A Tatuagem de Camélia - Capítulo 18
2: Esperando que pelo menos mais um retorne vivo.
Um mês se passou desde então.
Igmeyer passou a acreditar na existência de monstros chamados de raça fantasma, especialmente após o retorno bem-sucedido da princesa de sua viagem ao norte.
Seus pesadelos se tornaram mais intensos, começando com a aniquilação do posto militar primário. Agora, o castelo estava meio destruído, o território pisoteado e os cidadãos estavam tendo alucinações, levando-os a matar uns aos outros.
Enquanto suportava esses sonhos por mais de trinta noites, Igmeyer não conseguia deixar de se sentir desgastado.
Apesar da sua condição, ele continuou treinando e lutando com os cavaleiros. No entanto, aqueles que cruzaram lâminas com ele instintivamente recuaram, sentindo o mau-humor que emanava dele.
— Ah, a senhora está aqui.
— A senhora chegou!
Em meio a isso, a aparição de Amber foi quase uma salvação.
Os cavaleiros imediatamente pararam suas atividades e ficaram em posição de sentido, rezando silenciosamente para que a senhora ficasse mais tempo no campo de treinamento. Talvez então pudessem ter um breve descanso.
— Amber.
Ao avistar sua esposa, Igmeyer rapidamente entregou sua espada a um escudeiro e graciosamente se aproximou dela.
— O que te traz aqui? Acho que você veio me ver.
As palavras descaradas de Igmeyer assustaram Amber momentaneamente, mas era difícil negar na frente de todos.
— Nora, Betty.
— Sim!
— Distribua os lanches preparados para os cavaleiros.
Primeiro, Amber calmamente deu instruções. Ela havia mandado suas empregadas para a cozinha hoje de manhã para preparar sanduíches e biscoitos de chocolate.
O principal motivo para trazer essas guloseimas era o mesmo de sua excursão ao norte – para criar laços com os cavaleiros gradualmente. No entanto, esse não era o único motivo, havia outro.
Depois que os cavaleiros se fartaram, Amber abriu a boca claramente o suficiente para que todos ouvissem.
— Tenho algumas joias que comprei de Shadroch e quero vender. Alguém de vocês conhece um mercador que ofereceria um preço alto?
Os cavaleiros, que estavam enchendo a boca de sanduíches, congelaram boquiabertos. Após morder rapidamente o lanche, limparam suas bocas e se levantaram prontamente.
Foi um ótimo julgamento da parte deles, mas Igmeyer, que tinha um rosto sorridente, sentiu seu humor despencar.
— Por que vendê-las? Você não é tão pobre que precise se desfazer delas.
Veias saltam na testa de Igmeyer.
Amber, ciente de que Igmeyer estava descontente, continuou falando como se nada tivesse acontecido.
— Quero comprar ferro das Minas Litton.
— Ferro de Litton?
— Sim. Ouvi dizer que pode ser usado para fazer espadas de altíssima qualidade e resistentes que não quebram facilmente.
A menção de ferro Litton agitou os cavaleiros. Eles nunca esperaram ouvir uma princesa falar sobre espadas.
Além disso, uma espada feita de ferro Litton era algo que todos cobiçavam. Era caro, e ainda assim, ela queria comprá-lo vendendo seus pertences pessoais?
Os cavaleiros murmuradores ficaram em silêncio quando viram a expressão descontente de Igmeyer.
— … Vamos encerrar o treinamento de hoje.
Igmeyer decidiu ficar de boca fechada por enquanto.
Até onde ele sabia, Amber não era do tipo que reclamava ou falava em enigmas. Apesar de seu comportamento brilhante e glamoroso, havia uma leve sensação de melancolia nela. Às vezes, seu olhar para o além sugeria um desconforto desconhecido.
Amber nunca choramingou, nunca disse bobagens e, além das compras excessivas iniciais de óleo e galinhas, a maioria das coisas que ela manuseava parecia se encaixar. Ela não se revelava completamente, mas também não se escondia.
É por isso que Igmeyer estava inclinado a ouvir seriamente tudo o que Amber dizia.
— Por que de repente você está interessada em ferro Litton?
— Apenas.
— Você não é alguém que lida com qualquer coisa ‘apenas’.
Após deixar o campo de treinamento, Amber mordeu os lábios enquanto olhava para Igmeyer. Demonstrando hesitação em falar, ela virou finalmente a cabeça.
— Hmm. Não me diga que você está interessada em ferro de Litton para me dar uma espada?
— ….
Ela deveria agir como se tivesse sido pega. Deixar que ele pensasse assim.
Na verdade, Amber estava pensando sobre isso há muito tempo. Como expressar, quais deveriam ser as primeiras palavras. E até agora, as coisas estavam progredindo como ela queria.
— Quero te mostrar algo.
Mas daquele ponto em diante, tudo tomou um rumo que Amber não havia previsto.
— Algo?
— Bem, se você é a senhora de Niflheim, você deveria saber… Então, acho que já é hora de mostrar isso a você.
Isso foi completamente inesperado.
Amber não tinha certeza do que Igmeyer estava falando, mas decidiu segui-lo mesmo assim.
Não, na verdade, Amber não precisou caminhar. Igmeyer a carregou.
— O caminho é um pouco acidentado. Segure firme.
Igmeyer, dando passos confiantes, dirigiu-se para um canto do castelo onde nunca havia pisado.
O cômodo empoeirado parecia intocado pelos criados, mas uma parede estava cheia de livros.
Achim!
Enquanto ele movia desajeitadamente alguns livros, a poeira se espalhou. Naquele exato momento, enquanto Amber estava abafando um espirro, a estante fez um som estrondoso e abriu para o lado.
— Uma passagem secreta?
— Sim. Mas não é uma rota de fuga.
Igmeyer riu quando Amber murmurou surpresa. Estava bem curiosa sobre seu comportamento um tanto travesso de menino.
Por que ele estava demonstrando tal comportamento? O que poderia estar lá embaixo? Embora fosse natural, Amber não sabia sobre tais lugares dentro do castelo no passado.
‘É claro que eu não fui reconhecida como a senhora de Niflheim no passado. Pois ele nunca me trouxe aqui.’
Agora, embora não se sentisse novamente magoada, ela achou isso um tanto desagradável. Ao mesmo tempo, se sentiu um pouco satisfeita. Ver que tanta coisa havia mudado nesta vida já a deixava feliz.
— Até onde você está planejando me levar?
— Os membros da realeza não deveriam caminhar com os próprios pés.
— Só quando são bebês. Quando se aprende, apenas anda.
— Oh sério?
As arandelas mal iluminadas na parede evitavam que a passagem ficasse muito escura.
Embora houvesse um cheiro nauseante típico de lugares subterrâneos e parecesse assustador, e embora houvesse um som úmido a cada passo que ele dava…
Não foi a caminhada mais desconfortável.
— Me coloca no chão.
— Mm.
— Igmeyer.
— Não posso te segurar só mais um pouquinho? Está frio aqui.
Que tipo de truque é esse?
Amber semicerrou os olhos e o examinou.
Então, Igmeyer realmente estremeceu os ombros. Uma risada suave escapou dele inevitavelmente.
— Você é mais travesso do que eu pensava.
— Obrigado por notar.
Agora, Amber achava confortável trocar algumas palavras com Igmeyer. Talvez fosse porque eles misturavam seus corpos não apenas uma vez por semana, mas em todas as oportunidades.
Não que ela o amasse ou algo assim, mas também não era desagradável. Em vez disso, ele agora parecia uma presença reconfortante.
‘Espero que possamos continuar a nos dar bem assim.’
Desde a infância, como princesa, Amber aprendeu que o melhor relacionamento com um cônjuge era como o de “amigos”.
Gerar herdeiros era uma obrigação, criá-los bem era uma responsabilidade, sustentar a vida de casado era uma questão de amizade.
O amor, como uma chama, pode ser intenso, mas não duradouro, enquanto a amizade e a lealdade são como estrelas, brilhando com valor por muito tempo.
Portanto, os cônjuges eram almas gêmeas e parceiros de vida. Era mais sobre um vínculo profundo e duradouro de amizade do que o amor emocional do namoro.
De qualquer forma, Amber estava satisfeita com seu relacionamento com Igmeyer porque era assim que ela havia aprendido que deveria ser.
Enquanto permanecesse nesse nível, nem muito quente, muito frio. Afinal, chá morno era o mais agradável de beber.
— Chegamos.
De repente, uma enorme porta de ferro apareceu diante deles.
Mesmo naquele ambiente úmido, Amber notou que a porta de ferro não apresentava sinais de corrosão.
Sem dúvida, essa é a característica do ferro Litton.
‘Mas fazer uma porta de ferro Litton caro…?’
Era difícil acreditar sem ver em primeira mão.
Com a quantidade de ferro usada para esta porta grossa, eles poderiam ter feito cerca de trinta espadas… Não houve tal desperdício.
‘Eu dei uma olhada nas espadas fornecidas aos cavaleiros, e elas definitivamente não eram feitas de ferro de Litton.’
O que diabos levou os ancestrais de Niflheim a fazerem uma coisa dessas?
— Sim, é uma coisa louca de se fazer.
— !
Como se lesse seus pensamentos, Igmeyer respondeu estranhamente, quase fazendo Amber pular ali mesmo.
— Você lê mentes?
— Não. Eu também pensei que era loucura quando cheguei aqui.
Terminando suas palavras, Igmeyer gentilmente a abaixou. Com seus dois pés firmemente no chão, Amber se sentiu um pouco estranha. Ela estava nos braços de Igmeyer por apenas 10 a 20 minutos, mas o chão parecia estranho.
‘É por isso que desenvolver hábitos é assustador.’
Não vamos dar muita importância às ações de Igmeyer.
Amber balançou a cabeça e clareou a mente. De qualquer forma, o importante era o que havia atrás daquela porta.
— … Um monstro?
Num momento de reflexão, Amber murmurou para si mesma.
— Haha, você acha que tem um monstro?
Igmeyer riu enquanto alcançava a porta de ferro.
Amber olhou para ele e expressou seu raciocínio.
— Isso parece plausível. Caso contrário, por que precisaríamos de uma porta tão resistente?
— Isso faz sentido. O interior é espaçoso o suficiente para conter Nidhogg.
— Nidhogg?
Era uma expressão exagerada.
O dragão maligno Nidhogg era tão longo quanto uma cadeia de montanhas da cabeça à cauda. Sua cabeça era do tamanho de um lago, e suas quatro pernas eram grandes o suficiente para esmagar uma torre.
Mas como isso poderia conter Nidhogg?
‘Parece que ele está me tratando como uma criança.’
Continua…..
Tradução: Elisa Erzet