Caminhando sobre às águas - Capítulo 05
De qualquer forma, o Bulya-hyeon do qual ela falava não estava longe. Esperava até que seu avô chegasse do trabalho em um quartinho com luzes acesas para não cair no sono. Esse era um lugar onde a noite não chegava. Era como o castelo na dinastia Han.
Só quando seu avô conduzia seu corpo cansado e voltava para casa com o cheiro de alvejante e fibra da roupa suja que o pequeno quarto deixava de ser o Bulya-hyeon.
O hábito daquela época se tornou tão distante que não conseguia adormecer se houvesse ainda que só uma luzinha acesa no quarto. Nas noites em que as luzes permaneciam acesas por algum motivo, não conseguia adormecer por causa do sentimento de esperar por alguém. Se vivesse em um lugar onde a noite brilhante da Dinastia Han existisse, nunca conseguiria dormir.
— Não é verdade?
Ele disse, tocando a bochecha com a palma da mão.
— A escuridão perfeita no deserto ocidental.
—…
— A escuridão… Ouvi dizer que se tornou um negócio turístico.
— Do que você está falando?
Derek ergueu as sobrancelhas enquanto olhava para ele do espelho retrovisor.
— Onde quer que eu vá hoje em dia, a noite está clara por causa da eletricidade. Bem, ouvi dizer que há um lugar turístico no deserto ocidental onde a escuridão não pode ser iluminada nem mesmo por uma lanterna. Eu queria ir nesse lugar.
— E o que você vê no escuro?
— As estrelas no céu ou algo assim… Tem muitas coisas que podem ser vistas mesmo no escuro.
Derek bateu ligeiramente com a palma da mão no volante, e riu.
— Você escreveu uma poesia. Você é tão ruim às vezes.
Derek, balançou a cabeça enquanto segurava o volante fortemente com as mãos, olhou para Edd e sorriu novamente. Era um olhar que lá no fundo expressava carinho.
— Você ainda usa tapa-olho para conseguir dormir à noite?
Afirmou com a cabeça em vez de responder.
— Isso é uma coisa estranha, um cara chato ser estranhamente sensível.
— Isso é um insulto?
— Bem, eu acho que você tem que bater uma até sentir o orgasmo perfeito e cair completamente entorpecido por essa sensação de sonolência. Assim, mesmo estando claro, você conseguirá dormir.
Por que o fim da história é sexo extático? Se encostou contra a porta do carro, ergueu a mão esquerda. Derek riu enquanto levantava o dedo médio e o balançava lentamente.
— Vamos ao clube na próxima semana?
— Não estou muito afim de ir. Vá com aquela mulher britânica.
O rosto de Derek se contraiu quando o ouviu falar sobre a mulher de quem estavam comentando antes, disse que até ao assoar o nariz era como se fosse a Rainha da Inglaterra.
— Você está louco? Onde conheceu uma mulher que flerta enquanto assiste alguém transar com cavalos.
— Bem, você sabe.
— Como ela estava olhando para a coisa com os cavalos.?
Derek olhou para ele, com os olhos arregalados e os lábios bem abertos. Fazia uma expressão que nem mesmo se Edd abrisse bem os olhos conseguiria entender, ele empurrou sua cabeça contra as palmas das mãos e voltou a olhar exatamente com a mesma careta. Edd não aguentando mais, agarrou a barriga e explodiu em gargalhadas, Derek também começou a rir.
Chegaram em Flushing, Queens, enquanto riam e conversavam sobre bobagens, ouviram o barulho alto do metrô passando por seus ouvidos. Quando saíram do carro, Derek fez um sinal com os dedos como se estivesse atirando.
— Você tem um tempo depois de amanhã.
— Tempo?
Logo depois disse, fingindo soprar a fumaça da arma.
— Você vai ter que cometer perjúrio. Quero dizer, Ash teve um caso.
— Que perjúrio?
— Sarah nos convidou para jantar. Acho que ela está pensando em perguntar se Ash realmente a traiu. Ela não confia em mim, mas confia em você.
Olhando para Derek que falava com uma cara maliciosa, levantei o dedo meio.
— Cuide você do seu primo.
Quando se virou ouviu um insulto vindo de trás, mas entrou no prédio e foi em direção ao seu apartamento tampando as orelhas. Também não queria ver a família de Ash destruída, mas não queria exercer sua flexibilidade moral em um restaurante.
Caminhou pelo corredor estreito, abriu a porta e entrou na casa, o calor atingiu seu rosto. Abriu todas as janelas e pegou uma garrafa de água na geladeira. Acariciou Empa que estava sujo porque fazia algum tempo que não tomava banho, e foi para o banheiro.
Sacudindo o cabelo molhado com uma toalha, ficou na frente do espelho, segurando o gato molhado e pegajoso com um braço. Uma foto de Bruce Lee, que já foi seu maior ídolo, estava pendurada na parede onde ficava o espelho.
As garras afiadas de Empa continuaram roçando sobre os músculos irregulares perto da sua pélvis. Empa, uma gata de sete anos, era o único consolo que sobrava do humilde legado de meu avô. Empa não gostava muito dele, mas Edd a achava fofa.
Quando soltou Empa, que estava lutando para se afastar, ela apenas soltou um miado alto de repressão, e desapareceu pela porta como um tiro. Sentou na única cadeira, abraçando uma velha almofada, encontrou o controle remoto da TV e apertou no botão de ligar. Queria fumar, mas tinha jogado seu maço de cigarros em Derek. Sem pensar muito, apertou os botões do controle para mudar de canal. Depois de passar um bom tempo procurando algum canal interessante, desligou a TV e olhou para os papéis empilhados sobre a mesa.
Eles eram o preço de escolher viver como uma pessoa socialmente aceita, ao invés de se tornar um sem-teto. Isso também foi uma das poucas coisas que seu avô deixou junto com a gata. Soltando um leve suspiro, olhou para o celular.
Algumas ligações perdidas foram registradas depois da tentativa de Derek enquanto tomava banho. Poderia ser Ash, implorando para que entrasse nesse plano maldoso? Com um sorriso amargo, pegou o celular. E olhou o destinatário, mas era um número desconhecido. Havia duas chamadas perdidas, mas como era uma pessoa antissocial, não queria fazer uma ligação.
Logo, uma mensagem chegou.
[É Janine Keaton. Por favor, me ligue depois de ver essa mensagem 🙂 ]
Foi uma mensagem educada e curta.
O nome de Janine Keaton não estava registrado em seu telefone celular, mas não precisava se preocupar com quem ela era. Claramente sabia quem ela era. Olhou para o texto sem entender, e quando voltou a si, o telefone estava tocando. Janine Keaton, era ela quem estava ligando.
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As coisas eram um pouco diferentes de antes. Edd tocou o queixo e lentamente moveu a cabeça e olhou para a câmera. A câmera estava seguindo todos os seus movimentos no set de filmagens.
Quando visitou esse lugar alguns dias atrás para filmar um episódio de masturbação, fizeram algumas perguntas e as filmagens começaram imediatamente. Mas agora, ao contrário de quando estava filmando um episódio solo, o cameraman continuava o seguindo e fazendo perguntas triviais.
Taylor perguntou por trás da câmera.
— Você ainda parece tenso. Posso trazer algo para você comer?
— Posso ter indigestão.
— Você está pronto para ver o noivo?
—…ainda não.
Enquanto ele balançava a cabeça, Taylor segurou a câmera e riu tanto que seus ombros subiam e desciam.
— Não precisa ter vergonha.
Taylor desligou a câmera e a abaixou. Sem dar a oportunidade para o entrevistado responder, ele saiu pela porta, pegando uma barra de chocolate que havia deixado sobre a mesa.
Janine Keaton, que na noite tinha feito até o impossível para persuadi-lo, não estava lá. Ela tinha ido ao aeroporto para pegar o homem com quem Edd iria contracenar.
Janine Keaton foi persuasiva. Ela disse que caminhar por mundo desconhecido não causa grandes prejuízos, que era simplesmente uma experiência diferente das outras, e que não deveria causar tanta preocupação. Além disso, quando o episódio solo foi lançado, a resposta foi tremenda, e houve uma enxurrada de comentários dizendo que esperavam ansiosamente pelo o próximo episódio com Tommy. Foi uma forma exagerada de falar.
Na verdade, nem seus elogios e persuasões chegaram aos seus ouvidos. A única coisa que o atraiu foi o valor pago pela filmagem. Eram cinco mil dólares.
Claro, poderia ter sido uma pequena quantia a ser obtida em troca de uma alma. Não tinha como saber agora como essa decisão momentânea afetaria seu futuro, mesmo assim, não hesitou.
Também houve certa resistência em sua decisão. Nem todo mundo é arruinado pelas drogas. Mesmo se agisse como um santo, não havia ninguém para reconhecer sua castidade, e também não tinha que viver com um carimbo em letras vermelhas estampado no peito só porque atuou em pornografia gay.
Além disso, não houve nenhuma mudança em sua vida diária desde que filmou o episódio solo há duas semanas. Pagar todas as contas das repartições públicas, que estavam cinco meses atrasadas, era a sua prioridade. Naquele momento princípios morais ficaram à margem dos desejos e mostraram como Edd poderia ser flexível.
Ele não tinha um paraíso para onde ir, e não tinha nenhum senso de pecado original para ter vergonha de si mesmo. Não houve necessidade de um motivo extenso.’ A cobra me entregou uma fruta doce, então não hesitei em mordê-la.’
Então, onde está a cabeça da serpente astuta, que usou a inocente Eva para sua própria satisfação?
McQueen estava olhando para ele.
Naquele mesmo instante, sem saber por quê, sua garganta travou e, logo engoliu saliva seca.
— Você filmará com um cara chamado Kyle.
O pescoço dele estava se movendo lentamente para cima e para baixo. Os movimentos soltos e tensos chamaram sua atenção. Os olhos cor âmbar olhavam para Edd sem piscar.
— Está quase tudo pronto.
McQueen olhou para o relógio em seu pulso. Cílios longos e grossos piscaram, deixando uma leve sombra em suas bochechas. Erguendo os olhos novamente, ele levantou uma grande toalha com as mãos, curvando levemente os lábios. E disse lentamente com uma voz profunda.
— Vamos tomar um banho primeiro.
Colocando uma grande toalha branca sobre seu ombro, Edd olhou para ele com um olhar indiferente.
—…sim.
Glenn McQueen não parecia aceitar sua voz indiferente que nem mesmo Edd entendia. Então acabou colocando a mão direita sobre seu ombro e, enquanto dava leves batidinhas, disse que não havia necessidade de ficar nervoso. Edd coçou a cabeça e parou na frente da cabine transparente do banheiro, logo entrou. Havia vários ralos no chão, e a estrutura semelhante a de um chuveiro público.
— Não molhe o cabelo.
Glenn McQueen disse, pegando as roupas do chão e colocando-as sobre a mesa.
— Quando acabar, suba ao terceiro andar. Há algo que eu quero te mostrar antes das filmagens.
Quando entrou embaixo do chuveiro e ligou a água, uma sensação fria se espalhou. Olhando sem querer para o espelho de corpo inteiro pendurado em uma das paredes, encontrou um homem de pé com o rosto vermelho como um pêssego maduro. Mesmo agora, quando tinha decidido gravar um filme pornô, parecia constrangedor ficar nu entre pessoas vestidas. No espelho, por cima do ombro, conseguia ver Glenn McQueen conversando ao telefone. Por causa do barulho do chuveiro, não pode ouvir sobre o que estava falando.
Como Glenn o instruiu a não molhar a cabeça, ele colocou o braço debaixo da água. A água estava morna, mas parecia fria. O rosto vermelho foi umedecido pelas palmas das mãos molhadas e soltou um longo suspiro que estava acumulado em seu peito. O interior da sua boca estava pegajoso e cheio de saliva, como se a doçura do fruto proibido entregue pela serpente permanecesse na ponta de sua língua
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Continua..