A Tatuagem de Camélia - Capítulo 13
Quando Igmeyer foi até o quarto encontrar Amber, ela estava dormindo profundamente. A falta de sono à noite compensava à tarde.
Completamente inconsciente, Amber nem sentiu o braço firme que a carregava.
— Ah, está quentinho.
O doce aroma do mel adicionado à água do banho fez cócegas em seu nariz suavemente.
Um pouco consciente, Amber sorriu levemente.
‘Por que estou tão relaxada…?’
Quando sua mão deslizou suavemente, ouviu o som da água no banheiro. Embora não estivesse muito quente, a temperatura era do seu agrado.
‘Estou no banheiro…?’
Quando foi que ela chegou ao banheiro?
Remexendo em suas memórias, Amber levantou as pálpebras lentamente, muito lentamente. Então, ela ouviu uma risada baixa vinda de trás.
— Você dormiu bem, princesa?
— …!
Por um momento, Amber ficou tão surpresa que não conseguiu nem dizer o nome do homem.
— Ohh, por que você está aqui…?
Em Shadroch, compartilhar a mesma banheira era permitido apenas entre aqueles que se amavam e se estimavam profundamente. Em outras palavras, não era algo que Igmeyer e ela fariam.
— Você parecia exausta.
— …?
— Eu temia que você morresse de fadiga.
Que tipo de conversa é essa?
Forçando-se a sair de seu estado atordoado, Amber tardiamente percebeu que estava imersa na banheira. Ela estava encostada nele, usando-o como uma almofada.
Pelo menos, felizmente, ela não estava completamente nua. Talvez tenha sido sorte, ou talvez o oposto.
A camisola, feita de musselina muito fina, agarrava-se bem ao corpo, delineando as curvas no momento em que tocava a água.
Era uma sensação bem estranha, diferente de não usar nada.
— Ah, continua linda.
Seguindo o olhar de Igmeyer, Amber respirou fundo. Seus seios flutuavam suavemente na água, sua pele úmida se agarrava a cada curva e os mamilos eram visíveis.
Não havia nada que não fosse provocativo.
Como ele era um homem que não escondia muito seus pensamentos íntimos, o olhar dele que a encarava a fez estremecer.
— … Pervertido.
— Estou sendo acusado injustamente, princesa. Você parecia tão cansada, eu achei que poderia ajudar a aliviar o cansaço.
— Mas por que você está assim lá embaixo?
— Esse patife não me ouve, então não há nada que eu possa fazer.
Igmeyer se fez de bobo.
Ainda assim, Igmeyer não era o tipo de lixo que faria algo com uma pessoa exausta.
O membro ereto cuidaria de si mesmo.
Pensando assim, Amber ajustou sua postura para se inclinar mais confortavelmente.
No passado, ela não conseguia nem imaginar ser carinhosa com ele, mas agora, muitas coisas mudaram.
Era estranho e peculiar.
‘É… Porque você será o pai do meu filho. Por isso eu não te odeio agora. Ou porque preciso de calor para confortar minha solidão… Então, eu me apoio em você.’
Ele a estava tratando com tanta gentileza. É porque eles fizeram amor algumas vezes?
Se fosse esse o caso, metade de Amber se sentia desapontada, e a outra metade aliviada.
Era decepcionante, ela imaginava que o homem não podia oferecer mais nada, além de misturar seus corpos, mas se ele pudesse ficar ao seu lado, mesmo que fosse apenas na cama, e tratá-la tão bem… Talvez fosse mais fácil para ela lidar.
‘Eu também… eu só quero esquecer tudo e me apoiar em seu calor.’
Igmeyer sussurrou para Amber que estava perdida em seus pensamentos.
— Me disseram que você tem um par de luvas para mim.
— …!
— Quando você vai me dar?
Quando… Pega de surpresa, Amber conseguiu acalmar seu coração atordoado e abriu os lábios.
— Depois. Mas, Ulmsburg veio hoje?
— Sim. Eu disse a ele para marcar uma reunião com você através do mordomo.
— … Hum.
Não seria estranho se Ulmsburg trouxesse as luvas prontas para Igmeyer. Mas ela ainda não havia estabelecido firmemente sua posição como a Senhora do Norte.
Dentro do castelo, todos agora a consideravam a Senhora, mas fora dele, era apenas uma “jovem princesa estrangeira”, na melhor das hipóteses. Em outras palavras, uma completa estranha.
‘Preciso viajar por todo o Norte, mostrar meu rosto para as pessoas, falar com elas, comprar coisas no mercado, pagar por elas e comer em um restaurante comum. Tenho que mostrar essas aparências. Dessa forma, as pessoas do Norte me aceitarão.’
Ela estava muito focada em fazer luvas para os cavaleiros e obter vários materiais, e isso atrasou seu passeio pelo Norte. Mas agora parecia uma boa ideia.
‘Ainda temos tempo antes do rugido de Nidhogg irromper. Durante esse tempo, viajarei pelo Norte e deixarei uma impressão nas pessoas.’
E aproveitar para distribuir as galinhas ao mesmo tempo.
De qualquer forma, ela não pode simplesmente soltar mil galinhas no castelo.
O banho realmente pareceu fazer efeito, sua mente estava mais clara do que nunca.
— Estou planejando fazer uma expedição pelo Norte.
— O Norte?
— Isso é um problema?
— Não é isso, na verdade, vai estar muito frio. Você não comprou muito óleo porque odeia o frio?
Igmeyer pressionou os lábios no ombro dela, deixando uma marca.
Ele deve estar curioso sobre a enorme quantidade de óleo que ela comprou.
‘Devo revelar agora?’
O ambiente não era ruim.
Amber, que hesitou, engoliu em seco.
— Tenho pesadelos desde que era pequena.
— Pesadelos?
— Sim. Cavaleiros lutando e morrendo, um território sendo destruído… as pessoas dali sendo possuídas por algo e pulando em um rio. Esses tipos de sonhos.
O aperto dele no ombro dela aumentou por um momento.
Amber continuou calmamente.
— O povo do território estava possuído por um monstro estranho. Era como uma névoa, e dentro dele, havia um coração azul brilhante. O formato do coração, que estava batendo, eram visíveis.
— Um monstro como esse é algo que eu nunca ouvi falar.
— Sério? Talvez seja só mais um dos meus pesadelos.
Prever o futuro ou sonhar com tudo isso parecia absurdo.
No entanto, há uma diferença entre elas: — a primeira seria a dúvida de sua sanidade, a segunda poder rir de tudo isso.
Amber manteve uma atitude indiferente enquanto acrescentava uma explicação.
— A fraqueza daquele monstro é o fogo. Mas os cavaleiros só perceberam isso tardiamente. Depois que quase metade do território já havia sido destruído…
— Entendo.
Igmeyer acariciou gentilmente seus cabelos.
Com aquele toque afetuoso, Amber de repente percebeu o quão assustada ela ficou durante aquele momento.
O incidente daquela época ficou ainda mais angustiante quando ela se recordou.
Apesar dos preparativos, o medo ainda permanecia dentro dela, já que seus esforços solo não passavam de uma prontidão pessoal que não havia dissipado completamente essa ansiedade.
— Claro, provavelmente é apenas um sonho.
— Então, você comprou o óleo por causa disso? Para o caso de aquele monstro aparecer?
— Algo assim…. Não é estranho?
Igmeyer soltou uma tosse seca ao ouvir as palavras de Amber.
No passado, ele poderia ter descartado os pesadelos dela como meras fantasias e dito a ela para comer algo nutritivo.
No entanto, ele não queria dizer isso à sua preciosa esposa. Em segundo lugar, o motivo de comprar o óleo para evitar a destruição do território era adorável demais.
E terceiro… ele também não estava sendo incomodado por pesadelos ultimamente?
A situação em relação aos pesadelos da princesa era difícil de lidar.
— Eu não acho estranho… e deve ser possível. Você tende a ter tais pesadelos?
— Sim, desde que eu era pequena.
— Deve ter sido difícil.
Agora, a água da banheira estava gradualmente fria, esfriando seus corpos.
Preocupado que sua esposa pudesse pegar um resfriado, Igmeyer tirou seu corpo esbelto da banheira e a carregou para o quarto.
Mesmo enquanto ele tirava as roupas grudadas em sua pele, Amber permaneceu calma.
Afinal, receber atenção dos outros era algo natural desde o momento em que ela nasceu, então não havia nada do que se envergonhar.
Enquanto Igmeyer vestia um vestido novo, secava o cabelo e até mesmo enxugava entre os dedos dos pés, ele de repente se perguntou por que estava fazendo isso tão naturalmente.
Por que ele estava cuidando dela sem esforço algum?
— Você também comprou muitas galinhas. Há uma razão para isso?
— Sim. Em breve darei a volta ao Norte, cumprimentarei os moradores e distribuirei as galinhas para as pessoas do território.
— Você acabou de comprar as galinhas e vai dá-las aos moradores?
— Eles vão precisar delas. Passar sangue de galinha previne alucinações…
Quanto disso ele deveria genuinamente aceitar? Em sua contemplação, Igmeyer decidiu que se comprar algo assim aliviaria a ansiedade da princesa, ele preferiria ficar bem com isso.
Enquanto ele se perguntava onde colocar todas aquelas galinhas, ele ficou aliviado ao saber que elas seriam distribuídas.
— Pensando bem, por que você fez luvas? Isso também está relacionado aos sonhos?
Crack. O som da lareira aquecendo inundou o quarto.
Amber sorriu levemente ao ouvir o crepitar dos troncos queimando.
— Para proteger as mãos dos cavaleiros.
— As mãos?
— No sonho, os cavaleiros aplicavam óleo em suas espadas e as incendiavam para lutar. No entanto, todos eles acabaram com queimaduras. Com as mãos machucadas, eles não conseguiam lutar mesmo que quisessem, então morreram em vão… É por isso.
Os sonhos costumam ser tão específicos?
‘Bem, repetir o mesmo sonho pode levar a isso.’
Satisfeito com seu próprio raciocínio, ele deu um breve beijo nos lábios molhados de Amber.
Foi um beijo cheio de consolo mais reconfortante do que de desejo.
— De agora em diante, vou garantir que você não tenha sonhos assustadores.
— Existe uma maneira?
— Bem… não hoje. Você ainda parece cansada.
Igmeyer passou o polegar sobre os olhos sombreados de Amber.
Ela parecia lenta e sonolenta, mas sua aparência era excessivamente provocativa.
‘Estou no meu limite.’
Apesar de ter um comportamento calmo, seu desejo só estava se acumulando, havia um limite para manter a compostura.
Com relutância, Igmeyer desviou o olhar da figura sedutora de sua esposa.
— Vou chamar uma criada, para que ela possa servi-la, e por favor tente dormir um pouco.
— Sim.
— Quando a neve diminuir e as estradas estiverem limpas, vamos visitar o Norte.
— Está bem.
Isso encerrou a conversa deles. Apressando-se para sair com um andar inquieto, ele abriu com força a porta do escritório, pegando a espada e a capa.
(Elisa: Hahaha, alguém vai aliviar os desejos matando por aí. Sinto pena dos monstros que encontram o Igmeyer nessa situação. 😝😝😝)
Continua….
Tradução: Elisa Erzet