Caminhando sobre às águas - Capítulo 02
— Eu sou Glenn McQueen você é Edd, certo?
O homem que se apresentou como Glenn McQueen parecia obviamente ser o dono do site GlennMcQueen.com e da empresa McQueen Entertainment.
— Sim.
— Você parece bem melhor pessoalmente do que nas fotos. É atraente.
— É mesmo?
O homem inclinou a cabeça e olhou em minha direção. Quando olhei para cima nossos olhos se encontraram rapidamente.
— Você está esperando há muito tempo?
— Não.
— Você quer café?
— Eu já bebi.
Enquanto Edd estava meio perdido sem saber o que fazer, McQueen cruzou os braços, se moveu lentamente e perguntou:
— Seu nome verdadeiro é Edd Telbott?
— Sim.
— Seria melhor você não usar seu nome verdadeiro. Deveria pensar em um pseudônimo.
Também não pretendia usar meu nome verdadeiro, então disse o nome em que pensei durante todo tempo em que estive no táxi.
— Já tenho um nome em mente. Tommy Ross.
— Bem. Você não precisa inventar um sobrenome.
McQueen sorriu e encolheu os ombros. Seu humor e aparência deixavam Edd um pouco desconfortável. Além disso, não tentou em nenhum momento deixar o ambiente mais leve. Como dono do lugar, poderia dizer qualquer coisa para aliviar a tensão, mas ele pegou a caixa do DVD das mãos do recém-chegado, olhou em volta e a colocou na estante novamente.
— Tenho pensado nisso desde que recebi o seu e-mail, Edd, fiquei bastante surpreso por tê-lo enviado.
Disse, olhando atentamente para os livros e DVDs na estante.
— Como você deve ter percebido quando olhou a página do site, poucos modelos asiáticos enviam e-mails se candidatando para os vídeos adultos.
—…
Diante de suas palavras, Edd apenas deu de ombros sem falar nada. Ele não sabia exatamente o que McQueen queria sugerir com isso e preferiu não responder. Sentiu isso ao navegar pelo o site, embora houvesse pessoas que pareciam ser mestiças entre centenas de homens. Não chegou a ver um asiático como ele. Os asiáticos são discriminados nesta indústria? Enquanto pensava sobre isso, o dono da empresa caminhou até a cadeira onde Janine havia sentado há pouco.
— Vamos sentar. Quero te fazer algumas perguntas.
Edd sentou no sofá de couro macio. O homem sentou à sua frente, pegou o caderno que estava em cima da mesa, o colocou sobre suas pernas, então perguntou enquanto segurava uma caneta.
— Quanto você mede?
— 1,82 cm.
— Qual é o tamanho do seu pênis?
— … Aproximadamente 17 cm.
— E quanto a circuncisão, cortado, não cortado?
Edd olhou sem jeito para a caneta, envergonhado com a atitude do homem que perguntava se havia sido circuncidado. Ele fez a cirurgia doze anos atrás. Lembrava da concentração absurda para suportar a dor, por causa dos conselhos de seu avô. Ele dizia que eu tinha que tirar a pele para que se mantivesse reto.
— É cortado.
A boca do homem se curvou com a resposta direta. Era o primeiro sorriso que se revelava naquele rosto indiferente. A impressão que esse homem deixou em Edd era enigmática e curiosa. Pode ser muito cedo para julgar apenas pela primeira impressão, mas o sorriso do homem que curvava só um canto dos lábios era um tanto malicioso.
Não imaginava que iria ser entrevistado pelo próprio Glenn McQueen. Ele não era apenas um homem comum, então voltou em uma atmosfera densa, — “não importa muito onde nos encontramos, não há como o nos darmos bem também. Ele também não era o tipo de pessoa com a qual me daria muito bem. Um homem que se destacava tanto não seria um bom amigo para mim.” pensava Edd.
— Você já apareceu em algum outro tipo de vídeo pornô?
— Não.
— Você sabe exatamente o tipo de gênero de filmes que fazemos aqui, certo?
O olhar que o entrevistador direcionou era duvidoso, anotou alguma coisa silenciosamente no caderno. Estava perguntando se Edd tinha vindo sem saber do que se tratava. Edd balançou a cabeça literalmente respondendo que sim, um barulho soou e logo a porta do elevador se abriu.
— Oh Glenn? Quando você chegou aqui?
— A pouco tempo atrás.
— Por que você está entrevistando tão formalmente? Edd está tão rígido.
— Porque não sou bom em fazer as pessoas se sentirem confortáveis.
Janine estalou a língua com a resposta e sorriu sem graça.
Janine não era a única no elevador, dois homens estavam saindo e carregavam alguns equipamentos. Era uma variedade de dispositivos de som, incluindo equipamentos de iluminação, duas câmeras grandes e microfones. Contrariando as expectativas do novato de que a atmosfera seria rude, o local de filmagem era bastante grande e confortável.
Enquanto observava a cena casualmente, o homem de cabelo vermelho que estava movendo o equipamento olhou Edd rapidamente, logo dirigiu seu olhar para Glenn e disse.
— McQueen, onde coloco a câmera?
— Coloque-as viradas para ele.
McQueen apontou com o queixo para o sofá de aparência fofa perto da janela. A atitude do homem apontando para o local com o queixo, e não com a mão, parecia bastante arrogante, mas o cara de cabelo ruivo não parecia se importar com a atitude rude.
— Edd, vamos começar a filmar em um minuto. Você está pronto?
Janine perguntou enquanto se sentava ao seu lado. Edd não conseguiu deixar de se questionar se ela também participaria da filmagem, mas não teve coragem de perguntar.
— Sim.
O novato sentia um olhar sobre si e virou a cabeça ligeiramente, Glenn McQueen o encarava. Quando os olhos se encontraram, McQueen rapidamente se virou para o homem de cabelo ruivo que estava próximo segurando uma câmera. Edd instintivamente fez uma careta e tocou seu rosto, mas não havia nada nele.
— Edd, olhe para mim.
O mesmo virou a cabeça em direção ao dono da voz, uma coisa branca de repente foi até ele. Quando abriu os olhos, que tinha fechado por reflexo, uma esponja com um pó branco batia em seu rosto.
— Quero que você fique ainda mais bonito, então estou colocando um pouco de maquiagem, para deixar seu tom de pele iluminado.
A sensação de cócegas em seu rosto desapareceu rápido. A mulher penteou seus cabelos, que estavam quase secos com uma escova. Enquanto finalizava o penteado, Edd se questionou quem seria aquela mulher.
— Já está pronto! Venha aqui.
O ruivo, que estava segurando uma câmera e conectando alguns fios, gritou ‘olha para mim’. Se aproximou do entrevistado e disse para sentar no sofá e olhar para a câmera posicionada à sua frente. Logo a filmagem iria começar.
— Vamos começar logo, então esteja preparado.
Um homem usando um boné preto se aproximou do ruivo que olhava para a câmera fixada no tripé. Ele segurou a câmera com as mãos enquanto falavam em um tom calmo, — Esta exposição está boa, mas as cortinas estão tortas então tente consertar.
— Vamos começar agora, você está pronta?
Glenn McQueen, que observava todo esse cenário barulhento, pegou uma cadeira sem encosto, e se sentou com as pernas abertas em um local onde não seria capturado pela câmera, logo cruzou os braços e olhou diretamente para Edd. Janine respondeu, enquanto conectava no dispositivo os cabos do microfone fixados no teto.
— Sim.
Glenn McQueen encolheu os ombros com a resposta da mulher.
— Então vamos começar.
***
O cinegrafista tinha pedido para o novo ator não estar tão consciente da câmera ou olhar para ela, então Edd manteve os olhos no nariz de McQueen. Glenn aconselhou a olhar diretamente em seus olhos, mas ele não queria sentir o constrangimento de olhar nos olhos desse homem enquanto se masturbava.
Depois de uma saudação formal, passou as palmas das mãos no rosto. Ele não pensou muito até as filmagens terem início, mas quando ligaram a câmera, sua boca ficou seca. McQueen estava esperando com o cotovelo apoiado no joelho e a mão no queixo.
— Você está bem nervoso com isso que sua boca está seca, não é?
— Bem, sim, um pouco.
Glenn deu um largo sorriso ao ouvir aquelas palavras.
— Como está se sentindo agora?
— Um pouco confuso.
— Na verdade, seu rosto parece confortável.
Com as palavras do homem, Edd esfregou seu queixo com as mãos algumas vezes. Já lhe disseram muitas vezes que seu rosto não tinha expressões, ou parecia indiferente. Ele não demonstrou, mas não se sentia confortável. Mesmo assim, não achou necessário desmenti-lo, e como não houve resposta do homem à frente, passou para a próxima pergunta.
— Quantos anos você tem?
— Vinte e quatro;
— Isso é bom, de onde você é?
— Hum… Queens, New York;
— Tommy, qual é o seu esporte ou passatempo favorito?
— Gosto de esportes como snowboard e surf, e faço musculação frequentemente.
— Acho que você gosta de se exercitar sozinho. Você não parece muito sociável.
Sorriu com as palavras do homem. Estava certo.
— Sim, um pouco.
— E seus passatempos?
— Gosto muito de filmes…
— Hummm.
Acenando com a cabeça, Edd apoiou os cotovelos nas pernas abertas e entrelaçou seus dedos. ‘Mesmo que gostar de filmes não seja bem um hobby, isso pode ser considerado um passatempo adequado para um homem menos sociável.’ — pensou ele. Mordeu seu lábio inferior para esconder o constrangimento, mas parou porque pensou que talvez pudesse parecer um pouco nervoso.
O cineasta continuou fazendo pequenas perguntas. Desde as esperanças futuras, seu sonho de infância, até que tipo de menino Edd foi quando era jovem e qual era sua especialidade. O entrevistado olhava diretamente para o nariz do homem, mas podia sentir o olhar de Glenn McQueen persistentemente focado em meu rosto.
— Você se lembra quantos anos tinha na primeira vez que se masturbou?
Foi uma pergunta bem específica, ao contrário das perguntas anteriores.
— Bem, eu tinha mais ou menos treze.
Ele respondeu, passado as mãos no rosto seco. Quando ergueu seu olhar, ele passou pelos os olhos de McQueen, e focou em seu nariz. Ele estava ligeiramente franzindo o cenho.
— Taylor. Corta e espere um minuto.
Glenn McQueen disse isso levantando a mão direita. Balançou a cabeça lentamente e enquanto olhava no rosto do jovem ator, disse sem pensar duas vezes.
— Eu sei que é difícil, mas quero que você fale um pouco mais sobre esse momento.
Seu tom era suave, mas sua expressão era rígida. Edd disse que faria o seu melhor, mas não parecia muito satisfeito com sua sinceridade nas respostas. Edd acenou com a cabeça, considerando seriamente o que mais podia falar sobre sua primeira masturbação.
— Vamos começar de novo.
A câmera voltou a funcionar e a mesma pergunta foi feita. Queria saber quantos anos tinha quando se masturbou pela primeira vez e o que sentiu naquele dia.
Quando focou nos olhos sérios de McQueen, entendeu exatamente o que estava pensando. Ele quer extrair a obscenidade daquele rapaz.
— Acho que vi uma mulher nua em um canal adulto quando tinha 13 anos… Tive um sonho pela manhã e me senti um pouco diferente do normal.
O sorriso do homem entrevistador se alargou com a gagueira do jovem inexperiente.
— A maioria dos homens simpatiza com esse sentimento. Bem, tem diferença se o objetivo é um homem ou uma mulher.
O homem que sorriu brevemente continuou.
— Quando você fez sexo pela primeira vez?
— Quando tinha 17 anos, estava na casa da minha namorada. Nós bebemos e fizemos sexo, me lembro que ela pulou em cima de mim. No dia seguinte, transamos novamente, mas já estávamos sóbrios.
O homem caiu na gargalhada. Além disso, as outras perguntas feitas eram tão íntimas e diretas o suficiente para envergonhar qualquer um que estivesse ouvindo. ‘Os gays precisam saber as experiências íntimas de alguém para se masturbar?’ — Edd se questionava. Foi sinceramente cansativo ser fiel à entrevista, era como se tivessem lhe fazendo perguntas relacionadas a metafísica. Quando questionado sobre que tipo de mulher foi sua última namorada, e recebendo em resposta que ela era sino-americana do tipo pequenininha, McQueen balançou a cabeça com um olhar satisfeito.
— Tommy, levante-se.
Ao se levantar, foi pedido que retirasse sua camisa. Edd sentindo-se desconfortável com o fato de que todos estavam olhando para ele, abriu os botões da camisa um por um. Se arrependeu pela escolha da camisa ao invés de uma camiseta.
Glenn McQueen assoviou quando o viu parado em pé sem camisa.
— Você está em boa forma.
— Bem, me exercito muito por causa do meu trabalho.
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Continua…