeito, me contaram ou eu vi pessoalmente. Metade disso era falso. Então agora, me conte você mesmo.
— Eu era um capitão da Marinha. Era um membro do DevGru, missão contra terrorismo e, o líder da equipe.
— Era…
Ele estava relutante em permitir que Vincenzo voltasse a se intrometer em seus negócios. No entanto, também estava bem ciente de que, neste ponto do jogo, já não importava o que revelava ou não.
— Estou esperando.
Vincenzo, varrendo o queixo com a ponta dos dedos, parecia ter pensamentos mais complicados do que curiosos… Era bastante incômodo ter que se confessar para ele.
— Eu não queria me esconder de você… É que agora o passado não me interessa e nem quero me lembrar disso. Estive fora do serviço militar por 4 anos e não quero estar lá de novo. Não quero nada disso.
— Bem, no momento apenas nós sabemos… Eu recomendo que você não diga nada. Não quero que isso se espalhe por aí, não importa o quão confortável você se sinta, ok?
— Está bem, senhor.
Logo depois, Vincenzo, que ainda parecia estar tendo um debate bastante intenso consigo mesmo, colocou a mão na cabeça e caminhou até a mesa para pegar um pequeno copo d’água.
— Agora… Vamos voltar ao tópico importante.
Como se entendesse perfeitamente seus pensamentos, Isaac balançou a cabeça gentilmente e tentou dar-lhe o máximo de espaço possível… Quase colados à porta, Noah e Isaac sentaram-se à sua frente, que decidiu se esparramar no sofá como se ele tivesse perdido toda a sua energia. Então ele abriu seu discurso sem demora:
— E agora, sobre a lista que Theron quer… Digamos que não tenho coragem de dar a ele. Não tenho a mínima intenção de negociar.
Vincenzo falou tão brevemente sobre a lista que até parecia que não ligava muito… Porém, em um instante pigarreou e começou a contar tudo: Os nomes que tinha, sobre sua aposentadoria, o quão importante era e como. Noah o criptografou em seu computador até que, finalmente, depois de um tempo, nada mais veio a tona.
— É uma lista perigosa, então não deve cair nas mãos de Theron. Nunca. Enquanto isso, se ele a quer o suficiente para ameaçar eliminar Félix… Então podemos supor que temos um grande problema, e a única solução existente é lutar… Lutar e vencer.
Desde o início, Isaac sabia que Vincenzo nunca negociaria com Theron. Por nada no mundo. No entanto… Agora é da vida do seu marido que eles estão falando.
— Se eu estivesse na Itália, não teria muito a ser feito, o que poderia fazer Theron encontrar o livro em segundos. É por isso que, em parte, vim para a América.
O rosto de Vincenzo, que revela seus pensamentos e circunstâncias mais profundos, era de um cinza profundo e quase doentio.
Foi Isaac quem iniciou a conversa desta vez.
— Então já sabiam que haveria uma guerra.
— Era uma possibilidade enorme, mas Félix já sabia. Decidimos trazer mercenários e oficiais especializados para que as nossas habilidades fossem semelhantes às que os homens de Theron certamente teriam.
Na verdade… Foi Tony quem chamou os mercenários por conta própria.
Félix era membro de uma família poderosa pertencente à máfia italiana e, como tal, tinha um orgulho terrível. Uma pessoa que valorizava muito a sua imagem de empresário comercial interessado no negócio de armas, por isso, não gostava de depender de outra pessoa para se manter a salvo quando podia fazer tudo sozinho… Aí vieram os palpites e o nervosismo e quando isso aconteceu, Tony entrou em contato com uma empresa mercenária que poderia lutar muito desde que pagasse adiantado…
Theron e Vincenzo estavam competindo, uma organização contra outra, família contra família. Deus, todos estavam preparados, exceto ele! Piada de merda.
— Onde está escondida a lista? Você pode tirá-la? Onde estão as chaves?
Isaac perguntou tudo isso com olhos bastante profundos. Embora antigo, é um livro muito importante e perigoso, por isso presumiu que havia um original e uma cópia. Tinha que ser curioso porque era importante. E, de fato, Noah estava olhando para ele com muita dúvida. Para ele e Vincenzo.
— Vovô, onde você colocou o original? Theron entrou e não conseguiu encontrar, então não deveria estar no hotel.
— Possivelmente.
— Mas se veio, e fez tudo isso e não viu nada, então você deve ter colocado em algum outro lugar de San Diego, certo?
Vincenzo ergueu as duas mãos para Noah, que ficou perguntando onde estava.
— O original está na Itália. Guardei-o em um cofre, e o cofre em si é difícil de encontrar. Só eu tenho a chave, e a trouxe comigo.
— Estou feliz. É bom que você que a esteja cuidando, vovô.
Foi quando Noah disse isso que Vincenzo encheu seu copo até o topo. Claro, agora ele o tinha feito com puro conhaque dourado em vez de água.
— Eu não disse que a tinha, eu disse que a trouxe.
— Que… Merda isso significa?
Noah perguntou. Então Vincenzo se recostou no sofá e mexeu o pescoço de um lado para o outro. Ele não deveria ter nenhum conflito, mas sua expressão gritava problema. O que ele está escondendo agora?
Por causa disso, Noah, exalou por um longo tempo e deu um novo grito:
— Caralho, fala!
— Ecco, topolino. Questa è casa sua.
(T:Aqui, ratinho. Esta é sua casa.)
Os olhos de Isaac se arregalaram e Noah perguntou com o rosto quase completamente vazio.
— O Mickey Mouse que fica repetindo aquela frase idiota?
— O melhor italiano do mundo!
— Isso não importa agora! Como você coloca uma coisa tão importante em um boneco, seu velho louco!?
— Ninguém sabe! Quem diria que a chave da caixa estaria escondida dentro do boneco? Você nem percebeu!
— Isso… Isso tem algum sentido? Podia perdê-lo enquanto brincava! É um menino de quatro anos que ainda morde os dedos! Podia tê-lo deixado por aí ou decidido jogá-lo no mar. Isso foi perigoso!
Noah sacudiu os ombros para frente e para trás, mas Vincenzo não perdeu a luta. Na verdade, ele decidiu gritar mais alto.
O barulho dos dois, falando em italiano, era escandaloso o suficiente para que seus ouvidos doerem… Isaac parou por um momento com a resposta inesperada e não teve escolha a não ser assistir a luta por um tempo verdadeiramente longo.
Quando soube que Vincenzo pediu ao menino que cuidasse bem dele, teve um mau pressentimento… Como pode ser? Como foi possível que ele pensasse que o boneco…?
— O boneco… Acho que Félix o jogou no lixo.
No entanto, Isaac, que resumiu os pensamentos e memórias sobre a viagem em alguns segundos, falou com mais calma do que o necessário para tal momento.
Noah e Vincenzo, que lutaram por tempo suficiente para machucar a cabeça, calaram a boca.
— Ai Caralho.
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—… Long Beach é um ótimo porto, certo?
Mas Isaac só estava pensando na comoção que havia ocorrido na sala antes de ele sair e como certamente todos os homens de Vincenzo estavam mergulhando no lixo. Lucca, sentado ao lado dele, encolheu os ombros e perguntou mais uma vez para que Isaac acordasse e erguesse a cabeça: os olhos de Lucca, que o encaravam, estavam injetados e tinham manchas bem profundas sob as pálpebras… Parece que ele não era o único sem dormir desde o que aconteceu com Félix. Um rosto cansado.
— Long Beach é grande, isso é verdade… Mas parece que vamos ter um bom tempo. Por quê? Algum problema?
Isaac perguntou, olhando atentamente para o relógio em seu pulso.
— Não… Só pensei que as coisas poderiam ficar complicadas no porto, como você disse. Fico pensando que será uma armadilha.
Isaac virou à direita e olhou para Lucca, que ainda olhava para frente.
— Noah disse algo ?
Mas sabia que se Noah quisesse lhe contar alguma coisa sobre a missão, o teria contatado antes. No entanto, Isaac perguntou se faltava alguma coisa ou se estava esquecendo algo. Para retificar, Lucca balançou a cabeça.
— Não há nada.
— Bom, então temos que nos mover com o que já sabemos… São quatro veículos e quinze pessoas em cada um deles, certo?
— Sim, isso mesmo.
— Sessenta homens … Sim, vamos ter que nos separar. Lucca, você vai levar dois carros para o porto.
Ouvindo as instruções de Isaac, Lucca apenas ergueu uma sobrancelha imediatamente e virou para ele.
— O que ?
— Estamos avançando com a ideia de que seja uma armadilha, que querem nos atacar e que Félix não estará no lugar que Theron quer que estejamos… Desculpe, mas você tem que aceitar isso e ser a isca de Theron.
—… Então você diz que quer que agimos como se fossemos os idiotas que caíram nas mãos deles.
— Exatamente. Se Noah puder encontrar o local exato, o plano pode mudar… No entanto, por enquanto só tenho isso.
A voz de Isaac tornou-se fraca o suficiente para ser ouvida apenas por ele… Era difícil tentar organizar pensamentos tão complicados como os que já tinha, mas, ainda assim, encontrar a localização de Félix era o primordial e não podiam ficar e esperar que Noah o encontrasse, porque isso só exigiria mais tempo. E isso era o que menos queria perder! No veículo instável, Isaac puxou o celular que estava no bolso. Houve o alarme de que havia chegado uma mensagem de texto na sua caixa de correio, o nome “daquela pessoa” imediatamente apareceu em suas pupilas. Não poderia contar a Vincenzo ou a Noah, mas, Isaac era uma pessoa que tinha seus próprios contatos. Seu ritmo cardíaco e a tensão se misturaram dentro de seu corpo de forma que conseguiram até mesmo acelerar sua respiração. Há muitos sentimentos desconhecidos dentro dele , mas todos se parecem inteiramente com a impaciência. Apertando o vidro do celular, havia uma boa notícia. Felizmente! Isaac deixou escapar um grande suspiro ao digitar a resposta.
É Steve, o vice-presidente do NCIS ( Naval Crimes Investigation ) e ex-agente da CIA, seu mentor e um bom amigo. Dentro da Disneylândia, logo depois que Félix desapareceu e encontraram toda aquela bagunça no banheiro, Isaac entrou em contato com ele e começou a contar tudo o que havia acontecido. Do início ao fim… Sabia bem que as influências de Vincenzo, um grande executivo da máfia, eram ótimas e totalmente úteis, mas, infelizmente, isso aqui não é a Itália, ele não tem o controle aqui. Existem várias agências importantes e pessoas realmente capazes nos Estados Unidos, e honestamente dúvida que conheça todas elas. Portanto, como estava desesperado e com medo, naturalmente o primeiro nome que lhe ocorreu foi Steve …
Quando foi expulso do exército por acusações falsas e todo o problema que passou com o seu pai e com o bebê, foi ele quem o ajudou e esteve ao seu lado o tempo todo. Era, portanto, o único em quem podia confiar e o único que poderia pedir ajuda… E ele respondeu muito rapidamente ao contato.
— Vou lhe ajudar tanto quanto posso.
O risco é inevitável, pois não informou a instituição e está secretamente o ajudando em um assunto pessoal. Por isso, estava imensamente grato por sua disposição. Encontraria uma forma apropriada para agradecê-lo.
Isaac rapidamente mexeu o dedo aqui e ali. Depois de escrever uma mensagem muito longa durante muito tempo, ele pressionou o botão ‘Enviar’ e exalou forte. Então, pressionando as pontas dos dedos umas contra as outras, ele percebeu que a resposta já estava lá. O telefone tocou e Isaac olhou apressadamente para a tela LCD. Ele leu.
A notícia de que Theron veio para a América depois de Vincenzo se espalhou cedo e em todas as direções. Vincenzo entrou no país com uma postura excessivamente rígida e, para variar, o fez com visto de turista. Steve conhecia instituições que haviam monitorado cada movimento deles, então…
— Diga para pararem todos os carros, nós vamos mudar de direção.
Isaac, que havia lido todas as informações que Steve tinha enviado, falou com tanta pressa que Lucca ficou mais do que perplexo. Ele ergueu os olhos, mas naquele momento não podia se dar ao luxo de explicar direito.
— Lucca, a situação será a mesma. Pegue dois veículos e vá para o porto. Você tem que ter cuidado e certificar-se de que eles o vejam entrar ali. Basta ser visto… Faça o máximo de barulho possível. Eu vou para o leste.
— Que tipo de informação você conseguiu de Noah?
— Não era dele.
— O que?
— Eu sei onde Félix está.
Com a explicação rápida de Isaac, Lucca o encarou com um olhar que gritava que ele não conseguia entender absolutamente nada. Mais uma vez, não tinha tempo de explicar.
— Ouça-me e comece a se mover. Vou falar com Noah agora e manterei contato com você também. Falaremos novamente à medida que formos avançando, prometo.
Embora ainda confuso sobre o que Isaac acabou de falar em tom absolutamente firme, Lucca acenou com a cabeça uma vez e se levantou para começar a executar suas ordens. Disse aos motoristas dos quatro veículos que parassem sem dar nenhuma outra explicação, então agora estavam todos no final da estrada. Enquanto isso, Isaac conectou os fones nos ouvidos e os ligou. Noah deu uma resposta rápida.
— O que aconteceu?
— Noah, vou me separar de Lucca a partir daqui. Estou indo para o leste de Los Angeles, não para Long Beach.
— Leste? Noah ficou tão surpreso quanto Lucca.
— Long Beach é apenas uma isca, não uma armadilha. Theron tirou Felix da cidade… Exatamente, eles estão indo para Palm Spring.
Noah estava sem palavras. Long Beach fica perto de Anaheim, um porto a oeste, e Palm Spring era uma cidade muito mais distante, na direção oposta. Considerando as duas áreas a serem analisadas, Long Beach parecia a mais razoável. Além disso, agora o tráfego pode estar reduzido, mas, em algumas horas, quando eles não puderem mais se mover, o que devem fazer? Como vão resolver isso? Parece um grande inconveniente. No entanto , nas proximidades de Long Beach existem muitos caminhões que transportam contêineres de navios. Levaria muito tempo para localizar uma pessoa entre todos eles, então, sim… Era lógico que, mais do que uma armadilha de combate, era uma distração.
— Como soube? Quer dizer, estou bloqueando a linha telefónica de Theron, mas não consigo encontrar a localização exata.
— Isso… Vou lhe contar os detalhes mais tarde.
— Por mim está tudo bem.
— Oh, por favor, entre em contato com Tony e diga para trazer mais mercenários. Que possam lidar com submetralhadoras, se possível, está bem? Enquanto isso, Lucca pegará dois veículos e irá para o porto de Long Beach. Preciso que pareça que estão procurando algo importante, então seria melhor se ficassem lá o máximo de tempo possível.
— De acordo.
Seu carro também havia saído da estrada e agora estava completamente parado no acostamento. A rua estava tranquila e meio escura. Uma cidade sem vida onde ninguém mora… Isaac, ainda em sua posição original, decidiu fechar os olhos por um momento para entrar totalmente na atmosfera de sua ideia. Lucca não estava mais lá, nem qualquer um dos homens, então estava sozinho. Ele com seus pensamentos estranhos sobre os próximos passos .
— Isaac?
Foi só quando ouviu novamente a voz de Noah em seus ouvidos que ele respirou fundo e foi capaz de acalmar toda sua crescente emoção.
— Acabei de ligar para Tony… Ele disse que entraria em contato com alguns mercenários realmente bons.
— Obrigado.
— Posso perguntar o que aconteceu ?
— Consegui a informação com um conhecido meu.
— Ah… — Noah ficou em silêncio por um momento, como se tentasse procurar as palavras certas antes de continuar. — Cheguei atrasado desta vez . Estou feliz que tenha sido muito útil, mas estou com raiva de mim mesmo… Sinto como se houvesse falhado.
Isaac balançou a cabeça sem hesitar, embora Noah não pudesse vê-lo. Ele respondeu “Não”.
— Suas habilidades são as melhores… Só que desta vez achei que seria mais rápido se eu perguntasse a algumas instituições locais. Assim que Theron entrou no país, foi iniciada uma vigilância rigorosa. Não somente nele, mas também no vovô.
— Uau, imaginei, mas quando o vovô descobrir vai ficar muito bravo.
— Eu sei.
— Ei, quando soube que Theron estava nas proximidades da Disneylândia, achei que seria definitivamente algo perigoso, mas estava empolgado para viajar… Sinto muito.
Isso era verdade. Noah era quem parecia completamente entusiasmado com a ideia da viagem e com o fato de ir com toda a família… Mas não achou que a culpa fosse dele.
— Não foi você… Na verdade, a culpa foi minha. Estava muito empolgado para ir depois de derrotar Lucca. Queria que vissem que meu plano funcionaria e que eu era realmente bom no que estava fazendo, mas, acho que teria sido melhor ter ficado em silêncio.
— Oh não, não, não, não. Não se atreva a dizer isso , Isaac idiota!— Noah ficou furioso com seus repentinos arrependimentos, então levantou a voz até quase parecer que estava gritando. De alguma forma, odeia ouvir Isaac dizer que a culpa é dele. — Quer que eu bata em você? Huh? Vou te bater com o meu maldito laptop até que não queira mais dizer porcaria nenhuma!
— Oh , são palavras bastante interessantes. — Isaac começou a rir. — Tudo bem… acho que não, a culpa não foi minha, certo? Então não se culpe também. Vamos esquecer tudo e seguir em frente.
— Sim, está bem.
— Você achou o boneco?
Ele sentiu que Noah ainda estava muito bravo com ele, então mudou o assunto para uma outra coisa importante… Entretanto, ao invés de uma resposta concreta, Isaac apenas ouviu um gemido bastante sofrido. Tanto que ele começou a pressionar a testa com as pontas dos dedos repetidamente até sentir sua pele arder. Era a chave para um cofre importante. Um livro que poderia provocar guerras intensas, piores do que as que já tiveram agora. E porque o procurava, Theron seguiu-o até aqui e levou Félix.
A confissão de Vincenzo de colocar a chave no boneco do Mickey Mouse foi um choque completo para ele. Na verdade, seus ouvidos vacilaram por um momento e pensou… Que talvez não tivesse ouvido direito.
Não se lembrava se seu marido o tinha jogado fora ou não, então pensou e pensou sobre isso a manhã toda até que os flashes finalmente voltaram. O menino deixou o boneco no hotel à tarde. Sabe isso porque quando entraram no quarto para comer e se prepararem para sair novamente, o menino , olhou para a cama espaçosa e fofa, colocou o boneco do Mickey no meio e disse:
— Eu já volto. Você tem que ficar aqui para que o papai não jogue você no mar, está bem? E o cobriu com um cobertor.
— Por que não o leva? Você não disse que ficariam juntos o tempo todo? Papai estava apenas brincando.
Benjamin balançou a cabeça.
— Mas… eu não quero perdê-lo. E se ele ficar na cama ficará bem, então vou deixá-lo aqui!
Benjamin saiu da cama com um olhar completamente determinado. Ele é tão fofo quando começa a agir como um menino crescido, então, naturalmente, Isaac começa a sorrir calorosamente. Ou seja, o boneco do Mickey não estava no lixo, mas na cama.
Quando receberam a notícia de que Félix havia sido sequestrado e que também entraram no quarto deles até que fizeram uma bagunça, rapidamente correram para outro lugar de modo que esqueceram de verificar o local. Vincenzo não conseguiu evitar que sua pele ficasse completamente cinzenta quando soube disso. Ele se deitou de costas no sofá e começou a esfregar as pálpebras até quase ferir os olhos. Bem, isso era mil vezes melhor do que nadar no lixão municipal.
Enfim, assim que terminou a ligação de Isaac, se levantou e disse:
— Ninguém vai descansar até encontrar o maldito boneco!! Entenderão!!?
Os movimentos dos criados, que ainda estavam muito ocupados organizando e descartando objetos quebrados e destruídos para substituí-los por novos, todos pararam de uma só vez… Não é de se admirar que Vincenzo também tenha saído correndo.
O homem, que pensava que ficaria seguro com Benjamin, parecia um maluco completo. Atirando coisas, destruindo travesseiros e quase colocando a mão no sanitário enquanto amaldiçoava a todos menos a si mesmo.
— Não se preocupe… Vamos encontrá-lo em breve. Quer dizer, somos profissionais.
— Ainda estou muito preocupado com isso.
— Vai ficar tudo bem. Você não deveria ter escondido em um lugar tão ridículo para começar.
Então, Noah, que estalou a língua como se estivesse muito chateado de novo, de repente gritou algo como um longo “AAAH…” Os olhos de Isaac se arregalaram graças a isso.
— O que foi ?
— Verifiquei as informações que você me deu. É verdade, ele está em Palm Spring… Mas, é um pouco mais à frente. Ao lado da montanha. Uma casa de dois andares.
Imediatamente após dizer isso, começou a preencher a tela do celular com plantas e fotos da casa e de Palm Spring. Uma grande habilidade, sem dúvida.
— Noah, por favor, envie as fotos para todos os homens que estão conosco.
— Qual é o tempo estimado de chegada?
— Bem, acho que estarei em cerca de 20 minutos. É longe, mas se sairmos da rodovia podemos cruzar as cidades vizinhas e economizar alguns quilômetros.
Algum tempo atrás, Isaac esteve rondando o Arizona. Há quatro anos se escondia aqui e ali então poderia se dizer que tinha bastante experiência com rotas estranhas.
Palm Spring. Fica a poucos passos da cordilheira, então pensa que se for um pouco mais além, poderá ver perfeitamente como se desenvolve o vasto deserto. Exatamente onde a casa parece estar localizada. É amplo e sombrio, os caminhos podem ser facilmente encobertos porque há muita sujeira e poeira ao redor, provavelmente foi por isso que Theron escolheu aquele local.
— Casa de madeira, dois andares, duas entradas. Uma na frente e outra nos fundos… Não há nada ao redor dela para que não se possa esconder ou fazer um ataque surpresa.
— Isto é mau.
— Vou tentar me aproximar da porta e mandar a foto para você… Tem um armazém incluído, parece ter sido um edifício agrícola, mas tudo aponta para que foi fechado há muito tempo. O armazém é muito grande e pode ser perigoso. Você tem que ficar em alerta.
— Obrigado.
Mas tudo o que ouviu foi o som do teclado e do mouse sensível ao toque. Nada mais do que isso. Quase que podia ver a figura concentrada com os olhos completamente fixos no monitor e as sobrancelhas juntas e amassadas…
Isaac, olhando para o relógio em seu pulso, estreitou um pouco os olhos… Já estava quase na hora do sol nascer e como Noah disse; se esconder parecia ser uma questão praticamente impossível. Não consegue entender o que Theron está preparando e, portanto, não tem nenhum plano específico para lidar com isso. Além disso, Félix foi feito refém e Tony ainda não enviou os mercenários ou subordinados adicionais…
Isaac, pensando em várias coisas ao mesmo tempo, piscou e olhou para a parede oposta. O carro não tinha janelas, nem porta, era difícil dizer a cor do céu… Mas era como se ainda estivesse olhando para ele apesar de tudo isso. Então, de um momento para o outro, baixou os olhos para o telefone: embora não tenha conseguido dormir à noite toda, o rosto refletido no vidro não parecia cansado. Ele ainda é um homem treinado na vida militar e com problema de insônia pode aguentar mais alguns dias.
Como uma pessoa em um piquenique, Isaac sentou-se ereto e olhou sem parar para a foto que Noah havia enviado. Era como se estivesse tentando colocar o prédio inteiro na cabeça de uma só vez!
Demorou cerca de 10 minutos até que, como um homem com um tédio extremo, ele esticou seus longos membros e levantou a cintura.
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De pé com a cabeça ligeiramente inclinada, Isaac olhou de cima e para baixo para os homens que o encaravam com o rosto completamente endurecido. Eles tinham visto os planos e fotos há um tempo.
— É seu trabalho memorizá-lo perfeitamente, porque quando entrarem no prédio serão culpados se algo der errado por não saber onde está tudo… O lugar é uma casa de fazenda que agora está quase abandonada. Não há lugares para se esconder, por isso será impossível infiltrar-se em segredo. Quero atiradores lá dentro que possam executar um ataque imediato caso percebam algum tipo de movimento… Se não puderem fazer isso, seria melhor que me dissessem agora, para não perdermos tempo depois.
Isaac, apesar de ser dotado de uma personalidade extremamente forte, falava em voz baixa e com um rosto muito inocente. Como sempre… O olhar que fluía dele era algo que nunca havia se visto antes. Como uma lâmina afiada, totalmente escura e fria.
Como estão trancados com ele, a pressão parece ser avassaladora o suficiente para que todos mantenham a cabeça baixa.
— O que devemos fazer então ?
Um dos mercenários, sentado dentro do carro que ainda estava parado no acostamento da rodovia, mostrava-se visivelmente nervoso. Perguntou com muito cuidado sobre isso, então Isaac respondeu enquanto erguia a submetralhadora em suas mãos para batê-la contra a parede.
— Existem duas entradas para o prédio, uma na frente e outra atrás… E, felizmente, temos dois carros bem robustos aqui conosco.
Podia-se ouvir nitidamente o som da saliva sendo engolida pelas suas gargantas secas. Isso significava que ele queria fazer os carros atravessarem a porta. Isso é uma loucura! É por isso que mercenários e soldados aposentados não se misturam!
Isaac acenou a cabeça e, em seguida, colocou os óculos.
— A equipe vai se dividir. Ouviu o plano?
Isaac pressionou o microfone no ouvido e esperou pacientemente até ouvir as palavras de Noah. A explicação que deu também foi breve e concisa.
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Félix acordou depois de adormecer… Parece que algum tipo de sonífero foi aplicado nele. Ele pisca suas pálpebras completamente rígidas.
Olhou à sua volta… Era um espaço amplo, mas estava cheio de mofo. Então, logo, pressupõe que não é usado há muito tempo e que ele está ali. Abandonado.
O cheiro de mofo e poeira penetrou seu nariz… Como parece não haver fornecimento de energia elétrica apropriado, está escuro e por isso há luzes portáteis em todas as direções. Móveis quebrados e gastos e pedaços de tecido velho rolam aleatoriamente e criam uma atmosfera assustadora, semelhante ao de uma casa mal-assombrada. Em contraste a isso, os laptops e outros equipamentos nas mesas de madeira no meio da sala parecem de última geração. Objetos que definitivamente não combinam com o lugar velho e degradado. É realmente desconfortável.
Félix, que estava olhando para a luz que vinha do laptop, então se virou. Um dos laptops está executando algum tipo de programa para que a tela ilumine o interior e o exterior do prédio…
Cada seção da tela está dividida em dezesseis colunas de quatro linhas, superior e inferior. Brilhava tanto, parecia que estavam instalando uma espécie de CCTV (sigla em inglês para Circuito Fechado de TV).
Félix move o pescoço. Demorou a encontrar um lugar onde possa correr e se preparar completamente… No entanto, seus pensamentos são completamente impulsivos. Estava sentado em uma velha cadeira de madeira. Os pulsos foram amarrados com faixas grossas de couro sobre o apoio rígido de braços. Os tornozelos imobilizados estão amarrados às pernas. É difícil ficar reto, então Félix balança as mãos repetidamente sem obter um resultado.
Depois de verificar seu estado, virou os olhos e observou em volta novamente. Pensou com um pouco mais de calma. Espaço amplo e escuro, vários computadores. O CCTV é visível no monitor do laptop. Pode ouvir muitas pessoas se movendo… Mas este lugar não parece um lugar onde se realizariam reuniões. É um edifício? Por acaso está escondido em um lugar diferente? Não foi fácil tirar uma conclusão sobre isso.
Ergueu o corpo e levantou a cintura para se mover… Então, percebe que há um movimento perto dele.
A porta se abriu.
— Oh , você já acordou? Que momento lindo.
Não era a voz de Theron, mas sim de alguém muito diferente… Ele está completamente atordoado. Então não sabe se é uma pergunta ou se é apenas uma afirmação. Talvez seja bem diferente, e é na verdade um escárnio.
O homem que entrou era magro. Cabelos castanhos e brilhantes, olhos redondos e um olhar curioso. O homem era Ômega, poderia dizer mesmo que não recordasse porque seus feromônios estavam se espalhando muito rápido. Também fez o ambiente parecer estranho…
Era uma atmosfera que dava a sensação de estar flutuando.
Foi uma impressão difícil de descrever. Ele estava olhando para o Ômega caminhando em sua direção… Mas ele não conseguia se lembrar de nada do que aconteceu na limusine.
Theron também estava lá. Um homem de meia-idade com olhos cristalinos…
— O que você vai fazer? Você só quer me manter aqui como refém?
A voz de Félix , que fez perguntas apressadamente , estava entrecortada e trêmula. Como se tivesse ficado muito bêbado na noite anterior… Mesmo depois de piscar e balançar a cabeça parecia que sua condição não havia melhorado.
— Hmm…
O Ômega, antecipando qualquer movimento de Theron, virou as costas para que ele encarasse a mesa cheia de laptops. Ele estava de pé, digitando algo importante enquanto Theron apenas assistia…
— Em primeiro lugar, quero que saiba que não está numa situação de refém.
Theron se endireitou, com as mãos no bolso do terno. De uma maneira diferente, Félix recostou-se na cadeira de madeira e inclinou a cabeça para o lado. Estava amarrado, mas ainda era uma posição muito preguiçosa. Ele olha para Theron e ouve suas palavras, não faz mais nada. Se pudesse mover a mão, teria coberto as orelhas ou talvez… Arrancado. Que pena.
— Pode apostar que alguém que se preocupa mais com você do que Vincenzo virá buscá-lo, embora, infelizmente, não acho que isso seja possível. Estou em um lugar completamente diferente do que pensam. Assim, podemos trabalhar sem problemas.
— Trabalhar ?
Félix não se importa com o que fazem com ele, mas as palavras “trabalhar sem problemas” estavam fazendo muito ruído. Se ele não é um refém, o que é então?
— Mencionei isso no carro. Há duas coisas que eu quero.
— Sim, parece que sim… Mas seus dois desejos não me interessam então, decidi ignorá-los.
— Sério? Então ouça com atenção. Eu…
— Não importa o que queira, será igual para mim. Não estou interessado e não tenho intenção de ouvir.
— Bem, não me importo se ouve ou não. Levarei o que quero e pronto.
Como no carro, Theron tem uma cara de pôquer impressionante. Um estilo venenoso que o permeia. Félix levanta a cabeça e olha para ele com olhos estreitos…
— Você não deveria se orgulhar disso, é só porque meus feromônios estão suprimidos com os medicamentos.
Os olhos de Félix estavam turvos, mas sua voz era firme e bastante segura… Então, o Ômega interveio apenas para dizer.
— Pare de lutar e pronto. Nós vamos apenas coletar seu sangue…
— Sangue ?
O Ômega, que subitamente chegou ao seu lado, proferiu uma frase bastante inesperada. E Félix, que estava trocando um olhar ameaçador com Theron, virou imediatamente sua cabeça. A ideia de coletar seu sangue parecia terrível o suficiente para seu gosto.
— Não se preocupe. Eu sou um especialista neste campo. Não vou desperdiçá-lo novamente.
— Espere o que quer dizer com isso? Vai tirar meu sangue? Sério?
— Bem, nos conhecemos há muito tempo e apenas à distância… Mas digamos que eu sou uma espécie de médico. Fui um pesquisador.
Mas, naquele momento, não conseguiu ouvir nenhuma das palavras dele. Nada se aprofundava em seu olhar, a não ser a agulha grossa que se aproximava de sua pele…
— O que você está fazendo!?
Tentou sair dali, mexendo os punhos para frente e para trás também movendo suas costas.
O Ômega olhou para Félix e riu alto:
— Retiro o que disse no carro É bom ver você com tanta energia. Sabe de uma coisa? Quando o vi no banheiro, o achei muito bonito, mas agora, quando olho um pouco mais de perto, percebo que na verdade você é completamente o meu tipo.
— Não sei quem você é.
— De jeito nenhum, você ainda não me reconheceu? Acho que talvez tenhamos exagerado um pouco com a droga, posso ver suas pupilas por um instante?
Félix abriu os olhos furiosamente quando sentiu as mãos nas suas bochechas. O homem riu de novo e apertou-o com mais força do que pensava… Lentamente baixou os dedos até que pararam no antebraço de Félix, onde havia feridas perfeitamente tratadas e limpas.
— Vamos ver, nos encontramos pela primeira vez no banheiro. Na Disneylândia.
— O que?
Félix olhou para ele… Ali, sorrindo e dizendo que havia sido no banheiro.
Banheiro.
Banheiro…
Pouco antes de encontrar Theron, quando estava indo tomar um café? Um homem estranho esbarrou nele e… Bom, começou a ter os pensamentos mais estranhos de sua vida. Abaixou a cabeça por um momento e descobriu que havia um botão estranho em sua mão e então…
— Que filho da puta.
— Você realmente parece confuso… Mesmo eu estando bem na sua frente esse tempo todo.
Foi no momento em que o homem relaxou as sobrancelhas que a agulha da seringa começou a cravar em sua carne a um ritmo realmente impressionante. Inconscientemente, Félix deixa escapar um “UGH” e fecha os olhos.
— Eu não planejava tornar isso tão brusco… Mas como vê, parece necessário.
O homem murmurou isso levemente, logo puxando o êmbolo da seringa para que ela começasse a encher. Foi um movimento bastante confuso, fazendo as pupilas azuis de Félix começarem a brilhar com fúria absoluta, semelhante ao fogo.
— Como você ousa… fazer algo assim?— Foi então que Félix, já completamente zangado , deu mais força ao braço e puxou-o para si — Merda, só me deixem ir de uma vez!
— Querido, se você fizer isso, pode acabar quebrando a agulha. Fique quieto, ok?
O homem, que acabara de coletar muito sangue de Félix, demorou o tempo necessário para arrumar seus equipamentos e logo voltou à mesa para anotar sabe-se lá o quê em um caderninho bem pequeno. Félix, que não podia fazer praticamente nada para resistir, apenas arfou friamente enquanto gritava e soltava um monte de insultos em italiano e inglês.
A respiração fina do Alfa flui descontroladamente sobre o grande espaço mofado enquanto Theron permanece de pé apenas observando o sangue fluindo antes de encolher os ombros.
— Você tá morto, seu desgraçado!
— Bem, devemos nos apressar então.
Félix, que estava muito atento à voz insensível de Theron, distorce o rosto um pouco mais e estalou a língua, provocando um barulho realmente alto. No entanto, Theron, que vinha ignorando cada palavra sua por um bom tempo, murmurou como se estivesse falando consigo mesmo, em voz muito baixa:
— Pretendo fazer um clone.
— O quê?
Félix estava honestamente pasmo com a estranha confissão, piscando continuamente . Aquela frase saía da boca de Theron com tanta facilidade que ele até pensou que fosse uma piada… Mas não parecia ser uma.
— Isso é loucura…
— Eu quero reviver Elena… E você é o único que herdou o sangue dela, então tê-lo aqui é necessário. Claro, isso será um sucesso ainda maior se eu também conseguir o livro de Vincenzo.
— … Clonar Elena? Como isso pode ser possível?
Suas pupilas, que continuavam brilhando como se fossem vidro, olhavam fixamente para Félix como se suas ideias fossem grandes demais para que ele pudesse entendê-las.
— Já fizemos isso antes… E tenho tido muito sucesso.
Olhando atentamente para Theron por um momento, Félix de repente riu com vontade. Ele tinha um sorriso enorme, até se dando ao luxo de ser exagerado.
— Você… Você deve achar que estamos em Star Wars ou… HAHAHAHAHAHA — Félix, que riu como se tivesse visto um show de comédia realmente bom, de repente jogou a cabeça para trás — Mas não é Elena , o certo é Alice.
— De que merda você está falando?
— É um filme de zumbis, mas você é muito chato para saber sobre ele, então esqueça — Logo ele finalmente parou de rir e olhou mais uma vez para Theron — Que conversa estúpida… Embora tenha sido divertida, eu admito.
Era fato que Theron tinha ficado completamente louco. Quer dizer, era óbvio para todos que esse cara tem sido obcecado por Elena por um longo tempo… mas isso e aquilo são coisas totalmente diferentes! A verdade é que isso lhe deu arrepios.
— Não é loucura. Sou um especialista… — Diz o Ômega — Bem, usar um método mais detalhado para clonar humanos ainda não é possível. Vamos, temos que fazer isso em particular! Uma vez fui pego e tiraram todos os meus títulos graças à lei, mas felizmente tenho Theron… Ele me permite estudar e ser eu mesmo, sem filtros. E em troca, devo dar a ele sua Elena.
A respiração se espalha sobre sua cabeça como se alguém tivesse derramado gelo frio do alto até encharca-lo completamente. Ele realmente já viu de tudo, do mais leve ao mais nojento e terrível que a sociedade tinha a oferecer, mas é muito diferente lidar com pessoas que parecem terrivelmente boas e sérias no que fazem.
Essas não são ameaças vazias… Eles vão reviver sua mãe.
Essa é a primeira vez que se sente tão ansioso desde que foi sequestrado por Theron. Com uma forte sensação de que tudo estava indo por água abaixo, Félix mordeu os lábios até quase poder ouvir como eles cediam sob seus dentes. Ele já tinha dito isso, mas era muito assustador, então a pele de seus antebraços ficou arrepiada de uma hora pra outra.
— Vou te explicar… Para fazer um clone, primeiro temos que começar com algo chamado “Divisão celular”. Em outras palavras, fazer um bebê. Uma linda garota que ao crescer será nossa linda Elena.
— Foda-se. Que caralho você tá falando?
Ele está ficando louco. Está definitivamente enlouquecendo tanto quanto ele só de ouvir suas palavra…
Com a cabeça baixa, Félix suspirou profundamente algumas vezes. Seu punho cerrado começou a tremer e as unhas foram cravadas desesperadamente na palma da mão… Ele estava brincando antes, mas realmente tinha visto muitos filmes de ficção científica na televisão, e parecia que os planos estúpidos de Theron teriam sucesso de uma forma ou de outra. Não era questão de pensar muito para saber que já tinham um plano e uma forma bastante organizada de fazer tudo.
— Você realmente acha que meu sangue vai servir para você? Não parece ser o suficiente. — Oh, quer mais injeções, querido? Eu tenho um pouco de sangue extra para o caso de você precisar. Sou um homem cuidadoso.
O Ômega então mostrou a ele um frasco de coleta de sangue e um saco grosso e refrigerado, completamente pintado de vermelho. Ele tirou as luvas e depois voltou para Theron e Félix, ficando entre os dois.
— Acho que você tem razão, não parece ser o suficiente… Seria melhor coletar um pouco do seu sêmen também.
O homem lambeu os lábios ao dizer isso, deixando Félix em dúvida se isso era realmente necessário para o experimento ou se era apenas para suas necessidades pessoais… Não, ele não queria saber, não queria pensar nisso e não queria ouvi-lo falar! Sempre que o Ômega abre a boca ele fica tão irritado que sua cabeça parece que vai explodir. Deus, é tão irritante! Na verdade, todas essas emoções negativas: irritação, raiva, tristeza, tudo se junta e queima sob sua pele até doer.
— Me sinto como um rato de laboratório.
— Tem razão sobre isso. O homem riu alto.
— Malditos desgraçados.
— Estou muito feliz por poder trabalhar com meu lindo Alfa. Já estou ansioso pelo momento da real ação. E mais… Theron, eu tenho tempo?
O sujeito, que tinha uma expressão impressionante de ansiedade, perguntou isso a Theron sem ousar olhar para trás, com medo de receber uma palavra negativa. No entanto, ele olhou para o relógio e respondeu:
— Sim , mas não muito.
— Acho que só tenho cerca de 10 minutos… Não, 15 minutos. Posso brincar com ele? Estou morrendo de vontade de coletar seu sêmen. O sêmen do homem que vi apenas uma vez quando estava investigando nossa organização na Itália. À distância… Apenas um olhar. Alfa, jovem e bonito. Ah, é emocionante e tão louco.
O homem sussurrou enquanto batia com a palma das mãos nos joelhos de Félix amarrados à cadeira. Era difícil entender o que ele estava dizendo, revelando seus desejos sem nem tentar escondê-los.
Embora seus olhos estivessem fixos nele, a pupila azul de Félix ficou vermelha de uma raiva terrível. No entanto, o homem não poupou esforços para esfregar a parte interna de suas coxas usando os dedos, e logo os joelhos.
— Faça o que quiser, mas você só tem 10 minutos… E precisa se limpar antes que o helicóptero chegue.
— Helicóptero ? — Não tenho planos de ficar aqui. Tenho que ir buscar aquele livro. — De onde vem tanta confiança? Por que você acha que uma pessoa como você terá tanto sucesso?!
Félix, que achava ridículo ter uma confiança infinita em tal situação, estalou a língua novamente, embora Theron o tenha ignorado. O homem simplesmente se virou e começou a fechar cada um dos muitos notebooks à sua frente.
Se você tentar obter a lista de Vincenzo, fico imaginando o que exatamente fará para pegá-la.
— Você quer que tentemos fazer um banho de feromônio primeiro?
— Mesmo se usar essas suas drogas, você não tem chance.
— Você não se lembra do que aconteceu no banheiro? — Ele riu e pressionou a virilha de Félix com um pouco mais de força usando os joelhos,— Quer dizer, você gostou muito de mim daquela vez…
— Se não for o meu Ômega, não posso cheirar ou reagir a você… Se não for ele, não posso desejar nenhum outro homem.
Félix olhou para seu oponente com um rosto distorcido. É uma expressão que parece indicar “Você estará em perigo se continuar me tocando”, mas o Ômega age como alguém sem medo. Na verdade, ele já havia começado a desabotoar sua calça.
— Pobre de mim. Você está amarrado e não responde a outros feromônios. O que eu vou fazer? Não seja chato, cara! Na Disneylândia eu usei um inibidor misturado com um afrodisíaco. Quer que tentemos de novo? Agora melhorarei a dose, então, tenho certeza de que você poderá desfrutar de mim mesmo já tendo um parceiro.
— Só cala a porra da boca e me deixa sair!
Rugindo como um leão enjaulado, Félix cerrou o punho novamente e se sacudiu. No movimento, o Ômega consegue ver perfeitamente a jóia que ele usa no dedo anelar da mão esquerda. Um anel de platina que brilhava lindamente.
— Que bonito.
Mas quando ele estendeu a mão para tocá-lo, Félix dessa vez gritou :
— Não me toque se não quiser morrer!
— Você ainda é muito impulsivo, hein? Relaxe, não é grande coisa. Acho que seu problema é que você viveu de uma forma muito conservadora todos esses anos. Ter dois parceiros sexuais não é um crime.
— O problema nisso é que você é um covarde de merda que não pode me enfrentar a menos que esteja usando inibidores e drogas… Há limites para minha paciência, então eu vou te dizer de novo, tira a porra das mãos de mim!
A voz de Félix finalmente conseguiu fazer o Ômega encolher os ombros pela primeira vez.
— Paciência? Não… eu digo que na verdade você está com muito medo, certo? Porque agora você sente como é terrível quando seu corpo não responde. Estar amarrado, indefeso e não ser o predador, não é típico de um Alfa. Está com medo porque você sempre foi o gato e agora você é só um ratinho tentando se coçar para sair. Porque você nem sabe o que pensar ou dizer e não é mais o poderoso Sr. Alfa!
O Ômega abriu o zíper da calça de Félix. Ele estendeu a mão como se não tivesse certeza, mas mesmo assim agarrou o pênis flácido com a palma da mão inteira. Os olhos azuis do homem agora mostram desconforto, além de raiva. Seu rosto fica branco e então seus olhos caem para ver a carne que agora está sendo segurada por outra pessoa.
— Uau, é grande… E você não tem uma ereção. O quanto isso vai crescer depois? É realmente incrível.
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Continua…