Beijo do inferno - Capítulo 25
Felizmente, não havia sinais de ser seguido. Infelizmente, porém, Yohan não conseguiu encontrar uma saída da complexa mansão. Quando ele conseguiu sair do labirinto de jardins, um sedã preto parou na frente dele, como se estivesse esperando. Foi Lucas quem saiu do carro.
—Eu te levo.
—Eu não preciso.
Yohan recusou como se não precisasse ouvir mais nada, mas na realidade era um pouco assustador. Não parecia tão longe de Nova York quanto o lugar onde ele foi preso pela primeira vez, mas ainda não se sabia qual seria a distância de sua casa. Lucas lhe ofereceu algo como se tivesse lido as intenções de Yohan. Era uma bolsa de pano que ele havia deixado no aeroporto.
—Recebi uma mensagem para levá-lo confortavelmente
—….
—É uma grande distância daqui até Nova York. Então, por favor, entre no carro.
Depois de hesitar novamente com a proposta educada, Yohan suspirou e entrou.
O interior do sedã ostentou um passeio suave além de um silêncio de tirar o fôlego. Com os braços cruzados no parapeito da janela, Yohan lançou um olhar sem sentido para a paisagem que passava por ele. Os olhos verdes pareciam insensíveis à primeira vista, mas após uma inspeção mais próxima, emoções complexas estavam emaranhadas como um monte de linhas.
‘Valentine…me pegou novamente.’
O que vai acontecer?
…É possível que Ryan saiba disso?
Quando o rosto que ele estava tentando esquecer de repente veio à mente, a ponta de seu queixo imediatamente se contraiu. Yohan enterrou o nariz e os lábios nas mãos reunidas como um pináculo. Ele fechou os olhos, tentando afastar os pensamentos que flutuavam em sua cabeça. Cílios longos lançavam uma sombra em forma de barra sobre suas bochechas pálidas. Então, por um tempo, sua respiração, que estava trêmula, aos poucos recuperou seu ritmo original.
Os esforços para escapar de toda a angústia realmente valeram a pena até certo ponto, e quando o carro parou, Yohan estava sonolento. Mas enquanto ele estava com os pés no chão, ele sentiu a pequena paz que ele mal havia agarrado desaparecer sem deixar vestígios.
—Acho que estamos na casa errada.
Yohan olhou para Lucas sem esconder sua expressão contorcida. Como se esperasse tal reação, Lucas respondeu calmamente.
—Você tem razão. Tivemos que mudar de casa inevitavelmente devido a problemas de segurança no local onde estávamos originalmente localizados.
A partir do momento em que entrou em Manhattan, não no Queens, ficou intrigado. Mas Yohan já estava mentalmente exausto, então ele realmente não pensou nisso. Foi só quando o sedã parou em frente a uma mansão de luxo no Upper East Side que ele percebeu que algo estava errado.
Olhando para a enorme mansão de aparência luxuosa, Yohan abriu um largo sorriso involuntariamente. Valentine, seu filho da puta maluco… Ele os despachou com facilidade, mas estava inventando algum tipo de coisa. Sem pensar mais, ele falou com Lucas.
—Por favor, vá para o Queens.
—Lamento não poder contar antes, mas a casa já foi limpa.
—Urgh… porra.
Pegou seu novo telefone. Yohan lutou com o desejo de jogá-lo no chão e olhou através de seus contatos. Como esperado, um número foi armazenado.
Acho que nunca serei capaz de ligar para aquele desgraçado espontaneamente tão rápido.
Yohan apertou o botão de chamada com uma expressão cínica, e a chamada foi completada antes que o sinal tocasse algumas vezes. Yohan explodiu em raiva antes mesmo de Valentine abrir a boca.
—Que porra você está fazendo? Que merda você está fazendo comigo?
A resposta de Valentine foi ousada, ao contrário da fúria de Yohan.
[É apenas uma fração do que você deveria ter usufruído desde o início.]
—Não seja idiota. Eu não tenho nada a ver com essa maldita casa. Devolva minha casa agora mesmo.
[Então, serei honesto.]
—…
[Eu não posso te ver vivendo mais com outros desgraçados.]
—Esse maluco…
Quanto mais conversavam, mais seu estômago fervia. Yohan virou as costas para Lucas, que estava olhando para ele, e pressionou o dedo na testa.
—O único desgraçado é você.
[Se não for assim terá que ser do meu próprio jeito.]
—…O que?
[Esconder você em um lugar que só eu possa ver, e recompensar minha ganância pelo tempo que passei longe de você….]
Quando o paralisado Yohan não disse nada, Valentine continuou a falar com uma voz com um leve sorriso.
[Se eu fizer isso, você definitivamente vai odiar.]
—…
[Então Yohan, por favor, aceite a bondade que lhe mostro.]
Valentine simplesmente definiu seu comportamento implacável com a palavra “bondade”. E Yohan estava bem ciente de que aquelas palavras não eram meras ameaças.
Não estava orgulhoso em admitir isso, mas ainda estava com medo de Valentine. O medo impresso no inconsciente não era algo que pudesse ser facilmente apagado. As pontas dos dedos segurando o telefone ficaram frias com a tensão. Deixou sua fraqueza ser descoberta. Yohan desligou o telefone às pressas. Foi uma conversa que não teve nenhum efeito além de raiva fervente.
Depois de algum tempo, a força dos ombros de Yohan, que se enrijeceram e subiram para o céu, gradualmente enfraqueceu. Depois de repetir algumas respirações ásperas, ele encarou Lucas lentamente. A voz que fluía por seus lábios ressecados era sombria como um céu nublado.
—…Eu vou entrar.
Achou que se explicasse o motivo Lucas não entenderia.
Não há razão para não aceita-lo, mesmo que seja dado de forma imprudente. Então, tentando racionalizar sua escolha, Yohan seguiu Lucas até a mansão.
A frente da mansão era feita de vidro à prova de balas, e a segurança era completa, e havia duas ou três unidades em cada andar. Lucas parou no último andar da mansão, era uma cobertura que ocupava o andar inteiro. Lucas, que abriu a porta da frente, virou-se para deixar Yohan entrar.
—Terminei o registro da impressão digital há algum tempo, para que você possa entrar em todas as áreas por meio da digitalização de impressões digitais. Se você precisar chamar o mordomo ou guarda costas, você pode usar a campainha da sala. Salvo indicação em contrário, as refeições serão preparadas a cada 6h e 17h em consideração ao seu padrão de trabalho. A limpeza está programada para ser realizada ao meio dia em dias alternados, você gostaria de ajustar o horário?
—…
—Então, se houver algum inconveniente, por favor nos avise a qualquer momento.
Yohan bateu a porta na cara de Lucas e caminhou pelo corredor livre de poeira. A sala de estar com boa luz tinha pé direito alto porque era aberta para o segundo andar e era tão larga quanto um playground. Além da janela havia um grande terraço com jacuzzi, e a cálida luz do sol ofuscava o piso de mármore marfim.
Esse espaço, com vista panorâmica de Manhattan, dava a impressão de uma galeria recém concluída, e não de uma casa. Mas Yohan estava apenas procurando por algo com uma expressão inexpressiva. E no momento em que seu olhar alcançou a borda da sala, o cinismo foi sobreposto em seus lábios finos.
O CCTV habilmente escondido estava brilhando como olhos negros. Depois de procurar por toda a casa, Yohan conseguiu encontrar um taco de golfe que não sabia para quem era. Ao longo do caminho, ele quebrou tudo, exceto a câmera pendurada no teto alto da sala. Quando viu a câmera quebrada, parecia que o incômodo que sentia por estar lá estava diminuindo um pouco.
—…Aah.
Depois de todo o trabalho, Yohan deitou-se sobre um tapete macio de lã. De repente, perdeu sua energia.
Precisava organizar seus pensamentos, resposta de tudo o que aconteceu. Agora, não tinha tempo para pensar em nada. Yohan, que estava olhando para a lâmpada de forma geométrica como uma obra de arte, lentamente fechou os olhos. Uma fadiga inevitável inundou como uma maré, e sua mente cintilou como uma lâmpada que se esgotou. Então Yohan caiu em um sono como a morte.
***
Não importa o quão difícil as coisas se tornaram, não podia simplesmente ficar parado. O primeiro lugar que Yohan se dirigiu, apesar de que não conseguia se concentrar devido a um pânico mental, foi para Lilin.
Quando ele entrou no lounge bar, sua expressão era muito sombria. Era porque ele não tinha certeza do que dizer a Grant. ‘Você acreditaria em mim se eu dissesse que um psicopata pervertido me sequestrou e manteve preso e por isso tive que me ausentar do trabalho…’ Ao contrário das preocupações de Yohan, Grant o cumprimentou com um olhar de preocupação, em vez de raiva. Yohan, que estava confuso, rapidamente entendeu o motivo.
—Houve um acidente, você está bem? Seu corpo parece bem.
—Um acidente…
—Isso, um tempo atrás, um advogado veio. Eu consegui passar pela agenda lotada mantendo um barman temporário para substituí-lo. Parece que era um figurão, você tem certeza que está tudo bem?
A verdade era diferente, mas o acidente estava certo, e também era verdade que a outra parte era um figurão. Yohan evitou a resposta desajeitada com um sorriso sutil. Aliviado pelo fato de que ele não precisava dar desculpas ruins, ele trouxe o ponto real.
—Então, por que você não vai para Chicago?
—Aconteceram algumas coisas. Então, a propósito, se se você ainda não contratou ninguém, posso continuar trabalhando?
Os olhos de Grant se iluminaram com as palavras de Yohan.
—Você é muito bem vindo. Ainda assim, muitos clientes ficaram curiosos por não poder te ver esses dias. Hum, Ethan. Pode começar a trabalhar agora mesmo, desde que não exagere, ok? É sexta feira à noite, então provavelmente estará fora de controle.
—Muito obrigado, Grant.
—Eu que agradeço. Thompson ficará desapontado.
—Depois falarei com Thompson.
—Sim, então, por favor, troque de roupa primeiro.
Depois de muito tempo, Yohan, que estava de uniforme, olhou no espelho. Seu rosto estava completamente abatido, provavelmente porque o cordão nervoso havia queimado até o fundo por vários dias. Depois de hesitar por um momento, ele pegou o gel de cabelo no camarim. Grant, que presta muita atenção à aparência de seus funcionários, sorriu satisfeito ao ver Yohan que tinha o cabelo arrumado em pouco tempo.
À medida que a noite avançava, o número de convidados aumentava. Agora que suas mãos estavam rígidas, Yohan teve que trabalhar muito mais do que o habitual. Ao ouvir a notícia de seu acidente, alguns dos frequentadores disseram olá com rostos preocupados, e Elaine, agora uma ex colega de quarto, também correu para LiLin e cuspiu palavrões grossos como se ela o estivesse perseguindo.
—Seu desgraçado, você deveria ter avisado que houve um acidente! Você sabe como eu fiquei preocupada?
—Desculpe, eu estava fora de mim.
—A casa está uma bagunça, você se foi e, de repente, pessoas esquisitas vêm e dizem que você está ferido…por acaso foi perseguido pelo FBI, eu imaginei mil coisas absurdas!
—Elaine, sinto muito pela moto. Eu deveria ter avisado antes…
Com as palavras de Yohan, Elaine, que estava febril por um tempo, franziu a testa e balançou a cabeça.
—Não se preocupe com isso. Porque foi uma coisa boa para mim.
—O que isso significa?
—Aquelas pessoas. Vão trazer uma nova moto para compensar o dano.
—…Eles disseram isso?
—Sim. Então eu até delirei achando que você era o filho ilegítimo escondido de uma família rica.
Em uma piada que estava bem próxima da verdade, Yohan virou as costas, entregou-lhe um coquetel de cortesia, em vez de levar a conversa adiante. Felizmente, a namorada de Elaine apareceu bem na hora, e sua atenção estava voltada para ela. Vendo as costas de ambas se afastando, Yohan pensou em Joseph sem parar. Foi a última vez com que falou com ele antes de desaparecer da festa sem dizer uma única palavra naquele dia…
‘Devo avisar que estou de volta? Eu nem sei o número, então como faço para entrar em contato com você?’
Yohan pensou por um momento, mas depois balançou a cabeça. Uma vez que comesse a falar, teria até que explicar o que aconteceu com ele. Não podia contar a Joseph que teve um encontro com Valentine. Porque não queria receber mais atenção solidária dele. Mas, por outro lado, se perguntava como Joseph reagiria.
‘Talvez, como antes, apareça em um carro e me leve a qualquer lugar…’
Yohan balançou a cabeça com um sorriso enquanto listava suposições sem sentido em sua cabeça. Essa ilusão de coisas boas não passava de devaneios inúteis.
‘Se pensar sobre isso… nós nem somos próximos o bastante para que eu te conte sobre isso.’
Assim, tendo organizado seus pensamentos em relação a Joseph, Yohan imediatamente se concentrou em lidar com a enxurrada de pedidos.
***
Yohan se cansou com mais facilidade do que o normal. Era só porque não estava trabalhando há um tempo. A fadiga acumulada interferiu na concentração.
A cobertura era confortável e tudo o que era necessário foi fornecido em excelentes condições. No entanto, Yohan não conseguia sentir nenhuma sensação de descanso nisso. Era porque ele pensou que Valentine estaria monitorando cada movimento seu. Se isso é verdade ou não, era como se Valentine estivesse sentado no canto da cama o vigiando enquanto não conseguia dormir. Não havia como descansar confortavelmente.
—Ethan, chegaram pedidos de Chá Gelado Long Island e shots Bacardi.
—Eu sei.
Depois de processar o último pedido até a meia noite, teve algum tempo livre. Yohan deu um tapinha no pescoço rígido e inclinou a cabeça para trás. A dor forte se espalhou por todo o ombro rígido.
—Você está muito cansado?
—Ah…um pouco.
Grant entrou no bar e ofereceu a Yohan um café quente. Ele que recebeu o copo, respondeu com um sorriso.
—Obrigado.
—Como está seu corpo?
—Bem, está tudo bem.
—Chega por hoje.
—Hm?
—Mesmo que você pareça bem do lado de fora, as consequências do acidente podem permanecer. Não importa o quão frio eu seja em Gotham, não tenho interesse em explorar os funcionários.
Yohan sentiu um pouco de remorso pela gentileza que foi dada como uma brincadeira. Mas então ele silenciosamente acenou com a cabeça. Não estava realmente em boa forma para cumprir o prazo até o amanhecer.
—Então…obrigado. Amanhã vou trabalhar duas vezes mais.
—Vá com calma. Se você se sentir mal, me avise com antecedência.
—Obrigado, Grant. Você é sempre o melhor.
—Ha ha eu sei.
Depois de sair do prédio, Yohan tentou ir para o apartamento no Queens com um cigarro na boca. Mas então, com um sorriso amargo, ele virou o volante em direção ao Upper East Side. Um pensamento repentino passou pela sua cabeça de que nem precisaria de carro para percorrer essa distância.
Ao chegar na mansão, Yohan tomou um banho rápido e foi direto para a cama. Talvez por causa do um padrão de sono emaranhado, embora geralmente não fosse hora de dormir, não conseguiu resistir à sonolência. Ele caiu em um sono doloroso, sentindo como se estivesse se afogando.
Yohan foi acordado por pesadelos que frequentemente o visitavam. Mesmo que seu coração fraqueje um pouco, o pesadelo ataca Yohan como se estivesse esperando. Ele acordou de seu sonho no momento em que sentiu sua língua arder como se estivesse em brasa, engoliu o sangue e a saliva e balançou a cabeça.
—…ugh.
Yohan, que abriu os olhos apressadamente, olhou fixamente para o teto escuro. O azul escuro da aurora penetrava pelas frestas das cortinas. Pode estar tudo bem agora, mas não importa quanto tempo tenha passado, o pesadelo desagradável parecia não querer deixá-lo.
Ainda assim… É um grande avanço comparado a quando não conseguia nem dormir.
Yohan, que estava esperando os fragmentos dos sentidos retornarem completamente, pensando ociosamente sobre isso, desta vez endureceu por um motivo diferente. Foi porque ele sentiu um toque estranho e quente em sua mão. Ele respirou fundo e virou a cabeça com cautela.
—…
Como esperado, Valentine estava dormindo ao lado dele, respirando tranquilamente. Por quê… ? Vendo que ele estava de terno ainda com gravata, não parecia ter vindo com a intenção de dormir ali. Yohan revirou os olhos, olhando para a mão branca e alongada que segurava sua mão, então voltou o olhar para seu rosto.
Foi porque era o rosto que sempre via quando abria os olhos no passado? Yohan estava mais surpreso consigo mesmo, do que pensou que ficaria, e olhou para Valentine com olhos calmos. Longos cílios dourados esticados sob as pálpebras de sombra profunda, e as sobrancelhas relaxadas confortavelmente, compensando a frieza habitual.
De repente, os olhos de Yohan focaram no pescoço de Valentine. A nuca reta e ligeiramente inclinada parecia indefesa. Yohan engoliu saliva seca sem perceber.
‘…O que aconteceria se eu estrangulasse aquele pescoço assim?’
Só de imaginar isso fez seu estômago ficar tonto. Yohan estendeu cuidadosamente a mão livre. Foi quando a mão que estava hesitando em volta do pescoço por um tempo deu um passo para trás como se estivesse segurando o ar.
—…Por que você não faz isso?
Uma voz sonolenta quebrou o silêncio. Por um momento, Yohan enrijeceu, e Valentine, que sentiu um sinal de recuar, deu força a mão entrelaçando-a na sua. Quando Valentine abriu os olhos, seus olhos azuis brilharam brancos na escuridão. Os olhos, meio subconscientes, tinham um brilho instintivo como o de um animal selvagem. Yohan sentiu um pavor momentâneo, mas depois de acordar completamente, Valentine rapidamente capturou sua expressão.
—…
Enquanto estavam deitados de frente um para o outro, houve um longo silêncio que apenas olhou um para o outro. Na escuridão, as bochechas de Valentine brilhavam tão brancas quanto uma pequena ilha flutuando acima da superfície da água. Em meio à quietude que aumentava a tensão, Yohan percebeu tardiamente que sua mão ainda estava na mão de Valentine.
No entanto, a tentativa de Yohan de mover o corpo não teve sucesso. Era porque assim que ele mostrou sinais de querer levantar, Valentine agarrou sua mão como uma roxa. Enquanto empurrava e puxava, o dedo de Yohan pressionou as costas da mão de Valentine. Não reconheceu o calor que sua pele emanava.
‘O que… ?’
A sensação momentânea de indiferença foi quebrada pelo aperto de Valentine. Yohan apertou os lábios e puxou a mão. No passado, a temperatura do corpo, que era tão familiar quanto a sua, agora só provocava rejeição. Yohan perguntou, molhando os lábios secos com a ponta da língua.
—Desde quando você está acordado?
—Desde que você estava pensando se me estrangularia ou não.
Desgraçado calculista. Yohan, que havia sido preso, puxou a mão violentamente e se levantou. Valentine o seguiu, levantando a parte superior de seu corpo e bocejando ligeiramente. Vendo aquela aparência despreocupada, Yohan, estava furioso com aquela aparência calma e sarcástica.
—Se você me prendeu aqui com o propósito de entrar sorrateiramente, estou saindo agora mesmo.
—Não é desse jeito. Tentei ter paciência…
Valentine esfregou os olhos com as palmas das mãos e apoiou a cabeça em um de seus ombros, que estava erguido em ângulo. Seus olhos atordoados brilharam levemente na escuridão.
—Estava preocupado porque não podia vê-lo.
Embora pensasse assim, o objetivo do CCTV era monitorar Yohan. Ele olhou para Valentine com olhos sombrios e fundos. Sabia que era uma pergunta sem sentido, mas não pode evitar perguntar.
—Por quê…o que você vai fazer comigo?
Em resposta à pergunta de Yohan, Valentine fez uma expressão de choque por ele perguntar o óbvio.
—Eu não sei. Sempre houve apenas uma coisa que eu desejava.
—Não, eu não sei e nem quero saber. Não vá me dizer que você quer que eu seja seu animal de estimação? Ou então você quer um boneco sexual?
Com as palavras de Yohan, o ar ao redor do ar de Valentine esfriou. Um sorriso manso espalhou-se levemente por seu rosto inexpressivo. Não havia calor nele.
—Se eu pensasse em você dessa maneira, eu já teria te deitado aqui e te possuído.
Valentine continuou a falar com uma voz perturbadora, olhando fixamente para a mandíbula de Yohan apertando com a tensão.
—Claro que não é que eu não queira, mas não é tudo o que eu quero.
Olhos claros perfuraram Yohan como uma lança. Ele tentou não desviar o olhar, mas não pôde evitar estremecer os cantos dos olhos. Um espinho afiado no silêncio cresceu. Foi Valentine quem quebrou o pesado silencio.
—Eu tentei viver sem você.
—…
—Eu me pergunto o quão horrível eu devo ter sido para você fazer essa escolha. Se é isso que você quer, tudo o que posso fazer é deixar você ir.
—…
—Mas veja bem. Não conseguia controlar meus pensamentos, e tudo o que fiz durante anos foi procurar seus rastros como um cachorro.
Não havia nenhuma sensação de vitalidade na voz, que era profundamente sombria. Emoções negativas que teriam engolido Valentine lentamente subiram como uma névoa negra, sufocando a respiração de Yohan. Como se tentasse evocar a atmosfera fortemente submersa, Valentine sorriu brilhantemente.
—Sinto muito, Yohan, não posso deixar você ir. Essa é a minha decisão.
—…
—Não vou te pedir nada agora.
—…
—Apenas me deixe estar ao seu lado.
Com as palavras que se seguiram sem hesitação, Yohan franziu a sobrancelha. Raiva e frustração encheram seu coração. Queria vomitar imediatamente, e queria bater em Valentine até que estivesse tudo errado. Se pudesse fazer isso, parecia que o aperto por dentro, como se a areia tivesse se empilhado, seria um pouco aliviado.
Mas Yohan sabia que nada seria resolvido dessa maneira. Valentine finalmente o encontrou, e o vínculo não vai quebrar a menos que ele desista. A água derramou e a ampulheta virou de cabeça para baixo. A vida pacífica que Yohan queria estava desaparecendo, acenando do outro lado do rio.
‘Então, qual é a coisa sábia a fazer?’
‘O que eu faço…?’
—Se eu…se eu fizer isso…
Após um longo período de silêncio, uma voz suave e seca desceu pelos lábios de Yohan. Sentindo-se preso em uma armadilha da qual não conseguia sair, ele fechou os olhos.
‘Não posso resolver nada apenas evitando assim, eu prefiro…’
‘Depois de ver o lado de Valentine, o que me resta a fazer?’
E quando Yohan abriu os olhos novamente, havia uma determinação precária em seus olhos escurecidos. Ele continuou com a hesitação característica de uma pessoa que não tinha certeza de sua escolha.
—Você pode me prometer que não vai se intrometer na minha vida?
Com a pergunta misturada com amargura e desespero, Valentine fez uma cara incompreensível. Em vez de responder, ele perguntou a Yohan.
—Qual o limite?
—Não tente me manipular. Não interfira na minha vida diária e não faça nada que eu não permita.
—A amplitude dos limites são exageradas.
—Se não gosta, não faça… Ai!
Valentine apertou o queixo sem aviso, e Yohan soltou um gemido curto. Valentine, que manteve o olhar de Yohan à força sobre ele, inclinou a cabeça como se fosse beija-lo. A uma curta distância, suas respirações se entrelaçaram. Os olhos de Yohan tremeram como se fossem perfurados por uma lança. Enquanto eles se aproximavam, Valentine sorriu.
—Então está tudo bem em te ver? Te tocar assim?
Os dedos de Valentine se apertaram e esfregraram os lábios de Yohan. Ele sentiu os arrepios subindo de suas costas e um medo irresistível, e empurrou seu peito violentamente. Yohan cuspiu palavrões para Valentine, que silenciosamente se afastou.
—Porra! Já chega . Respeita o tempo de adaptação.
—Tempo de adaptação?
Limpando os lábios com as costas da mão, Yohan olhou para Valentine.
—Hm. Essa maldita relação…até que esteja tudo acertado.
Um brilho brilhou nos olhos de Valentine. Mas logo, ele assentiu lentamente, apagando a ferocidade que havia sido revelada por um momento.
—Ok, tudo bem.
Valentine estendeu a mão como se estivesse pedindo um aperto de mão.
—Não me importo em esperar. Então temos um acordo?
Yohan olhou para a mão estendida dele. A única coisa que permeou seu coração, onde não havia certeza desde o início, foi uma vaga sensação de ansiedade. Esta é realmente a escolha certa? Depois de se questionar, não houve resposta
—Uhum.
Mas o marco do destino já apontava em uma direção, e Yohan não teve escolha a não ser estender a mão. Quando Yohan relutantemente estendeu a mão, Valentine apertou com força, como se esperasse por isso.
—Tenha certeza de que cuidarei muito bem de você no futuro, Yohan.
Valentine estreitou os olhos e sussurrou suavemente. Era uma voz cheia de satisfação de um caçador que capturou a fera. Yohan pensou ao ouvir suas palavras, que elas não transmitiam confiança.
Essa promessa provavelmente nunca será cumprida, e esse relacionamento nunca dará certo.
Era um pressentimento intuitivo e claro.