A Tatuagem de Camélia - Capítulo 06
Amber, que observava uma garota mexendo nas unhas com um olhar desinteressado, perguntou ao mordomo.
— Qual é o nome daquela garota?
— O nome dela é Mariam
‘Mariam…’
Ah, é isso mesmo.
O rosto parecia familiar. Ela era uma das duas empregadas que compareceram na primeira noite da vida passada, a que falava o dialeto do Norte bem forte.
Amber tentou superar os eventos anteriores à regressão, mas parecia desafiador com tais revelações.
— Eu aceito os cumprimentos.
— Sim, senhora. Por favor, sente-se aqui.
O mordomo Huvern trouxe uma cadeira com uma almofada de veludo. Amber sentou-se com as costas retas.
Pode ser um corredor simples sem tapeçaria, e uma atmosfera fria pode estar persistindo, mas isso não importa. Foi intencional criar uma atmosfera rígida, não uma quente.
Amber reconheceu rapidamente os cumprimentos de todos. Não havia ninguém particularmente problemático.
Alguns funcionários franziram a testa sutilmente enquanto olhavam para a capa que ela usava. Embora sua memória não fosse vívida, Igmeyer, sem dúvida, não era familiar ou afetuoso com eles. O mais correto dizer, ele era mais do lado intimidador.
Portanto, a capa em seus ombros tinha um grande significado para os funcionários do que apenas um pedaço de tecido.
Amber decidiu aproveitar ao máximo esse fato.
Com o passar do tempo e a passagem de várias Noras, diferentes daquela que estava atrás dela, chegou finalmente a vez de Mariam.
— …. Olá! Eu sou Mariam.
Mariam cumprimentou, ficando de pé à frente com uma atitude indiferente. No entanto, era notavelmente diferente dos outros.
Ela não se curvou corretamente, e seu pescoço parece duro. Seu olhar para Amber não foi particularmente cortês.
Amber olhou para Mariam com um sorriso.
Aquele sorriso era tão lindo quanto flores-de-gelo florescendo em uma parede gélida, capturando a atenção de todos.
— De novo.
Os servos não compreenderam rapidamente o significado da ordem que acabara de ser dada.
Mariam, que estava lidando com uma onda de ciúmes ao ver Amber envolta no manto do Grão-Duque, não foi exceção.
— A senhora pediu que você a cumprimentasse novamente.
O mordomo, que se mantinha educado, falou, dirigindo-se a Mariam com um toque de repreensão.
Ainda sem entender o que estava acontecendo, Mariam, incapaz de esconder sua expressão desrespeitosa, abaixou relutantemente a cabeça sob as instruções repetidas.
— Olá. Eu sou Mariam.
— De novo.
— Olá. Eu sou Mariam.
— Diga novamente.
Após a terceira repetição do tom gélido da Madame, os funcionários finalmente entenderam a situação e trocaram olhares.
No entanto, Mariam não conseguia entender por que estava sendo submetida a isso.
— Saudações. Eu sou Mariam.
— Faça de novo.
‘Qual é o problema? Por que o mordomo não está impedindo isso? Porque essa mulher estrangeira está agindo como uma realeza tirânica!’
Mariam e os outros funcionários eram nativos do Norte.
Em outras palavras, eles nunca tiveram a oportunidade de encontrar um nobre de verdade em suas vidas. A menos que alguém fosse louco, nobres não viriam para esta terra árida.
Principalmente a realeza, eles nunca tinham visto um.
Então, talvez apenas se curvar respeitosamente como o chefe de cozinha seria o suficiente para cumprimentá-lo, mas Mariam não queria fazer isso.
A princesa não trouxera uma fortuna considerável, não estava cercada por guardas e as criadas não estavam alinhadas atrás dela.
Certamente, ela veio para cá como se tivesse sido expulsa de seu próprio país.
Mariam teimosamente se agarrou a esse pensamento.
Provavelmente porque não queria acreditar que o Grão-Duque havia sido roubada do que ela inquestionavelmente acreditava pertencer a ela.
— Mesmo que seja a senhora, isso não é um pouco… demais?!
E assim foi. O rosto de Mariam ficou vermelho, e ela levantou a voz com determinação. Esse era precisamente o momento que Amber estava esperando.
— Mesmo que você seja a Madame, você não pode agir assim!
— Como você ousa!
Foi então que aconteceu.
O mordomo, que tinha os olhos semicerrados, de repente os abriu bem e gritou. Mariam ficou surpresa com isso.
— Mas… mas, mordomo!
— Peço desculpas, senhora. Parece que julguei mal o treinamento.
Mariam, parecendo meio chorosa e injustamente tratada, tentou dizer mais, porém Huvern prontamente se virou para Amber e fez uma profunda reverência com postura perfeita.
Amber sorriu levemente, enquanto a situação se desenrolava exatamente como ela havia previsto.
Em sua vida passada, apesar de Amber e Igmeyer não mostrarem interesse no castelo, ele nunca se tornou um caos graças à presença de Huvern. Além disso, Huvern tinha um lado teimoso, garantindo que ele nunca fizesse vista grossa para comportamentos desrespeitosos em relação ao mestre.
‘Claro, também há a intenção de proteger Mariam ao intervir e se curvar diante de mim. Para impedi-la de cometer mais grosserias.’
No entanto, Amber não tinha intenção de deixar essa situação passar sem consequências. Com um tom gentil, ela se dirigiu a Nora.
— Nora, vá buscar a bengala.
— …!
— Aquela criança parece entender apenas por meio de punição.
Ao comando da Madame, as pessoas reunidas ali ficaram congeladas. Apenas uma pessoa se moveu naquela situação — Nora, aquela que havia recebido o pente de prata de Amber.
— Aqui está, senhora!
Originalmente, em qualquer castelo, sempre haveria uma bengala disponível para gerenciar as fileiras mais baixas. No entanto, como não houve necessidade dela após a morte do falecido Grão-Duque, ela foi armazenada no porão sob as escadas até agora.
Nora a encontrou notavelmente rápido. Isso porque Amber havia secretamente dado instruções ontem.
— Venha para a frente, Mariam.
Amber, segurando a bengala, permaneceu calma. A atmosfera que emanava dela era tão fria que alguém congelaria ao contato, e, ao mesmo tempo, evocava medo.
Aqueles que sentiram a nobreza intrínseca nela desde o momento em que nasceu, sem saber, engoliram saliva seca.
— P-Por quê? O que fiz de errado? O que foi? Alguém, por favor, diga alguma coisa!
Percebendo que a situação era incomum, Mariam, agora perdida em pensamentos, olhou ao redor e procurou ajuda.
No entanto, aqueles que entenderam que essa era uma maneira da nova senhora estabelecer sua autoridade rapidamente evitaram seu olhar. Mesmo os que não entenderam bem não ousaram dar um passo à frente. Com seus futuros meios de subsistência dependendo de permanecer no castelo, ninguém queria cair no desagrado da Madame.
E honestamente, Mariam estava errada.
É um mundo onde a posição social é claramente definido.
Claro, a Madame era jovem e, mesmo sendo de sangue real, não parecia particularmente notável.
Então, embora o comportamento espirituoso de Mariam pudesse ser compreensível, havia um limite que não deveria ser ultrapassado.
— A julgar pela sua atitude insolente, posso muito bem imaginar como você costuma tratar o Grão-Duque.
Amber examinou cada um dos funcionários com um olhar frio e penetrante.
Isso foi direcionado a Mariam, mas também foi uma mensagem para todos ouvirem.
— Como esposa do senhor deste castelo, aplicarei rigorosamente a disciplina de agora em diante. Se todos se saírem bem, será recompensado, mas se agir de forma insolente como Mariam, será punido. Se isso for inaceitável, fale agora. Quem quiser sair imediatamente, não o penalizarei e até lhe darei uma indenização por rescisão.
— ….
— O que Mariam acabou de fazer manchou a reputação do Grão-Duque. Por enquanto, a punição será suficiente para ensinar uma lição. No entanto, se tal atitude aparecer na frente dos convidados… o que será do prestígio do Grão-Duque? Ouviremos zombarias sobre um senhor que não consegue nem administrar as patentes mais baixas dentro do castelo.
Amber esclareceu que sua intervenção era para Igmeyer, não para si mesma, fosse verdade ou não, essa era a percepção que ela queria criar.
Enquanto isso, o mordomo agarrou Mariam e a trouxe à força para a frente de Amber. Mariam resistiu, torcendo seu corpo, parecendo um peixe capturado em uma linha de pesca no gelo.
No entanto, no momento seguinte, as palavras do mordomo forçaram Mariam a ficar tensa.
— Como mordomo, eu falhei em educar Mariam. Vou dividir a punição.
Se as coisas prosseguissem dessa forma, não apenas Mariam enfrentaria as consequências, mas o mordomo também seria afetado. Já que Marian havia desafiado as ordens da Madame, Huvern suportaria o peso.
Os olhares dos criados, que realmente respeitavam o mordomo Huvern, se voltaram desfavoravelmente.
‘Perspicaz, fiel. Huvern é uma boa pessoa.’
Amber olhou para o mordomo enquanto acariciava a bengala com o polegar.
A princípio, Huvern tentou proteger Mariam até certo ponto, mas a atitude da mesma mudou a postura do mordomo.
‘Sinceramente, ela é tola. Se tivesse abaixado a cabeça, poderia ter criado uma imagem de uma vítima que só se curvou para a Madame má fazendo birra.’
Não conseguindo entender seu lugar até o fim e se comportando daquela forma, a dignidade da Madame acabou na lama.
Para revivê-lo, ele deve ter julgado que também deveria receber punição.
O mordomo tinha que mostrar perfeita obediência à Madame para estabelecer sua autoridade.
— Não gosto de lidar com as pessoas emocionalmente.
Amber pretendia aplicar aqui também os padrões que ela usava para disciplinar os escalões mais baixos da família real de Shadroch.
— Um golpe por não refletir após uma reprimenda. Dois por responder. Três por ousar levantar a voz na frente do mestre. Então…
— Demissão imediata por desobedecer às ordens.
Naquele momento, uma voz máscula ousada completou suas palavras.
Amber ficou genuinamente surpresa, mas não pareceu perturbada o suficiente para revelar isso na frente das pessoas.
Se fosse esse o caso, mesmo sendo uma princesa, ela não teria sido capaz de hastear a bandeira da vitória na competição feroz entre as implacáveis aves de rapina de Shadroch.
— Igmeyer.
Continua….
Tradução: Elisa Erzet